sexta-feira, 30 de junho de 2006

«E VÓS, QUEM DIZEIS QUE EU SOU?»

Na festa de S. Pedro e S. Paulo o Evangelho relata a pergunta de Jesus aos seus Apóstolos: «E vós quem dizeis que Eu sou»?
Jesus também faz hoje a cada um de nós esta pergunta e muitos de nós, levados apenas pela "nossa" inteligência e ideias preconcebidas, não Lhe respondemos com a verdade, não Lhe respondemos como Pedro, ou seja, não deixamos que seja o Espírito Santo a responder em nós, porque ainda não nos entregamos verdadeiramente.
Mas se a "nossa" resposta é igual à de Pedro: «Tu és o Messias, o Filho de Deus vivo», também Jesus nos diz, como disse a Pedro:
"Joaquim, José, Maria, Catarina, etc, também quero precisar de ti para edificar a minha Igreja".
Como Pedro apenas poderemos dizer SIM, mesmo que depois como Pedro, tenhamos fraquezas em que O negamos.
Nesses momentos, como Pedro, apenas devemos cruzar o nosso olhar com Jesus e deixarmo-nos inundar pelo Seu perdão, levantando-nos e continuando a caminhada no amor.

quarta-feira, 28 de junho de 2006

TESTEMUNHO DE VIDA OU VIDA DE TESTEMUNHO

Recentemente li um sermão de Santo António, sobre a Última Ceia, mais concretamente sobre o “Lava Pés”. (Jo 13,4-5)
De uma maneira geral, nós, cristãos entendemos o “Lava Pés”, como uma chamada à humildade, ao serviço aos outros, à caridade.
Santo António vem-nos recordar neste seu sermão, um outro episódio das Sagradas Escrituras, em que Abraão (Gen 18,4-5), lava os pés aos três homens, três mensageiros enviados por Deus, que lhe vêm anunciar o nascimento de Isaac, o filho esperado da promessa de Deus a Abraão, aquele com quem Deus irá estabelecer a Aliança.
Da similitude destes dois episódios, Santo António, chama-nos a atenção para que o “Lava Pés” da Última Ceia, não é apenas um acto de humildade, um acto de serviço aos outros na caridade, mas também e sobretudo um acto de “transformar” os pés dos Apóstolos, em pés de mensageiros, em pés de anunciadores da Verdade, em pés de portadores da Boa Nova.
Assim somos chamados a entender que o serviço aos outros, a caridade com os outros, a entrega aos outros, não é uma finalidade, mas sim uma parte do anúncio da Boa Nova, do anúncio da Palavra de Deus, do anúncio da Ressurreição de Jesus Cristo, que está vivo no meio de nós e que só com esse anúncio, esse serviço, essa caridade tem sentido e pode dar frutos.
Realmente, para nós cristãos empenhados, o que melhor temos nas nossas vidas e assim portanto, o melhor que podemos dar aos outros, é a nossa fé em Jesus Cristo, a nossa entrega ao amor do Pai, a nossa vivência no Espírito Santo.
Constatamos em nós próprios, que vivendo assim, nesta fé, nesta entrega, as dificuldades que se apresentam às nossas vidas, quer sejam espirituais, quer físicas ou materiais, são vividas de outra maneira, são vividas na aceitação e sobretudo no entendimento de que essas mesmas dificuldade ou provações, são caminho de crescimento na fé, são caminho de salvação.
Lembro-me, que há cerca de dois, três anos, vinha relatado nos jornais, que durante um encontro em Fátima, sobre o sofrimento, uma Professora deu o testemunho da sua doença, um cancro, e que essa mesma doença tinha sido a causa do seu encontro com Deus, com Jesus Cristo e como isso a fazia feliz. Este é um exemplo dum mal que provoca a morte da vida terrena, mas que neste caso como em tantos outros, provocou o encontro com a Vida Eterna.
Mas então não é necessário, ou não devemos ajudar fisicamente, materialmente os nossos irmãos em necessidade? Mas com certeza que sim, só que essa ajuda, essa caridade não terá sentido se não for inserida no anúncio da Boa Nova, no anúncio de Jesus Salvador, do Deus que nos ama, nos perdoa e nos quer salvar.
Com efeito que importa mais: dar saúde, dar roupas, dar alimentos, dar os bens necessários, satisfazendo as necessidades da vida física e perecível, deixando os irmãos nas trevas, sem horizonte de salvação, ou dar a conhecer a Luz que leva à Salvação, à Vida Eterna e em sintonia dar o que os nossos irmãos necessitados, precisam para uma vida digna aqui na terra?
Jesus Cristo diz-nos em Jo 6, 27: «Trabalhai pelo alimento que não perece, mas dura para a vida eterna», e ainda em Lc 9, 25: «Que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro perdendo-se ou condenando-se a si mesmo»?
Donde, mais importante que tentarmos dar a felicidade na terra, é darmos o “conhecimento” para que os nossos irmãos possam alcançar a felicidade eterna, por graça de Deus, sendo que as duas não são incompatíveis, desde que vividas segundo a Sua vontade.
Se repararmos, na Sua vida pública, Jesus Cristo dá, digamos assim, mais importância ao perdão dos pecados, à conversão, à libertação do mal espiritual, do que à cura física. Basta lembrarmo-nos do episódio da cura do paralítico, (Lc 5, 17-26), em que Jesus perdoa os pecados ao homem, e só depois, satisfazendo a humanidade que precisa de sinais para acreditar, cura a doença física, a paralisia.
«Levanta-te e anda». O homem já pode andar, não só porque ficou curado da sua paralisia, mas sobretudo, porque depois daquele encontro com Jesus, foi-lhe dada a Luz e ele já pode ver o caminho da Salvação.
Para anunciarmos a Palavra, a Boa Nova, precisamos, como é óbvio, da nossa boca, da palavra que o Senhor, o Espírito Santo coloca em nós, como nos diz Jesus em Jo 14, 26: “Mas o Paráclito, o Espírito Santo que o Pai enviará em meu nome, esse é que vos ensinará tudo e há-de recordar-vos tudo o que Eu vos disse», mas precisamos para além disso de dar testemunho do que anunciamos.
E o Senhor serve-se, muitas vezes, mais do testemunho de vida de cada um, do que das palavras que podem ser de vez em quando, resultado da nossa inteligência, da nossa vaidade.
O testemunho do cristão tem, por isso, de ser permanente, não pode ter compartimentos, não pode ser dividido nas diferentes obrigações a que a vida nos chama, isto é, o testemunho tem de ser na Igreja, na família, no trabalho, na sociedade, no divertimento, no prazer, enfim em todas as vivências da nossa vida.
Certos políticos, por exemplo, conforme lhes interessa, ora estão em nome do Governo, ora em nome do partido, ora em nome pessoal. O cristão tem de estar sempre em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo.
O nosso testemunho de vida tem, portanto, de ser forte e coerente e muitas vezes temos de abdicar de certas coisas do mundo, para alcançar outras maiores no céu.
A democracia do cristão é a aceitação dos outros, tal como eles são, não é, com certeza o ir contra aquilo em que acredito, para agradar à maioria. Lembremo-nos, por exemplo, do Rei Balduíno, da Bélgica, que abdicou do trono, para não ser obrigado a assinar a Lei do Aborto.
Porque que é que nós cristãos havemos de ver, por exemplo, programas de televisão que ofendem, ou gozam com a fé em que acreditamos? Quando o fazemos, que testemunho damos aos nossos filhos, aos nossos familiares, aos nossos amigos e a quem nos conhece?
Hoje em dia, tanta gente se serve da objecção de consciência para não fazer certas coisas com que não concorda e não vemos os cristãos a servirem-se, por exemplo, da objecção de consciência, para serem coerentes com aquilo em que acreditam.
Diz-se que o nosso País é maioritariamente cristão e católico, no entanto a nossa sociedade, os nossos espectáculos, as nossas televisões estão cheias de factos, actividades e programas que ofendem a nossa fé. Se isto acontece, é porque tais programas e actividades têm audiências. Ora isto quer dizer, que nós, cristãos e católicos, consumimos isto que nos é oferecido.
Compete a nós cristãos, no silêncio do nosso testemunho de vida forte e coerente, mudar este panorama, porque se todas estas actividades e programas não tiverem espectadores, os organizadores de tudo isso irão à procura daquilo que agrada à maioria e então sim, se poderá dizer que no nosso País a maioria é cristã católica.
Com isto não queremos obrigar ninguém a ser aquilo que não queira ser ou a ser igual a nós, pois Deus deu-nos a liberdade de sermos salvos ou nos condenarmos, mas com certeza se dermos e vivermos esse testemunho, muitos se sentiram tocados e teremos então uma sociedade mais justa e fraterna, uma sociedade vivida no amor de Deus.
Se nós não dermos esse testemunho com a nossa vida, se não falarmos anunciando a Boa Nova, outros o farão por nós e deixaremos passar ao nosso lado, a missão que o Senhor nos deu, de colaborarmos na Criação, de colaborarmos no Seu plano salvifico para a humanidade.
Na entrada messiânica de Jesus Cristo em Jerusalém (Lc 19,40), que se vive no Domingo de Ramos, perante a exigência dos fariseus para repreender e mandar calar os discípulos que cantavam: “Bendito O que vem em nome do Senhor”, Jesus respondeu-lhes: “Digo-vos que se eles se calarem, gritarão as pedras”.
Que não seja preciso gritarem as pedras, porque nós seremos mensageiros da Boa Nova, cumprindo a missão que nos foi dada, pois a nossa vida e a nossa força estão no Senhor Ressuscitado, que vive connosco até ao fim dos tempos.

segunda-feira, 26 de junho de 2006

COMUNIDADE

História para meditar - Sozinhos não somos nada.

