domingo, 26 de abril de 2020

EMAÚS


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E lá íamos nós, o Cléopas e eu, a caminho de casa em Emaús porque pelos vistos a promessa afinal não tinha passado disso mesmo, promessa.
Íamos calados e pesarosos porque a esperança tinha sido grande mas afinal nada tinha acontecido.

Quando aquele sujeito se juntou a nós e começou a fazer perguntas dissemos duas coisas ou três, não fosse o homem ser algum espião ou coisa assim parecida.
Curiosamente o olhar dele, a face sorridentemente calma, a postura de uma total entrega, tranquilizara-nos apesar das perguntas que o homem nos tinha feito, sobre uma coisa tão conhecida que ele nem parecia deste mundo.

Não lhe perguntámos nada mas a certa altura começo a explicar-nos as Escrituras, mas de um tal modo, que parecia mais algo vindo dele, do que da história que já tantas vezes tínhamos ouvido contar.
Parecia algo que não nos entrava pelos ouvidos ou pela cabeça, mas que ia direitinho ao coração.
Curiosamente Emaús parecia cada vez mais longe e a nossa vontade de lá chegar ia diminuindo à medida que o homem nos falava.

Começava a anoitecer e olhando um para o outro perguntávamo-nos como fazer para ele ficar connosco.
Ora uma refeição nunca se nega e por isso logo o convidamos para cear, para ficar connosco.
Estranhamos um pouco o modo amoroso como pegou no pão, mas daquele homem tudo havia a esperar, já o tínhamos percebido!

Então, abençoou o pão com palavras de puro amor e deu-nos a comer.
Quando demos por isso tinha desaparecido, ou melhor já não estava à nossa vista, à vista dos nossos olhos, mas sentiamo-lO profundamente no coração, no nosso todo, na nossa vida!

Exclamámos ao mesmo tempo: É o Senhor!

Nós não O víamos, mas viamo-lO! Estranho! Os nossos olhos abriam-se mas nada viam, enquanto parecia que o nosso coração via melhor que os nossos olhos, pois víamos distintamente o Ressuscitado connosco.

Partamos, partamos, dissemos um ao outro, vamos dizer aos nossos irmãos em Jerusalém que o caminho de Emaús afinal acabou em caminho de promessa cumprida.

Já não interessava a noite, nem o caminho pedregoso, o importante agora era dizer aos ouros que afinal a promessa tinha sido cumprida e que Jesus Cristo tinha Ressucitado!
Depois de dizermos aos outros, que entretanto se alegraram connosco porque também já sabiam da Boa Nova, partimos cada um para o seu lado.

Já ao longe olhámos para trás e gritamos um ao outro: Temos que O anunciar!!! Adeus Cléopas! Adeus Joaquim!!!!

E assim tem sido até hoje pelos caminhos de Emaús!




Marinha Grande, 26 de Abril de 2020
Joaquim Mexia Alves
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Nota: A "culpa" é do Padre Rui Ruivo, Vigário Paroquial da Marinha Grande
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