terça-feira, 31 de agosto de 2021

DIÁLOGOS COM O MEU EU (22)

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Há muito tempo que não conversávamos um com o outro! 
É verdade, e eu tenho saudades dessas conversas. 


Sabes acho-te disperso, menos focado numa missão. Pareces atarefado “como Marta”. 
Sabes são muitas coisas e infelizmente tenho muitas vezes a ânsia de estar em tudo. 


Pois! Mas só uma coisa interessa, segundo o que Ele disse. 
Eu sei, e todos os dias procuro e leio a Sua Palavra. 


Mas sabes que mais do que ler, sentir e discernir a Sua Palavra, é importante vivê-la! 
E eu tento vivê-la no dia-a-dia, o que nem sempre consigo. 


Pára um pouco! Olha bem para dentro de ti e vê se estás a fazer a Sua vontade ou a tua vontade. 
É tão difícil perceber isso por vezes! 


Atenta em quatro coisas: Sentes-te em paz a fazer o que fazes? O que fazes dá frutos bons? Cresces com Ele e nEle naquilo que fazes? Sentes a Sua presença no que fazes? 
Não te consigo responder já. Vou ter que analisar bem tudo isso. 


Fazes bem, mas mais do que analisar, reza, coloca-te nas Suas mãos e deixa que Ele faça em ti o que Ele quer que faças para os outros, servindo o Seu amor. 
Vou fazer isso! Obrigado pela conversa. 


É curioso e muito bom perceber como Ele está presente nestas conversas comigo mesmo! 



Monte Real, 31 de Agosto de 2021 
Joaquim Mexia Alves

sexta-feira, 27 de agosto de 2021

ORAÇÃO NAS FÉRIAS

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Capela Gótica - Pousada de Beja









O sol bate-me na cara!
Ouvem-se crianças e adultos na piscina.
Deitado na espreguiçadeira sinto que o calor aperta, e a dormência da inactividade toma conta de mim.

Um primeiro pensamento vem de repente ao meu coração e contento-me em viver o momento e sentir como é bom estar ali, sem nada para fazer que não seja apenas … estar!

Mas aquele calor, aquele bem-estar, aquele viver tão simplesmente a vida, levam-me incondicionalmente a um – obrigado meu Deus – reconhecendo a Sua presença em tudo e sentindo-O na razão da minha satisfação.

Abro a mão direita, que estava fechada, e sinto os cinco dedos, que com os cinco da mão esquerda, completam dez dedos, que me lembram de imediato as dez Avé Marias de cada Mistério do Rosário de Nossa Senhora.

Descontraio-me ainda mais e interiormente vou começando:
O Baptismo de Jesus no rio Jordão, Pai Nosso, Avé Maria, glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo e cadência doce do Terço vai tomando conta de mim.

Os dedos vão-se fechando, um a um, contando as contas do Rosário e vou-me abstraindo de tudo o resto à minha volta.

Os risos das crianças e as vozes dos adultos ouço-os agora mais longe, chamando-me à realidade da vida, mas a paz, a serenidade e a alegria contida da oração que vai saindo do meu coração, levam-me a viver este momento de realidade na terra, tocada por um pouco de Céu.

Lentamente chego ao fim, louvando a Mãe do Céu, saudando-A com uma Salvé Rainha toda interior e sentida.

Abro os olhos!

A realidade da terra continua bem presente em tudo aquilo que vejo, mas tocado pelo Céu, agradeço novamente o momento de paz que Deus me fez alcançar … mais uma vez!



Beja, 26 de Agosto de 2021
Joaquim Mexia Alves

quarta-feira, 18 de agosto de 2021

UMA GRANDE FAMÍLIA

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Hoje em dia encontramos imensas razões, (não tenho a certeza que sejam razões, mas talvez mais desculpas), para ter famílias pequenas, de um ou dois filhos ou mesmo nenhum.

Sou o nono filho de uns pais maravilhosos, embora tenhamos sido dez, (o último não chegou a “vingar” como se dizia naquele tempo), e não podia ter sido mais feliz do que fui e sou.

Uma família grande, três irmãs e seis irmãos, preencheram a minha vida e ensinaram-me a maior parte do que sei hoje, todos eles e elas com os seus feitios e saberes diferentes, com o seu modo de amar distinto em cada um, com a sua alegria e exemplo.

Poder ir buscar a cada um o que ele tinha/tem de melhor, é uma fonte inesgotável de aprendizagem, de perceber a dimensão do sentir, do amar.
E eu, talvez seja o mais “rico” de todos eles, por ser o mais novo e de todos ter recebido o tanto que me deram e ainda dão.

