sábado, 31 de dezembro de 2016

UM NOVO ANO, A MESMA LUZ!

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Hoje acaba um dia e começa outro, exactamente como todos os dias.

Os dias acabam sempre em noites, mas as noites dão sempre lugar aos dias.

Um ano acaba e outro começa.

Um ano que teve muitos dias e muitas noites, dá lugar a um outro ano que vai ter muitos dias e muitas noites.

As noites são sempre vividas, (ou assim devem ser), à espera de novos dias.

É a escuridão que dá lugar à luz, ou melhor, que é vencida pela luz.

O que eu desejo para cada um e para mim também, neste novo ano, é que todas as noites sejam vividas na esperança de um novo dia.

A escuridão só é permanente para quem nela quiser viver, porque a escuridão é sempre vencida pela luz, e a luz foi-nos dada na Cruz, por Jesus.

Abençoada Luz, que tornas as minhas noites na certeza de um novo dia, que tornas as minhas ocasionais escuridões, em caminho para Ti, Jesus!

Bom Ano Novo para todos, na certeza de que a Luz de Deus ilumina todos os homens de boa vontade!

Marinha Grande, 31 de Dezembro de 2016
Joaquim Mexia Alves
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terça-feira, 20 de dezembro de 2016

CONTO DE NATAL 2016

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Tinha abraçado a vocação ao sacerdócio com toda a convicção, mas agora tinha dúvidas, muitas dúvidas. E não eram, infelizmente, dúvidas sobre o sacerdócio, mas sobre o próprio Deus.

Não percebia porquê, mas agora que se aproximava o dia de Natal olhava para trás e percebia o ano terrível que tinha vivido.
A morte dos seus pais ainda relativamente novos, num acidente; aquele seu irmão, tão novo, com aquela doença incurável; aquele seu amigo de infância que ao fim de tantos anos de dificuldades, depois de nunca ter desistido de lutar, tinha acabado por “vencer na vida” e de repente, por um incêndio fortuito, tinha ficado novamente sem nada.
E o mundo? Que mundo este em que se trucidavam crianças, se decapitavam pessoas, se tratava melhor os animais do que os seres humanos, um mundo em que a barbárie, não só da violência física, mas também a violência verbal e psíquica, se tinha instalado e “dava cartas” em todo o lado.

E Deus? Deus onde parava? Por onde andava?
Sim ele sabia bem, (tinha-o estudado profundamente), que Deus nos tinha criado em liberdade total e por isso não interferia na liberdade de cada um.
Mas, caramba, há um tempo para tudo!
Então Deus podia assistir impávido e sereno à destruição do bem, à destruição da humanidade que Ele mesmo tinha criado à sua imagem e semelhança?
Tudo isto, somado a uma Igreja que a seus olhos parecia não encontrar união, mas parecia antes querer encontrar pontos de divisão, mais as conversas mantidas com tanta gente desiludida e revoltada, levantavam-lhe dúvidas, muitas dúvidas, a que ele não conseguia responder, sobretudo no seu íntimo.
Lembrava-se perfeitamente da Missa que tinha celebrado no dia anterior e como lhe tinha custado.
Na altura da consagração apeteceu-lhe deixar a patena e o cálice no altar e não proferir as palavras da consagração, mas depois lembrou-se que, mesmo que ele não acreditasse, a consagração sempre aconteceria, tal como ensinava a Igreja.

Era dia 24 de Dezembro e estava na sacristia pensando que ainda teria que celebrar à noite a Missa do Galo.
Era fim de tarde e a essa hora já não estava ninguém na igreja.
Foi colocar-se em frente ao sacrário com a cabeça entre as mãos e ali se deixou ficar, sem pensar, nem dizer nada, sem nada fazer.
Ao fim de algum tempo, cansado da posição em que estava e percebendo que o dia já estava a acabar, olhou o sacrário com um olhar ainda de esperança e disse:
Senhor Jesus Cristo, se aí estás, dá-me um sinal, qualquer coisa que me faça sair deste torpor que me afasta de Ti. Eu quero-Te, mas sinto-me cada vez mais longe de Ti.

