segunda-feira, 31 de março de 2025

QUARESMA 2025 VIII

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Na Tua presença, Senhor, vem ao meu coração uma palavra: obediência.

Reflicto e percebo que tantas vezes não obedeço ao que tu me dizes pela voz da Igreja.

Tudo aquilo que não me agrada, que não faz parte do que eu penso, tantas vezes critico e rejeito no meu dia a dia.

Percebo agora, Senhor, a minha presunção de julgar que sei melhor a Tua vontade para a Igreja, do que a própria Igreja.

Pobre de mim, pecador, convencido de uma qualquer auto-suficiência.

Curiosamente ou não, a palavra obediência, vem acompanhada no meu coração pela palavra amor.

Obedecer por amor!

Foi o que Tu fizeste, Senhor, quando obedeceste à vontade do Pai e desta vida por nós!

Que graças sem fim foram derramadas nos nossos corações por essa obediência feita amor, o por esse amor feito obediência.

Como pois quero amar, ou dizer que Te amo, se não Te ouvir quando me falas pela voz da Igreja e a Ela não obedeço?

E se não obedeço à Igreja, como posso ser Igreja, como posso ser comunhão com os outros, como posso eu ser pedra viva que constrói a Tua Igreja?

Eu sei, Senhor, que obedeço na maior parte do tempo a tudo o que a Igreja me diz, mas a verdade é que muitas vezes me rebelo contra aquilo que não entendo ou não quero entender.

Afinal, Tu «fazes novas todas as coisas», e tantas vezes eu sou avesso às coisas novas.

Quem sou eu para julgar que sei mais, que não preciso obedecer, e se não obedeço, é porque ainda não sei amar como Tu queres que eu ame.

Abre o meu coração, Senhor, à humildade, para que obedecendo, ame, e para que amando, obedeça.

Para Tua glória, Senhor, para Tua glória, sempre.





Garcia, 27 de Março de 2025
Joaquim Mexia Alves
(escritos em adoração)

quinta-feira, 27 de março de 2025

QUARESMA 2025 VII

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Frente a Ti, Senhor, em adoração, pergunto-me como está a minha confiança em Ti.

É tão fácil dizer da “boca para fora” que confio em Ti e que em tudo aceito a Tua vontade.

Mas a verdade, Senhor, é que quando tudo corre bem, essa confiança em Ti é mais uma constatação do óbvio, do que o reconhecimento que Tu me dás a mão e me levas a viver esses momentos.

Talvez por isso, Senhor, peço-Te tanto e tão pouco Te agradeço.

Reconheço que as minhas orações deveriam ser mais de louvor e agradecimento do que orações de petição e de lamento.

E onde está a minha confiança em Ti, Senhor, quando a vida não me corre como eu desejo ou quando as provações e dificuldades acontecem?

Esta confiança de que falo, Senhor, não é confiar que me livras das provações e dificuldades, mas sim a confiança de crer firmemente que estás comigo, me dás a mão, e me ajudas a ultrapassar e a vencer os maus momentos.

A confiança que devo ter em Ti, Senhor, é acreditar que estás comigo e me dás as “ferramentas” necessárias para eu vencer as provações da vida sejam elas quais forem.

É a confiança que assenta no amor, no Teu amor, confiar que amando-me como Tu amas, com amor infinito, nada me faltará do que for realmente importante para a vida que me deste.

Mas soçobro tantas vezes, Senhor!
Tantas vezes me pergunto, perante as dificuldades, onde estás Tu, se me esqueceste e abandonaste.

Perdoa, Senhor, esta minha pobre fé e ajuda-me, ensina-me a acreditar que estás sempre comigo e nunca me abandonas.

Faz-me perceber que Tu queres que eu faça a minha parte, e não apenas esperar que Tu tudo faças.

Ajuda, Senhor, a minha fé.
Ajuda, Senhor, a minha confiança.
Ajuda, Senhor, a minha esperança.
Que seja sempre feita apenas e só a Tua vontade.




Garcia, 24 de Março de 2025
Joaquim Mexia Alves
(escritos em adoração)

segunda-feira, 24 de março de 2025

QUARESMA 2025 VI

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Mais uma vez aqui junto a Ti, Senhor, olhando para Ti, recebendo de Ti, tentando deixar-me conduzir pelo Espírito Santo, para estar Contigo no amor do Pai.

Hoje reflito sobre as minhas distrações na oração.
Tantas vezes, Senhor, que quero rezar, mesmo nestes momentos de adoração, e a minha mente divaga por coisas que acontecem, coisas que desejo, coisas que vejo, enfim, coisas do mundo.

Quero concentrar-me em Ti, na oração, mas passados uns breves momentos iniciais, os meus pensamentos distraem-me de Ti e tornam a minha oração mais “mecânica” do que vivida.