Passava já muito tempo que caminhava sozinho.
Os seus companheiros tinham ficado para trás, perdidos nos seus problemas. Eles que os resolvessem, porque ele não tinha tempo para isso.
Também, pensou ele, não me fazem falta, o caminho é fácil e posso muito bem fazê-lo sozinho.
O caminho, até onde podia enxergar, era largo e sem obstáculos, a não ser pequenas coisas que ele com facilidade ultrapassava.
Com a sua força, com a sua vontade, confiava plenamente, que por si só, chegaria ao fim da caminhada, sem problemas.
Para quê ajudas, conselhos ou provas de amizade e amor. Afinal só empatavam quem queria andar e ele confiava absolutamente nas suas capacidades.
Não tinha dúvidas que alcançaria o prémio final, no fim da sua caminhada. Cada um por si, e quem não pensava assim ficaria com certeza para trás, arrastando os mais lentos, os mais pesados e fracos.
Continuou a andar. Cantarolava, pois a vida corria-lhe bem e sem problemas.
Ao longe, qualquer coisa surgia, parecendo interromper o caminho, mas pensou com as suas certezas: “Até é bom um obstáculo, para dar sabor à caminhada”.
À medida que se aproximava, ia percebendo que a interrupção no caminho era larga e também, que nesse lugar já se encontrava alguém.
Ao chegar perto, deu conta do obstáculo que tinha pela frente. Era um rio que corria veloz, separando em duas margens o caminho que percorria.
Reparou ainda, que nesse sitio já estava um homem, que olhava para o rio, sem saber como passar para o outro lado.
Nesse momento apercebeu-se com medo e angústia, que aquele obstáculo era para ele intransponível, pois para além de não saber nadar e talvez por isso mesmo, tinha medo de entrar na água nos rios ou nos mares.
Perguntou àquele que ali estava a seu lado:
«Não há pontes sobre este rio, aqui perto»?
Ao que o outro respondeu:
«Ao que sei, num raio de muitas centenas de quilômetros, não há qualquer ponte».
Perguntou então, confiante na sua boa sorte:
«E barcos, haverá barcos aqui perto»?
Respondeu o outro:
«Infelizmente, ao que sei, ao longo dos muitos quilômetros deste rio, não há qualquer barco».
Perguntou ainda, com uma réstia de esperança:
«Mas o rio é com certeza pouco fundo, pode atravessar-se a vau»?
O outro respondeu:
«Já experimentei e em poucos passos verifiquei que o rio é profundo e a corrente tem alguma força, motivo pelo qual, embora saiba nadar, tive medo de o atravessar sozinho».
Sentiu-se desesperar. Seria que ao fim de tanto tempo, de tanto caminho percorrido, de tantas vitórias, não seria capaz de transpor este obstáculo e continuar a sua caminhada.
Chamou a si toda a sua força de vontade, todas as suas capacidades e forças e obrigou-se a ultrapassar todos os seus medos, todas as suas angústias, todas as suas incertezas, mas infelizmente o medo da água, a angústia de não ser capaz, a incerteza de não saber como fazer tomaram conta dele.
Deu-se conta, então, de que por si só, sozinho, não seria capaz de ultrapassar aquele obstáculo.
Desejou naquela altura que os seus antigos companheiros estivessem junto dele, pois para além de naquele momento se sentir sozinho perante as suas incapacidades, parecia-lhe que se eles ali estivessem, o ajudariam a encontrar uma solução para o problema.
Olhou para o lado e viu o outro absorto em pensamentos, olhando para o rio e para a outra margem.
Decidiu perguntar-lhe, vencendo um pouco do seu orgulho:
«Vê alguma maneira de podermos atravessar este rio»?
O outro olhou demoradamente, ora para o rio, ora para si e respondeu pausadamente:
«Uma coisa é certa, cada um por si, sozinho, nunca conseguirá atravessar este rio, pois o meu amigo não sabe nadar e eu tenho medo de com a força da corrente, não conseguir atravessar e ser arrastado pelas águas».
Pensou um pouco e disse:
«Tenho uma corda no meu saco e assim proponho o seguinte: Eu ato a corda à minha cintura e vou tentar atravessar o rio a nado. Ao mínimo sinal de perigo para mim, o meu amigo puxa acorda e resgata-me das águas do rio.
Se eu conseguir atravessar, ato a corda numa das árvores da outra margem, enquanto o meu amigo a ata numa árvore desta margem e então servindo-se da corda já poderá atravessar o rio».
Disse-lhe ainda:
«Repare que vou colocar a minha vida nas suas mãos, enquanto o meu amigo coloca a sua confiança em mim. Acredita, assim, que eu em chegando à outra margem, atarei a corda à árvore, permitindo que atravesse o rio e continue a sua caminhada».
Conversaram mais um pouco e chegaram à conclusão que não havia outra alternativa a não ser a proposta.
O homem atou então a corda à cintura, deu a outra ponta ao caminhante e lançou-se à água.
A corrente, com alguma força, logo o arrastou uns bons metros rio abaixo, mas o homem voltando-se para a margem fez-lhe um gesto confiante e dizendo que estava tudo bem, continuou a nadar.
Veio à sua mente uma ideia, um sentimento que nunca tinha experimentado:
“Tinha nas suas mãos a vida daquele homem e dependia daquele homem para continuar a caminhada, que era a sua razão de viver”.
Isso abalou as suas estruturas, pois percebeu então, que sozinho não poderia fazer tudo e que a sua caminhada também dependia de outros, para além dele.
Prestou atenção ao outro e reparou que, com grande força de vontade, ia vencendo a corrente e já estava prestes a chegar à outra margem.
Outro sentimento novo tocou o seu coração: “Estava contente com a vitória daquele homem, não tanto porque ele lhe ia proporcionar a travessia do rio, mas porque o outro tinha vencido aquele obstáculo. Sentia que aquela vitória também lhe pertencia um pouco, pois era ele quem segurava a corda que dava confiança ao outro para lutar contra a corrente e continuar a travessia”.
O homem chegou à outra margem, saiu da água e caminhou para uma árvore que estava mesmo em frente do ponto em que ele estava na sua margem.
Deixou-o atar a corda à árvore e depois com toda a força de que era capaz, esticou-a e atou-a também à árvore que estava perto de si.
Olhou e não pode deixar de sentir um calafrio.
Aquela corda estreita e pequena balouçava sobre aquele rio e toda aquela água que passava em torrente.
Pensou que era uma segurança muito pouco visível e de pouca confiança, para uma travessia tão arriscada.
Agarrou a corda com toda a sua força e caminhou para o rio.
Assim que entrou no rio e a água lhe chegou à cintura, estacou. Não conseguia andar nem para trás, nem para a frente.
O seu desejo, o seu coração impeliam-no a atravessar e a não ter medo, mas a sua mente e o seu corpo diziam-lhe: “Estás doido, não vês que essa corda não é segurança nenhuma, que se vai partir a meio da travessia e tu vais morrer afogado”.
Estava estático, nada o fazia andar.
Da outra margem chegava a voz do homem que lhe dizia:
«Atravessa, não tenhas medo. A corda é segura, é inquebrável, nunca se partirá».
Mas mesmo assim, se o seu coração queria avançar, as suas pernas não o acompanhavam.
Ouviu então umas vozes atrás de si, que lhe diziam:
«Não tenhas medo, nós estamos aqui. Se alguma coisa não estiver a correr bem, nós vamos buscar-te e salvamos-te das águas turbulentas. Confia na corda, agarra-te a ela. Esta é a corda que te pode dar passagem para a outra margem, para poderes continuar a caminhada da tua vida».
Virando o pescoço, olhou para trás e viu na margem os seus antigos companheiros, acenando-lhe alegremente e pelos seus sorrisos percebeu que não estavam zangados nem ressentidos com ele.
Sentiu-se reconfortado, sentiu-se confiante e agarrando-se ainda mais à corda, pensou:
“És a minha esperança e eu acredito que não te partirás, porque és muito mais do que uma corda. És Aquele que tudo pode, Aquele em quem quero confiar, Aquele que me dá o caminho e com quem quero caminhar”.
Confortado com este pensamento que lhe invadiu o coração e com as vozes dos outros que o exortavam a continuar, deixou-se abraçar pela água e iniciou a travessia.
A meio do rio, apenas com a cabeça de fora de água, agarrado à corda, embora o medo fosse muito, embora a corrente fosse muito forte, embora a angústia o assaltasse, o seu pensamento era um só:
“Obrigado meu Deus, porque és a corda da minha vida. Agarrado a Ti nunca perecerei”.
De repente sentiu que os seus pés tocavam em terra firme e olhando pela primeira vez em seu redor, viu que tinha atravessado o rio e que o outro o abraçava com um sorriso, feliz porque ele tinha vencido aquele obstáculo.
Caiu de joelhos e ali mesmo levantou os braços ao Céu, dizendo com alegria:
«Obrigado meu Deus, porque me trouxeste até esta margem. Obrigado meu Deus, porque esqueceste o meu orgulho e a minha vaidade. Obrigado meu Deus, pelos irmãos que colocaste no meu caminho. Sem Ti, Senhor e sem eles, reconheço agora, nunca seria capaz».
Esperou que todos atravessassem o rio e pediu-lhes então que o escutassem:
«Deus deu-me hoje uma grande lição. Sozinhos, não somos nada. Sem Ele nunca poderemos ultrapassar os obstáculos que surgem nas nossas vidas. Mas ensinou-me também, que é no amor pelos outros e no amor dos outros, que podemos caminhar e arranjar forças para lutar».
«Proponho-vos então que caminhemos juntos, pois hão-de aparecer muitos outros rios, muitos outros obstáculos e então se mutuamente nos ajudarmos, as fraquezas de um, serão as fraquezas de todos e as vitórias de um, serão as vitórias de todos».
«Lembremo-nos no entanto da corda. Se não confiarmos nAquele que se nos dá, nAquele que tudo vence, nAquele que por amor nos sustenta e carrega, nem todos juntos conseguiremos vencer».
«Entreguemo-nos assim nas Suas mãos e confiantes partamos para a aventura da vida, ao encontro dAquele a quem agora nos consagramos».
De joelhos no chão, ergueram uma prece aos Céus e juntos oraram:
«Aqui estamos Senhor, queremos caminhar juntos, conduzidos por Ti, até à eternidade. Leva-nos Senhor, conduz-nos Senhor, segundo a Tua vontade».
De pé, unidos num abraço, partiram pelo caminho, sabendo em seus corações, que apesar dos obstáculos que surgissem, se continuassem unidos e entregues ao amor dAquele que ama, fazendo a Sua vontade, chegariam à vitória sobre o mundo e sobre a morte, para contemplarem eternamente a glória do Deus Único e Eterno.