Saiu da igreja e dirigiu-se para casa, mas em vez de seguir pela estrada normal, decidiu atravessar o pequeno pinhal que ficava entre a igreja e a casa onde vivia.
A luz do crepúsculo provocava sombras estranhas nas árvores, mas isso não lhe interessava minimamente, pois caminhava totalmente absorto nos seus pensamentos sobre Deus e sobre a sua fé.

Pareceu-lhe ouvir um ruído, um gemido, qualquer coisa, talvez um animal ferido.
Parou e pôs-se à escuta.
Ouviu então algo que lhe pareceu um choro de criança, pelo que começou à procura por entre os arbustos, tentando descobrir de onde vinha tal lamento.
Encontrou então deitada no chão da mata, envolvida num pequeno cobertor, uma criança, que chorava lancinantemente.
Aproximou-se e percebeu que, embora já não fosse um recém-nascido, era sem dúvida uma criança nascida há muito pouco tempo.
Retirou com todo o cuidado o cobertor que a envolvia e verificou que apesar das circunstâncias a criança lhe parecia estar bem de saúde.
Tocou-lhe numa mão com o seu dedo para ver a sua reacção, e logo os pequeninos dedos do bebé se agarraram, como desesperados ao seu dedo, com uma força tal que o espantou.
Colocou-o ao colo e trouxe-o para a estrada, enquanto ligava para as emergências explicando o assunto, e pedindo uma ambulância.
Sentou-se num marco na berma da estrada com a criança ao colo e mais uma vez colocou o seu dedo entre aquela pequena mão, que logo o agarrou novamente com toda a força.
Estava assim, embevecido a olhar para a cara do bebé, que entretanto tinha acalmado e dormitava no seu colo com uma expressão muita calma, quando sentiu no seu coração as seguintes palavras:
Vês, meu filho, só tens que fazer isto mesmo! Abandona-te como uma criança, agarra a minha mão com toda a tua força e perceberás que estás ao meu colo, que Eu estou contigo, e que, quaisquer que sejam as tuas dúvidas, eu sou o Senhor teu Deus que te ama, que te chama e que te guia. Hoje é noite de Natal! Quando regressares à igreja, vai junto do presépio e coloca o teu dedo nas mãos da minha imagem deitado nas palhinhas. Acredita, meu filho, que mesmo sem sentires, Eu me agarrarei ao teu dedo e não te deixarei partir, porque te amo e te quero para mim!

Ao longe já se viam as luzes da ambulância e ele iria jurar que se pareciam exactamente com as estrelas que tinha iluminado os pastores naquela Santa Noite!

O seu coração exultou de alegria e exclamou dentro de si:
Meu Senhor e meu Deus! Ó meu Menino Jesus, obrigado pelo teu presente de Natal!!!

Foi com muita relutância que deixou os bombeiros tirarem dos seus braços aquele seu “Menino Jesus”!


Marinha Grande, 19 de Dezembro de 2016
Joaquim Mexia Alves


Com este Conto de Natal, quero desejar a todos os que por aqui passam, amigos e amigas face a face ou "virtuais", um Santo Natal e um Novo Ano cheio das bênçãos de Deus.
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quarta-feira, 14 de dezembro de 2016

O CAMINHO ESTREITO E AS PEDRAS

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Uma pedra nos rins e as dores, (muitas), consonantes com a passagem da pedra pelos canais milimétricos do aparelho urinário.
Uma vontade grande de louvar a Deus, de dizer-Lhe que sim, de oferecer tão pouco pelos outros.
Pelo meio da conversa com Ele, por vezes a vontade de um palavrão a querer sair, quando as dores atingem “picos quase insuportáveis”
Ao fim de muitas horas o alívio, a ausência de dores, uma paz que se instala, um viver quase no paraíso, em comparação com aquilo porque fui passando.

