quinta-feira, 23 de setembro de 2021

«E procurava vê-lo.» Lc 9, 9

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O Evangelho de hoje narra-nos a perplexidade de Herodes perante o que diziam de Jesus e termina a passagem bíblica com a frase «E procurava vê-lo.» Lc 9, 9

Esta frase faz toda uma diferença entre a atitude de Herodes e Zaqueu, pois na passagem bíblica sobre Zaqueu, no mesmo Evangelho de São Lucas, é escrito que Zaqueu «procurava ver quem era Jesus» Lc 19, 3

E a diferença, entre Herodes e Zaqueu, (para além de todas as outras), é a que muitas vezes acontece nas nossas vidas, ou seja, procuramos ver Jesus, mas não procuramos ver «quem» é Jesus.

O “ver” uma pessoa só por ver, por curiosidade, pode nada mudar em nós.

Mas o “ver” quem é essa pessoa, obriga a um conhecimento da pessoa e isso pode mudar muita coisa nas nossas vidas.

E se essa Pessoa é Jesus Cristo a diferença pode ser total!

Basta ver a transformação que aconteceu na vida de Zaqueu e a indiferença que continuou na vida de Herodes.




Nota: Os versículos bíblicos foram recolhidas na Bíblia da Conferência Episcopal Portuguesa.

quinta-feira, 16 de setembro de 2021

UM PECADO “SUBTIL”

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O Evangelho de hoje leva-nos, numa leitura rápida, a olharmos para a mulher pecadora que se aproxima de Jesus e a quem Ele perdoa os pecados.

É realmente mais “fácil” para mim, para nós, olharmos e identificarmo-nos com a mulher pecadora e perante Jesus, baixarmos a cabeça e pedirmos perdão.

No entanto, a figura do dono da casa, do fariseu, não a identificamos connosco com tanta facilidade e, afinal, pelo menos eu, tantas vezes procedo como ele no íntimo dos meus pensamentos, dos meus “julgamentos”.

Quantas vezes em Igreja, não penso/julgo, não pensamos/julgamos, que aquele ou aquela não deveriam estar ali, por causa da vida que supostamente achamos que levam, ou por causa de actos ou atitudes que tomaram ou julgamos que tomaram.

E fazemo-lo na nossa casa, que é a Igreja, não cuidando de pensar que é uma casa de pecadores, porque se fosse apenas para santos, nenhum de nós a Ela poderia pertencer.

E é grande este pecado, deste pensamento/julgamento do fariseu, porque vemos/ouvimos Jesus, ao longo dos Evangelhos, referi-lo de forma subtil mas permanente, no filho que ficou em casa do pai, no incómodo de alguns no pagamento da jorna diária, naqueles que acusam a mulher adúltera, enfim, em tantas ocasiões em que os homens se julgam com “direito” a um deus, que não é afinal o Deus de todos, o Deus verdadeiro.

O nosso Deus, ou melhor, o Deus em Quem queremos acreditar, é o Deus de todos, dos mais pecadores aos mais supostamente “cumpridores”, dos mais pobres aos mais ricos com coração bondoso, dos mais desprezados aos mais reconhecidos que agradecem sinceramente a Deus esse reconhecimento e dele se servem para ajudar os desprezados, enfim, é um Deus que não faz acepção de pessoas, que a todos ama por igual e a todos perdoa com infinito amor.

Ah, Senhor, faz com que eu reconheça o meu pecado e em vez de julgar o outro, por achar que não tem “direito” a estar na Tua casa, antes o chame, o acolha, o abrace, o sente à mesa da refeição divina, o apresente a Ti, intercedendo por ele e por mim, pobre pecador, de modo a que, convertidos no Teu amor, confessemos os nossos pecados e perdoados por Ti, contigo, permaneçamos no banquete do amor que preparaste para nós. 



Marinha Grande, 16 de Setembro de 2021
Joaquim Mexia Alves

quarta-feira, 15 de setembro de 2021

“EIS A TUA MÃE”!

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Quedo-me espantado, “atingido” pelo Teu amor! 

Na Cruz, nos derradeiros momentos, o Teu amor, por todos, por mim, torna-se ainda mais forte e presente, (como se fosse possível ao infinito amor, ser maior do que o infinito), e, depois de invocares o Pai pedindo perdão por e para nós, por e para mim, ainda nos entregas a Tua Mãe para ser nossa Mãe, também. 

E Ela, a Tua Mãe, inclina a cabeça e como sempre, cheia de humildade e amor, aceita a maternidade de cada um de nós, de mim, sabendo que as suas dores vão ser aumentadas com as nossas dores, também, e com as dores que lhe causamos com tanta falta de amor ao seu Filho, a Ele próprio e a todos os que sofrendo e necessitando de algum modo, nós desprezamos e/ou não consolamos. 