quinta-feira, 22 de junho de 2006

MEDITAÇÃO SOBRE O ESPÍRITO SANTO COM LEÃO XIII

Retirado de PNEUMA (www.pneuma-rc.pt)

1. A necessidade de catequese para uma espiritualidade trinitária

É claro que objectivamente a adoração a uma Pessoa da Santíssima Trindade é adoração ao mesmo Deus, uno e trino: «Se alguém me ama, guardará a minha palavra e meu Pai o amará, e viremos a ele e faremos nele a nossa morada» (Jo 14,23). A teologia e a liturgia da Igreja estão continuamente a indicar-nos a igual e completa «glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo». Mas desde logo devido a um certo esquecimento prático muito corrente da pessoa do Espírito Santo, ou a uma certa marginalização ou menorização do culto que lhe é devido, facto que o próprio papa Leão XIII reconheceu na sua Encíclica Divinum Illud, é necessário insistir no culto ao Espírito Santo (como recomenda Leão XIII na citada Encíclica) para reequilibrar a catequese e para que a vida de intimidade com Deus inclua, de modo muito vivido, a intimidade com o Espírito Santo, ficando assim mais profundamente cristológica e trinitária.Sucede porém não raro que, na espiritualidade corrente dos católicos, a adoração e o culto ao Pai e ao Filho não se estende igualmente ao Espírito Santo. É necessária uma catequese trinitária como pregou S. Paulo: «é por ele (Cristo) que todos (pagãos e judeus) temos acesso junto ao Pai num mesmo Espírito» (Ef 11,18). E também diz S. Paulo: «se alguém não possui o Espírito de Cristo, esse não pertence a Cristo» (Rm 8,9). E ainda: «a prova de que sois filhos é que Deus enviou aos vossos corações o Espírito de Seu Filho, que clama: “Abba, Pai!”» (Gal 4,6).

2. Jesus Cristo e o Espírito Santo, segundo o Papa Leão XIII

Na já referida Encíclica Divinum Illud, publicada na proximidade do ano de 1900, escreve Leão XIII, depois de explanar sobre a Santíssima Trindade e as «apropriações» de cada uma das pessoas divinas.«Entre todas as obras de Deus ad extra, a maior é, sem dúvida, o mistério da Encarnação do Verbo; nela brilha de tal modo a luz dos divinos atributos, que nem é possível pensar nada superior nem pode haver nada mais salutar para nós. Este grande prodígio, ainda quando tenha sido realizado por toda a Trindade, é contudo atribuído como «próprio» ao Espírito Santo. Diz o Evangelho que a concepção de Jesus no seio da Virgem foi obra do Espírito Santo (14), e com razão, porque o Espírito Santo é a caridade do Pai e do Filho, e este grande mistério da bondade divina (15), que é a Encarnação, foi devido ao imenso amor de Deus ao homem, como adverte S. João: “Tanto amou Deus o mundo, que lhe deu seu Filho Unigénito” (16). Acrescente-se que, por esse acto, a natureza humana foi elevada à união pessoal com o Verbo, não por mérito algum, mas apenas por pura graça, que é dom próprio do Espírito Santo. Diz Santo Agostinho que o modo admirável com que Cristo foi concebido por obra do Espírito Santo nos dá a entender a bondade de Deus, posto que a natureza humana, sem mérito algum precedente, foi logo no primeiro instante unida ao Verbo de Deus em unidade tão perfeita que ao mesmo tempo a mesma pessoa fosse Filho de Deus e Filho do homem (17).Por obra do Espírito Divino teve lugar não apenas a concepção de Cristo, mas também a santificação da sua alma, que os Sagrados Livros chamam unção (18), e assim é que todas as suas acções se realizavam sob o influxo do mesmo Espírito (19), que também cooperou de modo especial no seu sacrifício, segundo a frase de San Paulo: «Cristo, que por meio do Espírito Santo, se ofereceu como hóstia inocente a Deus» (Hb 9,14). Depois de tudo isto, já não estranhará que todos os carismas do Espírito Santo inundassem a alma de Cristo, uma vez que em Cristo houve, no modo mais alto e com a maior eficácia que se pode ter, uma abundância de graça singularmente plena, todos os tesouros da sabedoria e da ciência, as graças gratis datas, as virtudes, e plenamente todos os dons, já anunciados nas profecias de Isaías (4,1; 11,2.3.) e simbolizados naquela misteriosa pomba aparecida no Jordão, quando Cristo, com o seu baptismo, consagrava as suas águas para o novo Testamento.

