segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

UM ANO QUE PASSOU E UM ANO QUE CHEGA.

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Está a chegar um novo ano!
Olho para trás e quero perceber aquilo que mais me marcou neste ano que passou.

E a primeira coisa que me vem à memória e ao coração, é a humildade.

A humildade de Bento XVI, (o tal “pastor alemão” irredutível), que resigna ao seu pontificado, por reconhecer a “fraqueza” das suas forças, motivada pelos seus muitos anos de vida.

A humildade de Francisco que no seu primeiro acto público pede aos fiéis que rezem por ele, humildade demonstrada depois nos muitos gestos que vão preenchendo o dia-a-dia do seu pontificado.

A humildade de tantos cristãos perseguidos por esse mundo fora, e que humildemente baixam a cabeça em nome de Nosso Senhor Jesus Cristo.

A humildade de tantos Bispos e Sacerdotes que apontam Jesus Cristo, que mostram o Caminho, sem querer ser reconhecidos, fazendo-se “pequenos” perante o Senhor e os homens, sendo trabalhadores da Messe, sem esperar outra recompensa que não seja a graça de Deus.

A humildade de tantos fiéis anónimos que servem a Deus em Igreja, ensinando, catequizando, secretariando, limpando e embelezando as igrejas, sem querer um momento de “glória” ou de elogio, mas apenas para servir a Deus, servindo a Igreja.

A humildade daqueles casais que se amam em doação, procurando o bem e a felicidade do outro, sabendo reconhecer os seus erros, para todos os dias renovarem com ou sem palavras o seu Matrimónio cristão.

A humildade daqueles pais e daqueles filhos, que se dedicam uns aos outros, reconhecendo exageros e irritações, perdoando-se mutuamente, para todos os dias construírem a igreja doméstica que é a família cristã.

A humildade daqueles que, “feridos” por uma qualquer situação irregular nas suas vidas conjugais, aceitam em amor a Doutrina da Igreja, e procuram na obediência o caminho em Igreja, ao encontro do Senhor que sempre se faz presente.

A humildade dos que foram capazes de se aproximar daqueles que ofenderam, ou por eles foram ofendidos, e pediram perdão ou perdoaram.

A humildade que o Senhor coloca no meu coração, (por mim tal humildade não aconteceria), cada vez que se deixa tocar por mim, para que O possa dar como alimento divino, àqueles que O procuram e O reconhecem como Deus e Senhor.

Como Deus faz as coisas bem feitas!

Naquilo que supostamente me poderia humanamente orgulhar, (ah, e eu sei bem o que é o orgulho!), ser Ministro Extraordinário da Comunhão, (a graça maior que Ele entendeu dar-me este ano), é quando me sinto mais fraco, mais pecador, mais servidor.
É então que reconheço que só com Ele, a humildade é graça e caminho para Deus, com Deus e em Deus.

Um Feliz Ano Novo para todos, cheio das graças e das bênçãos de Deus Pai, Filho e Espírito Santo!


Monte Real, 30 de Dezembro de 2013 
Joaquim Mexia Alves
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domingo, 22 de dezembro de 2013

CONTO DE NATAL 2013

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Rodrigo estava feliz! Tinha conseguido, com grandes poupanças, marcar a viagem e o hotel para fazer a surpresa à Isabel, sua mulher.

Ela merecia tudo! Casados há mais de 35 anos, nunca tinham conseguido passar uns dias juntos, numa viagem ao estrangeiro, algo que ela tanto desejava.
Finalmente, com grandes esforços e algumas ajudas dos dois filhos, já casados, tinha sido possível comprar a viagem e pagar o hotel, para poderem passar uns dias no tempo do Natal, em Roma, a cidade dos sonhos da Isabel.
Era perfeito, pois como o dia 24 de Dezembro calhava numa segunda-feira, sairiam na sexta-feira anterior e estariam até quarta 26 em Roma, o que daria muito tempo para conhecer a cidade e, para além disso, (para eles católicos convictos e praticantes), tinha um sabor muito especial o facto de passarem o Natal em Roma.
Já tinha sabido da hora da Missa do Galo na Basílica Vaticana, com o Santo Padre, e portanto, tudo estava a concretizar-se para surpreender a Isabel com um belíssimo presente de Natal.