E depois a reflexão.

O caminho é estreito, disse-o Ele, e pelo caminho há pedras, contrariedades, provações.
Sem desistências, (embora por vezes com alguma revolta, os tais palavrões), prosseguimos o caminho.
As pedras estão lá e por vezes são dolorosas, mas sabemos que Ele está connosco e não deixa nunca de nos guiar, acompanhar e ajudar no caminho.

Tal como no alívio das dores, também por vezes no caminho estreito se vivem momentos de intensa união com Ele, que são um oásis, uma paz, um pressentir o paraíso de sabermos que esse caminho, apesar de ser estreito e cheio de pedras, nos leva sempre à contemplação de Deus, ao gozo de Deus, envolvidos no Seu amor para toda a eternidade.

E então, apenas posso dizer: Obrigado, Senhor! Obrigado. Senhor! Obrigado, Senhor!


Marinha Grande, 14 de Dezembro de 2016
Joaquim Mexia Alves

sábado, 26 de novembro de 2016

O ADVENTO 2016

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O Advento é assim como que uma gravidez da humanidade!

Uma gravidez provoca sempre na mulher mudanças, não só físicas, mas também de pensamentos, de comportamento, de sensibilidade, de entrega, enfim, toca todo o ser da mulher grávida.
Mas também toca o homem na devida proporção, ou seja, na sua disponibilidade, na sua entrega, na sua maneira de proceder, e por isso, também, em todo o seu ser.
A gravidez numa família provoca sempre um reflectir, um repensar, um reagir, um encontrar caminho, um preparar e acautelar o futuro, uma correcção de vícios e defeitos, no fundo, uma mudança, por vezes radical, ao encontro de algo melhor, algo que traz amor, paz e felicidade.
E, claro, a gravidez é sempre um tempo de espera de algo que, sabemo-lo intimamente, vai mudar as nossas vidas, vai preencher as nossas vidas, vai completar as nossas vidas, vai trazer mais amor e felicidade às nossas vidas.

Por isso a primeira frase: O Advento é assim como que uma gravidez da humanidade!

Já sabemos que Ele vem, mesmo já estando no meio de nós.
Estamos assim, “grávidos” de esperança!
Se estamos “grávidos” de esperança, temos que proceder como “grávidos”, e este é o tempo para isso mesmo.
«Uma voz clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor e endireitai as suas veredas.» Lc 3, 4

É então o tempo de reflectir, de repensar, de reagir, de reencontrar caminho, para preparamos e acautelarmos o dia-a-dia do nosso futuro, no nosso encontro pessoal, diário, em cada momento, com Jesus Cristo, Nosso Senhor, que vem/veio ao mundo para nossa salvação.
Preparemos o caminho, “endireitando” os nossos erros, os nossos vícios, os nossos defeitos, e arrependidos, abeiremo-nos da Confissão, para encontrarmos o perdão e a reconciliação, e assim preparamos o coração para o recebermos, como um presépio de amor.
Só assim esta “gravidez de esperança” chegará a bom termo, e só assim ouviremos naquela Santa Noite os anjos a cantarem - «Glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens de boa vontade» - e correremos pressurosos, misturados com os pastores, misturados com todos e cada um, numa grande família, (a família de Deus), ao encontro do Salvador que nos foi dado, pelo amor do Pai, no Espírito Santo!

Um Santo Advento para todos, na certeza de que esta “gravidez de esperança” acontece sempre que levantamos o nosso coração para Deus.


Marinha Grande, 15 de Novembro de 2016
Joaquim Mexia Alves

Texto publicado no Boletim da Paróquia da Marinha Grande - "Grãos de Areia"
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sexta-feira, 11 de novembro de 2016

RENDO-ME, SENHOR!

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Rendo-me, Senhor! Rendo-me!

