quinta-feira, 22 de abril de 2021

«EU SOU O PÃO VIVO QUE DESCEU DO CÉU.» (Jo 6, 51)

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Prostro-me perante o Pão da Vida.

Que imagem esta, Senhor, tão humilde, tão básica ao alimento do homem: o pão!

Não quiseste dar-Te de outro modo que não fosse por este alimento que vai à mesa dos pobres e dos ricos e porque anseiam todos aqueles que têm fome.

O pão!

Um pouco de farinha, água, fermento, sal, tudo amassado pelas mãos do homem e eis o pão que sacia a fome.

Depois podem-se juntar tantas coisas ao pão, mas nenhuma delas muda a essência do pão, apenas são formas de comer o pão, que é afinal o essencial.

E Tu, Senhor, serviste-te do pão para Te dares a nós inteiramente!

Pelo Mistério Divino transubstancias aquela massa de farinha, água, fermento e sal, amassada pelas mãos do homem, no Teu próprio Corpo e assim Te entregas como alimento que sacia a fome, (não a fome física), mas a fome de vida, a fome de amor, a fome de eternidade.

E podemos nós acrescentar alguma coisa a esse Pão que és Tu, Senhor?

Não, nada!!!

Mas podemos juntar-Lhe a oração, a acção de graças, o amor, a adoração, a entrega a Ti e por Ti aos outros e assim o Pão que Tu és, torna-se vida em nós e vida que permanece em abundância.

Pobre de mim a querer explicar o inexplicável, a querer dizer algo sobre o indizível, a querer amar o próprio amor!

Calo-me, deixo de escrever, baixo a cabeça, fecho os olhos e digo-Te de mansinho, cheio de amor e temor:

Dá-me sempre desse Pão, que és Tu, Senhor!

 

Marinha Grande, 22 de Abril de 2021

Joaquim Mexia Alves

sábado, 17 de abril de 2021

«SOU EU. NÃO TEMAIS.»

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Podem levantar-se ondas
e o vento soprar forte,
a tempestade ser forte,
mas nunca será demais,
porque ouço sempre a Tua voz:
«Sou Eu. Não temais».

Podem vir as tentações,
as dores, dificuldades,
todas as tribulações,
mas nunca será demais,
porque ouço sempre a Tua voz:
«Sou Eu. Não temais».

Podem-me trair,
enganar ,
desiludir,
mas nunca será demais,
porque ouço sempre a Tua voz:
«Sou Eu. Não temais».

Pode vir a tristeza,
a doença,
a incerteza,
mas nunca será demais,
porque ouço sempre a Tua voz:
«Sou Eu. Não temais».

Posso ter a maior dor,
o momento mais escuro,
podem não se ouvir os meus ais,
mas nunca me faltará o amor,
porque ouço sempre a Tua voz:
«Sou Eu. Não temais».



Marinha Grande, 17 de Abril de 2021
Joaquim Mexia Alves

domingo, 4 de abril de 2021

DOMINGO DE PÁSCOA - 2021

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O dia nascera calmo e sereno. Sentia-se no ar uma brisa leve e suave que ao passar de mansinho colocava tudo em movimento, as folhas, as flores, o pó das estradas, a erva, os cabelos das pessoas que passeavam, podia afirmar-se até que era uma brisa semelhante a um sopro de vida, que em tudo o que tocava, fazia viver.

 

Parecia que da terra ou do céu, um odor penetrante, mas macio, inundava a atmosfera e perfumava tudo o que existia.

Os animais, as plantas, as águas, as montanhas, as nuvens, toda a natureza e os seres humanos, pareciam sorrisos abertos, fontes de vida inesgotáveis, oásis de esperança, mares de tranquilidade.

Pairava no ar realmente, uma atmosfera de coisa nova, de alegria, de paz, de expectativa, de existência de vida.

 

De repente e enchendo todo o universo, todas as partes sem excepção, toda a existência, chegou com um fragor imenso, mas calmo e sereno, o Anúncio, como um grito de paz e verdade:

 

RESSUSCITOU O SENHOR, RESSUSCITOU!!!