“Eis a tua Mãe”! 

Quero aninhar-me em teus braços, Mãe, e dizer-te, pedir-te, que digas ao teu Filho que O amo com todas as minhas forças e apesar das minhas fraquezas. 

Quero recostar a minha cabeça no teu colo, Mãe, e pedir-te que me ensines a amá-lO como tu O amas. 

Quero olhar-te nos olhos, Mãe, e pedir-te que me ajudes a amar todos os teus filhos, (os que estão perto e os que estão longe), com o mesmo amor que me vem e tenho pelo teu Filho, Jesus Cristo, Nosso Senhor. 

“Eis a tua Mãe”! 

Humildemente, sabendo das minhas fraquezas, dos meus erros, dos meus pecados, encosto-me ao teu peito “cravado de dores”, e digo-te como todo o amor: Mãe, eis o teu filho pecador! 



Nossa Senhora das Dores 
Monte Real, 15 de Setembro de 2021 
Joaquim Mexia Alves

domingo, 12 de setembro de 2021

ATÉ JÁ, RUI!

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Ontem foi a despedida do Pe Rui Ruivo da paróquia da Marinha Grande.

Escolhi a fotografia de propósito pois acho que o representa muito bem.

Chegou há dois anos e desde logo marcou presença pela sua simpatia, pela sua alegria, pela intimidade que coloca nas suas conversas, pela sua sempre pronta disponibilidade, e, sobretudo, pela sua espiritualidade, pelas suas homílias, pelo seu modo tão “intenso” de celebrar.

Foi pouco tempo, apenas dois anos, mas deixou marca forte na comunidade paroquial e em mim, com certeza, deixou uma amizade sincera e grata.

Sendo o seu sacerdócio um dom de Deus, assim nos foi dado durante este tempo e assim o devemos “libertar” para que continue a ser esse dom de Deus para outros também.

Se pudesse resumir estes dois anos de celebrações, confissões, convívios, conversas entre nós os dois, escolheria, sem dúvida, a nossa conversa, quase confissão, que com ele tive quando em boa hora me inscrevi no “seu” retiro de oração/poesia, (tema que me é tão caro), e, por entre as árvores do parque do Seminário, lhe abri a alma às minhas lutas interiores, derramei umas lágrimas sem qualquer vergonha, e recebi as palavras, o conselho, o abraço espiritual, de quem compreendeu, não julgou, antes se tornou parte integrante dessas lutas como se dele fossem também.

Sabe bem o Pe Rui que encontra e encontrará sempre na comunidade paroquial da Marinha Grande os braços abertos para o receber em qualquer momento que nos queira visitar ou queira de nós precisar.

Obrigado, Rui, vai em paz com o sentido da missão cumprida por estas terras da Marinha Grande.

Um grande e terno abraço.


Joaquim

sexta-feira, 10 de setembro de 2021

UM QUALQUER JOAQUIM “ARMADO” EM SAMUEL

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Abro os olhos na escuridão e fico assim, deitado na cama, tentando ver o que a escuridão me quer esconder.
Foram tantas as notícias duras que hoje me deram!!!

Embora não Te veja com os meus olhos, Senhor, sei que estás ali, comigo, acordado, também, para me fazeres companhia.

E vais falando ao meu coração e mostrando tantas coisas que o Teu amor me vai fazendo ver.

Para quem acredita em Ti, não há escuridão que esconda o Teu amor!

Fecho os olhos da cara, abro os olhos do coração e a luz torna-se viva, transparente, límpida e intensamente terna.

E a oração surge, anima-se, torna-se presente, abre os meus lábios, todo o meu ser, e glorifica, adora, louva, ama e pede.

Qual escuridão?
O quarto enche-se da Tua luz, embora só eu a sinta, naquele momento, porque a Tua luz não precisa ser vista, mas sentida e acreditada.

E as palavras formam-se no coração e saem em catadupas: Adoro-Te, amo-Te, louvo-Te, glória, glória a Ti, Senhor!

E peço-Te: Lembra-Te, Senhor, dos que sofrem, sobretudo dos que não Te encontraram ainda e toma a minha vida, por eles, por todos, para que em Ti encontrem a Vida, porque tudo o mais lhes darás por acréscimo.

Recosto-me no Teu ombro, (ou será a minha almofada?), e deixo-me embalar por Ti e assim adormeço outra vez na escuridão, que tornaste luz para mim.



Marinha Grande, 10 de Setembro de 2021
Joaquim Mexia Alves

segunda-feira, 6 de setembro de 2021

50 ANOS

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Faz este ano 50 anos a nova igreja da Marinha Grande. 

