quarta-feira, 27 de dezembro de 2023

FESTA DA SAGRADA FAMÍLIA DE JESUS, MARIA E JOSÉ

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Neste Domingo a Igreja celebra a Festa da Sagrada Família de Jesus, Maria e José.

Há tempos atrás, consegui ver o filme “Som da Liberdade”, com uma, (mais uma), interpretação extraordinária de Jim Caviezel, o actor que fez o papel de Jesus Cristo no filme “A Paixão de Cristo” e que, segundo o próprio, mudou totalmente a sua vida.

E porque refiro este filme quando me lembro da Festa da Sagrada Família?

O filme retrata com uma crueza e uma realidade impressionantes, o rapto de crianças, que depois são vendidas, usadas e abusadas em redes de pedofilia internacional.

O filme impressionou-me fortemente e por algumas vezes me vieram as lágrimas aos olhos, mais ainda se nos lembrarmos que retrata uma história real.
Deixou-me uma sensação de impotência, raiva, de tal modo que quase me apetecia voltar a ter uma G3 na mão, (como na Guiné), e fazer “justiça” pelas minhas próprias mãos, se tal fosse possível.
Deus me perdoe, porque é muito difícil perdoar a esta gente, que trata assim as crianças.

As famílias daquelas, ou melhor, destas crianças, porque o pesadelo continua com certeza, sofrem horrivelmente este horror e estas crianças, mesmo que sejam resgatadas, não voltam a ser crianças na sua inocência de meninos e meninas.

Celebrando a Festa da Sagrada Família, não posso deixar de pensar nestas crianças e nestas famílias e, levantar uma prece sentida, profunda, emocionada, a Jesus, Maria e José, para que no amor que OS une continuamente, pois é o amor infinito e eterno de Deus, toque estas crianças, estas famílias, para que nesse amor encontrem algum consolo.

Peço também à Sagrada Família, (embora confesso que com dificuldade), que esse mesmo infinito amor toque os corações dos homens que praticam tais actos, os que raptam e os que abusam, para que percebam que a inocência das crianças é intocável, e que «melhor seria para ele que lhe atassem ao pescoço uma pedra de moinho e o lançassem ao mar, do que escandalizar um só destes pequeninos.» Lc 17, 2

Só acreditando na infinita misericórdia de Deus, algum consolo vem ao meu coração perante a recordação desta história, infelizmente sem fim, pois acredito firmemente que estas crianças e estas famílias estão no colo de Deus, embora possam não o saber por agora.

Que a Festa da Sagrada Família de Jesus, Maria e José, nos exorte a sermos mais família de amor e união, nas nossas famílias e na família de Deus, que é a Igreja.





Marinha Grande, 27 de Dezembro de 2023
Joaquim Mexia Alves

segunda-feira, 25 de dezembro de 2023

SER NATAL

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Hoje em dia diz-se e escreve-se muito que “eu sou isto ou aquilo”, conforme as causas que se defendem.

Pois hoje eu quero dizer e escrever que “eu sou Natal”!

Ou melhor, que eu quero ser Natal em mim e para os outros.

Ou seja, quero reflectir, testemunhar o amor de Jesus Cristo em mim, que apenas pode crescer, se eu o viver como amor aos outros.

Eu querer ser Natal assim, quero, mas para isso tenho que tentar sempre e cada vez mais, ser comunhão em Cristo, em Igreja, para reflectir o amor de Deus em mim, aberto a todos os que O querem encontrar.

E só O podem encontrar se eu for servo inútil do Seu amor, porque eu apenas O pude encontrar porque outros O reflectiram e testemunharam para mim.

Por isso eu só posso ser Natal para os outros, porque outros foram Natal para mim.

E esses só foram Natal para mim, porque Jesus Cristo se quis fazer Natal para todos.


«Glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens por Ele amados.»





Marinha Grande, 25 de Dezembro de 2023
Joaquim Mexia Alves

quarta-feira, 20 de dezembro de 2023

A “DECLARAÇÃO” DO NATAL

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E depois pensei escrever sobre a recente Declaração do Dicastério para a Doutrina da Fé, (da qual não entendi bem a necessidade, visto haver uma outra de há apenas dois anos), mas o Natal que se aproxima levou-me a pensar mais no «Verbo que se fez homem e habitou entre nós». (Jo 1, 14)

E quis ver Aquele Menino, o Filho de Deus, deitado nas palhas, numa manjedoura, rodeado de Maria e José, numa pobreza mitigada pela incomparável alegria de um nascimento, ainda por cima do Emanuel, o Deus connosco.

E a acompanhá-lO uns pastores, gente da mais baixa extração naquele tempo, que ali, naquela gruta, foram acolhidos para darem graças ao Menino que nasceu para dar a Vida Nova ao mundo que O havia de rejeitar.

E lá veio outra vez a tal Declaração ao meu pensamento e quis perceber que Jesus Cristo, logo no início da sua vida terrena, acolheu e foi acolhido pelos mais escorraçados da sociedade daquele tempo, a par com aqueles a quem a tradição quis chamar reis ou magos.

Mudou a vida daqueles pastores, daqueles reis, daquela gente que foi ver e acolher e ser acolhido por Jesus Cristo, o Filho de Deus feito Homem?

Não sabemos bem, mas sabemos que os pastores começaram desde logo a «glorificar e louvar a Deus», (Lc 2,20), e sabemos também que os ditos reis «regressaram por outro caminho» (Mt 2, 12) a suas casas.

Eu sei que a minha vida mudou quando me deixei encontrar por Ele, e que o caminho que então seguia, mudou para um novo caminho e uma nova vida em Cristo.

E também sei que o peso do meu pecado era enorme e avassalador, mas que tudo isso foi mudado pelo encontro com Aquele Menino feito Homem.
E sei que Ele me abençoou, mas, obviamente, não abençoou o meu pecado, mas o perdoou, quando dele tomei consciência e me arrependi, pedindo perdão.

Então lá volto à tal Declaração, querendo perceber que uma bênção dada a alguém, seja quem for e em que situação esteja, não abençoa o pecado nem a situação de pecado, mas abençoa o pecador e apenas o pecador, para que possa tomar consciência do seu pecado e, arrependendo-se, pedir perdão, para “regressar à vida por outro caminho, glorificando e louvando a Deus”.

Ah, afinal estava a escrever sobre o Natal e de como é imprescindível que o Menino Jesus nasça em cada coração!





Marinha Grande, 20 de Dezembro de 2023
Joaquim Mexia Alves

segunda-feira, 18 de dezembro de 2023

CONTO DE NATAL 2023

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Sentada no cadeirão do lar onde passava os longos dias da sua velhice, sonhava acordada vendo os seus filhos entrarem pela porta daquela sala para lhe darem um beijo de Boas Festas pelo Natal.

Olhava para as suas companheiras e companheiros pensando que alguns deles, coitados, não teriam filhos que os viessem beijar e desejar bom Natal.

Verdade seja dita, pensou ela, que há muito tempo os seus filhos não a vinham visitar, mas o seu coração de mãe, cheio de amor, ia encontrando desculpas para eles não a visitarem.

