quarta-feira, 31 de maio de 2006

ORAÇÃO

Por mais palavras que diga, nada acrescento à oração.
Por isso, Senhor, tudo coloco nas Tuas mãos.
Nada Te peço, Senhor, a não ser o que é melhor para todos, e o melhor, Senhor, é com certeza a Tua vontade.

terça-feira, 30 de maio de 2006

PENSAMENTOS

Maria foi o primeiro Sacrário da Igreja.

Maria foi ao mesmo tempo, religiosa de clausura, vivendo a oração intensa, e Mãe de familia, vivendo as alegrias, sofrimentos e incompreensões desse mesmo estado de vida.

segunda-feira, 29 de maio de 2006

HINO AO NOSSO DEUS E SENHOR

SENHOR,
Que bom e grande Tu és !
Sem Ti, SENHOR,
eu não sou nada.
Sou como um peixe que não nada,
uma ave que não voa,
uma ovelha perdida,
à mercê do predador,
um ponto sem referência,
uma curva que acaba em circulo,
( fechado sobre si próprio ),
um ser vivo, sem ter vida,
uma morte anunciada.
Mas, SENHOR,
quando a Ti me entrego,
cruzo as águas como seta,
nascem-me asas nos pés,
o predador parte os dentes,
no escudo que Tu me dás,
a curva é uma recta,
a indicar a eternidade,
a vida pulsa tão forte,
que se estende aos que estão perto,
a morte é uma passagem,
para ir ao Teu encontro.
Porque Tu, SENHOR,
És tudo para mim,
a razão do meu viver,
a razão de eu caminhar,
a razão de eu amar,
a razão de eu falar,
a razão do testemunho,
que pretendo sempre dar,
a razão do coração,
a arder em Teu louvor.
Em Ti me refugio,
em Ti, me fortaleço,
em Ti,
quanto mais fraco sou,
mais forte eu me pareço,
quanto mais pobre sou,
mais rico em Ti eu cresço.
Em mim abates barreiras,
da vergonha à timidez,
tornas-me clara a palavra,
tornas fácil o falar.
E meu SENHOR,
mais ainda,
pois transformas os problemas,
em oração de louvor,
transformas alguma amargura,
num simples acto de amor,
transformas a breve tristeza,
na Tua mais linda alegria,
transformas o ingrato desânimo,
na vontade de lutar,
transformas a terrível dúvida,
na mais bonita certeza,
transformas o meu passado,
num presente a caminhar,
transformas o gaguejar,
na mais bonita oração,
transformas o meu pensar,
num canto do coração,
feito p’ra Te louvar.
Assim, meu DEUS, e SENHOR,
só por Ti posso amar,
só em Ti posso viver,
só conTigo caminhar.
Vem depressa, não demores,
e mesmo que estejam fechados,
os portões da minha vida,
arromba-os, SENHOR meu DEUS,
abre todos os cadeados,
enche-me de Ti e sorri-me,
pega-me na mão e conduz-me,
para que não me possa perder,
mas antes testemunhar,
que a vida deve ser sempre,
um canto de puro louvor,
a Ti,
meu DEUS e SENHOR.

sexta-feira, 26 de maio de 2006

PENSAMENTOS INSPIRADOS NA PROCURA DE DEUS 1

Não me posso esconder de Ti, Senhor, porque Tu tudo vês.
Mas peço-Te, não olhes para mim quando eu deixo o orgulho falar mais alto em mim, do que Tu, senhor, falas ao meu coração.
Criaste-me na Tua beleza, Senhor, e nesses momentos devo ficar tão feio.

quinta-feira, 25 de maio de 2006

UMA MEDIDA IMPORTANTE

O Cardeal sentou-se com um ar preocupado e disse para o Bispo, que sentado num outro sofá lia o jornal:

- E agora como vai ser? Deixámos de fazer parte do protocolo do Estado. E eu que abracei esta vocação, pensando sempre que iria estar presente nas inaugurações e festas em lugar de destaque! Que vai ser da minha vida.

O Bispo, levantando os olhos do jornal onde lia a referida noticia, comentou:

- E então eu, que até tinha a minha agenda livre aos fins de semana para poder estar presente nessas tão importantes cerimónias protocolares.

