terça-feira, 31 de maio de 2022

O PASSARITO

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O passarito tinha ficado preso no intervalo ajardinado em frente da janela do meu escritório nas termas.
As paredes são altas e o passarito ainda novo não tinha forças para voar tão alto.
Tentou vários voos, mas infelizmente não conseguiu altura suficiente para sair do “buraco” em que tinha caído.
Lançava chilreios desesperados e os seus pais já lhe tinham vindo fazer companhia, mas não conseguiram tirá-lo da situação em que o pobre passarito se tinha metido.

Decidi que tinha chegado o momento de ir ajudar o pobrezito a sair daquela situação agarrando-o e colocando-o na rua de onde pudesse voar para o ninho.
Fui abrir a porta que dava para o “buraco” ajardinado, mas o passarito num derradeiro esforço conseguiu levantar e chegar à berma do alto da parede.
Ouço agora os seus chilreios, mas já são de alegria, os dele e todos os outros que se lhe juntaram.

E ao acabar de escrever tudo isto que agora se passou à minha frente, apenas vem ao meu coração um versículo bíblico: «Mas tínhamos de fazer uma festa e alegrar-nos, porque este teu irmão estava morto e reviveu; estava perdido e foi encontrado.» Lc 15, 32

Quantas vezes não estamos nós em situações em que nos deixámos cair e nos parece que delas não conseguimos sair?
Vêm outros e tentam ajudar-nos, mas nós ainda não encontrámos forças para sairmos daquela situação.
É que há situações em que por culpa nossa caímos, mas que por muito que nos que nos queiram ajudar e ajudem, o último esforço tem que ser nosso, da nossa vontade, para conseguirmos vencer a situação.

E estamos sós nessa luta derradeira para vencer esse momento?
Claro que não!
Deus está connosco e o amor do Pai e do Filho derramam o Espírito Santo em nós, que nos dá forças e asas de confiança e esperança, para voarmos em liberdade.

É muito bom e gratificante ver em tudo a mão de Deus!




Monte Real, 31 de Maio de 2022
Joaquim Mexia Alves

terça-feira, 24 de maio de 2022

A MORTE NO AMOR

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Olho a inevitabilidade da morte, sobretudo quando acontece nos mais novos do que eu, e fico a pensar que, realmente, só permanecendo em Cristo a morte tem sentido.

Claro que este sentido da morte é muito difícil, diria quase impossível de perceber aos que ficam por cá e sentem e choram a ausência dos que partiram, mas se a mais nada nos podemos “agarrar”, temos, no entanto, a certeza de que permanecendo em Cristo como Ele vivemos para sempre.

E isso mitiga a nossa dor, o nosso sofrimento?
Talvez não, porque nos é quase impossível suportar a ausência dos que amamos.

Mas eles, os que partiram permanecendo em Cristo, gosto de os ver, de os sentir como Jesus Cristo dizendo: «Se assim não fosse, como teria dito Eu que vos vou preparar um lugar?» Jo 14, 2

Não podemos saber os mistérios de Deus, mas sabemos pela fé que em tudo Ele quer apenas e só o nosso bem, a nossa salvação, e que mesmo aquilo que nos é, por vezes, quase insuportável de viver, acaba por se tornar num bem maior que conheceremos um dia, se nEle permanecermos e nEle morrermos para viver eternamente.

O amor não morre, nunca morre o verdadeiro amor e, por isso, quem vive no amor, não morre naqueles que o amam, porque o amor verdadeiro é Deus e vem de Deus e quem permanece em Deus vive no amor que se faz presente eternamente nos que estão em Deus e nos que esperam para estar em Deus na plenitude do amor.

«À ida vão a chorar … no regresso cantam de alegria» Sl 126




Monte Real, 24 de Maio de 2022
Joaquim Mexia Alves

sexta-feira, 13 de maio de 2022

DEIXAR-SE TOCAR PELO ESPÍRITO SANTO

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Não sei como se faz para tal acontecer.
Sei que é um desejo profundo que nasce dentro de nós e que nos abre à Sua presença.
É Ele, o Espírito Santo, que desperta em nós esse desejo profundo.

E então há momentos em que tudo desaparece!

