segunda-feira, 25 de abril de 2016

DIÁLOGOS COM O SENHOR DEUS (11)

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- Senhor, fazei que eu veja!

- Meu filho, tu já vês!

- Eu sei, Senhor, mas era a Ti que eu queria ver melhor.

- Mas para isso precisas de acreditar.

- Senhor, faz-me acreditar!

- Meu filho, tu já acreditas!

- Eu sei, Senhor, mas queria acreditar melhor.

- Para acreditares melhor, precisas de ver mais!

- Senhor, não brinques comigo!

- É que, meu filho, para Me veres precisas de fechar os olhos!

- Para Te ver preciso de fechar os olhos???

- Sim, meu filho. Para Me veres precisas primeiro fechar os olhos para Me veres no teu
  interior, no teu intimo, na tua vida. Quando assim Me vires, já podes abrir os olhos, porque
  então Me verás nos outros e em todas as coisas. Mas para isso, precisas de acreditar!

- Senhor!!!                                     

- Abandona-te, crê, confia, espera, deixa-te conduzir, e o Meu Espírito te fará acreditar para
  que possas ver melhor, e te fará ver para que possas acreditar mais!

- Meu Senhor e meu Deus!



Marinha Grande, 25 de Abril de 2016
Joaquim Mexia Alves
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sexta-feira, 15 de abril de 2016

AMAR!

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Amar
é acreditar,
é um não descrer,
que tudo é sempre possível
no dar,
e no receber.

Amar
é ser paciente,
no amor impaciente,
de quem se dá,
a um, ao outro,
a toda a gente.

Amar
é perdoar,
é esquecer,
porque nunca querer declinar,
o verbo ofender.

Amar
é deixar a sua vontade,
procurando a vontade do outro,
entregando-se,
totalmente,
para juntos encontrarem,
a perene felicidade.

Amar
é ser esperança,
que tudo crê e tudo espera,
é viver na confiança,
de que quem ama,
não desespera.

Amar
é fazer da alegria
a mais permanente certeza,
de que quem ama,
amando,
na ausência,
não tem tristeza.


Amar
é estar sempre ali
é um pôr-se a jeito,
é satisfazer
e também ser satisfeito.

Amar
é ser nada para si,
sendo tudo para os outros,
sendo tudo para os seus.

É ser sempre assim,
um pouco…
como Deus!


Marinha Grande, 15 de Abril de 2016
Joaquim Mexia Alves
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terça-feira, 5 de abril de 2016

«VIMOS O SENHOR!»

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Tinham combinado encontrar-se os três amigos, pois já não se viam há algum tempo.

Quando Tomé chegou perto do local do encontro, reparou ainda à distância, que os seus dois amigos estavam envolvidos numa conversa acesa, sentados a uma mesa da esplanada do café, mas sobretudo reparou na alegria e no entusiasmo com que falavam e se olhavam.
Não se lembrava nada deles serem assim, (aliás o Pedro era até um pouco taciturno, embora o João fosse mais aberto e simpático), por isso perguntava-se o que teria acontecido na vida daqueles dois para todo aquele entusiasmo, para toda aquela demonstração de vida?
Aproximou-se deles, abraçaram-se como velhos amigos que eram e perguntou num repente:
O que é vos aconteceu, que me parecem diferentes, mais animados, mais vivos, se assim posso dizer?

Eles olharam para ele e disseram a sorrir: «Vimos o Senhor!»

Olhou para eles, espantado, e perguntou: Referem-se ao Senhor, Senhor? Àquele que nos foi ensinado na catequese e há muito tempo que não pensamos nEle?

Eles responderam com um sorriso provocador: Sim, Esse mesmo!

Estão a gozar comigo ou quê? Há que tempos que não ligamos a essas coisas! – respondeu ele.

Responderam-lhe com uma convicção que não lhes conhecia antes: Isso é verdade, mas há uns tempos atrás, por causa de uma doença de um amigo nosso que estava a ficar cego, lembramo-nos dEle, com outras pessoas começámos a rezar, e com tudo isso aproximamo-nos dEle e Ele de nós e tudo mudou nas nossas vidas.

Tomé insistiu: E o que é que isso tem a ver com essa frase «Vimos o Senhor!»?

Muito simples - responderam eles - é que esse amigo nosso dois dias depois de receber os últimos exames que tinha feito à vista, soube que ia ficar cego no espaço de pouco tempo. Rezámos então mais insistentemente, e um dia, depois de rezarmos por ele com mais outras pessoas pedindo a sua cura se fosse da vontade dEle, ele sentiu uma paz imensa e um calor estranho nos olhos. Quando fez novos exames já nada tinha de mal! Já lá vão vários meses e ele continua a ver cada vez melhor! Ora não nos digas que isto não é «ver o Senhor!»

Olhou para eles, incrédulo, e disse-lhes: Pois eu não acredito nisso e só se vir com os meus olhos acontecer uma cura dessas e puder atestar com exames que alguém ficou curado à minha frente, é que acredito que Ele está connosco.