Coitadas das suas “meninas” e “meninos”, com certeza atarefados nas suas vidas de trabalho, de família, já com filhas e filhos a criar e que, por isso, não teriam tempo para a visitar.

Sorriu ao lembrar-se das suas netas e netos que há tanto tempo já não via e até lhe parecia, (a sua memória já não era muito fidedigna), que talvez houvesse alguns que ainda não conhecia.

Os seus olhos doces encheram-se de lágrimas suaves quando se lembrou da sua antiga casa e do Natal, ainda com o seu homem e aquelas seis filhas e filhos que Deus lhes tinha dado ao redor da mesa, numa algazarra alegre e bem disposta.

Que saudades lhe vieram ao coração ao lembrar-se de todos esses Natais onde se percebia bem como a família ia crescendo sem parar.

Fechou os olhos e numa prece a Deus, pediu por todos eles e também, (embora com algum receio que estivesse a pedir demais), que o Menino Jesus lhe concedesse a alegria de viver esses Natais tão realmente quanto possível.

Regressou à realidade do lar e da sala onde se encontrava, respondeu qualquer coisa, sem pensar, a uma qualquer pergunta da companheira do lado, olhou para o grande calendário pendurado na parede, (também não era preciso ser tão grande, até parece que ali estava para contarem os dias que lhes faltavam para partir definitivamente!!!), e viu que era dia 24 de Dezembro pelo que, pensou ela quase num sonho, ainda havia tempo para a família a vir visitar.

A tarde chegava ao fim e ela, resignadamente, olhou para o crucifixo pendurado na parede e para o pequeno presépio colocado numa mesa de canto, e rezou baixinho:
Obrigado Jesus porque quiseste nascer para nós, quiseste ser igual a nós e até morrer por nós, para nos salvar.
Olha por todos os meus e dá-lhes tanta felicidade como me deste a mim, até mais, eu Te peço, e não deixes que nunca se sintam sós.
Perdoa por me sentir nestes momentos tão só, tão desamparada, mas olha, Jesus, coloco estes momentos na Tua Cruz, dou-tos como presentes no Teu Presépio, oferecendo-os pela conversão, felicidade e salvação de todos os meus.

Aquela oração trouxe uma paz e uma alegria serena ao seu coração e ela sorrindo, pensou: Sou tão feliz por ter Jesus comigo!

Foi nessa altura que a porta da sala se abriu e o seu filho mais velho entrou e chegando a ela beijou-a com toda a ternura dizendo-lhe: Anda, mãe, a empregada do lar já está a fazer-te uma pequena mala para vires jantar e passar a noite de Natal a nossa casa!

Ela nem sabia o que dizer e as lágrimas inundaram-lhe a cara.

À porta de casa do seu filho, depois de sair do carro, beijou-o novamente e de mão dada com ele entrou em sua casa, que afinal era a mesma casa que tinha sido sua.

Ao chegar à sala da casa, ficou completamente rendida à alegria, à saudade, a algo tão inexplicável que parecia lhe “rebentava” qualquer coisa no seu coração.

Ali, naquela sala de tantas memórias, estavam todas as suas filhas e filhos com as suas famílias, que a rodearam e cobriram de beijos e abraços.

Ia jurar que a um canto da sala estava o seu querido marido, sorrindo para ela de felicidade.

Fechou os olhos e rezou: Obrigado Jesus, porque me ouviste e agora me fazes viver novamente o Natal de sempre!





Marinha Grande, 18 de Dezembro de 2023
Joaquim Mexia Alves


Com este Conto de Natal quero desejar a todos quantos visitam este espaço, e às suas famílias, um Santo Natal e um Feliz Ano Novo, cheio das bênçãos de Deus.
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quarta-feira, 13 de dezembro de 2023

QUERIDO PADRE

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Está a chegar o Natal e quero escrever-te uma carta simples para te desejar um Santo Natal, mas sobretudo para te dizer que te amo com o meu coração de cristão, e que me fazes sempre muita falta.

Sei bem que vais andar agora numa azáfama, a tentar chegar a todo o lado, a programar celebrações, quase pedindo a Deus que te dê o dom da ubiquidade.
E vais ouvindo lindas coisas, vais receber uns presentes, mas também vais ouvir as críticas de que era melhor dantes, a Missa do Galo era à meia-noite e não às 22 ou 23 horas, o presépio é com musgo e não com outras coisas, etc., etc., etc.

E vais andar a pensar na homilia do Natal, no que podes dizer de novo, como podes tocar os corações mais fechados, como podes unir as famílias, como podes acolher bem os que vêm de fora, enfim, um sem número de coisas que permanentemente vêm ao teu pensamento.
Ah, é verdade, e os doentes que estão em casa, nos lares, os que estão sozinhos, que não têm ninguém, que precisam de uma visita, mesmo rápida que seja.

Sentes-te assoberbado e pensas para ti mesmo que não consegues chegar a todos os lados.
E ainda nem sequer sabes se tens tempo para estar com a tua família, a outra, aquela que te trouxe ao mundo.

Por um momento põe isso tudo de lado, vai até à “tua” igreja, àquela hora que sabes que não está lá ninguém e ajoelha-te em frente do sacrário.
Não fiques de joelhos, não te canses, sabes bem que Ele não se importa que estejas sentado.
Não tentes rezar seja o que for, pede-Lhe apenas que te dê paz, discernimento, paciência, amor, enfim, que te dê em dose redobrada o Espírito Santo.
E fica ali, quieto, a gozar o silêncio, a paz, a companhia d’Aquele que um dia te chamou a seres padre.

Mais descansado agora lê o meu presente de Natal para ti.
Não que ele seja importante, mas porque eu é que tenho necessidade de te dizer o que me vai na alma e no coração.

Todos os dias rezo por ti pedindo a Deus que te ajude na missão que te deu.

Talvez eu seja um pouco egoísta, porque preciso muito de ti, do teu ouvido atento, do teu sorriso e por vezes da tua cara fechada, dos teus conselhos, que por vezes, desvalorizo como se eu soubesse mais, das tuas mãos ungidas que me trazem o Cristo vivo em cada Sacramento celebrado, da tua vida que afinal deste a Deus por Ele, mas também por mim e por todos os que somos Igreja.

O meu presente de Natal é escrever-te dizendo que nem consigo sequer perceber o que neste “terrível” ano sentiste e viveste, e ainda sentes e vives, por causa daqueles outros que mancharam indelevelmente o ser Padre, mas que estou contigo e contigo vivo também essas dores em Igreja.

O meu presente de Natal é escrever-te dizendo que as tuas homilias me fizeram pensar, me levaram a corrigir caminho, me levaram a mudar atitudes, embora tu penses que não.

O meu presente de Natal é escrever-te dizendo que te agradeço muito teres-me recebido sempre que me aproximei de ti, às vezes repetindo coisas já sabidas ou outras sem sentido, mas que tu ouviste e fizeste um esforço enorme para me responderes com um ar calmo e pensativo.

