sexta-feira, 24 de outubro de 2008

MARIA, NOSSA/MINHA MÃE 1

Quando ao fim de cerca de vinte e cinco anos de afastamento total da fé, senti dentro de mim necessidade de me reaproximar de Deus, da Igreja, foi particularmente difícil a minha compreensão, a minha aceitação da figura, ou melhor do “papel” de Maria na história da salvação, não na sua condição de Mãe de Jesus Cristo, mas de interventora e intercessora constante na vida dos crentes, na vida daqueles que procuram Jesus Cristo, na vida daqueles que Lhe são devotos.

As conversas que fui tendo com diversas pessoas, algumas delas com uma opinião muito negativa, outras sem opinião formada e outras ainda sem conhecimentos para um cabal esclarecimento, tornaram difícil essa minha desejada aproximação à nossa Mãe do Céu.

A acrescer a estas impressões, parecia-me também muitas vezes exagerada a “importância” dada a Maria, em “confronto” com a importância dada a Jesus Cristo, a Deus, por muitos daqueles que frequentavam a Igreja.

Mas eu lia a vida de Santos devotos de Maria e outros livros sobre a Mãe, e ficava triste comigo mesmo por não conseguir perceber, por não conseguir viver, sentir esse amor acrisolado que nesses livros via tão bem descrito.

Tive a consciência também, de que sendo a minha mãe de sangue uma pessoa de oração diária, de uma dedicação total e inteira à família, aos filhos, não deixava de ter inscrito na sua maneira de educar a dureza desses tempos passados, a exigência permanente de uma “perfeição” difícil, um afastamento emocional, sentimental, que eu apesar de tudo sabia ser muito mais exterior, do que interior, mas que não deixava de pesar na minha ideia do que era o amor materno.

Para que não haja dúvidas, tenho a certeza de que se hoje caminho com Cristo, para Cristo e em Cristo, foi porque a minha mãe mO transmitiu desde a mais tenra idade, sempre me deu testemunho dEle na sua vida e nunca deixou de rezar para que eu O reencontrasse. Amava profundamente a minha mãe, como sei que ela me amava, mas nunca tive com ela esses arroubos de amor materno/filial de que eu tanto me apercebia nos livros que lia.

Por tudo isto, Maria não entrava na minha vida, no meu caminho de conversão, de salvação, e no entanto eu sentia, eu sabia no meu íntimo que precisava dEla.

E rezava, e rezava, e pedia ao Seu Filho a graça de poder perceber, mais do que perceber, viver esse amor maternal que Ele mesmo nos tinha querido dar a conhecer e viver no momento da Sua entrega por nós.

Lentamente o Espírito Santo foi-me conduzindo nesse caminho de descoberta da Mãe, que disse sim, e que com o seu sim, aceitou o plano de Deus para os homens e assim nos trouxe Jesus Cristo que nos revelou que Deus é Pai, que Deus é amor, que a todos ama e a todos quer salvar.

E serviu-se primeiramente dos meus defeitos maiores, ou seja, do meu orgulho, da minha vaidade, da minha mania de superioridade, de julgar os outros, de me achar melhor do que eles.

Fez-me perceber que aquela Mulher simples, humilde, tinha sido escolhida para ser a Mãe do Salvador, precisamente por isso, por ser simples, humilde, abandonada nas mãos de Deus e que apesar da sua fragilidade não temia arrostar com os costumes de então, não tinha medo que os seus “pergaminhos”, os seus “parentes caíssem na lama”, não tinha medo de afirmar a sua fé, de aceitar a vontade de Deus por muito difícil que ela fosse, e orgulhosamente, com o orgulho humilde daqueles que são escolhidos por Deus, dissesse: «Eis a serva do Senhor, faça-se em mim segundo a tua palavra» Lc 1, 38

E “mostrou-me”, para que eu não tivesse dúvidas do que acima afirmo, que logo a seguir a ter conhecimento de que ia ser a Mãe de Deus, a sua primeira atitude é servir, é humildemente fazer os trabalhos domésticos que sua prima Isabel não podia fazer por causa da sua gravidez, da sua idade.