3. Exortações
3.1. Fomente-se o conhecimento e amor do Espírito Santo

Voltemos ao texto da Encíclica Divinum Illud. «Seguramente farão muito bem os cristãos se em cada dia se empenharem más em conhecer melhor o Espírito Santo, em amá-lo e suplicar-lhe; Vai nesse sentido esta nossa exortação, tal como surge espontânea do nosso paternal ânimo».E o Papa continua: «Talvez não falte em nossos dias quem, se fosse interrogado como em outro tempo alguns cristãos foram interrogados por S. Paulo, “se tinham recebido o Espírito Santo”, responderia por sua vez: “Nós, nem sequer ouvimos dizer que existe o Espírito Santo” (Act 19,2). E se a tanto não chega a ignorância, em muitos deles é escasso o seu conhecimento sobre o Espírito Santo; talvez até tenham o seu nome nos lábios com frequência, enquanto a sua fé está cheia de grande escuridão». O Papa Leão XIII faz então aqui uma frontal recomendação, por estas palavras: «Lembrem-se, pois, os pregadores e os párocos que lhes pertence ensinar com diligência e claramente ao povo a doutrina católica sobre o Espírito Santo, evitando embora questões difíceis e subtis e fugindo da tola curiosidade que presume indagar todos os segredos de Deus. Cuidem de recordar e explicar claramente os muitos e grandes benefícios que do Divino Dador nos vêm constantemente, de forma que sobre coisas tão altas desapareça o erro e a ignorância, impróprios dos filhos da luz. Insistimos nisto não só por se tratar de um mistério, que directamente nos prepara para a vida eterna e que, por isso, é necessário crer firme e expressamente, mas também porque, quanto mais clara e plenamente se conhece o bem, mais intensamente o bem é querido e amado. Queremos agora recomendar-vos isto: devemos amar o Espírito Santo, porque é Deus: “amarás ao Senhor teu Deus com todo o teu coração, com toda a tua alma e com todas as tuas forças” (Deut 6,5). E há-de ser amado porque é o Amor substancial eterno e primeiro, e não há coisa mais amável do que o amor; e tanto mais o devemos amar quanto nos encheu de imensos benefícios, que testemunham a benevolência do doador, e exigem a gratidão da alma que os recebe. Amor este que tem uma dupla utilidade, certamente não pequena. Primeiramente, obriga-nos a ter nesta vida un conhecimento cada dia mais claro do Espírito Santo: aquele que ama, diz S. Tomás, não se contenta com um conhecimento superficial do amado, mas esforça-se por conhecer cada uma das coisas que lhe pertencem intrinsecamente, entrando assim no seu íntimo, do mesmo modo que se diz do Espírito Santo, que, sendo amor de Deus, conhece até ao mais profundo de Deus (1 Cor 2,10; I-II q.28, a.2.). Em segundo lugar, tornará maior ainda a abundância dos dons celestiais, pois, assim como a frieza faz fechar a mão do doador, assim o agradecimento a faz abrir e alargar-se. E cuide-se bem de que esse amor não se limite a áridas congeminações ou a actos religiosos externos; porque deve ser operante, fugindo do pecado, que é especial ofensa contra o Espírito Santo. Quanto somos e temos, tudo é dom da divina bondade, que nos vem como própria do Espírito Santo; portanto, o pecador que O ofende, recebe d’Ele os seus benefícios e ao mesmo tempo abusa dos seus dons para ofendê-lo; porque Ele é bom, o pecador multiplica incessantemente as suas culpas quando se levanta contra Ele».

3.2. Não O entristeçamos

«Acrescente-se, além disso, que uma vez que o Espírito Santo é Espírito de verdade, se alguém falta por debilidade ou ignorância talvez tenha alguma excusa perante o tribunal de Deus; mas aquele que se opõe à verdade, ou a rejeita por malícia, comete gravíssimo pecado contra o Espírito Santo. Pecado tão frequente na nossa época que parecem chegados os tristes tempos descritos por S. Paulo, nos quais, obcecados os homens por justo juízo de Deus, reputam como verdadeiras as coisas falsas, e acreditam no príncipe deste mundo, que é mentiroso e pai da mentira, como mestre da verdade: Deus lhes enviará o espírito do erro para que creiam na mentira (53): nos últimos tempos alguns se separarão da fé, para crer nos espíritos do erro e nas doutrinas dos demónios(54): E porque o Espírito Santo, como antes dissemos, habita em nós como no seu templo, repitamos com o Apóstolo: «Não queirais contristar o Espírito Santo de Deus, que vos consagrou»(55). Para isso, não basta fugir de tudo o que é imundo, mas é preciso que o homem cristão resplandeça com toda a virtude, especialmente em pureza e santidade, para não desagradar a hóspede tão grande, posto que a pureza e a santidade são próprias do templo. Por isso exclama o mesmo Apóstolo: «Mas não sabeis que sois templo de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós? Se alguém ousar profanar o templo de Deus, será maldito de Deus, pois o templo deve ser santo e vós sois esse templo»(56); ameaça tremenda, mas justíssima.

3.3. Peçamos o Espírito Santo

Por último, convém rogar e pedir ao Espírito Santo, cujo auxílio e protecção todos necessitamos em extremo. Somos pobres, débeis, atribulados, inclinados ao mal: recorramos portanto a Ele, fonte inesgotável de luz, de consolo e de graça. Sobretudo, devemos pedir-lhe o perdão dos pecados, que tão necessário nos é, posto que o Espírito Santo é dom do Pai e do Filho, e os pecadores são perdoados por meio do Espírito Santo como por dom de Deus (S. Th. III q.3, a.8 ad 3.), o qual se proclama expressamente na liturgia quando ao Espírito Santo se clama remissão de todos os pecados (In Miss. Rom. fer. 3 post Pent.).Qual seja a maneira conveniente para invocá-l’O, aprendamo-lo da Igreja, que suplicante se volve para o mesmo Espírito Santo e o chama com os nomes mais doces de pai dos pobres, dador dos dons, luz dos corações, consolador benéfico, hóspede da alma, aura de refrigério; e lhe suplica encarecidamente que limpe, sane e reja as nossas mentes e os nossos corações, e que conceda a todos os que n’Ele confiamos o prémio da virtude, o feliz final da vida presente, o perene gozo na vida futura. Nem cabe pensar que estas preces não sejam escutadas por aquele de quem lemos que roga por nós com gemidos inefáveis (59). En resumo, devemos suplicar-lhe com confiança e constância, para que diariamente nos ilumine mais e mais com a sua luz e nos inflame com a sua caridade, dispondo-nos assim pela fé e pelo amor a que trabalhemos com denodo por adquirir os prémios eternos, posto que Ele é o penhor da nossa herança (Ef 1,14).
Mário Pinto

quarta-feira, 21 de junho de 2006

MEDITAÇÕES

Não duvido Senhor do Teu amor por mim, duvido sim do meu amor por Ti.

Meu Senhor e meu Deus, sinto-me por vezes impotente, não vejo mudanças em mim. Porque esperas, Senhor? Abre o meu coração, derruba as barreiras que há em mim, faz de mim Senhor, uma criatura nova, segundo a Tua vontade.

Quero afogar-me no amor do Teu Sagrado Coração, a Ele me entregar, nEle sempre viver, meu Jesus adorado.

Obrigado Senhor, por me teres criado como Tu querias. Perdoa-me Senhor, por não ser como Tu queres.

MENSAGENS PAPAIS AO RENOVAMENTO CARISMÁTICO CATÓLICO

“Rejubilamo-nos convosco, caros amigos, no renovamento da vida espiritual manifesta hoje na Igreja, em formas diferentes e ambientes variados… Em tudo isso, podemos reconhecer o trabalho misterioso e discreto do Espírito, que é a alma da Igreja”
Paulo VI
I Conferência Internacional para Dirigentes, Grottaferrata (Roma) Outubro de 1973

“Como poderia pois, este “renovamento espiritual” não ser “uma chance” para a Igreja e para o mundo? E como, neste caso, não se haveriam de tomar todas as medidas para assegurar que assim fosse?”
Paulo VI
III Congresso Carismático Internacional, Vaticano
Maio de 1975

“Estou convencido que este movimento é um sinal da Sua acção
( do Espírito). O mundo está necessitado desta acção do Espírito Santo … Agora vejo este movimento, esta actividade em todo o lado …”
João Paulo II
Concílio do Secretariado Internacional do RC (ICCRO)
Dezembro de 1979

“Esta manhã tenho a alegria de me encontrar com esta vossa assembleia, na qual vejo jovens, adultos, idosos, homens e mulheres, unidos na profissão da mesma fé, sustida pela espera da mesma esperança, ligada por laços dessa caridade que “ foi derramada nos nossos corações pelo Santo Espírito que nos foi dado” (Rom 5,5). Por esta efusão do Espírito, sabemos que adquirimos uma experiência cada vez mais profunda da presença de Cristo, graças à qual podemos crescer diariamente no conhecimento amoroso do Pai. Certamente, por isso, o vosso movimento dá particular atenção à acção, misteriosa mas real, que a terceira pessoa da Santíssima Trindade exerce na vida dos Cristãos”
João Paulo II
Primeira Audiência ao RCC Italiano
Novembro de 1980

“ A vossa reputação precede-vos, como a dos seus amados Filipenses, que levaram o Apóstolo Paulo a começar a carta que lhes dirigiu com um sentimento que me apraz repetir: “Dou graças ao meu Deus cada vez que penso em vós …””
João Paulo II
IV Conferência Internacional para Dirigentes
Maio de 1981

“Peço-vos, e a todos os membros do Renovamento Carismático que continuem a gritar comigo bem alto ao mundo: “Abram as portas ao Redentor” … A missão da Igreja é proclamar Cristo ao mundo. Vós participais efectivamente nesta missão na medida em que os vossos grupos e comunidades têm as raízes nas igrejas locais…”
João Paulo II
V Conferência Internacional para Dirigentes
Abril de 1984