Eu não vivia, então, na Marinha Grande, mas não tenho dúvidas de que foi, com certeza, um grande esforço de toda a comunidade a construção desta nova igreja. 

E um grande esforço que não deve ter sido apenas material/financeiro, mas também de trabalho, de abertura à ideia da “coisa” nova, de, corajosamente, olhar para trás e para todas as coisas que tinham sido habituais ao longo de tantos anos, que faziam parte da comunidade e a que a comunidade estava legitimamente agarrada e agora tinha que esquecer, digamos assim, não porque estivessem erradas, mas porque era necessário avançar para o “novo”, para o crescimento, para a mudança que é sempre necessária, mas que sempre traz consigo dificuldades, receios, incómodos e até, às vezes, más vontades. 

O Padre Manuel Veríssimo, (que me baptizou muitos anos atrás em Monte Real), era um “construtor de igrejas” e teve, com certeza, os seus detractores e os seus apoiantes, mas acabou por dotar a Marinha Grande de uma nova igreja, mais ampla, mais moderna, embora não venha aqui ao caso se mais bonita ou não, arquitectonicamente falando. 

Vem este “historial” a propósito dos tais 50 anos da igreja nova e do tempo que agora vivemos, procurando também, não uma Igreja nova, mas uma Igreja renovada pelo Espírito Santo. 

Reparem, (os que lêem este texto), que quando se refere os 50 anos da igreja nova da Marinha Grande se utiliza letra minúscula, para se perceber bem a diferença entre a igreja/edifício e a Igreja, Assembleia de Fiéis convocada por Deus. 

Os 50 anos dizem respeito a um novo edifício a que chamamos igreja. 

Os 50 anos são pretexto, também, para falar da Igreja de Cristo, da comunidade paroquial da Marinha Grande e da sua renovação divina. 

Se a construção da nova igreja há 50 anos despertou/provocou tudo aquilo que se descreve acima, também, sem dúvida, a renovação divina da Igreja, comunidade paroquial, provoca e provocará vários sentimentos, diversas dificuldades, e algumas “dores” de mudança. 

Agora é o Padre Patrício Oliveira e o Padre Jorge que deitam mãos à obra da renovação e que, com certeza, tal como o seu antecessor há 50 anos, hão-de ter os seus detractores e os seus apoiantes. 

Mas a Igreja comunidade paroquial, não pode continuar fechada em si mesma, apenas mantendo aqueles que já nela estão, não crescendo, e sobretudo não cumprindo a sua mais importante missão que é evangelizar, que é anunciar a Boa Nova, que é cumprir o que Jesus Cristo pediu a todos os que nEle acreditam e querem ser Igreja: «Ide, pois, fazei discípulos de todos os povos, baptizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, ensinando-os a cumprir tudo quanto vos tenho mandado. E sabei que Eu estarei sempre convosco até ao fim dos tempos.» Mt 28, 19-20 

Será preciso romper com algumas rotinas? 
Sem dúvida, porque já nos tornaram acomodados, já nos tornaram “cristãos mornos”, sem a chama do Espírito Santo que faz sempre tudo novo. 

Será preciso romper com algumas práticas e procedimentos na catequese, na formação religiosa e até nas celebrações, (mantendo obviamente a unidade da liturgia)? 
Com certeza, porque os novos tempos exigem de nós a adaptação às novas tecnologias, por exemplo, exigem de nós um novo discurso e uma nova forma de apresentar a Doutrina, (sem a mudar em nada, obviamente, em comunhão de Igreja), exigem de nós que percebamos os novos Movimentos com as suas espiritualidades, (os que estão em comunhão com a Santa Sé, obviamente). 

Será preciso um novo empenho na oração, na forma de orar, na entrega em comunidade? 
Claro que sim! 
O Espírito Santo é que ora em nós e em todos os momentos nos conduz ao encontro da oração sempre nova, sem nunca abandonar, obviamente, as orações tradicionais. 
É que é neste novo empenho na oração, invocando continuamente o Espírito Santo, que iremos, todos, ter uma relação cada vez maior, mais íntima e pessoal com Jesus Cristo, com o amor do Pai, e essa relação irá fazer de nós verdadeiros discípulos, testemunhas constantes do amor de Deus. 

Uma nova forma de caridade, digamos assim. 
Já não só a caridade do dar só por dar, mas do dar “acompanhado”, isto é, dar de modo a que aqueles que recebem sintam que a ajuda vem de Deus, pelas mãos daqueles que a Ele se entregam, para que esse testemunho leve os outros a encontrarem Cristo e a encontrarem na Igreja, na comunidade paroquial, o porto seguro para as suas dificuldades, para os seus maus momentos, sejam eles quais forem, materiais, espirituais, de solidão e companhia. 

