quinta-feira, 9 de abril de 2020

QUINTA FEIRA SANTA NA MINHA SALA


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Hoje, quando estiver sentado na minha sala esperando a celebração da Quinta Feira Santa vou tentar abstrair-me de tudo, da tal forma que, como disse São Paulo, eu diminua e Ele apareça.

Não, não vou fazer um esforço de imaginação e transportar-me para aquela Mesa.

Mas vou-me deixar ficar à espera do meu tempo, do tempo em que Ele sem eu perceber como, se der como alimento a mim, a este nada que no entanto Ele ama com amor infinito 

Não vou sentir o sabor do pão, da hóstia consagrada, mas vou sentir, eu sei, chegar ao meu coração aquele infindo amor, aquela paz, aquela infinda graça de me sentir possuído por Ele, sem cadeias nem correntes, mas com laços de amor tão profundos que serão inquebráveis.

E então vou prostrar-me dentro de mim e vou dar-Lhe graças, vou goza-lO em mim, vou deixar que Ele tudo toque em mim e por um tempo serei um com Ele e Ele, um comigo.

E há-de vir o inimigo instilar em mim pensamentos de que aquilo não foi nada, que só se O recebesse na hóstia consagrada é que era comunhão, que não aconteceu ali Eucaristia nenhuma, mas apenas teatro, e então o Espírito Santo há-de irromper em mim e dizer à horrenda figura: Vai-te que não és nada. Já foste vencido. A Deus, nestas circunstâncias, basta o desejo sincero do coração para tornar realidade a Comunhão desejada.

Nem me dou ao trabalho de o ver sair cabisbaixo, derrotado, porque o Espírito Santo já me tomou nas Suas mãos e leva-me a Jesus e ao Pai, dizendo:
Aqui está ele. Já aprendeu connosco que o amor não tem distância.

E eu na minha sala vou dizer baixinho: Meu senhor e meu Deus. Glória a Ti, para sempre!


Marinha Grande 9 de Abril de 2020
Joaquim Mexia Alves
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2 comentários:

GP disse...

Assisti agora à Celebração da Eucaristia desta quinta-feira Santa, É uma época pascal diferente em que estou sozinha em casa, ou melhor, Ele e eu aqui em casa. Cristo morto e ressuscitado está aqui comigo, comigo que nada valho mas que acredito também que o Amor Dele por mim é imenso.
Uma Santa Páscoa

Anónimo disse...

Recordo os meus anos de adolescente e os dias que passava a recolher flores e verduras pelas paredes da ilha do Faial. A igreja Matriz da cidade da Horta era lindamente decorada. Tal como então, bem gravado no coração, ainda vivo o serviço religioso da quinta-feira. A Ressurreição, símbolo de Vida e Esperança, continua a ser o ramo de flores e verduras que um dia aprendi a colher. Santa Páscoa!