Senhor, como posso eu controlar estas distrações que irrompem permanentemente em mim?

Parece que ainda são maiores, mais frequentes, quando quero estar Contigo mais intimamente, quando quero entregar-me à oração.

Sabes, Senhor, que a minha vontade é estar Contigo, escutar-Te no meu coração, fazer a Tua vontade e, no entanto, todos estes pensamentos têm muito mais a ver com a minha vontade, e com tantas coisas que cruzam a minha vida.

Eu sei, Senhor, eu acredito, que Tu lês a intenção do meu coração, e só isso me deveria bastar para confiar que recebes com amor, todo o pouco que Te dou de mim.

E se essas distrações se transformassem em razão de oração?
Se essas distrações, esses pensamentos, que são no fundo aquilo que vivo ou julgo querer viver, fossem razão para eu discernir em oração a Tua vontade sobre tudo isso na minha vida?

Então talvez essas distrações passassem a ser também um modo de Te escutar e tentar perceber a Tua vontade para mim.

E mesmo que sejam distrações diferentes, como ruídos, chuva ou vento ou tantas coisas mais que me podem distrair, então louvar-Te por elas e fazer delas um motivo para Te agradecer tudo o que me mostras e fazes em mim e por mim.

Perdoa, Senhor, as minhas distrações e pensamentos, e recebe-as amorosamente com as pequenas ou grandes fraquezas que tenho, mas quero corrigir segundo a Tua vontade.

Sempre para Te adorar, louvar e amar acima de tudo, Senhor.




Garcia, 20 de Março de 2025
Joaquim Mexia Alves
(escritos em adoração)

quinta-feira, 20 de março de 2025

QUARESMA 2025 V

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Diante de ti, Senhor, leio e medito no Evangelho de hoje, luz em mais este dia de caminhada Quaresmal.

Oh, Senhor, o que seria de mim se me julgasses com a severidade com que tantas vezes eu julgo os outros?
Se me condenasse como tantas vezes condeno os outros?
Se não me perdoasses ou fosses lento a perdoar, como tantas vezes eu faço com os outros?

E afinal quem sou eu, Senhor, para julgar os outros, para condenar os seus actos, quando tantas e tantas vezes caio nos mesmos erros e fraquezas?

Tantas vezes deixo os meus pensamentos criticarem meu irmão, julgarem as suas atitudes, sem ter em conta que eu sou tão pecador como ele ou até talvez mais do que ele.

E, no entanto, quanto erro corro para Ti, ansioso pelo Teu perdão, desejoso que não me julgues com severidade, sabendo eu, acreditando eu, que a Tua misericórdia é sempre maior que o meu pecado, quando dele me arrependo.

Como posso eu ter um coração duro e fechado ao outro, se digo que Te amo, a Ti, que a todos amas sem exceção, nem acepção.

Pobre de mim que nem reconheço as minhas fraquezas, os meus julgamentos errados, as minhas faltas tantas vezes repetidas.

Ajuda-me, Senhor, a olhar os outros com o Teu olhar de misericórdia.
Ensina-me a ver em mim os erros que aponto aos outros.
Leva-me, Senhor, a perdoar como Tu me perdoas

Nas Tuas mãos entrego o meu querer, o meu ser, o meu viver.

Não me julgues com severidade, Senhor, nem uses a medida que eu tantas vezes uso com os outros.

Em vez disso abre o meu coração, Senhor, para pesar sempre primeiro as minhas faltas e, reconhecendo-me pecador, ter sempre um olhar de compaixão para com os outros que cruzam a minha vida.

Abre o meu coração, Senhor, e habita nele, para que sejas Tu e apenas Tu, o pulsar do amor que me dá vida.






Garcia, 17 de Março de 2025
Joaquim Mexia Alves
(escritos em adoração)

segunda-feira, 17 de março de 2025

QUARESMA 2025 IV

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Defronto-me agora, Senhor, frente a Ti, e nesta caminhada quaresmal pelo deserto Contigo, com a “pedra” da rotina.

Eu sei, Senhor, que para mim fraco e inconstante, a rotina é importante, para que sempre me lembre de estar Contigo, de rezar, celebrar, louvar, adorar e bendizer.

Mas a verdade, Senhor, é que, por vezes, as minhas orações diárias são mais ditas do que rezadas, são mais um hábito do que um amor por Ti, são mais uma, diria, vã repetição do que um estar ligado a Ti em oração.

E quando assim é, Senhor, reconheço que afinal estou apenas a “papaguear” palavras que o meu coração não acompanha.

Quase como um medo de que se o não fizesse, algo de mal poderia acontecer.

E Tu, Senhor, lês sempre os nossos corações, e por isso percebes bem que, nesses momentos, o meu coração está “frio” de Ti, por causa das orações que se tornam apenas rotineiras, ou seja, sem chama, nem sentido.