Sim, não se sentou numa “poltrona” e não chamou ninguém para a servir, para a “bajular”, não saiu para a rua a gritar a toda a gente que era a escolhida, que era a Mãe de Deus e que todos Lhe deviam “vassalagem”.

Não, não foi nada disso que Ela fez, mas sim: «Por aqueles dias, Maria pôs-se a caminho e dirigiu-se à pressa para a montanha, a uma cidade da Judeia.» Lc 1,39

«Por aqueles dias», os dias em que tinha sabido que ia ser a Mãe de Deus, «dirigiu-se à pressa», sim à pressa porque a sua prima Isabel precisava dela para fazer os trabalhos de casa, os trabalhos mais simples, e por ali ficou a servir «cerca de três meses» Lc 1,56, regressando depois a casa, para continuar a sua vida simples e humilde, como se nada tivesse mudado na sua vida.

Porque quem faz a vontade de Deus, vive consciente de que é Ele que tudo faz com a nossa entrega, com o nosso empenho em servir-Lo, servindo os outros, e por isso nos retribui com a graça do amor e da paz.

E Maria servindo a Deus com o seu sim, estava a servir a humanidade precisada do Salvador.


(continua)
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quinta-feira, 23 de outubro de 2008

PENSAMENTOS INSPIRADOS NA PROCURA DE DEUS 34

Maria é nossa Mãe,
não por sua vontade,
não por nossa vontade,
mas por graça e vontade de Seu Filho
Jesus Cristo Nosso Senhor.

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Jo 3,30

Vejo-me tão grande
Quando me olho
No espelho do mundo!
Quando me miro e “remiro”
Embevecido com o meu ser!
Pobre de mim!
Um cego
De olhos abertos!
Um coração
Ao amor fechado!
Uns braços
Apertados em si próprios!
Mas lá no fundo de todo o meu ser,
No núcleo da minha vida
Estás Tu, Senhor,
Fazendo-Te pequenino,
Muito pequenino em mim.
Porque não queres ferir
A minha liberdade,
A liberdade que Tu me deste,
Quando me criaste.
Mas mesmo assim pequenino
Não deixas de ali estar,
Silencioso,
Presença de amor,
À espera que eu
Te descubra na minha vida.
Ai Senhor,
Tanto tempo já conTigo,
Tanto tempo a seguir-Te,
Tanto tempo a ouvir-Te,
Tanto tempo tentando imitar-Te.
E afinal,
Ainda sou tão cheio de mim!
Tem piedade, Senhor,
Tem piedade.
Ah, Senhor,
E cresce!
Cresce dentro de mim,
Em mim,
Em todo o meu ser,
Para que eu
Possa testemunhar,
Como dizia João,
O Teu mensageiro humilde:
«Ele é que deve crescer,
E eu diminuir». Jo 3,30

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

O ENGANO DAS MENSAGENS "PIEDOSAS"...

Chegou às minhas mãos mais uma dessas mensagem com imagens, música e texto, igual a tantas outras que circulam por aí e constantemente invadem as nossas caixas de correio electrónico.

Fiquei a pensar no assunto e percebendo como estas mensagens são um logro, um engano em que às vezes aqueles que estejam menos preparados, ou mais frágeis emocionalmente, podem cair.

E são engano e logro em, pelo menos, dois sentidos:

Primeiro porque não levam a nada em termos práticos, a não ser criar falsas esperanças e ideias “perigosas” na cabeça das pessoas, tais como, que não é preciso trabalhar, esforçar-se, porque com o “poder da mente”, porque deus, (aqui de propósito em letra pequena), tudo faz e nós não temos que fazer nada a não ser pensar.

Segundo porque são um embuste “religioso”, ou seja, falando de Deus e levando a crer que têm a ver com a fé em Deus, (sobretudo a fé cristã, embora não sejam especificas nesse campo), acabam por ser apenas e só portadoras de uma mensagem de espiritualidades baseadas no homem e apenas no homem.

