segunda-feira, 30 de junho de 2014

«E VÓS, QUEM DIZEIS QUE EU SOU?»

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«E vós, quem dizeis que Eu sou?» Mt 16,13

A esta pergunta de Jesus, respondemos nós também: «Tu és o Messias, o Filho de Deus vivo.» Mt 16,16 ?

E, se respondemos assim, porque o fazemos nós?
Porque tal nos foi ensinado pelos nossos pais, na catequese, na Bíblia, nos livros que lemos, no conhecimento que procurámos, na inteligência que nos foi dada, na emoção do coração?

Se assim for, ainda bem, mas é pouco, muito pouco, pois precisaríamos de fazer tal afirmação «porque não foi a carne nem o sangue que no-lo revelou, mas o Pai que está no Céu.» Mt 16,17

Ou seja, essa resposta à pergunta, essa afirmação sobre Jesus Cristo, precisa de vir em primeiro lugar da fé, do acreditar, porque se assim for parte de uma relação pessoal com Deus, de um encontro pessoal com Cristo, de uma entrega ao Espírito Santo que nos revela essa Verdade.

Se assim for, então tudo aquilo que nos foi ensinado pelos nossos pais, na catequese, na Bíblia, nos livros que lemos, no conhecimento que procurámos, na inteligência que nos foi dada, na emoção do coração, se transforma numa vivência diária e coerente da fé, num viver por Cristo, com Cristo e em Cristo.

Então também Jesus Cristo responderá ao coração de cada um: «És feliz, Joaquim, Maria, João, Rita ... filhos de Deus!» Mt 16,17



Marinha Grande, 30 de Junho de 2014
Joaquim Mexia Alves
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quinta-feira, 26 de junho de 2014

DIÁLOGOS COM O DIABO (10)

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Diz ele: Vês, passas a vida a rezar pela paz no mundo e as guerras continuam.

Digo eu: As guerras são feitas pelos homens, não são feitas por Deus.

Diz ele: Pois, mas Ele podia interferir e obrigar os homens a viverem em paz.

Digo eu: Isso de obrigar é mais contigo! Deus criou-nos em liberdade porque nos ama.

Diz ele: Mas essa liberdade faz com que muitos de vós se afastem d’Ele.

Digo eu: Percebo-te! Uma das coisas que muito te irrita é a nossa capacidade de escolha em liberdade. É a tal “imagem e semelhança” de Deus que tanto te incomoda.

Diz ele: Ah, ah, mesmo assim faço cair tantos!

Digo eu: Farás mesmo? A multidão dos que se salvam é incomparavelmente maior do que alguns que se perdem.

Diz ele: Isso julgas tu!

Digo eu: Não julgo, tenho a certeza! É que amor de Deus é incomparavelmente maior do que o teu ódio. Ao rezar pela paz no mundo, rezo por aqueles que morrem, para que tenham tempo de se afastarem do teu ódio e receberem do amor de Deus.


Monte Real, 26 de Junho de 2014
Joaquim Mexia Alves
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terça-feira, 17 de junho de 2014

SER “ANDRÉ”!

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«André, o irmão de Simão Pedro, era um dos dois que ouviram João e seguiram Jesus. Encontrou primeiro o seu irmão Simão, e disse-lhe: «Encontrámos o Messias!» - que quer dizer Cristo. E levou-o até Jesus. Fixando nele o olhar, Jesus disse-lhe: «Tu és Simão, o filho de João. Hás-de chamar-te Cefas» - que significa Pedra.» Jo 1, 40-42

Sempre ouvimos dizer que os primeiros catequistas devem ser os pais, que a primeira catequese tem que ser em casa, que a família deve rezar unida e deve dar testemunho aos vindouros, para que também eles encontrem o Deus que nos chama ao seu amor.

André, alertado por João Baptista seguiu Jesus, e encontrando o seu irmão Simão Pedro, logo lhe deu a Boa Nova e o levou a Jesus.

A frase, simples e concisa, é terna e tocante: «E levou-o até Jesus.»
Não o levou “a” Jesus, mas sim, levou-o ”até” Jesus!

Mostrou-lhe Jesus, fê-lo encontrar-se com Jesus, e, a partir daí, tudo passou a ser entre Jesus e Simão Pedro.
André reconhece o Messias, o Senhor, e é esse acreditar que ele transmite ao seu irmão, levando-o ao encontro d’Aquele que é objecto da sua fé.
A partir daqui, Pedro encontra Jesus, e tendo Jesus fixado nele o seu olhar, Pedro deixa-se conduzir até à missão que Ele há-de colocar sobre os seus ombros!

E nós, que um dia começámos a seguir Jesus, como pais, como irmãos, como parentes, também damos a Boa Nova aos da nossa casa?
Também os levamos até Jesus?
Também testemunhamos com palavras, com actos, com a nossa vida, a nossa fé em Jesus Cristo, Nosso Senhor e Salvador?

Sejamos então, todos e cada um de nós, “André”, para aqueles que se cruzam nas nossas vidas, começando por aqueles que o Senhor nos deu como família.