O meu presente de Natal é escrever-te dando graças a Deus por ti, por todas as vezes que me ouviste em confissão e, sem qualquer ar superior, me disseste o que precisava ouvir e me deste a absolvição, porque te fizeste e Ele te fez Cristo para me perdoar.

O meu presente de Natal é escrever-te dizendo que aqui estou, que contes comigo, que se necessitares te apoies na fraqueza do meu ser, que tenhas a certeza das minhas orações por ti, que sempre louvarei a Deus pelo dom da tua vida.

O meu presente de Natal é escrever-te dizendo que não há presente maior que tu, meu querido Padre, me possas dar, que a tua vida que entregaste a Deus por mim e também por todos em Igreja e, por isso mesmo, Deus te dá como família a família que todos somos em Deus.

Afinal o meu presente de Natal é dizer-te que tu és o presente de Natal que Deus me dá todos os dias!

Recebe, querido Padre, o meu maior abraço cheio de amor por ti em Cristo, Nosso Senhor!




Marinha Grande, 13 de Dezembro de 2023
Joaquim Mexia Alves

terça-feira, 12 de dezembro de 2023

OVELHAS DESGARRADAS

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No fundo somos todos ovelhas desgarradas que o Senhor veio procurar, fazendo-se Um igual a nós, excepto no pecado.

Quis nascer de Mulher, como um de nós, e percorreu os caminhos e lugares à procura do Homem, ovelha desgarrada, levando sempre cada um daqueles que se deixava encontrar para o “redil” da salvação.

E continua a estar no meio de nós e não desiste de procurar as ovelhas desgarradas que se perdem nos caminhos do mundo.

E ainda são tantas!

Por isso, o Senhor se quer servir de nós, pobres pecadores já por Ele encontrados, e nos pede, mais ainda, nos convoca, para participarmos também nessa missão de encontrar as ovelhas desgarradas neste e deste mundo.

E o “redil” da salvação é a Igreja, sempre com as portas abertas para aqueles que se deixam encontrar.

E o Senhor não nos chama a “empurrar” as ovelhas desgarradas para o “redil” da salvação, mas sim a irmos à sua frente, dando testemunho do caminho que Ele alumia para nós pelo Espírito Santo, mas e também ao lado de cada uma dessas ovelhas desgarradas, dando-lhes a mão, amparando-as, intercedendo continuamente por elas.

E não nos esqueçamos que em tantos momentos das nossas vidas nós somos também essas ovelhas desgarradas que o Senhor procura, porque, por tantas e tão variadas coisas, nos afastamos do rebanho do Único e Bom Pastor.

Vem Senhor Jesus e toca-me para que eu me deixe encontrar por Ti!




Monte Real, 12 de Dezembro de 2023
Joaquim Mexia Alves

terça-feira, 5 de dezembro de 2023

MOMENTOS

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Há momentos
em que irrompes no meu coração,
no meu ser
e parece-me que não consigo conter
a alegria de Te sentir assim,
em mim.

Realmente,
pecador que sou,
como Te poderia ter em mim
no meu todo
a não ser pelo Teu amor sem fim
com que amas aquele
que mais pecou.

E nesses momentos
vêm-me as lágrimas aos olhos
enche-se-me o coração de cânticos
quero levantar os braços
dizer-Te da minha alegria
e de como sou feliz
por causa desses Teus abraços.

Parece quase que voo
que deixo de ter peso
e sou todo coração
mas Tu chamas-me
e com toda a Tua ternura
“obrigas-me” a pôr os pés no chão
pões-me a Palavra na boca
e mandas-me caminhar
conTigo
com os outros
em comunhão
e amar
amar
sempre e só amar…




Monte Real, 4 de Dezembro de 2023
Joaquim Mexia Alves

quinta-feira, 30 de novembro de 2023

EXALTAÇÃO

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Comecei o dia como sempre em oração, mas pouco depois uma série de problemas que surgiram levaram-me a um estado de ansiedade, de frustração, quase de irritação.

Rezei, sim rezei, para que a minha confiança estivesse em Deus que nunca me faltou, mas o meu coração, a minha mente, não descansavam e o incómodo, para lhe chamar apenas isso, ia continuando.

Lembrei-me do Advento, e à minha memória veio uma oração em verso escrita há alguns anos atrás.
Procurei-a, encontrei-a, li-a, e fui-me deixando tocar pela certeza de que a espera de Deus é uma espera concretizada, porque Ele já veio e está no meio de nós e em nós.

E algo foi mudando em mim.
A ansiedade acalmou, a frustração desapareceu, a irritação deu lugar à paz e a certeza da presença de Deus na minha vida, foi-se tornando cada vez mais forte e sensível.

E surgiram como sempre aquelas interrogações que eu me faço, ou melhor, que Ele me leva a fazer, tais como: mas Ele nunca te faltou, porque faltaria agora; porque queres tu as coisas resolvidas no teu tempo, quando o tempo d’Ele é com certeza o tempo mais certo; porque confias tanto, ou não confias, no que podes ou queres controlar, em vez de confiar que Ele sabe bem do que precisas e to concede se for o melhor para ti?

E a bonança foi tomando conta de mim.

Depois veio ao meu coração uma canção de Natal e perante uma letra bela, primorosamente cantada, os “glória” nela cantados, foram enchendo o meu coração de paz, de alegria, de vontade de dar glória ao Deus que se fez Homem como nós, que nasceu de uma mulher como nós e se entregou na Cruz para nos salvar.

Então dei por mim a dar graças pelas contrariedades do início do dia que, afinal, foram o motivo para mais uma vez tomar consciência da Sua presença em mim, do Seu amor por mim, e de como a vida só tem sentido vivida por Ele, com Ele e n’Ele.

E então sim, pude cantar em silêncio dentro de mim, alegremente:
Glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens por Ele amados.




Monte Real, 29 de Novembro de 2023
Joaquim Mexia Alves

segunda-feira, 27 de novembro de 2023

ADVENTO 2023

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Tinham combinado encontrar-se naquele sítio ermo a uma determinada hora, mas o seu amigo estava muito atrasado.
Realmente o local de encontro não era o mais aconselhável e ele, ali sozinho e com o cair da tarde, ia ficando muito apreensivo, para não reconhecer que no fundo tinha algum medo.

Já se podia ter ido embora, mas tinha ficado num impasse entre esperar e ter companhia e ir embora sozinho, o que não lhe agradava de todo, pois o caminho de regresso estava cheio de eventuais perigos.
Chamou a si todas as suas forças e argumentos racionais e tentou descansar o seu coração, mas a ansiedade e o receio estavam mesmo a tomar conta dele.

Sentiu no peito balançar a cruz que sempre trazia num fio, muito mais por rotina do que por devoção, e pensou que era bem bom se Deus ali estivesse com ele.

Um pouco mais de espera e “arriscou” uma oração, coisa a que nem sequer estava habituado.
“Ó Jesus, se me ouves, vem fazer-me companhia e traz-me paz e alento ao coração, porque eu sinto-me sozinho aqui neste fim de tarde.”