“Este ano cumpre-se o 20º aniversário do Renovamento Carismático na Igreja Católica. O vigor e a abundância dos frutos no Renovamento atestam a poderosa presença do Espírito Santo trabalhando na Igreja durante estes anos depois do Concílio Vaticano II. Claro que o Espírito guiou a Igreja em cada época, produzindo uma grande variedade de dons entre os fiéis. Devido ao Espírito, a Igreja preserva uma vitalidade jovem contínua, e o Renovamento Carismático é hoje uma eloquente manifestação desta vitalidade, uma forte declaração do que “o Espírito diz às igrejas” (Ap 2,7), á medida que nos aproximamos do segundo milénio.”
João Paulo II
VI Conferência Internacional para Dirigentes
Roma Maio 1987

“ O Espírito Santo trabalha em grupos como os vossos, atraindo-vos à oração e enchendo-vos de alegria na adoração e louvor ao Senhor … Como pode alguém, que já provou a bondade de Cristo, ficar silencioso e inactivo?”
João Paulo II
Aos dirigentes da Catholic Fraternity of Covenant Charismatic Communities and Fellowships (CFCCCF)
Roma Dezembro 1991

“Ao celebrardes o 25º aniversário do início do Renovamento Carismático Católico, eu junto-me a vós entusiasmado, louvando a Deus pelos muitos frutos que surgiram na vida da Igreja. O aparecimento do Renovamento Carismático a seguir ao Concílio Vaticano II foi uma dádiva particular do Espírito Santo à Igreja.”
João Paulo II
Concílio do ICCRO
Roma Março 1992

“ Acabaram de ter um retiro em Assis, a cidade de S Francisco e de Santa Clara … Estas grandes figuras de santidade na Igreja fizeram suas as palavras de S Paulo: “Já não sou eu que vivo, mas é Cristo que vive em mim”. Não é este o ideal e a finalidade que anuncia o Renovamento Carismático? Não é este o programa de vida que os vossos grupos de oração e as vossas comunidades se impuseram sob a orientação do Espírito Santo?. Possam os exemplos e a intercessão dos grandes Santos de Assis fortalecer a vossa resolução para crescerdes continuamente no amor e serviço evangélicos “á medida e á estatura da plenitude de Cristo” (Eph 4,13)”
João Paulo II
Retiro de Assis
Castelo Gandolfo Setembro 1993

“Os esforços para dardes a conhecer aos outros a alegria da vossa fé em Cristo não só contribuirá para o fortalecimento das Igrejas locais a que pertenceis, mas inspirará uma fé mais madura e profunda entre os seus próprios membros”
João Paulo II
Assembleia Plenária do CFCCCF
Roma Novembro de 1994

“Como poderemos deixar de louvar a Deus pelos abundantes frutos que nas décadas recentes o Renovamento trouxe às vidas das pessoas e das comunidades?”
João Paulo II
VII Encontro Internacional dos dirigentes doCFCCCF
Roma Novembro 1996

“ O Renovamento Carismático Católico ajudou muitos Cristãos a redescobrir a presença e o poder do Espírito Santo nas suas vidas, na vida da Igreja e no mundo, e esta descoberta acordou neles a fé em Cristo cheia de alegria, um grande amor à Igreja e uma dedicação generosa à sua missão evangelizadora. Neste ano do Espírito Santo, junto-me a vós louvando a Deus pelos frutos preciosos que Ele desejou amadurecer nas vossas comunidades, e, através deles, nas Igrejas particulares.”
João Paulo II
IX Conferência Internacional para Dirigentes
Fiuggi Roma 1998

“Trata-se de uma esperança, de um positivo sinal dos tempos, de um dom de Deus à nossa época. É a redescoberta da alegria e da riqueza da oração contra teorias e práxis sempre mais enrijecidas e ressequidas no racionalismo secularizado. Eu mesmo constatei pessoalmente a sua eficácia: em Munique, algumas boas vocações ao sacerdócio vieram-me do movimento. Como em todas as realidades entregues ao homem, dizia eu, também esta é exposta a equívocos, a mal-entendidos e a exageros. O perigo, porém, seria ver apenas os riscos, e não o dom que nos é oferecido pelo Espírito. A necessária cautela não muda, portanto, o juízo positivo do conjunto”.
Em "Diálogos spbre a Fé" - Cardeal Ratzinger

terça-feira, 20 de junho de 2006

A PAZ

Um poema do meu Pedro, que tem 12 anos.

A Paz é um Mundo sem guerra.
A Paz é toda a calma e é a pessoa que descansa.
A Paz é o som do mar e das gaivotas.
A Paz é acreditar que existe mais caminho do que aquele que a vista alcança.
A Paz é a pessoa que tem coração puro e que não faz mal.

A Paz é a pomba branca que voa livremente.
A Paz é a poesia.
A Paz é o ambiente não poluído.
A Paz é o nascimento de alguém.
A Paz é a montanha onde se vê o pôr-do-sol.
A Paz é a todos fazer o bem.

DEUS ESTÁ SEMPRE PRESENTE

Retirado do site da PNEUMA - www.pneuma-rc.pt

Após um naufrágio, o único sobrevivente agradeceu a Deus por estar vivo e ter conseguido agarrar-se a parte dos destroços para poder ficar boiando.

Este único sobrevivente foi parar a uma pequena ilha desabitada e fora de qualquer rota de navegação, e ele agradeceu novamente.

Com muita dificuldade, e com o resto dos destroços, ele conseguiu montar um pequeno abrigo para que se pudesse proteger do sol, da chuva, de animais e para guardar os seus poucos pertences, e como sempre agradeceu.

Nos dias seguintes, a cada alimento que conseguia caçar ou colher, ele agradecia.

Mas um dia, quando voltava da busca de alimentos, ele encontrou o seu abrigo em chamas, envolto em altas nuvens de fumaça.

Terrivelmente desesperado ele se revoltou, gritava chorando: “O pior aconteceu! Perdi tudo! Deus, porque fizeste isso comigo?”

Chorou tanto, que adormeceu, profundamente cansado.

No dia seguinte bem cedo, foi despertado pelo som de um navio que se aproximava.- “Viemos resgatá-lo”, disseram.-
“Como souberam que eu estava aqui?”, perguntou ele.-

“Nós vimos o seu sinal de fumaça!”

É comum sentirmo-nos desencorajados e até desesperados quando as coisas vão mal. Mas Deus age em nosso benefício, mesmo nos momentos de dor e de sofrimento.

Lembre-se: se algum dia o seu único abrigo estiver em chamas, esse poderá ser o sinal de fumaça que fará chegar até si a Graça Divina.
Para cada pensamento negativo nosso, Deus tem uma resposta positiva.

Passe essa mensagem para as pessoas que conhece e a quem quer bem…Alguém pode estar precisando.
Enviada por Fátima Lopes SilvaPraia (Cabo Verde)

AUTÊNTICO SENTIDO DAS FÉRIAS

Retirado de ZENIT

Autêntico sentido das férias, segundo pregador do PapaPe. Raniero Cantalamessa, O.F.M. Cap ROMA, segunda-feira, 19 de junho de 2006 (ZENIT.org).-
Deus também ensina a necessidade do descanso, cujo sentido o pregador do Papa propõe resgatar no início das férias, «um dom que se dá ao homem para descobrir algo».
A palavra repouso «quer dizer pousar, fazer uma pausa, e também depositar, deixar que se deposite tudo aquilo que em nossa atividade, em nossa vida, freqüentemente se converte em um tumulto interior que impede de ver claramente o sentido da vida», explicou o Pe. Raniero Cantalamessa O.F.M. Cap. nos microfones de «Rádio Vaticano».
«Deus descansou no sétimo dia». «Evidentemente, Ele não necessitava --apontou--, mas nós precisávamos de seu ensinamento com relação à necessidade de repousar.»
Em seu repasso pelo sentido originário dos termos relativos ao descanso, o pregador da Casa Pontifícia aludiu também à «palavra férias»: «vem do latim vacare, que quer dizer abster-se das atividades normais para se concentrar em algo diferente».
Também presente em um salmo bíblico (vacate et videte quia Dominus ego sum), o termo orienta a «tirar umas férias, deixar todas nossas atividades para percebermos o mais importante que existe no mundo, ou seja, que existe Deus».
As férias «são todo o contrário de uma fuga; não quer dizer alienar-se, distrair-se», mas em si «quer dizer concentrar-se em algo, abster-se das demais atividades para concentrar-se no fundamental, naquele famoso “uma só coisa é necessária”», sublinhou.
«Talvez o sentido mais belo das férias seja precisamente retomar um contato íntimo, profundo, com a raiz de nosso ser, que é Deus», apontou o Pe. Cantalamessa.
Inclusive o termo latino feriae («dias de férias») – «que já se converteu em sinônimo de dias de férias, de distração, de mar, freqüentemente também de fracasso e de estrondo» – «significa dias dedicados ao culto divino», recordou.
«Este era o sentido adotado pelos antigos romanos e este é o sentido que tem também hoje, na linguagem litúrgica – assinalou o pregador do Papa –, no qual se fala de feira I, de feira II, ou seja, dia dedicado ao Senhor.»
Nesse contexto, considera que «as férias deveriam ser, no curso do ano, precisamente esses dias que, através da contemplação da natureza, da leitura da Palavra Deus, permitem entrar um pouco dentro de si, em si mesmo, retomar contato com as motivações profundas da vida». «Parece-me significativo --reconheceu-- que a palavra com que se indica todo esse tempo no curso no ano, na língua inglesa seja holydays, que quer dizer “dias santos”, dias que devem ser dedicados à santidade.»
«Insisti um pouco nesse sentido das palavras porque todas nos permitem ver como na origem desta atividade do homem que são as férias, o repouso, etc., há algo profundamente diferente do sentimento atual, que entende as férias como tempo para distrair-se, aturdir-se, fazer coisas estranhas», declarou o padre Cantalamessa.
«Não é que as férias não devam servir também para divertir-se, distrair-se, mas são um dom entregue ao homem para descobrir algo; não é um tempo para perder, para desperdiçar, mas um tempo para valorizar ao máximo», concluiu