 

Quedou-se muda de espanto a criação, para logo em seguida, baixando a cabeça e abrindo o sorriso, gritar também dentro de si mesma e para fora:

 

RESSUSCITOU O SENHOR, RESSUSCITOU!!!

 

Ah, que verdade imensa, que mistério de vida, o proscrito, o condenado, o humilhado, o desprezado, o derrotado, o já esquecido, ressuscitara, vencera a morte, vivia novamente para sempre na glória que tudo vencia.

Ah, que derrota profunda para aquele que, convencido que vencera, precipitado nos infernos, percebia que o Ressuscitado estava com aqueles que criara, para sempre.

 

A Carne e o Sangue unidos na vida e oferecidos para sempre, gritavam glória ao Senhor que vencera a morte, ao Senhor do Céu e da Terra, ao que veio para salvar, entregando-Se em obediência.

 

Tudo era novo, nada era como dantes: Os que tinham esperado, subiam agora à visão eterna, os que esperavam, vestiam-se de esperança, os que haviam de esperar, iam nascendo na certeza da Promessa.

 

Como era bom e grande o mundo, abençoado pela vida de Quem derrotara a morte.

A Palavra permanecia, era proclamada todos os dias, guardada nos corações, era a esperança da vida, depois da vida acabada.

 

Oh, que profundo e infinito amor, do Deus que tudo criou, por nós Se entregou e para nós ressuscitava.

Oh, que infinita misericórdia, do Deus tão ofendido, que com um sorriso nos abençoava.

Oh, que infinita bondade, do Deus tão abandonado, que até uma Mãe nos dava.

Oh, que infinita fidelidade, do Deus todos os dias traído, que nunca nos abandonava.

Oh, que infinita esperança, de Deus dono do tempo, que em todo o tempo para sempre, dia a dia nos acompanhava.

Oh, que alegria suprema, que gozo eterno e constante, que fogo sempre a arder, na certeza de saber, que tendo ressuscitado, subido aos Céus e vencido, Jesus Cristo é para sempre, ontem, hoje e amanhã, com o Pai e o Espírito Santo, o nosso Deus Vivo e Verdadeiro.

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MG, 04/04/21

Joaquim Mexia Alves

sábado, 3 de abril de 2021

SÁBADO SANTO - Semana Santa 2021

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Um túmulo, o Corpo, uma esperança, o Salvador!


A pedra cobre a entrada do túmulo, mas não poderá conter a força do Ressuscitado.

Também assim as pedras das nossas vidas não conseguem impedir o amor de Cristo por nós.


Repousa o Corpo, cansado de tanto sofrer, mas a semente da esperança cresce e torna-se certeza quando Ele ressuscitar.

Também em nós se aviva a esperança de que, apesar do nosso morrer, cada um que a Ele se entregue, pode em Cristo renascer.

 

O pecado é destruído, vencido, e ficará para sempre naquele túmulo sepultado. Porque o Corpo Ressuscitado venceu para sempre o pecado.

E nós pecadores, acreditamos então, que se permanecermos nEle, num arrependimento sincero, o pecado é perdoado.

 

O silêncio impera, na serenidade do Seu amor.

Calemo-nos e escutemos, porque o próprio Deus nos fala na Sua entrega por nós.

 

A alegria de Deus já rompe, prenunciando a Ressurreição.

Deixemos que ela nos encha, nos envolva, se faça vida no coração.

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MG, 03/04/21

Joaquim Mexia Alves

sexta-feira, 2 de abril de 2021

SEXTA FEIRA SANTA - Semana Santa 2021

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Olho para a Cruz e percorrem-me sentimentos que tomam conta de mim.

Por um lado, uma tristeza imensa por ver o Salvador cravado naquela Cruz, vilipendiado, insultado, ridicularizado, enfim, uma imagem de derrota que sinto e sei não corresponder à realidade, porque aquela derrota é para sempre uma vitória, pela Ressurreição de Jesus Cristo.