Monte Real, 17 de Junho de 2014
Joaquim Mexia Alves
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segunda-feira, 9 de junho de 2014

«O AMOR JAMAIS PASSARÁ» 1 Cor 13.8

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Apareceu hoje uma notícia informando que a balaustrada de uma ponte em Paris caiu por causa do peso dos cadeados que lá foram colocando, como “juras de amor eterno”.

Realmente a notícia tem a importância que tem, mas já aquilo que provoca a notícia tem uma enorme importância, pois faz perceber como parece ser errada a concepção que se faz do amor.
Querer simbolizar o amor com um cadeado fechado, do qual se atira a chave fora, é dar uma ideia do amor como de uma prisão da qual não se pode sair, um espaço confinado a dois, um sentimento que tem de ser fechado à chave para poder resistir ao tempo.

Nada mais errado!

O amor deve ser o sentimento mais livre que o homem vive, e ao escrever isto não estou a fazer a apologia do chamado “amor livre”, que nada tem de amor.

Para aqueles que acreditam em Deus, foi Deus quem nos amou primeiro e assim nos ensinou, nos deu a graça, nos concedeu o dom do amor.
Ora o amor de Deus é livre, é inteira doação, que nada exige em troca.
Deus que nos criou, ama-nos de tal maneira, que nos dá total liberdade de O amarmos ou não.

Assim, o amor verdadeiro é totalmente livre, não é um cadeado, uma prisão, não é sequer uma porta fechada à chave, mas sim em todos os momentos, uma porta aberta, porque está aberta ao amor na relação a dois e na relação com os outros.
O amor nunca se completa se não for para além da relação a dois, ou seja, quando se abre ao amor aos filhos, ao amor aos outros, sempre e mesmo quando não haja filhos.

O ritual do Matrimónio, «eu N., recebo-te … a ti N., e prometo ser-te fiel, amar-te e respeitar-te, na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, todos os dias da nossa vida», parte da mais inteira e total liberdade daquele/a que o aceita, comprometendo-se, e se parte da liberdade nunca constitui uma prisão, mas uma liberdade que todos os dias se renova no compromisso assumido.

Só assim o amor é verdadeiro amor, porque é assente na liberdade que constrói o amor.

O amor existe e acontece, não porque a porta está fechada e a chave foi atirada fora e como tal não há maneira de sair, mas sim porque ele se renova todos os dias, «na alegria e na tristeza, na saúde e na doença», no respeito mútuo, porque a liberdade do amor faz dele um sentimento de graça, de dom, mas também da vontade.

O amor não tem “peso”, porque quem ama, ama para além das circunstâncias, ama para além das portas fechadas, ama porque é livre.

Se naquela ponte estivesse o verdadeiro amor, ela nunca cairia, mas antes pelo contrário, seria eterna.
Mas assim, num amor entendido como “prisão”, o peso é insuportável, e a ponte, ou parte dela colapsou, como acabará todo o “amor” que não seja livre no dar e receber, de e a cada um, e aos outros.

«O amor jamais passará.» 1 Cor 13.8


Monte Real, 9 de Junho de 2014
Joaquim Mexia Alves
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sábado, 7 de junho de 2014

OH, VEM, ESPÍRITO SANTO

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Em frente do sacrário, coloco-me de joelhos, junto as mãos, baixo a cabeça, fecho os olhos e penso: Que vou eu dizer a Deus?
Deixo-me estar assim durante um tempo e … nada!
O cérebro não me dá uma ideia, uma frase, um pensamento, nada, rigorosamente nada!
Em silêncio, penso como é possível não ter nada para dizer a Deus.

Algo dentro de mim me diz para começar tudo de novo, ou seja, não me preocupar tanto com a pose em que estou, abandonar-me ao momento, não procurar pensamentos mais ou menos profundos, deixar que o coração fale as palavras que dele querem brotar.

Mansamente, serenamente, os meus lábios abrem-se e de dentro do coração surgem as primeiras palavras: Oh Jesus, eu amo-te!

Parece que se abriu a comporta de um rio e a frase torna-se repetitiva, quase um respirar, compassado, sincopado, repetindo: Oh Jesus, eu amo-te!

À minha volta deixam de estar coisas, deixa de se perceber qualquer movimento, tudo parece concentrar-se agora, apenas e só nesta frase: Oh Jesus, eu amo-te!

Sinto-me envolvido numa imensa paz, abandonado ao cântico mais suave, despojado de tudo, até de mim mesmo, e repito sem cessar: Oh Jesus, eu amo-te!

De dentro de mim vem essa certeza inabalável que me diz ao coração, a todo o meu ser: Que precisas tu de dizer mais a Deus, se não, oh Jesus, eu amo-te!

Parece que uma brisa suave, um tépido calor, um esvoaçar de asas de pomba, um silêncio envolvente, um abraço de amor, me enche e preenche tanto, que eu apenas abro o coração e a boca, e clamo: Obrigado, Espírito Santo!


Marinha Grande, 7 de Junho de 2014
Joaquim Mexia Alves
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