Tinha combinado com o filho e a filha, que este ano pela primeira vez desde que eram família, a noite de 24 não seria passada lá em casa, o que lhes iria custar muito, pois era uma tradição que os filhos mesmo depois de casados tinham feito questão de manter. A noite de 24 era sempre em casa do Rodrigo e Isabel, seus pais, e o dia 25 era sempre para as famílias dos seus sogros.
E era hoje quarta-feira, 19 de Dezembro, que iria desvendar o presente de Natal à Isabel. Não podia ser de outro modo para lhe dar tempo para tudo preparar para a viagem.

À hora de jantar, com um sorriso feliz na cara, Rodrigo disse a Isabel: Vou-te dar o presente de Natal hoje, e já vais perceber porquê!
Ela fitou-o com um ar totalmente surpreendido e pegou no envelope que ele lhe dava, todo decorado com motivos de Natal.
Abriu, leu, percebeu a viagem que lhe estava a ser dada como presente, levantou-se e abraçou longamente Rodrigo, a quem uma lágrima furtiva escorreu pelo rosto.
Deu-lhe um beijo e disse: Tu és doido! Isto custa um dinheirão, com certeza!
Ele respondeu que não se preocupasse com esse assunto, porque as poupanças já vinham de há muito tempo para a concretização deste presente.
Isabel retorquiu de imediato: E os “miúdos”? Sim, lembra-te que a noite de Natal é sempre cá em casa!
Tivessem que idade tivessem, com filhos ou não, (que por acaso já tinham), os filhos seriam sempre os “miúdos”.
Rodrigo respondeu-lhe: Tudo tratado com eles! Decidiram que para não perderem a tradição da família, vão passar ambos a noite de Natal em casa do Pedro, (o mais velho), e só no dia 25 vão como sempre para casa dos seus sogros.

Num instante chegou sexta-feira, e num “piscar de olhos” viram-se sábado a passear por Roma, visitando monumentos, percorrendo as ruas carregadas de história e era visível a felicidade de Isabel por estar finalmente na cidade dos seus sonhos.
Jantaram num belo restaurante como dois namorados e dormiram como crianças felizes.

No Domingo, durante o pequeno-almoço, parecia a Rodrigo que algo tinha mudado em Isabel. Não parecia tão feliz, tão alegre, tão entusiasmada.
Deixou passar algum tempo, mas à hora de almoço era visível que algo não estava bem com ela e por isso perguntou-lhe: O que se passa Isabel? Há alguma coisa que não esteja a correr bem? Estás doente?
Ela respondeu que não, que estava tudo bem, mas Rodrigo conhecia-a bem e sabia que algo a incomodava, de tal maneira que ela não conseguia gozar a viagem, a estadia na sua amada Roma.

Após muita insistência, Isabel abriu-se e disse: Não consigo imaginar-me a passar a noite de Natal sem os nossos filhos e netos! Tenho tentado afastar de mim essa ideia, mas não consigo! Não te preocupes, que isto passa.
Rodrigo nada respondeu. Deu-lhe apenas um beijo amoroso e passado pouco tempo, no final do almoço, disse ter de ir à recepção do hotel confirmar o passeio da tarde e os sítios a visitar.
Regressou pouco depois com um sorriso de garoto na cara e disse a Isabel: Está tudo tratado!
Ela perguntou: Então onde vamos esta tarde?
Rodrigo respondeu: Vamos fazer as malas, porque o avião para Lisboa é amanhã muito cedo!
Ela protestou, ralhou, disse milhentas coisas, mas por dentro o seu coração exultava de alegria. Ele fez questão de lhe dizer que também a ele lhe custava muito não passar a noite de Natal como sempre, mas tinha assim decidido apenas para lhe agradar.

Às 13 horas de segunda-feira já estavam a telefonar para o Pedro e a Luísa, (seus filhos), a dizer: A noite de Natal é cá em casa! Tragam o que tinham preparado e nós juntamos algumas coisas que já fomos comprar.
Agora foram os filhos a ficar surpreendidos, mas para além dos protestos que de imediato expressaram, estavam no fundo felicíssimos por poderem passar aquela noite de 24 de Dezembro com os seus pais.
Chegou a noite, encheu-se a casa, veio a Missa do Galo e passado pouco tempo todos estavam à volta da mesa para a ceia.
Mas antes, e como sempre, Rodrigo fez a oração, reunidos à volta do presépio como todos os anos fazia naquela Santa Noite.

