sábado, 21 de março de 2020

DEUS AUSENTE???


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Lembro-me muitas vezes de uma frase que o meu pároco, Pe Patrício Oliveira costuma contar de uma conversa entre um ateu e um cristão.
Perante a forma como o ateu define Deus o cristão responde-lhe com toda a simplicidade: Pois nesse deus eu também não acredito!

O Deus distante, castigador, vingativo, possessivo, que trata as suas criaturas como escravos, não é com certeza o meu Deus, não é com certeza o Pai, o Filho e o Espírito Santo revelados por Jesus Cristo.

Quando hoje em dia vejo ou ouço pessoas preocupadas, (ou até críticas), porque não há celebração da Missa, ou não se podem confessar, ou não podem comungar, por causa das regras para combater a epidemia, tenho que pensar forçosamente na história com que começo este texto.

Poderia pensar nos milhões que neste mundo acreditam em Deus mas não têm qualquer acesso a um sacerdote, a uma igreja, a uma celebração, e no entanto Deus está com eles, mas isto é tão linear que nem é quase um argumento.

Deus quis mostrar à humanidade a Sua proximidade com ela, dando o Seu próprio Filho em sacrifício na Cruz pela humanidade, por todos aqueles que queiram acreditar no Seu amor na Sua salvação.
Deixou-nos a Eucaristia, os Sacramentos, a Igreja, para nos ajudar a caminhar o Caminho, a Verdade e a Vida.
Mas não nos disse, (que eu saiba), que apenas estaria presente junto de nós e em nós desse modo, mas apenas que estaria connosco até ao fim dos tempos.

Atrevo-me a dizer que Ele está aqui ao meu lado, enquanto escrevo estas palavras e que posso recostar a minha cabeça no Seu ombro e dizer-Lhe com toda a sinceridade: Perdoa-me, Senhor, que eu sou pecador!
Posso mesmo pedir-Lhe que me deixe recebê-lO em comunhão espiritual e Ele entrega-se totalmente e faz me sentir a paz da Sua presença em mim.
E então posso adorá-lO, dar-Lhe graças, louvá-lO e pedir-Lhe o que mais necessitam aqueles que trago no meu coração e, hoje em dia, sobretudo, por esta humanidade.

Passado este período de quarentena regressarei à Eucaristia, aos Sacramentos, à Igreja e Ele responder-me-á seguramente: Aqui estou, como sempre estive contigo, mesmo quando aqui não podias vir.

Será então o tempo de fazer uma Confissão presencial, de receber o Senhor na Eucaristia, de mais uma vez e sempre me reunir em Igreja, com o Papa Francisco, com o “meu” Bispo António, com os “meus” Padres Patrício e Rui e com todos os meus irmãos na fé, numa união de amor querida por Deus, amada por Deus e que é afinal o próprio Deus de amor que está sempre connosco seja onde e como for.

Louvado seja Deus, por estes momentos mais difíceis, mas que podem ser muito ricos em amor e verdade.


Marinha Grande, 21 de Março de 2020
Joaquim Mexia Alves
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2 comentários:

Atlan disse...

Obrigado, abraço!

NUNC COEPI disse...

Estou feliz depois de ler este teu texto. De facto, de um "mal" - o que julgamos ser um "mal" - Deus tira sempre um bem. Está contingência que vivemos, pode, seguramente, ser veículo da nossa santificação.
Um abraço