Ficaram ali os dois, cabisbaixos e meditativos, tentando colocar em ordem os seus pensamentos. Que grave e profundo golpe lhes tinha infligido aquele governo socialista.

Que iria ser da Igreja, que como todos bem sabiam, tinha sido fundada, instituída, precisamente para se fazer representar no protocolo de Estado.

Noutro ponto da capital, ufano da sua inteligência, o chefe do governo, dizia para os seus pares:

- Isto é que foi uma remodelação importante que fizemos! Agora já sabem quem manda e quem é verdadeiramente reformador!

Um dos ministros, levantando a sua mão em jeito de pedir a palavra, disse:

- É verdade, Senhor Primeiro, mas podemos agora falar do desemprego.

Responde-lhe o outro indignado:

- Então você, depois desta tão importante medida vem-me incomodar com coisas comezinhas. Esfalfa-se a gente a elaborar remodelações importantes para o país e a única coisa que você sabe falar é do desemprego! Ora abóbora, homem!

O ministro engoliu em seco, e reconheceu a justiça das palavras do Primeiro.

No Patriarcado, depois do riso contido provocado pela ironia do que tinham dito um ao outro, o Cardeal e o Bispo dirigiram-se à Capela e de joelhos oraram:
Ouve Senhor a nossa prece, por este pobre país que não encontra rumo e se perde na pequenez dos seus objectivos.

terça-feira, 23 de maio de 2006

ERA DE NOITE E CHOVIA

Era de noite e chovia,
O tempo parecia parado.
O ponteiro dos segundos,
Porque o tempo não avançava,
Nem sequer se mexia.
O que era isto,
Que agora sucedia,
Que coisa estranha era esta
“O que raio se passava”.
Ele não tinha morrido,
Disso tinha a certeza,
Porque sentia o seu corpo,
Porque o seu cérebro sonhava.
O que tinha acontecido,
Para que tão estranho momento,
Tivesse agora lugar.
O mundo parecia oco,
Sentia-se um grande vazio,
Parecia que já nada estava
No seu devido lugar.
Não se ouviam vozes algumas,
Nem risos ou gargalhadas,
Nem sequer lamentos, ou ais.
Ora isto queria dizer
Que pela primeira vez
A humanidade silenciava
O que mais profundo sentia.
Seria porque não queria,
Ou porque algo impedia
A vida de se fazer ouvir.
Uma frase relembrada
Vinha ao seu pensamento,
Mas fora do contexto
Em que fora proclamada:
«Tudo está consumado».
Que queria isto dizer,
Num mundo em evolução,
Que não parava um momento
Para escutar a voz do vento.
«Tudo está consumado».
Sentiu que um frio intenso
Tomava conta de si.
Reparou no mesmo instante,
Que esse frio tão estranho
Tomava conta de tudo.
Abriu-se-lhe o entendimento
Percebeu tudo então.
O homem na sua arrogância
Cheio de si, de importância,
Pensando que tudo ganhava
Tinha accionado o botão.
Era de noite e chovia,
Mas mesmo que não chovesse,
O sol raiasse,
E fosse dia,
Já nada agora importava:
O mundo já não existia.

terça-feira, 9 de maio de 2006

O AMOR E O PERDÃO

«E levantando-se, foi ter com o pai.
Quando ainda estava longe, o pai viu-o e, enchendo-se de compaixão, correu a lançar-se-lhe ao pescoço e cobriu-o de beijos». Lc 15,20