segunda-feira, 19 de junho de 2006

PNEUMA

A quem visitar este blog aconselho também uma visita ao site:

www.pneuma-rc.pt

É a Comunidade "pioneira" do Renovamento Carismático Católico em Portugal, onde se pode entender melhor o que é esta espiritualidade que o Espírito Santo quis dar à Igreja dos nossos tempos.

COISAS DE JESUS

Mais um poema do meu André, quase a fazer 8 anos.

Coisas de Jesus

Jesus morreu por nós,
nós gostamos de Jesus.
Jesus está numa cruz,
cruz bonita,
bonita é Maria,
Maria é mãe de Jesus,
Jesus é Deus,
Deus do mundo.
Mundo tem sempre uma Missa,
Missa é o sitio onde está a cruz.


06.06.2006


Escrito no caderno da Escola em 07.06.2006

Jesus passou e disse:
Gosto muito de ti.
E o coração de Deus ficou a bater.

Achega sobre a "Presença Real de Jesus Cristo na Eucaristia" lido em "Fiat Lux"

Do livro "Eucaristia" do Cardeal José Saraiva Martins - Universidade Católica Editora - Lisboa 2005 - Colecção Estudos Teológicos - IV Teologia Sacramental

"A presença de Cristo na Eucaristia é entendida, antes de mais, como presença de Cristo todo. Mesmo se falámos, seguindo a linguagem teológica comum, de presença do corpo e do sangue do Senhor, na Eucaristia, sob as espécies do pão e do vinho, está presente, na realidade, não só o seu corpo e o seu sangue, mas Ele mesmo todo na sua dupla dimensão, divina e humana.
O fundamento sobre o qual se apoia esta doutrina são os mesmos textos sagrados concernentes à Eucaristia, considerados no seu sentido biblico-filológico.
Segundo os relatos da instituição, Cristo, na Última Ceia, dá o seu «corpo». Como já foi dito, Ele usou, com toda a probabilidade, naquela ocasião o termo «basar» (den bisri «eis, minha carne»). Cristo deu, portanto, a sua «carne» aos seus como dom de despedida. O vocábulo «carne» (sarx) já fora adoptado por Jesus no discurso da promessa da Eucaristia.
ora em hebraico e aramaico o termo «carne» indica a totalidade da pessoa humana, e não só o elemento material e corporal do homem, como acontece, aliás, com o termo grego «sôma» (corpo). Isto significa que quando Cristo no cenáculo disse: «isto é o meu corpo», entendia-se, com tais palavras, totalmente a si mesmo, todo o seu eu, toda a sua realidade concreta e histórica: corpo, sangue, alma e divindade.
Um discurso análogo deve fazer-se acerca do termo «sangue» (dam).
Ele designa, como é conhecido, a substância vital, bem como o seu sujeito, e, portanto, em última análise, a pessoa mesma na sua concretude histórica.. O sangue escapa ao poder do homem, precisamente porque ele é sede da vida, antes, a vida mesma, e toda a vida, que provem de Deus, apenas a Ele pertence. Pelo mesmo motivo, o sangue não pode ser bebido, mas somente usado para o altar como meio de expiação. O sangue, em suma, é para os hebrues, a fonta da vida, a vida mesma concreta; e, tratando-se do homem, ele é, em última análise, a pessoa mesma concreta na sua vitalidade existencial. Portanto, quando, na ceia de despedida, o Senhor pronunciou as palavras: «isto é o meu sangue», Ele referia-se a si mesmo na totalidade, à sua pessoa mesma".

Espero que "Faça luz".

quinta-feira, 15 de junho de 2006

O MEU PRIMEIRO POEMA

Temos de ser crianças, na simplicidade do amor.

Republico este poema do meu André, que agora já tem 8 anos.

Poema do meu André (7 anos)

O Sol é amarelo,
Amarelo é o Sol,
Sol é brilhante,
brilhante é o mundo,
mundo é nosso,
nosso é tudo,
tudo está no meio de nós,
nós gostamos de Jesus,
Jesus está no nosso coração,
coração é vermelho,
vermelho é o coração,
coração é o que está no nosso corpo,
corpo é cor de rosa,
cor de rosa todos nós temos,
temos Jesus,
Jesus nasceu em Belém,
Belém é uma cidade,
cidade todos nós temos,
temos a todos,
todos é Jesus,
Jesus é o melhor,
melhor é Jesus,
Jesus está no céu,
céu está lá em cima,
em cima é bom.

CORPO DE DEUS

Excerto do Hino da Oração de Laudes de hoje

O Corpo de Jesus é alimento,
O Seu Sangue bebida verdadeira.
Viverá para sempre o homem novo
Que tomar deste pão e deste vinho.

Nascendo, quis ser nosso companheiro
Na ceia Se tornou nosso alimento,
Na morte Se ofereceu como resgate,
Na glória será nossa recompensa.

quarta-feira, 14 de junho de 2006

MARIA "AOS PÉS" DA CRUZ

Maria estava "aos pés" da cruz. Também Ela entregava o Seu Filho à humanidade, porque estando cheia do Espírito Santo, sabia no Seu coração desde sempre, que Jesus ia morrer por nós.

Ao entregar o Seu Filho sabia que também Ela se estava a entregar à humanidade, como Mãe para sempre.

Ela sabia que era nossa Mãe, desde que sentiu Jesus Cristo no Seu ventre. Sentia-o, porque sabia que o Seu Filho estava em todos nós e estando em todos, todos eram Seus filhos.

Também Ela entregava o Seu Filho no meio da dor e da tristeza da Mãe humana, mas vivia também a exaltação da Sua parte divina de Mãe de Deus, que Lhe afirmava a salvação dos homens Seus filhos, pelo sacrifício e ressurreição daquEle que agora Se entregava e que Ela tinha trazido ao mundo.

Humildemente aos pés da cruz, Ela chorava o Filho entregue e alegrava-se pela promessa de salvação para todos os Seus outros filhos, conseguida pela morte e ressurreição dO que Ela tinha gerado.

Nos Seus olhos brilhavam ao mesmo tempo a lágrima da dor e a alegria da promessa de vida eterna para a humanidade.

Também Ela obedeceu até à morte de Seu Filho e durante toda a Sua vida, mantendo-se na sombra, na humildade, no caminho, seguindo Jesus e aceitando desde logo a Sua cruz, que já Lhe estava garantida e desvendada por Simeão no templo.

Também Ela aceitou a vontade do Pai sem hesitações, entregando o que demais precioso tinha para entregar, o Seu próprio Filho.

E Ela sabia no Seu coração desde o principio, que não seria como Abraão: O Seu Filho não seria poupado, tinha de morrer, para ressuscitar vencendo a morte e assim trazer a salvação aos Seus outros filhos.

E Jesus na Sua agonia confirma-Lhe o que Ela já sentia, entregando-A como Mãe a João e entregando João a Maria como Seu filho.

Não se Lhe conhece um queixume, não se Lhe conhece uma reprovação, não se Lhe conhece uma inveja ou um ciúme de mãe, mesmo quando outras mulheres se acercam Jesus e Ele lhes dá atenção.