Dentro de mim lutam as minhas vontades, as minhas certezas, os meus orgulhos, as minhas vaidades, e eu vejo-me a lutar contra elas!

Tenho que vencer, Senhor, ajuda-me, porque me quero render incondicionalmente a Ti!

Quero vencer, Senhor, não pela vitória, mas para me fundir em Ti, ou melhor, para que “já não seja eu a viver, mas Tu a viver em mim”!

É uma força, uma vontade, um poder muito maior do que eu que assim me faz lutar! És Tu, Senhor!

Não quero saber das lágrimas que afloram aos meus olhos, (são lágrimas de alegria por Te ter, de tristeza por Te ofender), não quero saber da voz que me diz que eu não sou digno, que eu não sou nada, que Tu estás longe de mim!

Não, Senhor, porque Te sinto aqui, junto de mim, com esse imenso sorriso de amor, essa imensa paz com que me envolves, com a alegria do pastor que coloca aos seus ombros a ovelha perdida.

Ah, Senhor, rendo-me! Rendo-me!

Eu sei que ainda há em mim muita coisa para atirar fora, muita coisa para mudar, para converter, para purificar, para libertar, mas que interessa isso se a minha vontade é render-me, incondicionalmente, a Ti, Senhor!

Salta-me o coração do peito, sinto-Te aqui, neste momento em que escrevo, e já não sou que escrevo, és Tu que escreves em mim.

Oh, Senhor, obrigado! Precisava tanto, tanto deste momento!

Acalma-se-me o coração, secam-se-me as lágrimas, uma paz imensa invade-me, olho-Te nos olhos e digo-Te: Rendo-me, Senhor! Rendo-me!


Monte Real, 11 de Novembro de 2016
Joaquim Mexia Alves
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terça-feira, 1 de novembro de 2016

“DAR-SE”!

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Ao pensar neste tempo de verbo, ou melhor, nesta atitude que representa um despojamento de si próprio, e que é “dar-se”, “entregar-se”, “colocar os outros à frente”, um nome muito óbvio me vem de imediato ao coração e à mente: Trinda!

Para a família o nome é totalmente conhecido, mesmo pelos mais novos de todos, é conhecido de amigos, de colegas de trabalho e de muita gente anónima, cuja vida um dia passou e ainda passa pela vida da Trinda.
Para os que não sabem, a Trinda é a Maria da Trindade, (que nome tão bem posto), quarta filha de um casal, que quis Deus fossem também meus pais, e pais de mais oito.

Sempre, desde muito novo me habituei a ver a Trinda a trabalhar em tudo quanto fosse festa de família, (desde os Natais até aos casamentos), dando tudo até ao limite das suas forças.
Mas a Trinda não se esgota nas festas, a Trinda leva o “dar-se” a uma atitude permanente, no dia-a-dia, no hora-a-hora, em qualquer momento.
A Trinda pensa sempre primeiro nos outros e depois nela própria!

Que o diga não só a família, mas também os amigos, os colegas de trabalho, e todos e qualquer um que passe pela sua vida e necessite de qualquer coisa.
E mesmo que não necessite, a Trinda, há-de arranjar maneira de “dar-se” de algum modo!

E depois de tudo fazer, depois de “dar-se” inteiramente, olha-nos com aqueles seus olhos e diz-nos com toda a veemência: Obrigado, obrigado por terem vindo, obrigado por isto, por aquilo, por aqueloutro!!!!

A Trinda olha-nos e sente-nos, a nós seus irmãos, todos já para cima dos 67 anos, (exacto, eu sou o mais novo), com aquele sentimento de mãe protectora que não quer que nada falte aos seus, e diz-nos sempre “autoritariamente disponível”: O menino, (que bem que sabe este "menino"!), já sabe, se precisar de alguma coisa telefone que eu venho logo!

A Trinda nunca se despede, seja ao vivo, seja pelo telefone, com um simples adeus!
Eu acho que ela nunca se quer despedir e por isso fica eterna e ternamente, a dizer: Beijinhos, beijinhos, beijinhos….