Estranhamente, pensou ele, sentiu uma espécie de tranquilidade, uma espécie de força que, embora não tivesse afastado todo o receio que ele sentia, lhe dava alento para continuar a esperar.
Curiosamente parecia-lhe agora não estar ali sozinho, mas esse pensamento longe de ser assustador, era calmante e acolhedor, por isso rezou novamente.
“Ó Jesus não sei o que fizeste nem como fizeste, mas sinto-me agora mais calmo e até parece que estás aqui junto de mim.”

Bem, pensou mais uma vez, se o meu amigo não vier entretanto, vou-me embora porque já esperei tempo que chegasse por ele.
Passado cerca de um quarto de hora, decidiu que já chegava de espera, e começou a caminhar no regresso a sua casa.

À medida que caminhava e se aproximava de locais onde já não havia tanto a temer, ia reflectindo para si próprio, dizendo interiormente:
Afinal o amigo por quem esperava não apareceu, mas parece-me que Jesus, a quem eu não esperava, se fez presente, não sei como, e fez-me companhia dando-me paz e descanso.

Sentiu uma voz dentro de si que lhe dizia:
Tens a certeza de que não Me esperavas? Não tens andado ultimamente, agora que se aproxima o Natal, a perguntar-te se realmente Eu existo e se estou convosco?

Cada vez mais agradavelmente admirado, respondeu:
Realmente tenho pensado muito nisso e até esperado que no Natal alguma coisa mudasse em mim, e na minha relação conTigo, Jesus.

E a resposta logo surgiu:
Vês, quem espera por Mim sempre alcança, porque Eu me faço sempre presente para todos os que por Mim esperam. Dá-me a mão e caminhemos juntos o teu caminho da vida.

Sentiu de uma forma inexplicável a presença de Jesus junto de si e consigo, mas assustou-se quando percebeu que alguém lhe tocava num ombro.

Voltou-se surpreendido e deu de caras com o seu amigo por quem tanto tempo tinha esperado.

Abraçou-o fortemente, coisa que deixou o outro surpreendido, e disse-lhe:
Obrigado por me teres feito esperar tanto tempo, porque durante esse tempo de espera, Aquele que eu julgava não esperar, veio afinal ter comigo e fez-se presente em mim.





Monte Real, 27 de Novembro de 2023
Joaquim Mexia Alves

sábado, 18 de novembro de 2023

IDOSOS?!

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Não se admirem da imagem que ilustra este texto.
Não dei em crítico de televisão, nem para tal tenho apetência.
A série televisiva “The Closer” é um policial leve e divertido, quanto a mim bem interpretado, e que não nos faz pensar muito, excepto o episódio 5 que passou esta semana.

E este episódio fez-me pensar não pela série em si, mas pelo seu tema, pois passa-se à volta de uma pessoa de idade e do lar onde está “internada”.
Não sei se foi de propósito ou não, mas este episódio retrata muito bem a situação das pessoas de idade, tantas vezes abandonadas nos lares e até nas próprias casas pelos seus familiares.

Claro que isto não é uma regra e há felizmente muitas famílias que continuam a cuidar e a tratar dos seus mais velhos com todo o amor e dignidade.

Mas a verdade, quer queiramos quer não, é que também muitas vezes os lares e não só, são uma espécie de aliviar da consciência, ou seja, já “fiz o que tinha a fazer” e agora eles que cuidem dele.
Esquecemo-nos que as pessoas de idade a maior parte das vezes preferem condições “piores” de habitação, mas mais companhia, mais amor, mais familiares à sua volta.

No meu primeiro livro “Orando em Verso” coloquei logo no início, como homenagem aos meus pais, mas também a todos os pais, o seguinte versículo da Bíblia:
«Honra o teu pai e a tua mãe, para que se prolonguem os teus dias sobre a terra que o Senhor, teu Deus, te dá.» Ex 20, 12

A verdade é que os nossos pais, quando nascemos fazem toda a espécie de sacrifícios para nos cobrirem de tudo o que necessitamos e nós, muitas vezes, não fazemos o mesmo quando eles vão chegando ao fim das suas vidas.

Quem já visitou os chamados lares da terceira idade, constata, infelizmente, esta dura realidade da falta de visitas dos familiares dos idosos, felizmente, ainda com várias excepções.

Muitas vezes as circunstâncias “obrigam-nos”, por falta de outros meios, a internar os nossos mais velhos nesses lares, mas essas circunstâncias não nos impedem, com certeza, de os visitar sempre que possível.

Por isso tantas vezes os idosos “arranjam doenças” para irem para o centro de saúde ou até o hospital, onde sabem que vão ter outros como eles com quem podem conversar.
Mas mais uma vez, infelizmente, os hospitais vivem problemas graves quando os familiares abandonam os seus idosos nos hospitais.

É conhecida a anedota dos idosos que se juntavam sempre no centro de saúde no fundo para conversarem.
Um dia um pergunta: O Zé hoje não vem?
E responde outro: Hoje não que está doente!

Lembremo-nos, (eu já sou um pouco velho também), que o exemplo que dermos aos nossos filhos será, muito provavelmente, o modo como eles nos tratarão quando chegarem os nossos dias mais avançados.

Que o Senhor nos proteja a todos e neste caso aos mais idosos que precisam de amparo, de companhia, sobretudo de amor e esperança na vida eterna junto de Deus.




Marinha Grande, 18 de Novembro de 2023
Joaquim Mexia Alves

terça-feira, 14 de novembro de 2023

TONTO E CEGO!

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Confesso, Senhor, que por vezes apetece-me desistir, não da vida, claro, mas de tantas coisas que a “atrapalham” e que, saindo do meu controle, acabam por me dar momentos de frustração, de incómodo, de tristeza e, às vezes, até de alguma irritação.

E nessas alturas fico muitas vezes a remoer nesses incómodos, nessas tribulações, nessas tristezas, quase como se me “deleitasse” no meu pequeno sofrimento.

Sim, Senhor, escrevo bem, pequeno sofrimento, porque realmente não passam de coisas pequenas perante a grandeza da vida, perante já tantos anos vividos e, sobretudo, perante a certeza, (que deveria ter constantemente), de que estás connosco e que nunca nos abandonas e não nos deixas ser tentados acima das nossas forças.

Porque não consegui isto ou aquilo, por que alguém não fez aquilo que devia ter feito, porque aqueles planos tão bem pensados não foram bem sucedidos, porque esta ou aquela situação que julgava ultrapassada afinal “regressa” sempre para me “atormentar”, enfim, as “queixas” são imensas e parecem não dar espaço a tudo o que de bom me acontece todos os dias.

E no fundo não dão espaço a tudo o que de bom me acontece todos os dias, porque nesses momentos me fecho apenas no menos bom que me vai acontecendo.

Não porque não tenhamos que, obviamente, enfrentar as dificuldades, mas porque é nessa luta que encontramos a vida e Te encontramos, também, Senhor, sempre pronto para nos dares a mão e nos fazeres “andar sobre as águas”.