Obrigado, Jesus, porque nos destes tanto e continuas a dar. Obrigado por nos teres trazido de volta a nossa casa para podermos estar com os filhos, nora, genro e netos reunidos em família. Obrigado, Jesus, porque o Natal assim é mais Natal. Dá-nos mais um Natal, e depois mais e mais um, conforme a Tua vontade. Abençoa, Jesus, a nossa família e todas as famílias, e abençoa todos os homens e mulheres de boa vontade. Amen.

A meio da ceia, com a alegria jorrando a rodos, ouviu-se por cima do barulho de todas as vozes a voz do Manel, o neto mais novo de 4 anos apenas:
É tão bom o Natal em família!


Marinha Grande, Natal de 2013
Joaquim Mexia Alves


Com este Conto de Natal deste ano de 2013, quero desejar a todas amigas e amigos que por aqui passam, e suas famílias, um Santo Natal, no amor e na paz de Jesus.
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segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

A “REVOLUÇÃO” DO PAPA FRANCISCO

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Muito se tem escrito sobre a “revolução” do Papa Francisco, sobretudo afirmando-se ou no mínimo desejando-se, que essa chamada “revolução” se constitua como um romper com o passado, com a Doutrina, em suma, um quase romper com a Igreja.
 
E no entanto, ao lermos o ponto 13 da Exortação Apostólica Evangelii Gaudium, do Papa Francisco, percebemos que, se «na realidade, toda a acção evangelizadora autêntica é sempre «nova» EG11, ela não pode deixar de ter os alicerces na Tradição, na Doutrina, na História da Igreja, enfim na memória, como o Papa Francisco tão bem expressa nesse ponto.
 
13. E também não deveremos entender a novidade desta missão como um desenraizamento, como um esquecimento da história viva que nos acolhe e impele para diante. A memória é uma dimensão da nossa fé, que, por analogia com a memória de Israel, poderíamos chamar «deuteronómica». Jesus deixa-nos a Eucaristia como memória quotidiana da Igreja, que nos introduz cada vez mais na Páscoa (cf. Lc 22,19). A alegria evangelizadora refulge sempre sobre o horizonte da memória agradecida: é uma graça que precisamos de pedir. Os Apóstolos nunca mais esqueceram o momento em que Jesus lhes tocou o coração: «Eram as quatro horas da tarde» (Jo 1,39). A memória faz-nos presente, juntamente com Jesus, uma verdadeira «nuvem de testemunhas» (Heb 12,1). De entre elas, distinguem-se algumas pessoas que incidiram de maneira especial para fazer germinar a nossa alegria crente: «Recordai-vos dos vossos guias, que vos pregaram a Palavra de Deus» (Heb 13,7). Às vezes, trata-se de pessoas simples e próximas de nós, que nos iniciaram na vida da fé: «Trago à memória a tua fé sem fingimento, que se encontrava já na tua avó Lóide e na tua mãe Eunice» (2Tm 1,5). O crente é, fundamentalmente, «uma pessoa que faz memória». Evangelii Gaudium
 
Não se trata de uma rotura com o passado, com a história, com a Doutrina da Igreja, mas tão “apenas” de, «algumas diretrizes que possam encorajar e orientar, em toda a Igreja, uma nova etapa evangelizadora, cheia de ardor e dinamismo. Neste quadro e com base na doutrina da Constituição dogmática Lumen gentium…» EG17
 
Nem podia ser de outro modo, porque o Papa Francisco é o Sucessor de Pedro e não um “reinventor” da Doutrina e da Igreja, porque tal como Jesus disse a Pedro, também o diz a Francisco, «és feliz Francisco, porque não foi a carne nem o sangue que to revelou, mas o meu Pai que está no Céu.» Mt 16, 17
 
A Igreja não anda ao sabor do mundo, segundo a vontade do mundo, nem sequer segundo a vontade daqueles que se dizem Igreja, porque «não foi a carne e o sangue que to revelou».
A Igreja move-se, porque é movida pelo Espírito Santo, no tempo, no espaço, em cada momento específico do mundo, mas de acordo com aquilo que é o discernimento no Espírito Santo daqueles que foram chamados, escolhidos para serem os Sucessores dos Apóstolos, ou seja, segundo «o meu Pai que está no Céu».
 