Nós seus irmãos, as nossas mulheres, (suas cunhadas), bem como os nossos filhos e filhas, nunca temos um marido sozinho ou uma mulher sozinha, uma só mãe ou um só pai, a tomar conta de nós nas nossas doenças ou vicissitudes, porque a Trinda está sempre presente.
A Trinda chega para saber como está tudo a correr, e depois vai ficando, vai organizando, vai fazendo os outros descansar, enquanto ela “se vai dando”, inteiramente.
E se assim é com a família, também é com toda a gente que ela conhece e que a conhecem.

A Trinda é a minha querida irmã, (as outras duas já estão com Deus), e a Trinda não existe verdadeiramente!

Acredito que Deus Nosso Senhor lhe deu esta forma humana, lhe deu esta face humana, lhe deu este corpo humano, mas colocou nela um coração de anjo, um anjo da guarda que se vê, que se toca e que tem ombros e mãos, para neles podermos descansar e percebermos verdadeiramente o que Jesus Cristo quis dizer com: «amai-vos uns aos outros como Eu vos amei!»

E a Trinda faz anos hoje!
Oitenta e um, para ser preciso!
Mas ninguém lhos adivinha, porque não mudou de modo nenhum o seu modo de viver, não esmoreceu em nada o seu “dar-se”!

Por isso, Senhor, a Ti  elevo a minha prece mais sentida, a minha oração mais viva, para Te dizer e pedir:
Obrigado, Senhor, pela Trinda, o anjo que deste à nossa família!
Obrigado, Senhor, porque pela Trinda nos quiseste ensinar o “dar-se”!
Agora, Senhor, protege-a, guarda-a e envolve-a nos Teus braços, de tal modo que ela possa sentir no seu dia-a-dia o Amor verdadeiro, que é o Teu, e que vai muito para além de todo o amor que nós lhe temos!


Carvide, 1 de Novembro de 2016
Joaquim Mexia Alves
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domingo, 30 de outubro de 2016

PORQUE HOJE É DOMINGO!

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Hoje Domingo,
Dia do Senhor,
faço-me missa para Te celebrar,
faço-me patena para te mostrar,
faço-me cálice para Te conter,
faço-me comunhão para Te partilhar,
faço-me sacrário para Te guardar,
despojo-me de tudo o que sou,
torno-me um nada sem importância,
abro-me inteiramente a Ti,
Senhor,
para ser a mais pequena porção,
o mais ínfimo testemunho,
do Teu amor,
em mim,
para os outros,
e abandono-me em Ti,
neste dia,
e sempre,
para viver eternamente
a mais completa alegria!



Marinha Grande, 30 de Outubro de 2016
Joaquim Mexia Alves
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segunda-feira, 17 de outubro de 2016

DE MÃOS LEVANTADAS!

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Naqueles dias, Amalec veio a Refidim atacar Israel.
Moisés disse a Josué: «Escolhe alguns homens e amanhã sai a combater Amalec. Eu irei colocar-me no cimo da colina, com a vara de Deus na mão».
Josué fez o que Moisés lhe ordenara e atacou Amalec, enquanto Moisés, Aarão e Hur subiram ao cimo da colina.
Quando Moisés tinha as mãos levantadas, Israel ganhava vantagem; mas quando as deixava cair, tinha vantagem Amalec.
Como as mãos de Moisés se iam tornando pesadas, trouxeram uma pedra e colocaram-na por debaixo para que ele se sentasse, enquanto Aarão e Hur, um de cada lado, lhe seguravam as mãos. Assim se mantiveram firmes as suas mãos até ao pôr do sol, e Josué desbaratou Amalec e o seu povo ao fio da espada. Ex 17, 8-13


Ao ouvir ontem esta passagem bíblica na Missa Dominical, e ouvindo a homilia do Padre Patrício, fui levado a reflectir na mesma e em tudo o que ela pode significar, para além do óbvio, digamos assim.