Conversaram mais um pouco, mas entretanto Tomé teve que se ir embora, pois nesse dia recebia os exames médicos que a sua filha tinha feito, e que muito o preocupavam.
Quando se afastava, ainda ouviu Pedro e João dizerem-lhe para rezar pela sua filha e que acreditasse que Ele estava mesmo presente nas vidas de cada um.

Em casa as notícias não podiam ser pior, pois os exames davam como certo que o mal tinha alastrado e o corpo da sua querida filha estava já todo minado por aquela terrível doença.
A hipótese de sobrevivência era nula e o desfecho final deveria acontecer muito rapidamente.

Tomé sentiu-se desfalecer e sem saber o que fazer! Sentiu-se imensamente só!

Passado um momento lembrou-se da última frase dos seus amigos Pedro e João e decidiu voltar-se para Ele, rezando e pedindo a cura da sua filha.
Nesses dias mais próximos uma estranha calma tomou conta dele, mas, embora cada vez rezasse mais e mais intensamente a sua filha piorava cada vez mais.

Um dia ao fim da tarde, junto à cama da sua filha no hospital, veio de repente ao seu pensamento, ao seu coração, uma vontade incrível de ir a uma Missa.
Sabia que havia Missa na capela do hospital nesse fim de tarde e levantando-se foi para a capela.
Por um lado achava tudo aquilo ridículo, sem grande sentido, mas por outro lado sentia que ali devia estar e por isso mesmo concentrou-se na Missa e nas orações que ia fazendo no seu coração.
Quando chegou a altura da Comunhão, e não podendo comungar, ajoelhou-se e rezou intensamente, pedindo a Ele que se fizesse sentir na sua vida e, sobretudo, pedindo-Lhe a cura da sua filha.
Sentiu então uma enorme serenidade e admirado com o que estava a sentir no seu coração, ouviu-se dizer: Seja feita a Tua vontade, Senhor!

Ao chegar ao quarto percebeu que a sua filha estava diferente, e ela própria lhe disse que se sentia muito melhor, que um estranho calor tinha percorrido o seu corpo e ela se sentia agora muito bem.

Chamou o médico e pediu, insistiu, reclamou por novos exames que foram feitos de seguida.
Esperou um tempo interminável, de mão dada com a filha, que alguém lhes viesse dizer os resultados dos exames que tão ansiosamente esperavam.

Passadas largas horas, o médico entrou no quarto e olhou para os dois com um olhar estranho, um olhar de admiração, e disse-lhes: Os exames estão todos bem! A doença desapareceu e eu não sei explicar porquê!

Tomé olhou o médico, olhou a filha, e apenas pode dizer: «Meu Senhor e meu Deus!»


Marinha Grande, 5 de Abril de 2016
Joaquim Mexia Alves
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sábado, 2 de abril de 2016

SEGUNDO A TUA PALAVRA!

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Duvidamos tantas vezes da presença de Jesus Cristo, de Deus, nas nossas vidas.

Mas é curioso que quando nos entregamos, (ou fazemos tudo para nos entregarmos), nas Suas mãos e à Sua vontade, Ele irrompe nas nossas vidas, (sem pressões ou exigências), mas levando-nos a perceber a Sua presença em todos os momentos das nossas vidas, até mesmo naqueles em que nos escondemos ou afastamos dEle para fazermos a nossa vontade.

Mas Ele não faz isso para nos coibir de fazer a nossa vontade, mas para nos colocar perante as nossas decisões, lembrando-nos de que, muito melhor do que nós, Ele sabe o que precisamos e é bom para cada um de nós.

E é nesses momentos que, ou O ouvimos e aceitamos, ou nos achamos capacitados para saber o que é melhor para nós, e, fechando-nos à Sua presença, caminhamos sozinhos, sem deixarmos que o Espírito Santo nos guie e ilumine o caminho.

Não precisamos, agora, de nos debruçarmos sobre o que acontece quando achamos que a nossa vontade é mais “certa” que a de Deus, mas será bem melhor percebermos como perdemos esses momentos em que Ele se faz presença em nós, e nos fazemos indiferentes a Ele.

Acreditamos, batemos com a mão no peito, rezamos e pedimos, mas quando Ele nos diz que não façamos aquele caminho, não tomemos aquela decisão, não O ouvimos e colocamos em causa a Sua própria existência.

Porque se acreditamos que Deus existe e é Deus, como podemos nós pensar que sabemos melhor do que Ele, o que é o melhor caminho para nós!

E depois dizemos admirados que Ele não fala connosco, que não nos guia, que parece que desapareceu da nossa vida e nos abandonou!

E a que propósito vem toda esta reflexão?

É que há pouco, há minutos atrás, estava para ali a dizer coisas entre conversas de família, e senti que Ele me dizia: «Eu estou aqui!»

Realmente, Tu, Senhor, por vezes tens uma maneira de Te fazer presente de tal modo, que só podemos dizer como a Tua Mãe: «Faça-se em mim segundo a tua palavra!»


Marinha Grande, 2 de Abril de 2016
Joaquim Mexia Alves
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