Mas quem não tem uma família assim, grande, (e depois muito acrescida com todos os que vão chegando), não faz ideia do que é a alegria imensa e ruidosa, no bom sentido, de um Natal à volta do presépio, à volta da mesa.
A alegria de cada festa de aniversário, de casamento, de baptizado!

Até mesmo, e o tempo é inexorável, num momento de dor pela partida de um, o encontro, o reencontro, a união, o amor que passa por cima de todas as diferenças e problemas, enche-nos de paz, de amor e, porque não, de alegria por nos sabermos juntos com e por aquele ou aquela que partiu.

Hoje, o mais velho de todos nós filhas e filhos, o Manuel José, faria 90 anos!
Sim 90 anos!

Curiosamente, contando com os nossos pais, já estão mais no Céu, do que aqueles que nos quedamos ainda por aqui, por isso a festa deve ser grande naquele “assento etéreo” onde vivem, e nós juntamo-nos a eles em alegria por tudo quanto nos foi dado.

Uma família grande é uma festa, claro, com tudo o que faz parte da vida: amor, alegria, dor, tristeza, discussão, zangas, reencontro e reconciliação.
Por isso, uma família grande, enche-nos, toma conta de nós e nunca nos deixa sós!

Escrevo em Monte Real que foi o berço maior desta minha querida família e onde as recordações me rodeiam e me enchem de paz, alegria e amor.

Obrigado, meu Deus, pela família extraordinária que me deste, que nos deste.



Monte Real, 18 de Agosto de 2021
Joaquim Mexia Alves

terça-feira, 10 de agosto de 2021

SEMENTE E SEMEADOR

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«Irmãos: lembrai-vos disto: quem semeia pouco também colherá pouco e quem semeia abundantemente também colherá abundantemente.» 2 Cor 9, 6

Somos tão parcos no dar!
Semeamos tão pouco da semente que Deus nos dá!

E, por vezes, só porque ajudamos um pouco em Igreja, já nos julgamos satisfeitos e credores de alguma coisa.
Damos a moeda e aliviamos a consciência como se tivéssemos cumprido um dever.
A moeda sem amor, não tem valor!

E o sorriso, os braços abertos para receber, as mãos estendidas para dar, onde estão nas nossas vidas?
E a paz, a alegria, a confiança, a esperança, quando é que verdadeiramente a transmitimos a quem por nós passa?

Rezamos muito?
Por quem?
Por nós próprios e pelos nossos, ou por aqueles que mais precisam, pelo “soldado desconhecido” da batalha da vida?

Tanta semente que Deus dá, e tão pouco semeador para a semear!

E como Ele é generoso!
É o Único que consegue transformar 5 sorrisos em paz serena para quem os recebe e depois os dá a outros, e 2 abraços em amor imenso aos abraçados e a quem eles abraçam também.
É o Único que consegue colocar em quem dá, a certeza perene de que já recebeu.

Somos tão parcos no dar!
Semeamos tão pouco da semente que Deus nos dá!

Envolve-nos, Senhor, no Teu amor e faz de cada um de nós um bom semeador!



Monte Real, 10 de Agosto de 2021
Joaquim Mexia Alves

terça-feira, 3 de agosto de 2021

«Tu és verdadeiramente o Filho de Deus»

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Um dia, Senhor, quando ensaiava os primeiros passos à Tua procura, no regresso à casa do Pai, por palavras minhas, num desejo que me vinha do coração, também eu disse algo parecido com: «Se és Tu, Senhor, manda-me ir ter contigo sobre as águas». 

Queria acreditar, queria conhecer-Te, queria viver-Te, queria depender do Teu amor, mas as “águas da vida” que eu levava, pareciam-me quase intransponíveis, pareciam irresistivelmente puxar-me para o fundo e eu tinha medo de sair da “barca da vida” em que navegava, embora ela não me levasse a nenhum porto seguro. 

Mas Tu chamaste-me, fizeste-me sentir a Tua presença, fizeste-me experimentar o Teu amor e eu saltei para fora daquela barca e caminhei para Ti, temeroso e pouco confiante. 

Por isso, tantas vezes tive e tenho de gritar - «Salva-me, Senhor!» - e Tu logo me estendeste e estendes a mão, me levantas para Ti e me fazes caminhar sobre as águas que me querem perder. 

Senhor, tenho pouca fé, reconheço humildemente, e por isso tantas vezes me “afundo”, mas no fundo de mim sei, tenho a certeza inabalável que Tu estás sempre ali, de mão estendida, e me dizes: «Vem!» 

E eu vou e logo se acalma o vento, e prostrado diante de Ti, apenas posso dizer: «Tu és verdadeiramente o Filho de Deus». 



Monte Real, 3 de Agosto de 2021 
Joaquim Mexia Alves