Por outro lado, uma tranquilidade imensa, uma esperança bonançosa, uma paz tão sensível, por saber que o Salvador ali está, porque Se entregou por mim, por todos nós.

Sinto ainda uma vergonha imensa por, também eu, ser causador de toda aquela dor do meu Senhor, mas tranquilizo-me sabendo que Ele perdoa as minhas faltas, e até, que dali, daquela Cruz, pede ao Pai que me perdoe, porque “eu não sei o que faço”.

Nasce em mim um arrependimento duro, sentido, que me leva às lágrimas.

E mesmo na Cruz sinto-O junto a mim, consolando-me e dizendo-me: Não chores, meu filho, é porque te amo!

És Tu que me consolas, Senhor?

Mesmo na Cruz, sofrendo o martírio, preocupas-te comigo?

Tão grande é o teu amor, Senhor!

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MG, 02/04/21

Joaquim Mexia Alves

quinta-feira, 1 de abril de 2021

QUINTA FEIRA SANTA - Semana Santa 2021

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Permite, Senhor, que hoje esteja contigo na Última Ceia. Colocar-me-ei debaixo da tua mesa, como os cachorrinhos à espera de uma migalha que caia. (cf Mt 15, 27-28)

Olhas-me nos olhos e respondes-me: Não, meu filho, levanta-te, porque se me abres a porta, Eu entro e ceio contigo e tu comigo. (cf Ap 3, 20)

Mas, Senhor, eu não sou digno que entres na minha morada! (cf Mt 8, 8)

Não temas, meu filho, porque Eu quero entrar em ti, não dando-te migalhas, mas dando-me inteiramente como alimento divino. (cf Jo 6, 56)

Que se passa, Senhor, que Te diriges a mim e me queres lavar os pés? Como posso eu consentir em tal coisa? Se Pedro não se achava digno, então eu, Senhor, pobre de mim! (cf Jo 13, 3-8)

É preciso que Eu te lave os pés para perceberes bem o que faço e o que digo. Se Eu tos lavo deves também lavar os pés aos outros. Deves entender que seguir-Me é estar pronto a servir e não a ser servido. (cf Jo 13, 13-14; Mt 20, 26-27)

Obrigado, Senhor. Permite então também que Te acompanhe nesta noite, na tua Paixão, libertando-me dos meus medos, pois quero estar a teu lado. (cf Mt 16, 24)

Permito com certeza, meu filho, mas fica a saber que tu vais negar-me e abandonar-me algumas vezes. (cf Mt 26, 31-34)

Ah, Senhor, não tenho dúvidas disso, infelizmente, pois sou fraco e pecador, mas confio na tua misericórdia e no teu perdão. (cf Jo 20, 23)

Quando me negares olhar-te-ei nos olhos, com todo o meu amor. Perceberás então a tua negação e abrir-te-ás ao arrependimento. (cf Lc 22, 61-62)

Obrigado, Senhor. Permite também que me coloque aos pés da cruz, com tua Mãe, para Te adorar em silêncio. (cf Jo 19, 26)

Sim, meu filho, e mais do que isso dar-te-ei a ti, a todos vós, minha Mãe como Mãe, e a todos vós como filhos, a minha Mãe. (cf Jo 19, 26-27)

Permite ainda, Senhor, que acompanhe José de Arimateia e as mulheres que Te seguiam até ao túmulo onde vais ser depositado e acende em mim a fé e a esperança firme na tua Ressurreição. (cf Lc 23, 50-55)

Podes fazê-lo, meu filho, e Eu espero-te no primeiro dia da semana, para que quando regressares ao túmulo nesse dia, a tua esperança se torne realidade, e acreditando na minha Ressurreição, tenhas a vida eterna. (cf Lc 24, 1-6)


Em silêncio sigo-Te, Senhor, consciente da fragilidade da minha fé, mas confiando na tua misericórdia, no teu infinito amor, esse amor com que Te dás em Alimento e Te entregas na Cruz, por mim e por todos nós.

Glória a Ti, Senhor, pelos séculos dos séculos sem fim!

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Marinha Grande, 1 de Abril de 2021

Joaquim Mexia Alves