Não sei se a origem da frase - «baixar os braços» - com o sentido daquele que desiste, vem desta passagem, mas faria todo o sentido que assim fosse.

Deixando a “batalha”, o confronto violento, de lado, podemos perceber que Deus assiste àqueles que persistem, que não desistem, que n’Ele confiam e esperam, que pedem, mas que também fazem a parte que lhes compete, ou seja, são activos, “levantam os braços”.

A liberdade que Deus dá a cada um, também nos pode levar a desistir, a não querer acreditar, não querer confiar, não querer esperar, e assim “baixamos os braços”, e Deus nada pode fazer, pois nunca interfere na nossa liberdade, na liberdade que Ele mesmo deu a cada um.

Depois é curioso perceber que foi preciso que Aarão e Hur, «um de cada lado», segurassem as mãos de Moisés, para que elas se mantivessem levantadas, sem desistir, firmes no crer, no confiar, no esperar.

É que cada um de nós não é só, não está só, e é em comunidade, em Igreja, com os outros, em oração e comunhão, que encontramos Deus, e n’Ele a força para persistir, para crer, para confiar, para esperar.

Só assim, então, na comunhão em Deus, com os outros, em Igreja, é que podemos “desbaratar” o mal que nos quer perder, que nos quer fazer desistir, sobretudo nos momentos mais difíceis e complicados das nossas vidas.


Marinha Grande, 17 de Outubro de 2016
Joaquim Mexia Alves
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quarta-feira, 12 de outubro de 2016

CHOVE LÁ FORA!

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Chove lá fora!

Por momentos apetecia-me sair para a rua e deixar que a água da chuva me encharcasse por completo, sentir a água da chuva na cara, no cabelo, em todo o meu corpo.
Quase como uma lavagem revigorante em toda a minha pele!

Depois penso: E por dentro de ti, pelo teu interior? Como poderás tu lavar o teu interior? Como poderás tu revigorar o teu íntimo, o teu ser?

Ouço então uma voz que me diz ao coração: Eu sou a fonte da água viva!

«Se conhecesses o dom que Deus tem para dar e quem é que te diz: 'dá-me de beber', tu é que lhe pedirias, e Ele havia de dar-te água viva!» Jo 4, 10

Ah, Senhor, deixa que me lave na Tua água!
Inunda, Senhor, todo o meu ser, com a água viva que Tu és!
Lava o meu coração!
Lava os meus pensamentos!
Lava o meu sentir e o meu agir!
Lava o meu falar, o meu ouvir, o meu olhar!
Lava-me de mim, Senhor, para que me possa “vestir” de Ti em tudo e para todos!

Chove lá fora!
Mas ainda melhor, chove dentro de mim!

Obrigado, Senhor!


Monte Real, 12 de Outubro de 2016
Joaquim Mexia Alves
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sexta-feira, 7 de outubro de 2016

O CAMINHO

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Olha em frente, tentando descortinar a estrada da vida!

Mas os seus olhos não o ajudam e ele não consegue perceber sequer o caminho para amanhã, quanto mais para o futuro.

O que fazer? Por onde ir? Onde está a estrada segura?

Nada, nem uma resposta, nem uma visão, nem um conselho, nem nada que os seus olhos possam ver!

Assim, pensou, não é possível caminhar, ou seja, não é possível viver, pois não há uma direcção segura, uma estrada para percorrer, um caminho que leve à meta desejada da felicidade.

Desiste de olhar, de ver, e fecha os olhos com a resignação de quem pensa já nada haver a fazer.

Percebe então que no seu íntimo existe outra maneira de ver, pois quase jurava que o seu coração tem olhos, e que esses olhos vêem um caminho à sua frente, bem marcado e presente.

No entanto o seu primeiro entusiasmo por ver aquele caminho, começa a esmorecer, quando percebe um caminho estreito, por vezes ladeado por abismos sem fim, pedras, com curvas e contra-curvas, obstáculos, subidas e descidas, enfim, um caminho humanamente desaconselhável.

