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Procuro um deserto para a
minha quaresma!
Mas o inimigo em vez me tentar
no deserto, tenta-me antes a querer fugir do deserto!
Pois é, se me deixar envolver
nas minhas coisas, nos meus problemas, na minha saúde periclitante, deixo de
ter tempo para entrar no deserto que me livra de tudo isto e me coloca perante
mim, e mais do que perante mim, perante Deus.
E eu preciso de me colocar
perante Deus!
Preciso olhá-Lo nos olhos,
estender-Lhe a mão, (como um qualquer Pedro a afundar), dizer-Lhe ao ouvido ou
mesmo gritar-Lhe em voz alta: Senhor que queres que eu faça?
Ah, mas preciso também de
estar nesse deserto, liberto dos restos de mim, para ouvir a Sua voz no meu
coração dizer-me: Converte-te e acredita no Evangelho!
E eu lá responderei mais ou menos
convicto, de que sim, que acredito no Evangelho e Ele lá me responderá cheio de
paciência e amor que acreditar no Evangelho é vivê-Lo inteiramente sobretudo
naquilo que me é mais difícil.
E eu hei-de perguntar-Lhe,
cheio de esperteza humana: E, Senhor, o que será o mais difícil para mim?
E Ele há-de responder-me, com
um sorriso de imensa ternura: Precisamente aquilo que não queres mudar em ti!
Marinha Grande, 3 de Março de
2020
Joaquim Mexia Alves
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