Ora o Espírito Santo nunca “ensinará” algo diferente do que foi ensinado por Jesus Cristo, porque como Ele afirma, «o Paráclito, o Espírito Santo que o Pai enviará em meu nome, esse é que vos ensinará tudo, e há-de recordar-vos tudo o que Eu vos disse.» Jo 14, 26
 
Pode mudar a dinâmica, pode mudar o “estilo”, pode mudar a postura, pode mudar a forma de comunicar, podem até mudar os edifícios e as estruturas humanas da Igreja, (e alguns desses pontos e outros será até, talvez, necessário que mudem), mas a Igreja Católica Apostólica Romana na pureza da sua Doutrina, enquanto Una, Santa, Católica e Apostólica não pode mudar, nem precisa de mudar, porque Ela é sempre actual, porque embora constituída por homens é de Deus, e Deus é sempre actual, porque Ele é o tempo e o espaço em cada momento.
 
A grande diferença, julgo eu, seremos nós, membros da Igreja, conduzidos pelo Papa Francisco e pelo Magistério da Igreja, encontrarmos novas formas, novas dinâmicas, novo ardor, nova alegria para anunciarmos ao mundo a Boa Nova de Deus.
 
 
 
Marinha Grande, 12 de Dezembro de 2013
Joaquim Mexia Alves 
 
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terça-feira, 10 de dezembro de 2013

O PADRE LAPA, A PNEUMAVITA E EU (4)

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Um episódio que ficou marcado para sempre na minha vida, e que de alguma forma mudou a minha intervenção em Igreja, passou-se numa Assembleia da Pneumavita em Fátima, logo num dos primeiros anos em que participei nessas assembleias.
 
Se bem me lembro, ao princípio da tarde de Sábado, quando regressei ao anfiteatro Paulo VI depois de uma curta saída, a Catarina, minha mulher, disse-me que o Padre Lapa tinha pedido para eu ir ao palco falar com ele.
Fiquei em ânsias como é de calcular, e lá desci as escadas do anfiteatro para me encontrar com ele. Levou-me para detrás do palco e disse-me com toda a simplicidade, (como se eu fosse pessoa habituada a tal situação), que queria muito que eu desse um testemunho sobre a mudança da minha vida, um testemunho da minha conversão.
 
Confesso que pensei mais uma vez, (como antigamente), que ele tinha “ensandecido”!!!
Eu, que sempre tinha detestado falar em público, falar de mim para 2.500 pessoas!!! Nem pensar!
Por isso mesmo, muito me admirei ao ouvir-me dizer que sim senhor, que daria o tal testemunho. E a “coisa” não era para depois, era para ser feita passados apenas uns escassos minutos!
Pedi então que rezassem por mim, e o Padre Antonio Fernandes, veio, impôs-me as mãos e rezou por mim. Com muita calma disse-me para eu confiar, que o Espírito Santo havia de falar em mim e tudo correria bem.
Abriu então a Bíblia, e, depois de ler para si, deu-me a ler a seguinte passagem:
 
«Por isso recomendo-te que reacendas o dom de Deus que se encontra em ti, pela imposição das minhas mãos, pois Deus não nos concedeu um espírito de timidez, mas de fortaleza, de amor e de bom senso.
Portanto, não te envergonhes de dar testemunho de Nosso Senhor, nem de mim, seu prisioneiro, mas compartilha o meu sofrimento pelo Evangelho, apoiado na força de Deus.» 2 Tm 1, 6-8
 
Olhou para mim, olhos nos olhos, e perguntou-me se precisava de mais alguma coisa, afirmando que ali estava a confirmação de tudo o que precisava saber e confiar.
Depois…, depois fui à estante que estava no palco, levantei a cabeça, olhei, e vi 2.500 pares de olhos fixos em mim!
As pernas tremeram, o suor escorreu-me pelas costas, a boca abriu-se, e eu falei… falei do que me ia no coração! Ainda hoje, de quando em vez, me falam desse testemunho.
A verdade é que a partir daí o medo de falar em público se foi afastando, vindo para o “seu lugar” um tremendo sentimento de responsabilidade, sempre que sou chamado a falar d’Ele aos outros.
 
Tantas coisas que o Padre Lapa me levou a reflectir, a meditar, a corrigir, a fazer, a caminhar!
Tantas provas de amizade profunda, de interesse desinteressado, de satisfação por ver o caminho da minha vida.
 