Reconheço, Senhor, esta minha fraqueza, fruto com certeza de algum comodismo, de alguma preguiça espiritual, não me entregando verdadeiramente ao desejo, à vontade, de estar Contigo em oração em cada momento da vida que me deste.

Perdoa, Senhor, a minha rotina, quando ela não me leva a Ti, e se torna apenas num cumprir de um hábito sem calor, sem amor, sem entrega.

Que o Espírito Santo suscite em mim uma oração sempre nova, uma vontade de rezar sempre contínua, um desejo de estar sempre Contigo, para melhor conhecer a Tua vontade e a ela me entregar.

Tu, Senhor, que «renovas todas as coisas», faz também sempre nova a minha oração.





Garcia, 13 de Março de 2025
Joaquim Mexia Alves
(escritos em adoração)

quarta-feira, 12 de março de 2025

QUARESMA 2025 III

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Aqui, Senhor, perante Ti, tropeço nesta pedra desta caminhada no deserto, Contigo.

Já há muito tempo que me chamas a atenção para ela, para essa pedra em que tropeço tantas vezes, a pedra do orgulho, da vaidade, de achar que eu sou alguém importante.

Quando há dias entrei na igreja para participar da Missa, quis ir muito antes, para poder estar Contigo, para poder rezar.

E ali estava eu, para rezar, mas afinal estava atento a quem ali estava, a quem entrava, e cumprimentava toda a gente, fazendo-me visível para todos, para quê e porquê, Senhor?

Na Tua bondade, na Tua compaixão, chamaste-me a atenção para o que afinal eu estava ali a fazer, se a rezar e a estar Contigo, ou a querer ser visto ou qualquer outra coisa parecida.

Envergonhado fechei os olhos, e prometi que só os abriria quando começasse Eucaristia.

Abstraí-me do exterior, entrei mim, e pedi-Te que ficasses comigo e aceitasses a minha pobre oração.

E por esses momentos fiquei ali Contigo, ouvindo o meu coração, rezando, louvando, tentando-me fazer o mais pequeno possível.

Porque me é tão difícil, Senhor, vencer o orgulho, a vaidade, a ânsia de protagonismo?

Eu sei, Senhor, que reconheço vezes sem conta estas minhas fraquezas, mas a verdade é que se as vou vencendo de quando em vez, talvez sejam mais as vezes que nelas caio.

Ah, Senhor, se me desses uma “fórmula”, um modo de me libertar destas fraquezas, que tantas vezes me consomem e envergonham, eu seria bem mais feliz.

Peço-Te, Senhor, tantas vezes, e continuarei sempre a pedir-Te o dom da humildade.

Esta pedra que sempre reconheço em cada dia e agora neste caminho quaresmal, só a poderei “partir” à força de tantas vezes tropeçar e cair nela, por Tua graça, Senhor.

Que o Teu amor, Senhor, que a Tua compaixão, me levantem sempre que nela tropeçar e cair.

Talvez assim seja, Senhor, para que eu perceba que devo estar sempre vigilante, porque sou fraco e pecador e só em Ti posso encontrar a força para me vencer.

Tem compaixão, Senhor, deste pobre pecador que Te dá a mão neste caminho de deserto.





Garcia, 10 de Março de 2025
Joaquim Mexia Alves
(escritos em adoração)

segunda-feira, 10 de março de 2025

QUARESMA 2025 II

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Nestes primeiros passos, deste caminho quaresmal, levado por Ti, Senhor, encontro a minha cruz.

Está pelo chão, porque muitas vezes eu não a coloco aos ombros, para a levar comigo.

E, no entanto, Senhor, Tu dizes-nos que devemos tomar a nossa Cruz para Te seguirmos.

Reflicto, Senhor, que muitas vezes sou mais rápido a querer ajudar os outros a levarem as suas cruzes, do que me apresto a levar a minha.

Talvez, Senhor, ou de certeza, porque reconhecer as cruzes dos outros, ou pensar que as reconheço, ser bem mais fácil do que reconhecer a minha própria cruz.

E nesta reflexão, Senhor, não penso nas tribulações e provações da vida do dia a dia, mas sim nas fraquezas, nos defeitos, nos erros tantas vezes cometidos.

Realmente é tão mais fácil dar conselhos, como quem ajuda os outros a levar a cruz, do que ouvir conselhos ou, se quer, aplicar os conselhos que dou a mim próprio.

Como posso eu querer ajudar outros a levarem as suas cruzes, se deixo a minha pelo chão e não a aceito na minha vida?

Esta cruz em que penso, é a cruz dos meus pecados cometidos, das tais pequenas faltas que repito diariamente e, tantas vezes, não as quero reconhecer ou reconhecendo-as, não faço tudo para as ultrapassar e para as vencer.