O primeiro engano é claro e porque muito que digam que experimentaram e deu resultado, não deveriam conseguir enganar ninguém, porque se assim fosse, não haveriam, por exemplo, as crises como a que agora estamos a viver.
Bastava pensar, meditar, e tudo passava!!!

Segundo porque falando de Deus, apontam para tudo menos para Deus, que nestas mensagens acaba por ser apenas o “fazedor” daquilo que nós queremos e desejamos.

Claro, que nelas existe uma parte em que se afirma que o que desejamos não pode ser contra outros, que tem que ser para o bem, etc., mas também era o que mais faltava que não dissesse!

Mas a verdade é que toda a mensagem é voltada para as capacidades do homem sozinho e Deus apenas ali aparece como modo de enganar as pessoas que têm fé, mas não têm uma formação cristã enraizada nas suas vidas.

O início desta mensagem que me enviaram, por exemplo, começa assim:

Você acredita no poder da mente?
No poder da vibração?
Da energia que emanamos e que nos conecta com todo o universo?
Com Deus, com os Anjos e Santos?
Com todas as pessoas, coisas e seres?

Se repararmos, Deus vem em quarto lugar, pois nos três primeiros aparece o homem e as suas possíveis capacidades.

Claro que o homem tem capacidades, Deus dotou-o com elas!
Mas estas capacidades atingem a sua plenitude na comunhão com Deus, e é nEle, por Ele e com Ele, que elas transportam o homem ao melhor de si próprio e o levam a vencer as dificuldades que a vida lhe apresenta.

E poderíamos analisar toda a mensagem e reparar que em tudo ela aponta para uma falsa felicidade, a felicidade em que tudo é conseguido apenas com o esforço da mente, e em que Deus é “peça” secundária pois está ali para fazer o que nós desejamos.

E Deus tem ali os tempos marcados! Fica nosso refém!

Tem que nos dar o que pedimos ao fim de 10 minutos, neste caso.
Noutros ao fim de x dias, ou depois de distribuirmos não sei quantas fotocópias!
Sim falo aqui também neste “fenómeno” das orações de intercessão dos Santos, (que são uma prática religiosa da tradição da Igreja em tudo saudável), mas que nada têm a ver com um x número de fotocópias que se distribuem pelas igrejas, como forma de obter o que se pede!
Como se Deus estivesse a contar o número de fotocópias!!!

E depois estas mensagens trazem sempre uma mensagem sub-reptícia de temor, que tem a ver com a possibilidade de, não fazendo o que se pede, poder acontecer algo de mau, ou então se não enviar a mesma para não sei quantas pessoas o pedido, o desejo não acontecer.

E pior ainda, pois se não reenviarmos a mensagem para outros tantos, não somos amigos de Deus, não somos bons cristãos!!!

É também de reparar nos símbolos utilizados, como pirâmides, esferas, e por aí fora, que apontam para “espiritualidades” que nada têm a ver com Deus e com a fé cristã e católica.

Bem, não será preciso alongar muito mais esta reflexão, para se chegar à conclusão de que Deus é tratado nestas mensagens como o “génio da lâmpada”!

A verdade é que estas mensagens são fantasias dos homens, vozes de falsos profetas, que apenas confundem as pessoas, e que mais tarde ou mais cedo as podem levar a um desespero pela não obtenção dos seus desejos e a uma revolta contra Deus, que afinal nada tem a ver com estas práticas dos homens.
É na nossa comunhão com Deus e com os outros, fazendo o trabalho a que somos chamados com empenho e dedicação, aceitando e ultrapassando as dificuldades e provações próprias das nossas vidas, preocupando-nos e ajudando os que mais precisam, orando e celebrando o nosso Deus de misericórdia, louvando-O, glorificando-O, dando-Lhe graças em tudo e pedindo-Lhe a Sua ajuda, sempre segundo a Sua vontade, que encontraremos a felicidade da vida eterna na Sua presença, que começa já aqui e agora, se quisermos ser parte viva do Reino de Deus.