Sim, Deus fez o milagre na minha vida de O encontrar, de viver o Seu amor, de perceber que a vida só tem sentido com Ele, por Ele e para Ele, mas para isso serviu-se de muitas pessoas, das quais é forçoso destacar o Padre José da Lapa e as irmãs e irmãos da Comunidade Pneumavita, com quem hoje e sempre me sinto em família, me sinto acolhido, me sinto amado, me sinto Igreja.
 
Fica tanto por dizer, tanto por contar, tanto por testemunhar, mas, se Deus quiser e para tal me inspirar, hei-de escrever talvez um livro, para narrar o que Deus fez em mim, servindo-se de tantas e tantos filhas e filhos de Deus, dos quais, sem dúvida, o Padre Lapa é figura primeira na história da minha conversão.
 
«Assim brilhe a vossa luz diante dos homens, de modo que, vendo as vossas boas obras, glorifiquem o vosso Pai, que está no Céu.» Mt 5, 16
Obrigado Padre Lapa!
Obrigado Pneumavita!
 
 
Marinha Grande, 10 de Dezembro de 2013
Joaquim Mexia Alves
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terça-feira, 3 de dezembro de 2013

O PADRE LAPA, A PNEUMAVITA E EU (3)

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Tinha acabado aquele retiro na Torre d’Aguilha.
 
Melhor do que aquilo que posso recordar agora, “falam” as palavras que então escrevi ao Padre Lapa.
«Louvo o Senhor, porque no Seu divino conhecimento o colocou no meu caminho, Padre Lapa.
Se já tinha alguma tranquilidade, alguma paz, algum amor, tenho agora a força, a coragem, o ânimo, a luz, a vontade e, (eu sei que não se mede), muito mais Espírito Santo.
Estou impaciente, tenho que fazer, tenho que andar, tenho que seguir em frente. Não posso estar parado. O Senhor irrompe permanentemente na minha mente e felizmente não me deixa sossegado.
Nem que eu fosse o maior poeta do mundo, o escritor mais dotado, encontraria as palavras certas para descrever um pouco sequer do que sinto.
Estou feliz, estou cheio, estou repleto, estou renascido, estou com Jesus no coração, o Espírito Santo no meu ser, abandonado nos braços do Pai, Nosso Deus…»
 
A resposta foi imediata:
«Louvo o Senhor por tudo o que está a acontecer na tua vida e, através de ti, pela força do Espírito Santo, na vida de muita gente…
Toda a Comunidade “Pneumavita” que te acolheu com o coração sentiu muita alegria em acolher-te . Jesus e nós contamos contigo para esta “obra nova” que desabrochou na Igreja a seguir ao Vaticano II.
Sê fiel à oração, à Palavra de Deus, ao amor fraterno e à «fracção do Pão», tanto quanto possível…»
 
Estávamos então também a preparar a preparar a Assembleia do RCC em Monte Real, que teve lugar nos dias 11 e 12 de Setembro de 1999, e foi um fim de semana extraordinário, conduzido pelo Padre Lapa e pela Comunidade Pneumavita.
Encheu-se a sala do hotel onde a mesma decorreu e a igreja matriz de Monte Real foi pequena para conter todos os que quiseram estar presente.
 
São tempos, momentos, em que vivo um “frenesim” religioso, querendo fazer tudo, querendo estar em tudo.
O Padre Lapa apercebe-se disso e fala comigo, avisando-me para não me deixar levar por “exageros”, para levar uma vida mais interior que consolidasse o testemunho e sobretudo, lembrando-me que a missão que o Senhor tinha colocado nas minhas mãos em primeiro lugar, era a minha família.
Isto mesmo expresso numa carta que lhe escrevo a seguir à Assembleia do RCC em Monte Real.
«Quando falei consigo ao telefone ontem, disse-me para ter calma e ir devagar, e eu bem precisava dessas palavras, porque a minha ânsia é tão grande, que tudo quero fazer sem descanso e provavelmente sem grande discernimento. De qualquer maneira é bem melhor estar assim do que apático e desinteressado.»
 