Realmente, Senhor, é tão mais fácil ver a cruz dos outros e querer ajudá-los a levá-las, como se isso substituísse a necessidade imperiosa de colocar a minha cruz aos ombros e transportá-la em cada dia da minha vida.

Ajuda-me, Senhor, nesta Quaresma, a reconhecer a minha cruz, a colocá-la sobre os meus ombros e a levá-la com todo o amor, e então sim, poderei ajudar outros a levarem também as suas cruzes.

Ajuda-me, Senhor a encontrar-me verdadeiramente, porque encontrando-me, encontro-Te a Ti em mim.





Garcia, 6 de Março de 2025
Joaquim Mexia Alves
(escritos em adoração)

quarta-feira, 5 de março de 2025

QUARESMA 2025 I

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Leva-me Contigo, Jesus, até ao deserto.

Tu não precisas do deserto, mas eu preciso muito, e preciso da Tua companhia, mais do que da Tua companhia, preciso da Tua ajuda para encontrar as minhas pedras no caminho.

Peço-Te, Jesus, que apenas me dês água, quando levado por Ti, encontrar cada fraqueza que vive em mim, delas tome consciência, me arrependa e tudo faça para as vencer e ultrapassar.

Leva-me, Jesus, dá-me a mão e que o Espírito Santo me mostre aquilo que está escondido em mim, e tantas vezes me leva a afastar-me de Ti.

Aquelas coisas que tenho por hábito chamar pequenas coisas, mas que acabo por repetir tantas vezes em cada dia.

Neste caminho pelo deserto, Jesus, faz-me tropeçar nessas pedras que me fazem cair.

Deixa-me cair, Jesus, e depois, quando eu tomar verdadeira consciência do erro, peço-Te que me dês a mão e me levantes por Teu amor.

Não sei se faço mal, Jesus, mas quero pedir que não me avises antes de encontrar essas pedras, mas que me deixes tropeçar nelas e cair, para que tome verdadeira consciência de como elas são obstáculos da minha vida.

Esta viagem de quarenta dias começa agora, e quero muito, Jesus, em cada momento de queda, ou seja, de reflexão, eu me detenha a pensar no que devo fazer para não cair outra vez, e isso, Jesus, só Tu e o Espírito Santo, podeis fazer em mim, para que a conversão aconteça todos os dias desta caminhada.

Agora já és Tu mesmo, Jesus, que me dizes: Partamos ao encontro de ti, meu filho, para que te possas conhecer melhor e, nesse conhecendo-te melhor, encontres o caminho que Eu te dou.

Sim, Jesus, partamos porque eu quero muito ir.





Garcia, 3 de Março de 2025
Joaquim Mexia Alves
(escritos em adoração)

segunda-feira, 3 de março de 2025

CARNAVAL

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Aproxima-se o Carnaval, um tempo em que muitas pessoas se mascaram, se querem fazer passar por outra coisa que não elas próprias.

Às são vezes sonhos mal sonhados, desejos nunca concretizados, coisas que afinal talvez nem quisessem ser, mas que no Carnaval acabam por assumir, mascarando-se.

Mas a verdade, Senhor, é que muitos de nós andamos mascarados no dia a dia das nossas vidas.

Muitas vezes queremos mostrar aos outros virtudes que não temos, ou que não assumimos, e acabamos por viver algo que não somos nós verdadeiramente, mas a imagem que queremos passar de nós próprios.

Alguém já usou uma expressão como o Carnaval da vida, e realmente, quando nos “mascaramos” do que não somos realmente, vivemos esse “carnaval”.

Mas nós, que nos afirmamos cristãos, mais do que cristãos, queremos ser discípulos de Cristo, não podemos viver “mascarados”, não podemos viver na mentira, mas temos sim que viver como realmente somos, com as nossas virtudes, mas também com os nossos defeitos, lutando sempre para «sermos perfeitos como o Pai é perfeito».

A seguir ao Carnaval, vem o tempo de Quaresma, o tempo ideal para colocarmos as nossas “máscaras” de lado e procurarmos a verdade das nossas vidas.

Não somos “príncipes encantados”, nem sequer “reis” ou “deuses”, ou qualquer outra “máscara” que nos engana, somos sim Teus filhos, Senhor, feitos «à tua imagem e semelhança», para a qual queremos sempre viver, embora, por enquanto, sejamos todos pecadores.

Ajuda-nos, Senhor, nesta Quaresma e sempre, a retirarmos as nossas “máscaras”, e a voltarmos para Ti «em espírito e verdade», para que, vivendo no Teu amor e para o Teu amor, sejamos sempre amor uns para os outros.





Marinha Grande, (escritos em adoração)
Joaquim Mexia Alves