Regressa ao coração e deixa-se guiar por ele.

Tem então a noção de que em cada sítio mais complicado do caminho existe sempre uma luz, uma mão, um ombro, uma palavra, um conselho e que, apesar de tudo, se seguir esse caminho deixando-se conduzir por tudo isso, o fim é perfeitamente alcançável, e que esse fim se prefigura como um paraíso, onde o amor e a felicidade comungam, e afinal se chama Deus!

A decisão está tomada!
Aquele é a estrada a percorrer, a direcção segura, a vida com sentido, que leva à meta desejada!

Procura uma placa de informação, algo que lhe diga como se chama esse caminho, e então vê na borda do caminho estreito, o nome que Alguém lhe deu: Igreja!


Marinha Grande, 7 de Outubro de 2016
Joaquim Mexia Alves
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sexta-feira, 30 de setembro de 2016

DIÁLOGOS COM O SENHOR DEUS (13)

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Senhor, Tu amas-me?

Claro que te amo, meu filho, com amor eterno.

Senhor, Tu amas-me assim, apesar dos meus defeitos, das minhas fraquezas, dos meus pecados?

Não, meu filho, Eu não te amo apesar dos teus defeitos, das tuas fraquezas, dos teus pecados. Eu amo-te com os teus defeitos, com as tuas fraquezas, com os teus pecados.

Ó, Senhor, então Tu amas-me como eu sou e não como eu deveria ser!

Sim, meu filho, Eu amo-te como tu és e é no meu amor que encontras sentido e forças para lutares e te libertares dos teus defeitos, das tuas fraquezas e dos teus pecados.

Ah, Senhor, então é com esse amor que Tu queres que nos amemos uns aos outros?

Claro, meu filho. Só amando os outros como eles são, (e não como gostaríeis que eles fossem), é que podereis amar os que vos querem bem, os que não vos querem tão bem e até mesmo os que vos querem mal. É no meu amor, que encontrareis sentido e razão, para amar com este amor pleno.

Senhor, como é bom o amor!!!

Sim, meu filho, o amor é a maravilha de Deus aos homens e para os homens.



Marinha Grande, 30 de Setembro de 2016
Joaquim Mexia Alves
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terça-feira, 27 de setembro de 2016

DIÁLOGOS COM O SENHOR DEUS (12)

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E eu, Senhor, o que sou eu, ou quem sou eu?
Um nada, mas amo-te com amor infinito e sem ti o mundo não seria completo.
Porquê, Senhor? Sou eu mais importante do que os outros?

Não, mas porque fazes parte do Meu plano, que envolve todos aqueles que criei, sem os quais o mundo também não seria completo.




Marinha Grande, 22 de Setembro de 2016
Joaquim Mexia Alves
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domingo, 11 de setembro de 2016

SALMO DE UM PECADOR

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Coitado,
pobre de mim,
na minha condição de pecador,
que deixo ir a minha vontade,
até ao fim,
assim ferindo o Teu amor.

Aparto-me do meu eu,
o meu eu que é o Teu,
Senhor,
porque o eu da minha vontade
é o meu eu pecador.

Prostro-me de joelhos,
a cara pelo chão,
e digo-Te,
olhos nos olhos:
Que será de mim,
Senhor,
se não vieres ao meu coração!

Nada mereço,
nem teu empregado ser,
quanto mais Teu filho,
ou chamares-me…
Teu irmão.

Corres para mim,
abraças-me junto ao peito
no Teu amor de abundância,
e dizes-me com a maior ternura:
Vem a Mim,
Meu filho,
toma tudo o que te dou,
toma tudo o que Eu sou,
porque não há pecado,
ou pecador,
que fique fora da esperança,
da grandeza do Meu amor!

Obrigado, obrigado Senhor!