Afinal tenho tanto para agradecer, tanto para sorrir, tanto para me alegrar, tanto para dar, para partilhar, e, nesses momentos mais difíceis, apenas penso no que não tenho, no que não consigo resolver, nas tristezas e nos sofrimentos, enfim, em vez de me ver cheio de Ti, Senhor, reduzo-me a encher-me apenas de mim.

E, claro, fui escrevendo e Tu, Senhor, foste-me dando a mão, olhaste para mim e abriste um sorriso na minha cara, e eu apenas me apetece dizer-Te:
Não ligues, Senhor, porque eu sou um tonto, por vezes cego, que Te não vê, porque apenas se quer ver a si próprio.




Monte Real, 14 de Novembro de 2023
Joaquim Mexia Alves

domingo, 12 de novembro de 2023

FIM DE SEMANA DO ESPÍRITO SANTO NO ALPHA

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São 17.41 da tarde e acabámos agora a oração comunitária pedindo o Espírito Santo para todos nós, que estamos a fazer este percurso Alpha na paróquia da Marinha Grande e Alqueidão da Serra.

O momento foi intenso, foi vivido, foi sobretudo abençoado por Deus, que se faz sempre presente quando a Ele nos abrimos.

Aliás, Deus está sempre presente pelo Espírito Santo, nós é que estamos “distraídos” e não O queremos ver e sentir.

É extraordinário o ambiente, a paz, o amor, a alegria, a união, que se sente e vê e em todos aqueles que aqui estão.

Já tantas vezes vi e vivi esta tarde do fim de semana do Espírito Santo, no Alpha, e continuo a espantar-me, a deixar-me maravilhar, com tudo o que Ele faz em nós.

É indescritível e só vivendo se percebe como as barreiras, os medos, as faltas de perdão, são abatidas e se transformam em paz, em serenidade e amor.

Os abraços não são apenas abraços, são vidas que se tocam e dão vida às vidas, porque o Espírito Santo está nessas vidas, e faz nelas a Sua presença viva.

Poder-se-ia dizer que são emoções, e são-no, sem dúvida, mas estas emoções transformam, convertem, são vida que dá vida às vidas de todos nós.

Não viemos aqui, nem estamos aqui pelas emoções.

Viemos aqui e estamos aqui, por Deus, e Ele, pelo Espírito Santo, emociona-nos até ao mais íntimo de nós, e liberta-nos, cura-nos e faz-se vida em nós, para nós e para os outros.

Graças Te damos Pai, por Jesus Cristo, Teu Filho, no Espírito Santo, que nos dá vida, nos chama, nos congrega e faz irmãos em Cristo, para sermos Igreja, e em Igreja sermos uns para os outros, amando-nos como Tu, Senhor, nos amas.



Fátima, 11 de Novembro de 2023
Joaquim Mexia Alves
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Nota: Escrito ontem em Fátima.

domingo, 5 de novembro de 2023

49ª ASSEMBLEIA DO RENOVAMENTO CARISMÁTICO CATÓLICO DO GRUPO PNEUMAVITA

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Cheguei a casa e pensei: Não vou escrever já sobre a Assembleia do Grupo Pneumavita.
Sentei-me na minha sala tentando repousar de todo deslumbramento que vivia em mim, desde ontem em Fátima, continuado hoje e até agora já em casa.

Mas ao meu coração vinha a frase/versículo - «não nos ardia o coração» (Lc 24, 32) – e então levantei-me e sentei-me aqui frente a este teclado, deixando as palavras saírem de mim para ficarem escritas, quanto mais não seja para me lembrar delas quando me “esquecer” que «o Senhor fez em mim maravilhas» (Lc 1, 49).

Entrar no anfiteatro Paulo VI, sentir o ambiente que o Grupo Pneumavita, levado pelo Espírito Santo, suscita naquele lugar, remeteu-me imediatamente para aquela noite, em que frente ao Santíssimo, ali, naquele lugar em 1997, onde estariam então cerca de duas mil pessoas, caí de joelhos e Lhe disse, (talvez sem grandes esperanças ainda naquele momento), aqui estou, Senhor Jesus, e se estás aí, é chegado o momento de me fazeres sentir-Te e de mudares a minha vida.

E Ele não se fez rogado, entrou pela fresta que Lhe abri, tomou conta de mim, e começou a mudar por completo tudo o que era e é preciso mudar em mim e, até agora, ainda não acabou essa obra, porque eu sou duro de convencer.
Deixei-me envolver, mais uma vez, no Seu amor, entreguei-me no que me foi possível, e pedi-Lhe que continuasse e reforçasse a mudança que continua a fazer em mim.

Disse-nos o pregador, Pe Joãozinho, (uma força do Espírito Santo), explicando-nos com palavras e sugestivas imagens faladas, as sete maravilhas que Deus fez em Maria, servindo-se do tema da Assembleia, «O Senhor fez em mim maravilhas» (Lc 1, 49).

Não tenho palavras para descrever o dia e muito menos a noite de Adoração, em que toda aquela gente, irmanada no amor de Deus, se rendeu à presença viva e actuante do Espírito Santo.

No Domingo de manhã, sobretudo durante a Eucaristia de encerramento da Assembleia, começou a surgir em mim, a verdade extraordinária de que Deus fez nestes dias maravilhas em nós, maravilhas em mim.

Levado pelas palavras proferidas pelo pregador, puder perceber que o Espírito Santo fez em mim as mesmas sete maravilhas que fez em Maria, atendidas, claro, as diferenças de Maria ser a «cheia de graça» e eu ser um pobre pecador.

A primeira maravilha foi que também a mim Ele se fez anunciar pela voz do pregador, dizendo-me que estava ali e que, também, eu poderia ser cheio d’Ele, se assim fosse essa a minha vontade, ou melhor, se eu quisesse fazer a vontade d’Ele.

A segunda maravilha foi que também Ele me fez visitá-lO e se fez visita em mim, permanecendo em mim, conforme eu O deixava permanecer.

A terceira maravilha foi que com a Sua presença, Ele me deslumbrou, me extasiou, me fez sentir a Sua graça e o Seu amor, e que estava ali para que todos nós n’Ele encontrássemos o verdadeiro amor.

A quarta maravilha é que Ele se fez presente na nuvem, essa nuvem que Ele é, para que O sigamos, como antes o povo de Israel O seguiu, fazendo-me mergulhar na alegria da Sua presença.

A quinta maravilha foi tornar a sentir-me baptizado na água do Seu lado, em Igreja, sendo Ele a luz para me alumiar o caminho que Ele próprio me/nos dá.

A sexta maravilha foi sentir que Ele abençoou as minhas dores, (sejam elas quais forem, físicas, psíquicas, espirituais), deixando que eu as unisse às Suas próprias dores na Cruz, onde se entregou por todos nós.

A sétima e última maravilha foi ungir-me, mais uma vez e sempre, no fogo do Espírito Santo, para que, abandonando-me a Ele, encontrasse o caminho que todos os dias Ele me dá, para com Ele encontrar a verdadeira vida que Ele é.