Não, Maria sabe no Seu intimo que tem de ser assim, também Ela tem de sofrer em silêncio, também Ela tem de dar exemplo de obediência à vontade do Pai, também Ela tem de se curvar à missão do Seu Filho, também Ela se deve deixar conduzir pelo Espírito Santo, para preencher completamente a condição de “bendita entre as mulheres, de cheia de graça, de ter o Senhor com Ela, de ser a Mãe do Salvador” e de, por isso mesmo, ser Mãe da Igreja e da humanidade.

Maria não lidera, não conduz, mas ora, mas intercede, mas suplica ao Seu Filho, para que o Espírito Santo, que já está nEla, desça também sobre os Apóstolos e sobre todos os Seus filhos, durante todos os tempos.

E quando os discípulos partem em missão, Ela fica a orar, a interceder, a suplicar, a Jesus dentro de Si, a Jesus à direita do Pai, a Jesus dentro de nós.

Por isso a Mãe é a grande intercessora, a poderosa advogada, Aquela que nos traz no coração, o mesmo coração que deu sangue a Jesus.

Assim o amor de Deus é tão grande, tão infinito, que nos quis dar este elo de ligação entre o divino e o humano, a Mãe de Jesus e nossa Mãe, para que saibamos, que a virtude é sempre possível a todos nós, desde que nos entreguemos à vontade do Pai, à condução do Espírito Santo e ao amor de Jesus Cristo, que está em nós.
Todos somos um pouco Maria, pois temos Jesus Cristo em nós, só não sabemos é guardá-Lo para sempre, como Ela o fez desde a primeira hora.

RENOVAMENTO CARISMÁTICO CATÓLICO

Pregador do Papa: Renovação Carismática Católica, «gozosa experiência da graça de Deus»
Entrevista com o padre Raniero Cantalamessa, OFM Cap. ROMA, terça-feira, 13 de junho de 2006 (ZENIT.org).- Na base da Renovação Carismática Católica (RCC) há «uma gozosa experiência da graça de Deus», que impulsiona o fiel a extrair a riqueza do cristianismo não «por constrição ou por força, mas por atração» constata o pregador da Casa Pontifícia. O Pe. Raniero Cantalamessa, OFM Cap., pronunciou estas palavras na solenidade de Pentecostes, na localidade romana de Marino, onde mais de sete mil membros da RCC do mundo inteiro se reuniram em um encontro com o lema «Proclama minha alma a grandeza do Senhor». Organizado pelo ICCRS («Serviços da Renovação Carismática Católica Internacional»
Ao tomar a palavra, o Pe. Cantalamessa explicou que, na Bíblia, o Espírito Santo tem dois modos de revelar-se e atuar.
Há uma maneira --que chamamos «carismática»-- que consiste em que «o Espírito Santo dispensa dons particulares» não para o «progresso espiritual» ou como «prêmio de santidade» para quem os recebe, mas para «edificar a comunidade», afirmou. E há um modo de atuar do Espírito que chamamos «transformante ou santificante» --prosseguiu--, ou seja, «em função da transformação da pessoa», de forma que quem tem a experiência sai dela regenerado e revestido de «uma vida nova». «Esta ação transformadora do Espírito é uma experiência, não uma idéia da graça», explicou. O pregador do Papa expressou que «estes dois modos de atuar do Espírito Santo que vemos em toda a Bíblia e no dia de Pentecostes, em nosso tempo se manifestam de modo espetacular na Renovação Carismática». Deste modo --acrescentou--, a Renovação Carismática fez «emergirem de novo na Igreja os carismas pentecostais que se haviam perdido» e foi quase «a resposta de Deus à oração de João XXIII por um novo Pentecostes», elevada pelo pontífice no início do Concílio Vaticano II.
Entrevistado pela agência Zenit durante o encontro, o Pe. Cantalamessa relatou sua experiência pessoal na RCC e a contribuição que esta «corrente de graça», junto aos movimentos eclesiais, pode dar à Igreja e à sociedade.
–No Evangelho de João, Jesus responde às perguntas de Nicodemos afirmando que «o Espírito sopra onde quer» (João 3, 8). Em sua opinião, é possível interpretar em que direção está soprando o Espírito Santo em sua contínua irrupção na história?
–Pe. Cantalamessa: Na homilia da Vigília de Pentecostes, o Papa disse algo muito bonito, comentando estas palavras do Evangelho de João. Disse, sim, que o Espírito «sopra onde quer», mas declarou que não sopra nunca de maneira desordenada, contraditória. Portanto, temos toda a tradição da Igreja atrás, a doutrina dos doutores, o magistério da Igreja para discernir que carismas são válidos e quais não. Pode ser que no início haja alguns carismas que façam muito barulho, chamem muito a atenção, mas que logo com o tempo se revelam, ao contrário, sem fundamento. A Igreja é como a água: recebe todos os corpos, mas os verdadeiros, os sólidos, acolhe dentro, enquanto deixa os outros na superfície. Os carismas que estão vazios, que são só manifestação exterior, ficam no exterior da Igreja.
–No contexto atual, o senhor acha que os movimentos eclesiais estão chamados mais a um renovado impulso evangelizador, a ser pontos avançados do diálogo ecumênico, ou a combater a secularização ou a crise das famílias? Que contribuição podem dar à Igreja?
–Pe. Cantalamessa: Estou certo, como também o Papa disse que está certo disso, de que os movimentos são uma graça da Igreja de hoje. Uma resposta adequada ao mundo de hoje, ao mundo secularizado e a um mundo ao que os sacerdotes e a hierarquia já não chegam, e que precisa, portanto, dos leigos. Estes movimentos leigos estão integrados na sociedade, vivem junto aos demais. Penso, portanto, que têm uma tarefa extraordinária que graças a Deus não é uma utopia para o futuro, mas algo que vivemos ante nossos olhos, porque os movimentos eclesiais são, sim, as pontas avançadas da evangelização, estão nas obras de caridade, além de animar um amplo leque de atividades. Estes movimentos dão aos cristãos uma motivação nova e permitem redescobrir a beleza da vida cristã e, portanto, os dispõem para assumir tarefas de evangelização, de animação pastoral da Igreja.
–Como o senhor se aproximou da Renovação?
–Pe. Cantalamessa: Não me aproximei, Alguém me tomou e me levou para dentro. Quando orava com os Salmos, pareciam escritos para mim desde antes. Logo, quando desde Convent Station, em Nova Jersey, fui ao convento dos capuchinhos de Washington, sentia-me atraído pela Igreja como por um ímã, e este era um descobrimento da oração, e era uma oração trinitária. O Padre parecia impaciente por falar-me de Jesus e Jesus queria revelar-me o Pai. Acho que o Senhor me fez aceitar, depois de muita resistência, a efusão, o batismo no Espírito, e logo vieram muitas outras coisas com o tempo. Eu lecionava História das Origens Cristãs na Universidade Católica de Milão; logo comecei a pregar até 1980, quando me converti em pregador da Casa Pontifícia.
–No panorama de tantos e tão diferentes movimentos eclesiais, qual é a contribuição especial que pode dar à Igreja a Renovação Carismática Católica?
–Pe. Cantalamessa: Em certo sentido, somos muito humildes e discretos: não temos poder, não temos grandes estruturas, não temos fundadores, mas a Renovação Carismática Católica é a que, por exemplo, entre todos os movimentos eclesiais, está mais interessada na teologia. Na Renovação Carismática há, com efeito, um interrogante sobre o Espírito Santo. De fato, todos os grandes tratados de teólogos sobre o Espírito Santo falam da Renovação, porque não é simplesmente uma espiritualidade a mais junto às outras, senão o novo surgimento de um cristianismo originário que era o dos Apóstolos. E creio que seu objetivo não é tanto setorial quanto de animação da Igreja. A Renovação não deverá levar a constituir grupos, igrejas. Ai se fosse assim! Deveria ser, como dizia o cardeal Leo Jozef Suenens, uma corrente de graça que se perde na massa da Igreja