No mês de Janeiro a seguir, (2000), realiza-se um encontro de fim-de-semana, em Monte Real com o Padre António Fernandes e o seu grupo de oração.
Outra graça de Deus que tenho de agradecer ao Padre Lapa, pois foi ele que me apresentou o Padre António Fernandes, que vai ser com ele, meus guias e conselheiros nesta caminhada que , de uma “corrida à desfilada”, começa agora a ser verdadeiramente caminhada, orientada por dois homens que me guiam e me dizem o que tenho de ouvir, com toda a firmeza, mas também com todo o amor.
 
Marinha Grande, 3 de Dezembro de 2013
Joaquim Mexia Alves
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segunda-feira, 25 de novembro de 2013

O PADRE LAPA, A PNEUMAVITA E EU (2)

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E assim começou a Vida Nova, começou o “nascer do Alto” de que Jesus fala a Nicodemos (Jo 3, 3).
E foi um crescendo, a seguir àquela assembleia, que foi sendo vivido num grupo de oração perto de casa, num encontro com o Espírito Santo, com a oração, com a Palavra de Deus, com os outros, encontros semanais que foram derrubando barreiras de timidez, de orgulho, de vaidade, de pretensa superioridade, tendo sempre presente o conselho avisado do Padre José da Lapa.
 
Toda essa vida nova que fui vivendo, (e ainda vivo, graças a Deus), está bem expressa na carta que então escrevi ao Padre Lapa, (publicada aqui) que era e é para mim, a referência, da vida entregue a Cristo, guiada pelo Espírito Santo no amor do Pai, em Igreja.
 
Lembro-me de, perante as minhas conversas com ele, lhe ouvir dizer coisas que nunca esqueci:
«Joaquim, o Espírito Santo é como uma “epidemia”, quando entra não só nos toca mas toca os que estão ao nosso lado.»
Constatei e constato isso tantas vezes ao longo destes anos.
 
Lembro-me, (e muitos se lembrarão), da sua frase tantas vezes repetida: «Eu sou o burrinho de Jesus.»
E eu pensava para mim: Se ele é o burrinho, eu nem para chão para ser pisado, sirvo!
 
As cartas sucedem-se, numa “vertigem” cheia de ansiedade de querer mais, querer “mais” Deus, querer compreender melhor, querer viver mais e mais sentir, querer fazer “coisas”, e o Padre Lapa, cheio de paciência vai-me respondendo com conselhos avisados, exortando-me e acalmando o meu “nervosismo” religioso.
Escreve ele, em resposta a uma das minhas cartas: «A maior necessidade que terás nesta fase é de orientação espiritual carismática e de uma comunidade na qual possas rezar, participar e colaborar.»
E noutra ainda: «Procura ler e selecionar bons livros.»
 
E mais uma assembleia e um retiro, e as cartas sucedem-se, (pobre Padre Lapa, ter que aturar um “exaltado” religioso).
 
Escrevo eu, em Novembro de 1998: «Sinto que o Senhor quer muito mais de mim, que eu ainda não sei o que é, mas espero que Ele mo mostre brevemente, pois o que faço, o que digo, o que sou, não me chega, sinto que não estou a aproveitar totalmente as capacidades que Ele me deu para O servir e servir aqueles que me rodeiam.»
E perante o problema de não arranjar um Director Espiritual, insisto: «Volto-me novamente para si, pedindo-lhe a sua ajuda e atrevendo-me até a perguntar: Porque não o Padre José Lapa, meu amigo?»
E ele responde com a humildade que o caracteriza: «Logo que seja possível falaremos, face a face, mais e melhor. Para já, sem recusar a ajudar-te, digo-te para escolheres como 1º Director Espiritual o Espírito Santo.»
E mais à frente: «Tu és o instrumento de que Deus se quer servir. Não procures fora aquilo que está dentro de ti e entre nós.»
 
Começa por essa altura a despontar a ideia, sugerida pelo Padre Lapa, da realização de uma assembleia do RCC em Monte Real, e homem de Igreja como é, insiste comigo, (que tudo queria fazer num instante), que devemos rezar pedindo ao Espírito Santo que nos desse o discernimento sobre tal assembleia, que não poderia ser realizada, (insiste ele), sem o acordo e autorização prévia do Pároco de Monte Real, do Assistente Diocesano do RCC e o conhecimento do Bispo da Diocese de Leiria-Fátima.
 
Entretanto convida-me, (com a minha mulher que caminha comigo este caminho novo), em Maio de 1999, a frequentar um Seminário de Aprofundamento com a Comunidade Pneumavita, na Torre d’Aguilha, orientado pelo Padre Vicente Borragán Mata, Seminário que se torna decisivo na confirmação da mudança da minha vida.
 