O Pai correu para o filho, para o abraçar, para o aceitar, para o acolher, para o continuar a amar, para fazer festa com ele.
Não para perdoar, porque o perdão esteve sempre no coração do Pai.
O perdão é uma constante no coração do Pai, como o amor.
E o amor do Pai é o amor verdadeiro, sem limites. É o amor que ama sem ser amado.
Quando se ama verdadeiramente, tudo está sempre perdoado.
O perdão faz parte do amor. Está associado ao amor. Onde há amor, há perdão constante.
Por isso o Pai nosso Deus, não nos perdoa, ou vai-nos perdoando. Nós estamos perdoados, à partida, desde logo.
Jesus Cristo com a Sua entrega de amor, à vontade do Pai, alcançou-nos o perdão para sempre.
Portanto, parte de nós aceitarmos o perdão. Ele está dado, é só recebermos.
Para isso temos de admitir, de reconhecer a nossa culpa, reconhecer que somos pecadores.
Não há condições para o perdão do Pai, porque nada há que possamos fazer para impedir o perdão do Pai.
Estamos sempre perdoados, mas para esse perdão ter efeito, temos de baixar a cabeça humildemente e reconhecermos o nosso erro, o nosso pecado.
Por isso o Pai corre para o filho.
Porque nEle, Pai, nunca foi quebrada a comunhão com o filho. O Pai sempre continuou a amar, porque para Ele, Pai, o perdão não precisa ser dado, existe sempre, é constante do Seu amor de Pai Criador.
Por isso esta “ânsia” de correr para o filho. Porque sempre foi desejo do Pai, a comunhão com o filho, (com os filhos). Este é que quebrou essa comunhão de amor.
Somos nós que quebramos a comunhão com o Pai, com o Seu amor.
Somos nós que quebramos a comunhão com os nossos irmãos, que quebramos o amor de Deus, que existindo em nós, nos une a todos, Seus filhos. «Aquele que não ama o seu irmão, a quem vê, não pode amar a Deus, a quem não vê». 1Jo 4,20
Somos nós que quebramos a comunhão com o amor.
E sem amor, não há perdão.
Nós exigimos que nos peçam desculpa, que venham até nós, para “concedermos” o “nosso” perdão. E mesmo quando o “concedemos”, a maior parte das vezes, não o fazemos humildemente, mas sobranceiramente, não conseguimos de imediato “repor” o nosso amor, tal como anteriormente.
Temos tantas frases nas nossas vidas que o documentam:
“Perdoar, perdôo, mas não esqueço”.
“Por esta vez, passa”.
“Está bem perdôo, mas tão cedo não me vês os dentes”.
Etc. etc..
Nunca nos lembramos que quando somos nós a pedir perdão, o nosso desejo, o nosso anseio, é que tudo volte a ser exactamente como era antes da nossa falta, do nosso erro.
Mas nós temos sempre imensas razões para não “concedermos” de imediato o nosso perdão “total”, ou seja, a “reposição” do nosso amor.
Temos a razão de querer “educar”, ou seja, “eu até podia perdoar e tudo ficar na mesma, mas é para ele ou ela aprenderem”.
Temos a razão da “grandeza” da falta, ou seja, “esta, também foi demais, não pode ficar logo tudo como antes”.
Temos a razão da nossa “vergonha” ou “orgulho”, ou seja, “se fica já tudo como antes, vão dizer que eu sou um «banana»”.
Conseguimos até “meter” Deus nas nossas razões, ou seja, “Deus não nos manda ser «parvos»”.
Só por isto vemos que o “nosso” amor é fraco, porque se assim não fosse, apesar de ofendidos, continuávamos a amar e assim o perdão era uma atitude natural e constante, perante o reconhecimento da falta.
Temos milhentas razões, mas talvez a mais interessante seja: “caramba, eu sou humano“.
E o problema é esse, é querermos viver o amor, querermos viver o perdão, apenas com a nossa parte humana, sem nos abrirmos à graça do amor de Deus.
È querermos procurar no mundo o amor e o perdão, que vêm do Alto, que vêm de Deus nosso Pai.
Se nos entregássemos verdadeiramente ao amor de Deus, se nos deixássemos invadir pelo amor do Pai, então também o nosso amor seria uma constante e o perdão não faria parte das nossas preocupações, pois seria uma “coisa” natural na nossa vida de filhos de Deus, unidos no e pelo Seu amor.
Mas somos realmente humanos e fracos.
Tentemos então viver o amor duma maneira viva e constante, colocando no nosso coração o sentimento de que, «por muito que faças, eu amo-te e nada poderá mudar isso, porque és meu irmão, filho de Deus e vives também no amor do Pai, vives também no Sagrado Coração de Jesus, que é fonte de amor, que é o amor de Deus Pai, feito Homem».
O Pai ama-nos assim.Quando dizemos: «Pai perdoa-me, porque Te magoei», podemos ouvir perfeitamente a Sua voz dizer: «Mas, filho, tu já estavas perdoado, mesmo antes da falta, porque Eu nunca deixei de te amar, porque eu te amo, mesmo quando tu não me amas».