Depois, juntando todas estas sete maravilhas, vem o desafio que Ele me fez e faz, de que, essas sete maravilhas não são para guardar em mim e só para mim, mas que elas só têm sentido se for para eu sair de mim para os outros, para testemunhar o Seu amor, para O dar a conhecer a quem ainda O não conhece, para ser discípulo, mas discípulo missionário em todos os momentos da vida que me dá.

E disse ainda ao meu coração para olhar para Sua Mãe, tentando imitá-la na humildade, na pressa em servir, apontado sempre para Ele e não para mim.

E eu, pobre de mim, apenas posso dizer-Lhe que se sirva de mim como “servo inútil”, que me perdoe as vezes que falho, as vezes que digo sim, mas não faço a Sua vontade, as vezes em que, pelo meu orgulho e vaidade, chamo mais a atenção para mim do que para Ele.

Mas também coloca em mim a certeza inabalável de que está comigo, que está connosco, sempre que O invocamos e d’Ele verdadeiramente demos testemunho de amor.

De coração cheio, renovado e transformado, do meu coração sai um grito silencioso, que apenas diz: Obrigado, Jesus! Obrigado!




Marinha Grande, 5 de Novembro de 2023
Joaquim Mexia Alves

sexta-feira, 3 de novembro de 2023

ASSEMBLEIA DA COMUNIDADE PNEUMAVITA DO RENOVAMENTO CARISMÁTICO CATÓLICO

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Rezo e preparo-me interiormente para a Assembleia da Pneumavita deste fim de semana em Fátima, e deixo-me levar nas “asas” do Espírito Santo, que me tem levado nestes anos da minha vida.

Lembro-me de Novembro de 1997, do Padre José da Lapa, da Pneumavita, e dessa primeira Assembleia em que estive, e de como esses três dias mudaram a minha vida.

Sim, o caminho de regresso a Deus e à Igreja já estava iniciado, mas era ainda tão incipiente, tão frágil, tão áspero e sem calor de amor verdadeiramente sentido.
Soube depois e sei agora, que ainda não tinha então consciência do Espírito Santo que nos revela Cristo no amor do Pai.

E de repente, num dia de Sábado, vivido a querer “fugir” daquele lugar, surgiu uma noite em adoração frente ao Santíssimo Sacramento, e então Ele, sim Ele, Jesus Cristo, verdadeiramente presente no Sacramento abana-me, quase me esbofeteia, e faz-me sentir a Sua presença viva no meio de nós e, naquele momento, sobretudo em mim.

Sim, o amor invadiu-me porque eu Lhe abri a porta.
Os irmãos fizeram-se comunhão de Igreja, porque Ele me tocou.
As barreiras, os medos, as incertezas, a falta de perdão, foram derrotados por Cristo que se fez presente em mim, no amor do Pai, revelado pelo Espírito Santo.

Hoje e sempre, ao fim de todos estes anos, continuo a viver aqueles momentos com uma intensidade sempre nova, e pergunto-me: O que queres Tu de mim, Senhor?

E Tu não me respondes, sorris, abraças-me junto a Ti e fazes-me sentir o Teu amor.
E eu pergunto-me sempre como queres Tu, Senhor, deste nada que eu sou, fazer algo que fale de Ti e Te testemunhe junto dos outros?

O passado já não me incomoda, porque está nas Tuas mãos, e, Tu mesmo me dizes para me servir dele para testemunhar como Tu e apenas Tu, podes fazer dum coração de pedra, tomado por tantos vícios, um coração de carne disponível para amar, amar com o Teu amor.

Ah, mas agora tenho conTigo o meu querido Pe José da Lapa, e por isso, peço-lhe para que junto do Espírito Santo, interceda para que Ele me/nos guie, me/nos ilumine, e sobretudo me/nos ensine a fazer só e apenas a Tua vontade.

Nesta minha preparação, sinto já a oração das minhas irmãs e irmãos da Pneumavita, e com eles peço insistentemente que o Pai, por Jesus Cristo, derrame em nós o Espírito Santo, que nos há-de revelar tudo o que Ele nos ensinou, como nos afirma o Evangelho de São João.

Conto os minutos, as horas, os dias, e numa prece do coração, apenas digo: Aqui estou, aqui estamos, Senhor Jesus, serve-Te de nós!






Marinha Grande, 2 de Novembro de 2023
Joaquim Mexia Alves

domingo, 29 de outubro de 2023

TODOS OS SANTOS, SIM, HALLOWEEN, NÃO!

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Quando eu era novo, lá pelos anos 50/60, não se falava desta coisa do Halloween, ou lá como é que se chama.

Nem me passava pela cabeça vestir-me de diabo, de bruxo, e muito menos de morto-vivo.
Não só porque não queria, mas também porque os meus pais não mo permitiriam, felizmente.

Que raio de coisa tão feia é esta?
Fazer da morte pela morte, da bruxaria, das coisas diabólicas, razões para festejar, para celebrar tais coisas perniciosas.

Claro que a morte é algo que está presente nas nossas vidas, que devemos aceitá-la como coisa natural, que como cristão que sou, posso até esperá-la na fé e na confiança, de que morrendo em Cristo e com Cristo, com Ele ressuscitarei.

Mas daí a fazer dela uma festa, “celebrando” uma espécie de regresso à vida como morto-vivo para aterrorizar os outros, é coisa que não passa pela cabeça de qualquer pessoa de bom senso.

Que raio de festa é esta, em que o seu mote principal é vestir-se de desgraçado, de horror, de morte, para “celebrar” o medo, a destruição, a infelicidade?

Preocupam-se tanto, (será que se preocupam?), em não ofender as crianças, em não manipular as crianças, mas, no entanto, não se importam de as vestir de mortos-vivos, de bruxos, de diabos, de tudo quanto é máscaras horrendas.

Ah, pois, é só uma brincadeira sem mal nenhum!
Pois, também os “milhentos” jogos das “baleias”, das mesas de tripé, das invocações dos espíritos, dos estrangulamentos até à quase morte, são muito “engraçados”, mas todos sabemos como, mais tarde ou mais cedo, tudo isso se reflecte em vidas atribuladas, em noites mal dormidas, em depressões sem razão de ser, em auto destruição da própria vida, em problemas permanentes que infernizam a vida de quem quer viver em paz.

Ah, pois, eu exagero!
Mas quem vive em Igreja e ouve as pessoas que procuram Deus por causa de tantos problemas que não percebem e acontecem nas suas vidas, percebe bem como se abriu, com todas essas coisas, a porta ao tal diabo, (que não existe, segundo alguns), mas que inferniza a vida daqueles que, tantas vezes sem perceber, o invocam, chamando-o para as suas vidas.

Pois é, lá vem este com o diabo e com as coisas do diabo!
Mas eu digo-vos, a quem me lê, há muito que o diabo não faz parte das minhas preocupações, porque estou com Cristo, mas reconheço, porque o próprio Cristo me/nos ensinou que ele existe, que devemos estar sempre atentos à sua influência, às suas tentações, ao seu poder diabólico.