terça-feira, 13 de junho de 2006

CONFISSÃO DE UMA FRAQUEZA

Saiu satisfeito da Igreja. Tinha estado a rezar e no seu entendimento, tinha sido uma boa oração, não havia dúvida que ele estava no bom caminho, o que aliás se percebia por todas as graças que o Senhor derramava nele, (pelo menos era assim que ele pensava).
A sua fé estava fortalecida, era inabalável e apesar de muitas coisas ainda estarem erradas na sua vida, havia uma coisa de que ele tinha a certeza: A sua fé ninguém lha podia tirar!
Tinha-lhe custado muito a fortalece-la, a torna-la inabalável, a torna-la inexpugnável. Viesse o que viesse, ele sempre afirmaria a sua fé.
Foi andando contente consigo próprio e de repente apercebeu-se que estava junto de alguns dos seus antigos amigos, que conversavam animadamente na rua.
Parou para os cumprimentar e falar um pouco com eles.
Um deles perguntou-lhe:
- De onde vens a estas horas?
Antes que pudesse responder, um outro com um sorriso trocista na cara, disse:
- Deve vir da Igreja. Deve ter estado a rezar, agora não sabe fazer mais nada!
A gargalhada foi geral e ele muito incomodado, disse:
- Por acaso não. Acabei de trabalhar, estive ali no café a beber uma cerveja e agora vou para casa.
Sem conseguir disfarçar a atrapalhação, despediu-se, dizendo que estava com pressa e foi-se embora.
Pelo caminho ia a pensar:
«Mas porque é que eu não disse a verdade?»
Caminhando foi-se convencendo de que tinha sido melhor assim. Eles não iriam entender e não lhes serviria de nada saberem que ele tinha estado a rezar. Coitados, estavam tão longe que não compreenderiam como ele agora era diferente.
Tocou o telemóvel e ele atendeu. Era uma conhecida sua de outros tempos, que lhe disse:
- Então o que é feito de ti. Segundo me dizem, agora passas a vida na Igreja a rezar. Já não sais nem sabes fazer mais nada. Dizem que estás um “chato”.
Respondeu-lhe de imediato, sem pensar:
- Isso é o que todos dizem, só para me gozarem. Eu continuo a fazer a minha vida, mais ou menos. Claro que agora tenho outras responsabilidades, pelo que me é mais difícil sair, mas enfim continuo na mesma.
Trocaram mais duas ou três banalidades e ele apressou-se a desligar.
Mais uma vez lhe veio ao pensamento a pergunta, porque é que não tinha dito que sim, que gostava de rezar, que gostava de estar na Igreja, porque ali tinha encontrado o que nunca tinha tido antes.
Mais uma vez se autojustificou, com uma qualquer desculpa, tranquilizando a sua paz de espírito.
Chegou a casa e disseram-lhe que o seu irmão tinha telefonado pedindo-lhe que ligasse, assim que pudesse.
Assim fez e ouviu a voz do seu irmão do outro lado dizer-lhe:
- Então só chegaste agora? Olha, no Sábado vou dar aqui em casa um jantar com os amigos que tu sabes e gostava muito que viesses.
Incomodado, lembrou-se que nesse Sábado tinha sido marcada aquela Missa e Adoração a que não queria faltar e para além do mais já não tinha pachorra para as conversas daqueles jantares, por isso respondeu ao seu irmão:
- No Sábado não posso, já tenho uma coisa marcada.
A resposta não se fez esperar:
- Sim, sim, estou mesmo a ver, uma “missinha” com certeza!
Retorquiu de imediato:
- Não, não. Já tinha marcado um jantar com outros amigos a que não posso faltar.
O irmão desligou, meio “gozão”, meio aborrecido e ele ficou a pensar que ainda desta vez tinha escondido a verdade.
Foi para o seu quarto incomodado com tudo aquilo, sentou-se na cama e disse numa oração:
«Porquê Senhor, porque é que eu menti e escondi que Te amo e quero estar sempre conTigo?»
Ouviu então no seu coração uma voz que lhe dizia:
«Pedro, Pedro, eu não te disse que me havias de negar três vezes.»
Ficou mudo e espantado, pensando: «Mas eu não me chamo Pedro.»
Então, abriu-se uma luz no seu espírito.
Não era Pedro, mas como Pedro, quando estava sozinho consigo ou com os seus amigos de agora em igreja, (como quando Pedro estava entre os seus, antes de Pentecostes), tinha a coragem, (se é que era coragem), de afirmar a sua fé, mas junto dos outros e perante o “perigo” de ser reconhecido como cristão empenhado, negava Aquele que ele dizia que tanto amava.
Caiu em si e reconheceu a sua fraqueza, reconheceu o seu orgulho, reconheceu o seu convencimento de que já era alguém, de que por si só tinha conseguido fazer um caminho, como se a força para se afirmar cristão fosse uma conquista dele e não uma graça do seu Senhor, como se já tivesse entendido tudo e afinal ainda estava tão longe da verdade e da comunhão.
Como Pedro baixou a cabeça e sentiu-se nada.
Como era possível ter negado Aquele que tanto o amava e tanto lhe tinha dado.
Como Pedro chorou, amargurou-se, quase desesperou, ao perceber até onde tinha ido o seu orgulho. Ele sozinho não era nada, ele sozinho nada conseguia.
Como Pedro percebeu que ainda não tinha entendido nada, porque ainda não tinha verdadeiramente entregue a sua vida ao seu Senhor.
Como Pedro sentiu-se indigno do amor que o Senhor lhe tinha. Como Pedro sentiu-se perdido, sem saber para onde ir.
Mas como Pedro sentiu e viveu aquele olhar do seu Senhor, no seu coração, na sua vida e percebeu então que o seu Senhor era todo perdão, era todo amor, que o conhecia como ninguém e por isso o compreendia, lhe perdoava e o continuava a amar com aquele amor infinito que só Ele podia e sabia dar.
Percebeu então que tinha de recomeçar, que tinha de ser mais Publicano e menos Fariseu, que tinha de considerar-se muito mais pecador e muito menos justo, que tinha de abandonar-se, entregar-se e deixar que o seu Senhor fizesse nele a Sua vontade.
Percebeu então que a sua fé era fraca, mas que o seu Senhor o conhecia no seu mais intimo e que por isso mesmo estava sempre ao seu lado, para lhe dar força e alimentar a sua fraca fé com o Seu infinito amor.

segunda-feira, 12 de junho de 2006

ORAÇÃO DUM FILHO AO PAI

Obrigado meu Deus, porque não apenas nos criastes, mas quiseste ser nosso Pai.

Obrigado meu Deus, porque enviaste o Teu Filho, Jesus Cristo, Deus contigo também, para nos fazer conhecer-Te e chamar-Te Pai.

Obrigado meu Deus, porque não nos deixastes sozinhos, mas envias-Te o Teu Espírito Santo, Deus contigo também, para nos guiar e dar a conhecer o Teu amor de Pai.

Queremos pedir-Te, oh Pai nosso Deus, que nos ilumines e nos faças crianças à Tua procura.

Ensina-nos a sentarmo-nos nos Teus joelhos, a encostarmos a nossa cabeça ao Teu peito e a contarmos-Te as nossas alegrias e tristezas; ensina-nos a sentirmos as Tuas mãos a afagar a nossa cabeça; ensina-nos a dar-Te a mão para atravessarmos a estrada da vida; ensina-nos a repousarmos no Teu amor, na Tua força, no Teu poder; ensina-nos, a como crianças, dizermos, quando vem o tentador: "Olha que eu digo ao meu Pai".

Obrigado, oh Pai nosso Deus, porque estás sempre à nossa espera, porque o Teu amor é infinito, porque o Teu perdão é constante, porque a Tua bondade não acaba, porque a Tua casa é a nossa felicidade.

Obrigado, oh Pai nosso Deus, por teres sempre tempo para nós e para cada um em particular e por velares por nós desde sempre e para sempre.

Não deixes, oh Pai nosso Deus, que nos afastemos do Teu amor, do Teu calor, do caminho que nos traçastes com tanta ternura.

Em nome do teu Filho Jesus Cristo, nosso Senhor, guiados pelo Teu Espírito Santo, Te pedimos oh Pai nosso Deus: Abençoa os Teus filhos que muito Te amam.

segunda-feira, 5 de junho de 2006

"SEMOS CAMPEÃES"

E “prontos”, “os dados estão lançados”.

Os “nossos magriços”, já lá estão na Alemanha, prontos a defenderem as cores nacionais, neste desígnio pátrio, que se levado a bom termo, irá com certeza, resolver os problemas da Nação.

Esperemos que “chutem com o pé que tenham mais à mão” e que o “cabedal técnico-tático” seja de molde a que a “leitura de jogo” seja a mais conveniente.

Esperemos ainda que o “entrosamento” do plantel leve a “Equipa das Cinco Quinas” a entender e levar por diante as ordens do “mister”.

Estaremos atentos para ver se, estando a nossa equipa a perder por um zero, ao meter um golo, é considerado empate.

É bom reparar no entanto, que se neste campeonato não estão representados os “magiares”, poderemos ter de enfrentar os “teutónicos”, ou até, quem sabe o “escrete canarinho”.

Aguardemos portanto, que quando se “estiverem a queimar os últimos cartuchos”, a “redondinha” tenha entrado mais vezes na baliza do “guarda rede” adversário, do que na nossa, sinal de que o nosso “guarda rede” sabe bem fazer a “mancha”.

Que linguagem tão explicita e interessante, a do nosso futebol.

De qualquer maneira: Viva Portugal!!!