Ficamos sozinhos, assim no meio dos Três, do Pai, do Filho e do Espírito Santo e tudo se transforma.
Uma alegria imensa e uma serenidade suave tomam conta de nós e tudo nos parece mais belo, mais colorido, mais vivo!
O mundo está à nossa volta, temos consciência disso, mas não nos confunde, não nos tenta, não nos incomoda, porque o momento é todo dEle.

Sentimo-nos amados, mas com um amor que não tem fim, que não tem palavras, que não tem dimensão.
Vai para além do compreensível, mas compreende-se inteiramente no momento que nos envolve.

Não vemos os outros, mas sabemos que estão à nossa volta, uns mais perto e outros mais longe, e esse amor que nos atinge faz-nos amá-los naquele momento mais do que a nós próprios, de tal modo que até nos oferecemos por eles.

É o momento em que somos um pouco divinos, não porque o sejamos, mas porque Ele nos concede a graça de sê-lo no amor que em nós derrama, para O amarmos acima de todas as coisas e nEle amarmos os outros como a nós mesmos.

Por vezes, (só percebemos depois), caem lágrimas dos nossos olhos, que são oásis num deserto que então se torna vivo.

Quanto tempo dura o momento?
Não sei!
Sei que me deixo perder nesse momento, que embora dure apenas uns instantes, vive-se como uma eternidade.

E quando vêm os tempos de secura, em que Ele está, mas não se sente, lembramo-nos sempre que a seguir “à tempestade vem a bonança”, e nasce em nós sempre e novamente o desejo profundo da presença do Espírito Santo, que nos mostra o Filho no amor do Pai.

Vem Espírito Santo!



Monte Real, 13 de Maio de 2022
Joaquim Mexia Alves


Nota: Acabado de escrever o texto, lembro-me do 13 de Maio, sorrio e interiormente penso que a nossa Mãe do Céu, em Fátima, vai continuando, ininterruptamente, a pedir o Espírito Santo para cada um de nós, como fez em Pentecostes.

sábado, 7 de maio de 2022

OS NÓMADAS

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Estive hoje na Batalha com o grupo de oração “Os Nómadas”, do qual faço parte, (embora à distância), porque reúnem à quarta feira Centro Paroquial dos Jerónimos, em Lisboa.

Hoje tivemos um encontro/peregrinação na Batalha, com celebração da Missa, com a sempre pronta disponibilidade do meu querido amigo Pe Armindo, que foi o momento alto deste encontro/peregrinação, porque sendo poucos os presentes, pudemos estar à volta do altar durante a consagração e oração eucarística, num tempo de interioridade e intimidade com Jesus Cristo, presente na Eucaristia.

“Os Nómadas” são um grupo de homens de diversas idades, mas todos irmanados na comunhão em Cristo, no amor do Pai, guiados pelo Espírito Santo, com uma profunda devoção mariana.

E é muito bom sentir esta irmandade, esta comunhão, sem receios, nem vergonhas humanas, que levam, por exemplo a, no meio da rua e frente à capelinha da Senhora do Caminho, rezarmos a oração própria deste grupo, e também, no restaurante sentados para almoçar, benzermo-nos e fazermos uma oração de graças por tudo quando Deus nos dá.

E não falámos apenas de religião, e da fé, embora bebamos uns dos outros as experiências e vivências de cada um, mas, tendo no grupo dos Irmãos Nómadas, profundos conhecedores de História, a visita ao Mosteiro de Santa Maria da Vitória, na Batalha, transforma-se em algo vivo, diria, quase presente no espaço e no tempo.

Deus fala-nos de muitos modos e um deles, sem dúvida, é através da História, mostrando-nos os erros e as verdades, que são caminho dos povos, muitas vezes afastando-se infelizmente de Deus, e outras aproximando-se e depositando em Deus a sua confiança e esperança.

As acaloradas discussões, (no bom sentido), são sempre recheadas de amizade e encontro, e onde há união e comunhão, Deus faz-se presente.

Obrigado a todos, porque hoje, sendo perto da “minha porta”, pude estar com os Irmãos Nómadas, e sobretudo, obrigado a Deus por me/nos ter proporcionado este dia de encontro com Ele, que se faz sempre presente nas vidas de cada um.



Marinha Grande, 7 de Maio de 2022
Joaquim Mexia Alves