Não, o diabo não é o culpado de todo o mal que existe.
Os culpados somos nós quando lhe abrimos a porta e deixamos que ele entre nas nossas vidas.

Por isso, na noite da véspera do Dia de Todos os Santos, celebremos antes a vida, a verdadeira vida, aquela que aqueles que seguem Jesus Cristo, tocados pelo amor do Pai, deixando-se conduzir pelo Espírito Santo, encontram todos os dias, e todos os dias a querem viver na confiança e na esperança, de que, morrendo em Cristo, n’Ele ressuscitamos.

E as crianças, por favor, deixem-nas pedir o “pão por Deus”, e se quiserem mascarar-se, que seja vestidas de anjos, para celebrarem a vida que Deus nos dá, em alegria, em amor, em paz e salvação.

E já agora, expliquem-lhes o Pão que Deus é, e que a nós se entrega, cada dia, na Eucaristia.

Para todos uma Santa e muito bem vivida Solenidade de Todos os Santos.



Marinha Grande, 29 de Outubro de 2023
Joaquim Mexia Alves

quinta-feira, 26 de outubro de 2023

A OBEDIÊNCIA

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Catecismo da Igreja Católica 144
«Obedecer (ob-audire) na fé é submeter-se livremente à palavra escutada, por a sua verdade ser garantida por Deus, que é a própria verdade. Desta obediência, o modelo que a Sagrada Escritura nos propõe é Abraão. A sua realização mais perfeita é a da Virgem Maria.»

Detenhamo-nos sobre esta palavra/virtude obediência para percebermos o que ela é, o que ela significa realmente.

Hoje em dia obedecer, obediência, faz imediatamente pensar a maioria das pessoas em fraqueza, submissão à força, humilhação, e, no entanto, não há nada mais errado sobre o que é a obediência e o que é obedecer.

Pensemos, para já, apenas na obediência e do que é obedecer em termos gerais, ou seja, abstraindo-nos da fé cristã.
A obediência leva à harmonia, à construção, à paz, à alegria.

Se ninguém obedecesse o que seria do mundo, o que seria do equilíbrio, da paz na sociedade e nas nações?
Um mundo sem leis nem regras, um mundo em que ninguém precisasse obedecer a leis ou regras, seria um mundo que se auto- destruiria em pouco tempo.
Por exemplo, o que seria do trânsito automóvel sem leis, sem regras?

Mas, como se refere no início citando o Catecismo, a obediência cristã é inerente à fé, porque a fé procura a verdade, a verdade é a Palavra de Deus e, como tal, sendo a verdade, todo o cristão deve obedecer à verdade que é o próprio Deus.
São Paulo na Carta aos Romanos chama-lhe a obediência da fé.

Lembremo-nos, desde logo, que Jesus Cristo obedeceu em tudo à vontade do Pai e, por essa obediência, que foi até «à morte e morte de cruz» Fl 2, 8, chegou a salvação aos homens.
Lembremo-nos como Jesus na Sua agonia no Monte das Oliveiras diz em oração ao Pai: «Pai, se quiseres, afasta de mim este cálice; contudo, não se faça a minha vontade, mas a tua.» Lc 22, 42

O Catecismo fala-nos também em Abrãao que deixa tudo para obedecer a Deus, como exemplo dessa obediência, e refere-nos também Maria como o exemplo perfeito de obediência na fé.
Maria, perante a “proposta” de Deus, anunciada pelo Anjo, mesmo sem perceber muito bem o que lhe é pedido, acaba essa Anunciação dizendo: «Eis a serva do Senhor, faça-se em mim segundo a tua palavra.» Lc 1, 38

Essa obediência à Palavra, (Palavra de Deus que é a Verdade), leva à vivência inteira da fé, que, obviamente, leva à paz, à alegria, à felicidade.

Por isso a sua prima Isabel, conduzida pelo Espírito Santo, lhe diz quando se encontram: «Feliz de ti que acreditaste, (que disseste sim), porque se vai cumprir tudo o que te foi dito da parte do Senhor.» Lc 1, 45

E o que é nos é dito da parte do Senhor, quando temos fé, quando acreditamos, quando obedecemos à Sua Palavra?

Que seremos salvos.
Que Ele está sempre connosco.
Que não seremos provados além das nossas forças.
Que todos os cabelos das nossas cabeças estão contados.
Que os cegos vêem, os surdos ouvem, os mudos falam, os paralíticos andam.
Que seremos livres.
Que nos amaremos uns aos outros como Ele nos ama.
Que não morreremos, mas sim com Ele ressuscitaremos.
No fundo que seremos felizes, (apesar das contrariedades), e que encontraremos a felicidade plena junto de Deus.

Mas a obediência na fé ou da fé, é suscitada de vários modos, ou seja, não apenas pela Palavra de Deus, mas também pela Igreja, pelo Papa, os Bispos, os Sacerdotes, os Santos e também aqueles que nos rodeiam.

Esta obediência da fé é sempre uma obediência de amor.
Nós não obedecemos à Lei de Deus, à Doutrina da Igreja, pela Lei ou pela Doutrina por si mesmas, mas sim pelo amor que temos a Deus e, por isso mesmo, devemos ter esse mesmo amor à Lei de Deus e à Doutrina da Igreja.

E o amor torna-nos livres na obediência, porque não obedecemos por imposição, mas por amor, porque sabemos que Deus nos ama, que Ele é amor e que tudo o que nos pede é para nos levar à nossa felicidade, à felicidade daqueles que nos rodeiam, e à felicidade daqueles que, ainda não O conhecendo ou vivendo, O podem descobrir pelo nosso testemunho, pelo nosso serviço a Deus servindo os outros.

Ora isto leva-nos à obediência da fé em Igreja.

Mas se apenas obedecemos quando o que nos é pedido está de acordo com aquilo que pensamos, está de acordo com as nossas escolhas, então não estamos a fazer a vontade de Deus, mas a nossa vontade.

Obviamente que a obediência também tem sempre a ver com a nossa consciência, mas nós só devemos seguir a nossa consciência se a mesma está bem formada, ou seja, se fizemos tudo, mas mesmo tudo o que esteja ao nosso alcance, para a formarmos no assunto sobre o qual queremos decidir obedecer.

Nós acreditamos, que o Papa é eleito por graça do Espírito Santo sobre aqueles que o elegem, como os bispos assim serão escolhidos, bem como os sacerdotes, religiosos, consagrados.

Esta obediência em Igreja vai mais longe.

Extrapolemos, legitimamente pensando, que se nos entregamos a Cristo, ao Espírito Santo, no amor do Pai, quando escolhemos aqueles que vão coordenar serviços ou as diversas equipas da pastoral, podemos acreditar também que foi o Espírito Santo que os escolheu, naquele determinado momento, para servirem daquele modo, embora servindo-se de nós.

Quantas vezes é escolhido alguém, por exemplo numa eleição mais ou menos “secreta”, que nós, na nossa humanidade, julgamos que não seria a pessoa ideal para tal missão?
E, no entanto, quantas vezes depois reconhecemos que essa pessoa executa a missão que lhe foi dada muito melhor do que nós julgávamos ser possível?