Uma nova forma de relacionamento entre os membros da comunidade paroquial. 
Sim, uma nova forma que leve a que quando nos sentamos na igreja para celebrar, sintamos que não estamos ao lado de um estranho, mas sim de um irmão em Cristo, de alguém que faz parte da grande família de Deus e que, portanto, nos ama e que nós amamos também. 

«Amai-vos uns aos outros, como Eu vos amei», disse Jesus, e é esse amor que precisamos viver, esse amor que era visível nas primeiras comunidades cristãs em que todos partilhavam os seus dons, de modo a que nada faltasse a ninguém, desde o material, ao espiritual, ao acompanhamento solidário, não só aqueles que são connosco Igreja, mas também aos que ainda não encontraram Deus, (ou não se deixaram encontrar), e que ao verem o testemunho da comunidade a ela queiram pertencer por perceberem que é em Cristo que encontramos amor, fé, confiança, esperança. 

Difícil? 
Claro que é difícil, claro que dá trabalho, claro que exige de nós uma nova visão, uma nova maneira de viver a fé, mais empenhada, mais amorosa, mais entregue, mais comunhão, mais nós e menos eu. 

As primeiras comunidades conseguiram fazê-lo, pois abriam-se permanentemente ao Espírito Santo, que continuamente invocavam e Lhe pediam discernimento. 

Mas o Espírito Santo não é o mesmo agora? 
Acaso o Espírito Santo deixou de assistir à Igreja e àqueles que O procuram? 

Então confiemos, não apenas nas capacidades dos nossos pastores e nas nossas próprias capacidades, mas demos de nós tudo o que nos é dado por Deus, pedindo ao Espírito Santo que, no amor do Pai, nos guie continuamente ao encontro de Jesus Cristo que terá de ser sempre o centro de toda a renovação da Igreja comunidade paroquial. 

Assim, festejaremos em 8 de Dezembro os 50 anos, na igreja nova, mas sendo Igreja, (Comunidade Paroquial), permanentemente renovada no amor de Deus. 



Marinha Grande, 6 de Setembro de 2021 
Joaquim Mexia Alves 
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A fotografia é a "imagem de capa" da página do Facebook da Paróquia da Marinha Grande

quinta-feira, 2 de setembro de 2021

DIÁLOGOS COM O SENHOR DEUS (21)

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«Senhor, afasta-Te de mim, que sou um homem pecador». 
«Não temas. Daqui em diante serás pescador de homens». 


Como pode ser isso possível, Senhor, se apesar de “pescado” ainda me debato tanto na tua “rede”, tentando libertar-me? 
Meu filho, é normal que te debatas em busca da liberdade, porque ainda não percebeste verdadeiramente que é na minha “rede” que és totalmente livre. 


Mas é uma “rede”, Senhor, e as redes prendem?
Repara que é uma “rede” que não prende. A “rede” que te prende e em que te debates és tu mesmo, que ainda não confias verdadeira e totalmente em Mim. 


De que é feita a tua “rede”, Senhor? 
A minha “rede” é feita só de amor e como sabes, quando o experimentas, o verdadeiro amor, o amor que te tenho e a todos vós, não tem prisões, não tem barreiras, é completamente livre, porque é todo doação e recepção. 


Oh, Senhor, percebo e quero viver intensamente na liberdade da tua “rede” de amor, mas «pescador de homens», eu? Pobre de mim! 
Sabes, meu filho, para ser «pescador de homens» não é preciso saber pescar! É preciso apenas saber amar! 


Mas é tão fraco o meu amar, Senhor! 
Quando te chamo a ser “pescador de homens”, como chamo a todos, Eu dou-te tudo o que precisas, sobretudo o amor. Mostra, testemunha o meu amor nas “águas da vida”, leva a “barca da tua vida” onde Eu te conduzir, toca e deixa-te tocar, sente e faz sentir, sorri e recebe os sorrisos, abraça e deixa-te abraçar, beija e deixa-te beijar, ama e deixa-te amar, e Eu me encarregarei do resto da “pesca”. 


E, Senhor, como posso eu saber se sou bom «pescador de homens»? 
Não te preocupes com isso. Faz-te apenas “ao largo” lança a “rede do Meu amor”, e Eu atrairei a Mim aqueles que quero pescar. Não precisas saber do resultado da tua “pesca”, não te vás tu orgulhar. Basta-te saber que Eu estou contigo a “pescar”! 


Obrigado, Senhor, por quereres que eu seja “pescador do Teu amor”! 
A todos Eu chamo, meu filho, a serem “pescadores do Meu amor”, de tal modo que o “pescado” é “pescador” e o amado é também o amor! 




Monte Real, 2 de Setembro de 2021 
Joaquim Mexia Alves