Marinha Grande, 11 de Setembro de 2016
Joaquim Mexia Alves
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terça-feira, 6 de setembro de 2016

MINHA QUERIDA IRMÃ ASIA BIBI

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Minha querida irmã Asia Bibi

Permito-me, humildemente, dirigir-te estas palavras, que peço à Mãe do Céu te entregue no teu coração.
Sinto-me um nada ao dirigir-me a ti, um nada que vive no conforto de uma casa com uma igreja ao lado e com a liberdade de rezar a qualquer hora a Deus Nosso Senhor.

Tu, querida irmã, desde 2009 que sofres na tua vida, no teu coração, a privação da tua liberdade física, o afastamento da tua família, dos teus filhos, do teu marido, apenas e só porque acreditas e és discípula do mesmo Senhor Jesus Cristo em que eu também acredito.

Verdadeira discípula, (não como eu que tantas vezes me afasto dEle), porque tudo largaste para afirmar o teu indizível amor por Ele, deixando inclusivamente a tua família.
Porque, verdadeiramente, poderias estar com eles, poderias estar a viver normalmente no mundo, com a tua família, se abdicasses da tua Fé, se renegasses Jesus Cristo, se fizesses o que os homens querem, em vez daquilo a que a vontade de Deus te chama e que é uma provação imensa.

Claro que não é a vontade de Deus que te quer encarcerada, mas sim a vontade dos homens.
A vontade de Deus é que vivas inteiramente o Seu infinito amor por ti, e ao permitir este teu sofrimento, Deus retira dele uma infinitude de graças que derrama sobre aqueles que, mais fracos como eu, provavelmente não seriam capazes de se entregar como tu, querida irmã, te entregas.

Mas, mesmo não estando a teu lado fisicamente, sei que não estás presa, (apenas o teu corpo permanece encerrado na cela), porque acredito que do teu coração saem orações diárias ao Senhor que deu a vida por ti, que deu a vida por nós, e não serão apenas por ti, mas sim e com certeza, com essa fé indomável com que Deus te agraciou, serão orações por todos, sobretudo por aqueles que sofrem como tu.
Impotente para resolver a tua situação, não o sou contudo na capacidade de rezar, e por isso, minha querida irmã, todos dias rezo uma Avé Maria por ti, para que seja feita a vontade de Deus na tua vida.

Pedimos nós, todos os dias, sinais da presença de Deus entre nós e nada vemos, porque tantas vezes somos cegos de coração, somos cegos de fé, só temos olhos para ver as nossas vontades, os nossos desejos, os nossos quereres.
Tu, querida Asia Bibi, és um sinal permanente de Deus no meio de nós, um Deus que o príncipe do mundo quer encarcerar, (como a ti encarcerou), para perder o Homem criado à imagem e semelhança do próprio Deus Criador.
Mas Deus criou-nos livres, criou-nos na liberdade do Seu infinito amor, amor que não pode ser encarcerado, porque não há prisão que o prenda.
Por isso, o amor de Deus emana do teu coração, da tua vontade de entrega, do teu sim, e atravessa as paredes da cela, as barras da janela, e vem, livremente, tocar os nossos corações para dizer-nos, como diz a ti todos os dias: No Meu amor, és sempre livre!

Minha querida irmã, mesmo a quilómetros de ti, estou junto a ti, e de joelhos rezo contigo:

Santíssima Trindade, Pai, Filho e Espírito Santo, ouvi a nossa oração pela Asia Bibi e por todos aqueles que como ela sofrem a privação da liberdade, por causa de Ti.
Seja feita a Tua vontade, mas fá-los sentir, nós Te pedimos, a liberdade dos filhos de Deus conquistada por Cristo na Cruz do Amor.
Envolve-a no Teu amor e fá-la sentir o conforto da Tua presença no seu coração.
Querida Mãe do Céu, intercede por ela e por todos, como só Tu sabes fazer.
Amen.


Marinha Grande, 6 de Setembro de 2016
Joaquim Mexia Alves
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