Neste Seminário acontecem então três coisas da maior importância para mim.
Quando cheguei, ainda tímido, (era assim quando não conhecia as pessoas), sou recebido pelas irmãs e irmãos da Comunidade Pneumavita como se de um filho se tratasse, com palavras e gestos de tal acolhimento, alegria e amor, que imediatamente me senti em família, sentimentos que ainda agora vivo sempre que tenho a possibilidade de estar com a Pneumavita, seja qual for a actividade em que nos encontramos. É um ninho para mim, um ninho onde me sinto amado, acolhido, desejado, sentimentos, aliás, partilhados pela minha mulher.
 
A outra “coisa” que aconteceu foi, que quase no fim do Seminário, o Padre Lapa me chamou para que ele, o Padre Vicente Mata, o Padre António Fernandes e alguns membros da Pneumavita rezassem por mim pedindo a Efusão do Espírito Santo.
Não se julgue que tive visões, ou qualquer outro tipo de manifestações “maravilhosas”, porque não tive nada disso! Tive sim a certeza de que Deus me amava e ama com amor infinito e me chamava e chama a servi-Lo, servindo os outros.
Durante a viagem de regresso, veio ao meu coração e à minha mente, o texto que ao chegar a casa escrevi num repente e que publiquei aqui.
 
A terceira nota sobre este Seminário, é para referir a importância de ter conhecido o Padre António Fernandes, (Beneditino, que já está em Deus), porque a sua amizade e conselho, em conjunto com o Padre Lapa e a Pneumavita, foram os alicerces fortes da morada que Deus quis construir em mim.
 
 
 
Marinha Grande, 25 de Novembro de 2013
Joaquim Mexia Alves
 
 
Nota:
O testemunho/homenagem que queria fazer ao Padre José da Lapa e à Comunidade Pneumavita, está a revelar-se no meu coração bem maior do que eu pensava, e por isso mesmo, vou-me deixando levar até onde Ele me quiser levar.
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quarta-feira, 20 de novembro de 2013

O PADRE LAPA, A PNEUMAVITA E EU

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Neste Sábado que passou, convidado pela Comunidade Pneumavita, fui dar testemunho da vida que Deus me deu, à 39ª Assembleia do Renovamento Carismático Católico em Portugal.
 
Estar com a Pneumavita é para mim, estar em comunhão, estar em família, e, aliás, esta imagem da família é perfeita, porque foi nesta e com esta Comunidade que dei os primeiros passos no meu reencontro com Deus, com a Fé, com a Igreja.
 
E um dos obreiros, ou melhor, o obreiro principal deste reencontro com Deus, com a Fé e com a Igreja, foi o Padre José da Lapa, Espiritano, que trouxe consigo de Roma o Renovamento Carismático Católico para Portugal.
 
Já não sei desde quando o conheço, mas com certeza, pelo menos, desde os inícios dos anos 70, em Monte Real, onde vinha todos os anos fazer 15 dias como capelão da Capela das Termas e ficava hospedado no nosso Hotel.
Lembro-me de ser nesses primeiros anos da década de 70, pelo menos, porque foi numa altura em que estava em Comissão Militar na Guiné e vim passar umas férias à Metrópole, (então assim chamada), e o Padre Lapa se metia comigo sempre que me via, estando na minha memória o facto de os porteiros do Hotel me tratarem por Sr. Alferes, coisa que eu achava que não tinha nada a ver comigo.
 
Mas não é isso que é importante, mas sim que o Padre Lapa tinha o “hábito” nessa altura e mais tarde, de meter conversa comigo, o que não me agradava muito, não só pela sua maneira de ser alegre, intensa, mas também porque eu andava totalmente afastado de Deus e da Igreja e não queria conversas sobre o assunto.
 
