Escrevo então, o mais humildemente que me é possível, para os cristãos deste nosso país que porventura me leiam.
Por vezes esquecemo-nos que ser cristão representa não só a adesão a Cristo, mas também por força disso mesmo, a missão de levarmos Cristo aos outros e os outros a Cristo, de lutarmos por um mundo mais fraterno, que viva do amor e no amor que Jesus Cristo nos veio revelar e que é e tem de ser sempre a matriz do nosso viver, do nosso pensar, do nosso agir cristão.
E um dos direitos de que todos os homens são detentores, (ou deveriam ser), é o de concorrerem pelo exercício da sua liberdade, na escolha daquelas e daqueles que devem governar as nações.
Mas para nós cristãos este não é só um direito, mas também um dever, porque se o somos verdadeiramente, devemos viver neste mundo e ajudar a transformá-lo, a conformá-lo à vontade de Deus, porque acreditamos que só a vontade de Deus é o melhor para o Homem, qualquer Homem.
Esquecemo-nos muitas vezes dos pecados por omissão e omissão é com certeza não nos empenharmos na construção de um mundo mais fraterno e harmonioso, que como nós sabemos e acreditamos, tem de ser edificado segundo a Palavra de Deus, que é Deus de todos e não só de alguns.
E devemos exercer esse direito e dever livremente, sem impor nada a ninguém, mas não deixando de dar testemunho daquilo em que acreditamos, para que outros possam tomar conhecimento e acreditar no Deus que nos criou.
Poderemos pensar e até dizer que o temos feito, mas isso não é verdade, pois basta ver o resultado do referendo ao aborto para percebermos que muitos cristãos pensaram que não era nada com eles, ou então ingenuamente julgaram que Deus faria aquilo que eles não se predispuseram a fazer.
Ou então, ainda, eram cristãos só de “apelido” e não conheciam verdadeiramente a Palavra de Jesus Cristo, pelo que, em vez de se conformarem com a Palavra, quiseram conformar a Palavra com aquilo que era sua vontade, quiseram que a Palavra fosse para servir os seus interesses.
E temos muito em que pensar, ou até talvez não!
Com efeito andam para aí uns partidos que arrogando-se de defenderem os “fracos e oprimidos” pareceria que defendiam aquilo que Jesus Cristo nos veio ensinar, mas nada mais falso, porque a coberto dessa capa têm escondido o ataque mais insidioso à célula mais importante da sociedade que é a família, para além de muitas outras coisas.
E não se coíbem de citar pessoas da Igreja com um despudor inadmissível, para servir os seus propósitos, interpretando a seu belo prazer aquilo que homens da Igreja disseram.
Chegam ao cúmulo de afirmar que têm padres nas suas fileiras, padres esses que tendo-se separado da Igreja continuam no entanto a usar esse “título”, porque se assim não fizessem, ninguém os ouviria.
E quando dizemos que a Igreja deveria ser bem mais clara, aconselhando os cristãos e chamando-lhes a atenção para a falta de valores cristãos da maior parte desses programas de “governo”, ainda pretendem citar Jesus Cristo dizendo: «A César o que é de César e a Deus o que é de Deus».
Mas então interpretemos literalmente como eles pretendem a Palavra, e logo reparamos que a Deus não interessam as “moedas de César” e que são de César, a Deus interessa a vida que é de Deus e que eles desde logo negam a partir da sua concepção.
Não nos deixemos enganar, porque esta suposta defesa dos direitos do homem, não passa de uma arrogância sem limites que afinal atenta contra o próprio homem, atenta contra a dignidade do homem, atenta contra a vida do homem.
Hoje, já bastante às claras, o ataque à Igreja e aos cristãos é visível em todo o lado, mas ainda é pouco, pois a sua vontade é destruir tudo o que vem de Deus, para que alguns homens possam dominar o homem.
Então pergunto eu, seremos nós cristãos que lhes daremos o poder, para que eles nos possam destruir?
Temos dúvidas?
Não sabemos se este ou aquele partido serve aquilo em que acreditamos, se é conforme ao que de mais profundo queremos viver nas nossas vidas, se é um partido que quer servir o homem enquanto filhos de Deus?
É muito simples a solução:
A Bíblia numa mão, o Catecismo na outra, para lermos e vivermos no Espírito Santo e não no nosso fraco espírito, no coração a fé, a confiança que nos anima, juntamente com a coragem que nos vem pela graça de Deus, e vamos lá colocar a cruzinha naqueles que defendem os valores da vida e do amor, para que não venha depois uma cruz bem maior sobre os nossos ombros e sobre as nossas consciências.