Porque embora o Espírito Santo saiba quais os dons de cada um, como alguém disse, Ele não escolhe os capacitados, mas capacita os escolhidos!

Então isto significa que devemos obedecer cegamente a tudo aquilo que os coordenadores dos serviços ou equipas em que servimos a Igreja, nos pedem para fazer?

Para responder a esta pergunta teremos que pesar também o “mandar”, e o “mandar” é muito importante para que as “ordens” ou “regras” sejam obedecidas.

Ora “mandar”, liderar, coordenar, tem a ver com o amor também, e tem a ver com o obedecer a Deus, que não nos “instituiu” como donos da verdade, mas sim como pessoas de fé, à procura da verdade.

Então, aquele ou aquela que coordena deve reger-se em primeiro lugar pelo amor.
Primeiro pelo amor a Deus, entregando-se em oração, para discernir qual a melhor forma de levar a cabo a missão que lhe foi confiada.

Segundo pelo amor aos outros, chamando-os a colaborar na tomada de decisões e ouvindo as suas ideias, as suas propostas, de modo, a que em equipa, possam encontrar pela graça de Deus o melhor caminho para a cumprir a missão.

Depois também é imprescindível o testemunho daquele ou daquela que coordena, ou seja, a sua liderança tem que ser fruto da oração, que leva à sensatez, e também a executar com os outros, (se possível), as directivas que mandou fazer.

Percebemos então, com certeza, que o serviço ou equipa trabalha, ou deve trabalhar em harmonia, e só se a humildade estiver presente nos seus membros, é que conseguiremos aceitar as “ordens” que nos são dadas, porque percebemos que vêm de quem foi escolhido para tal, e porque no fim foram fruto da análise de todos.

Então e se a minha ideia não foi aceite, ou a minha proposta não teve a concordância dos outros?

Então, em humildade, aceito-o de coração grato e executo o que me é pedido com amor e alegria de servir.
Mas não com alguma espécie de resignação, com murmúrios, ou com a convicção de que eu sei melhor, mas sim com o espírito de obediência da fé, certos de que Deus nunca falha se acreditamos estar a fazer a Sua vontade.

Lembremo-nos que os serviços e equipas de pastoral, são de alguma forma, também, o rosto visível da Igreja, e, como tal, devemos sempre dar testemunho de amor, de harmonia e de paz.

Só assim, fazendo a vontade de Deus em amor, é que um dia poderão dizer da Igreja o que já foi dito das primeiras comunidades cristãs de Jerusalém: Vede como eles se amam.





Marinha Grande, 26 de Outubro de 2023
Joaquim Mexia Alves

terça-feira, 24 de outubro de 2023

PEDIR O ESPÍRITO SANTO

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Nestes dias que vivemos, o Espírito Santo irrompe permanentemente no meu coração, no meu pensamento.

Não sou profeta, nem tenho “mensagens” de Deus ou qualquer coisa parecida, mas sinto dentro de mim, cada vez mais, esta imperiosa necessidade de, mais do que tudo o resto, pedir continuamente o Espírito Santo para a Igreja, para os homens da Igreja, (que somos todos nós cristãos baptizados), para a humanidade, até mesmo, sem dúvida, para aqueles que não acreditam, para que, tocados por Ele, possam ver a Verdade e ser tocados pelo Verbo.

E, por vezes, julgamos que temos de fazer orações muito bonitas e profundas, e que se assim não forem, não têm “resultado”.

Mas para pedir o Espírito Santo basta apenas pedi-lO!

Jesus Cristo dá-nos essa certeza absoluta de que se, pedirmos o Espírito Santo, Ele nos será dado sem margem para dúvidas.

«Pois se vós, que sois maus, sabeis dar coisas boas aos vossos filhos, quanto mais o Pai do Céu dará o Espírito Santo àqueles que lho pedem!» Lc 11, 13

Jesus Cristo insiste sempre na realidade do Espírito Santo, como lemos no Evangelho de São João, onde nos faz cinco promessas sobre a vinda do Espírito Santo.

Diz mesmo aos seus discípulos que é melhor que Ele suba ao Pai, para que o Espírito Santo seja derramado neles, então e para sempre.

«Contudo, digo-vos a verdade: é melhor para vós que Eu vá, pois, se Eu não for, o Paráclito não virá a vós; mas, se Eu for, Eu vo-lo enviarei.» Jo 16, 7

O que esperamos nós então, para tomarmos consciência desta realidade e, abrindo-nos à oração, pedirmos continuamente o Espírito Santo para a Igreja e para a humanidade.

Só no Espírito Santo nos é dado conhecer a vontade de Deus, e só fazendo a vontade de Deus poderemos encontrar o amor e a paz porque tanto ansiamos.

Peçamos o Espírito Santo por intercessão de Maria, a cheia do Espírito Santo.

Por isso, com palavras simples, peçamos o Espírito Santo nesta certeza absoluta de que Ele nos será concedido, sempre.

Pai, em nome de Jesus Cristo, concede o Espírito Santo à Igreja e aos homens por Ti amados.
Vem, Espírito Santo!





Monte Real, 24 de Outubro de 2023
Joaquim Mexia Alves

terça-feira, 17 de outubro de 2023

EM ADORAÇÃO

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Olho na Tua direção e fecho os olhos porque Te quero ver com os olhos do coração, com o olhar da Fé.

Lentamente parece que deixo de existir corporalmente, como se saísse de mim próprio, para apenas estar em Ti.

Abandono-me, ou és Tu que me fazes abandonar-me, e o tempo deixa de ser tempo para ser eternidade.

Abro as mãos como pedindo-Te que as tomes nas Tuas e parece-me sentir o Teu calor em mim.

Fico assim parado como a flutuar numa nuvem de amor, que só podes ser Tu, Senhor.

Já não há uma hóstia consagrada, há sim a Tua presença viva, tangível, sensível, que toma conta do meu silêncio e me faz amar com um amor que eu nunca pensei que pudesse haver em mim.

Afinal és Tu e apenas Tu agora o tempo, por isso não se consegue medir, não se consegue perceber onde o tempo começa e acaba.

A música ao fundo, parece de anjos que Te louvam, e da minha garganta sai um silêncio que se faz coro com eles.

Vem ao meu coração a palavra de Isabel para Tua Mãe e eu ouso dizer em surdina: De onde me é dado que possa sentir assim o meu Senhor?

Por um momento saio do mundo e pairo apenas no etéreo que é tudo amor e todo verdade.

A vida que és Tu, Senhor, toca-me por fim, e diz-me baixinho ao coração: É bom sentires esta vida que Eu sou em ti, não é Joaquim?

Deixo que os meus lábios e os meus olhos se abram, e digo muito simplesmente, porque não consigo dizer mais nada: É sim, Senhor, é sim! Obrigado!

E ali fico, mais um pouco, extasiado Contigo, tentando eternizar aquele momento.




Capela da Garcia, 16 de Outubro de 2023
Joaquim Mexia Alves