Acresce o facto de ele não me inspirar grande confiança, sobretudo depois do seu empenhamento no RCC, porque andava então com um Volkswagen, (tipo carocha), com um grande autocolante dizendo, «Jesus está vivo!», para além de que, as Missas celebradas na Capela das Termas, (a que eu não ia pelas razões atrás apontadas), me pareciam assim uma “coisa” sem jeito, com músicas alegres e muito participação.
Mas, curiosamente, ele não me largava, salvo seja, e em cada oportunidade para se aproximar de mim, lá vinha ele meter conversa e era insistente e paciente, porque eu, que não era de muito bom feitio, mostrava-lhe muitas vezes uma cara desagradável e dava-lhe respostas monossilábicas e irritadas, mas que não o afastavam de mim.
Hoje quando olho para trás pergunto-me se Deus não estaria já a preparar o meu regresso, dando-me assim a conhecer àquele que havia de guiar os meus primeiros passos no reencontro com o Senhor da vida.
 
E os anos passaram, e o Padre Lapa deixou de ir para Monte Real, e os encontros fortuitos acabaram-se, e eu continuei a minha vida afastado de Deus, da Fé, da Igreja e a certa altura, afastado até de uma vida decente e com sentido.
 
E chegaram os anos 90, e perante algumas discussões que foram chegando sobre Deus e a Igreja, (e a continuação da minha vida perdendo-se sem sentido), comecei a minha procura de Quem eu queria acreditar que existia e me podia ajudar a ser diferente, a ter uma vida com sentido, a ter uma vida útil, para mim e para os outros.
 
Passada a primeira fase em que me sentava na Igreja vazia, frente ao sacrário, conversando com Quem eu queria acreditar lá estaria, comecei a “ir” à Missa e a frequentar a igreja, ainda não para mim, Igreja com maiúscula.
Mas era pouco, muito pouco, e eu precisava de algo que me agarrasse, que me motivasse, que tornasse mais presente Deus na minha vida.
E lia, e lia e procurava algo que não sabia se ia encontrar.
 
Num desses livros que li, informava-se sobre os novos Movimentos da Igreja, surgidos após o Concílio Vaticano II, e um deles, pelo seu empenho no Espírito Santo, (não me perguntem porquê, mas naquela altura pareceu-me fazer todo o sentido, o Espírito Santo, claro), mencionava-se o Renovamento Carismático Católico, e que quem o tinha trazido para Portugal era o meu já conhecido Padre José da Lapa.
 
Não terá sido um acto irreflexo, mas também não foi um acto muito pensado, mas a verdade é que dei comigo a escrever uma carta ao Padre José da Lapa, (em Junho de 1997), carta que lida mais tarde, não me pareceu coisa que eu quisesse escrever na altura.
Basta reparar neste segundo paragrafo que aqui reproduzo:
«Quero em primeiro lugar pedir-lhe que me perdoe por diversos “processos de intenção”, por diversos pensamentos e palavras, que contra si dirigi e que agora vejo estavam perfeitamente errados, não só porque não tenho o direito de julgar os outros, como também o tempo, em que Deus Nosso Senhor manda, acabou por lhe dar razão.»
Eu a pedir desculpa! Coisa estranha!
 
Demorou tempo, muito tempo quanto a mim, (de tal modo que passado um mês escrevi nova carta), e a resposta não chegava, e eu ia pensando que da forma como o tinha tratado era muito normal que ele não quisesse nada comigo.
Afinal não o conhecia ainda!
 
Recebi logo a seguir a sua resposta informando que tinha estado fora e só então me podia responder.
Tratava-me com um “velho” amigo, numa carta repassada de alegria por me perceber à procura de Deus, (sem conselhos nem admoestações), e convidava-me a estar presente na 23ª Assembleia do RCC/Pneumavita, em Novembro desse ano, disponibilizando-se de imediato a tratar de tudo para eu poder estar presente com aminha mulher.
Lembro-me de estar preocupado com a minha ida e de ter falado com ele, que me respondeu qualquer coisa como «vem e vê», assim, tão simplesmente.
 
E assim foi!
Estive nessa Assembleia e a minha vida mudou ainda mais, e lembro-me bem com que alegria abracei o Padre Lapa em Fátima e ele me abraçou a mim.
 
 
(continua)
Marinha Grande 20 de Novembro de 2013
Joaquim Mexia Alves
 
 
Nota:
Primeira parte deste testemunho que decidi escrever sobre a importantíssima referência do Padre José da Lapa, bem como da Comunidade Pneumavita, na minha vida.
Porque esta mudança da minha vida foi uma enorme alegria para a minha mãe, (que faria hoje 104 anos), publico hoje este testemunho, em sua memória e em homenagem ao Padre José da Lapa e à Pneumavita.
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