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Sabes, Senhor, não me apetece nada, quero dizer, não quero rezar, não quero olhar-Te, não quero comtemplar-Te, quero apenas ficar assim, com a cabeça entre as mãos, os olhos fechados, sentindo a Tua presença junto de mim, em mim e nos outros.
Para quê dizer palavras agora, se o que sinto e vivo, não é expressável em palavras?
Eu nem sei bem sequer o que sinto, mas uma certeza, uma paz, uma alegria serena, estão comigo e à minha volta, e eu sei, sim eu sei, eu acredito, que é a Tua presença que me faz sentir assim.
Parece que ouço no meu coração as orações daqueles que aqui estão, mas realmente nada ouço, a não ser a música suave, um canto religioso sereno em surdina, que Te vai louvando bem melhor do que eu posso fazer.
Mas é bom, Senhor, tão bom sentir esta paz, esta serenidade que se desprende da Tua presença na Eucaristia.
Parece que o silêncio me fala e vai repetindo baixinho: Ama e deixa-te amar!
Senhor, como sei eu amar, pobre de mim, pecador que sou, frágil e inconstante, que se deixa cair tantas vezes ao percorrer o caminho que Tu me dás.
Não sabes amar, dizes-me Tu, mas Eu dou-te amor e, esse amor que te dou, é para que tu ames sem medida, a Mim e a todos.
E tudo se transforma, pelo menos no fugaz momento em que me deixo tocar pelo Teu amor, e tudo me parece bom e perfeito.
É um pouco de Céu, na réstia do Teu amor, que ouso sentir em mim.
Nem Te quero dar graças, para não perder o momento.
Não que Tu Te vás embora, não, porque Tu nunca Te vais embora, permaneces sempre para mim e para todos os que Te abrem o coração.
Eu é que não consigo entregar-me de tal modo que tudo o mais cesse, que tudo o mais deixe de existir por momentos, e eu seja apenas receptáculo do Teu amor sem fim.
É verdade, Senhor, nada quero fazer, nada quero rezar, por agora, mas apenas sentir que olhas para mim com misericórdia, me enches do Teu perdão, e fazes morada no meu coração.
Garcia, 3 de Dezembro de 2024
Joaquim Mexia Alves
(escritos em adoração)
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