sexta-feira, 5 de maio de 2006

O CHAMADO EVANGELHO DE JUDAS

Recebi hoje a revista da “National Geographic”, onde, como não poderia deixar de ser, vem como “noticia” mais importante o “evangelho de Judas”.

Como é difícil tentar explicar a quem não acredita, a quem não vive a fé, que por muitas explicações racionais, mais ou menos cientificas, que nos queiram dar para tantas coisas, (que lhes parecem perfeitamente demonstradas), a nossa vida de confiança e esperança em Deus e na Igreja, não se abala com coisas destas, porque acreditamos com o coração que nos mostra a Verdade que vem do alto, e não com o raciocínio da nossa inteligência, que é coisa do mundo.

Como queremos nós “ver” Deus com explicações ao alcance da nossa inteligência, das nossas capacidades intelectuais?

Se assim fosse, tão simplesmente, Deus não seria Deus, mas sim algo perfeitamente compreensível e imitável pela Sua criatura, que deve tender para isso, embora sempre sabendo que a única perfeição é Deus.

De repente, (parece que todos os anos pela Páscoa), levantam-se vozes excitadas, porque “descobriram” um “novo evangelho”, (que afinal já era conhecido), um novo escrito “verdadeiro”, que se segue a outros tantos já anteriormente “descobertos” em tempo apropriado.

Pretende-se então que este é “verdadeiro”, que este é que é a “verdade”, e que todos os outros, até então luz e caminho para todas as gerações estão errados e até foram escritos para enganar os que querem acreditar em Jesus Cristo.

Por um só dito “evangelho”, escrito como confirmam por uma seita com pensamento diferente do Cristianismo, querem colocar em causa os quatro Evangelhos, que entre si, e embora diferentes uns dos outros, em conjunto com todo o restante Novo Testamento constituem uma unidade indissociável.

Abalar-se-ão as convicções de cada crente?

Seguramente que não, a não ser daqueles que se deixam abalar por um qualquer “Código da Vinci” e outras “verdades” que todos os anos se escrevem.

Se o meu neto, que tem agora três anos, decidir aos cinquenta anos, escrever uma versão do 25 de Abril, dizendo que foi feito por militares, mas por ordem expressa do Presidente do Conselho da altura convencido que era a única forma de salvar o país, pode ser que daqui a mil anos, quando alguém encontrar esse escrito, venha dizer que afinal a história, tal como era ensinada, estava toda errada.

Espanta-me que se preocupem tanto em tentar-nos “demonstrar” que Cristo, não é Cristo, e que a Igreja é uma “organização sinistra”, que sempre nos tentou enganar.

Não percebem que a nossa fé não se alimenta do mundo, mas sim da Graça de Deus.

Se tenho dúvidas?

Com certeza que sim, que de vez em quando assolam a minha vida, mas é um processo de crescimento interior e não qualquer coisa exterior que as venha provocar.

Pena é que se dê tanto espaço, tanto tempo de noticia a quem quer provocar divisão, mas não se dê o mesmo espaço e o mesmo tempo a quem pode demonstrar que a teoria, não passa disso mesmo, teoria e como tal fabricada pelos homens.

Podem-se alterar os factos históricos, os documentos que os suportam, as imagens que os comprovam, mas uma coisa não se pode alterar: a Verdade e esta Verdade a que me refiro, é a Verdade Divina.

Como a frase que Pilatos deixa no ar, referindo-se àquilo que para ele e para nós é inatingível no pensamento, mas que para os que acreditam se experimenta no coração: «Que é a Verdade?» Jo 18,38

De braços abertos acolhemos a todos, mesmo aqueles que não acreditam e nos querem fazer acreditar, naquilo em que pretendem não acreditar.

Monte Real, 4 de Maio de 2006