segunda-feira, 20 de novembro de 2006

PARA A MINHA MÃE

Se a minha Mãe não tivesse falecido em Fevereiro deste ano, faria hoje 97 anos.


Minha querida Mãe

Fazem hoje 97 anos que o Senhor te colocou no mundo.
Tantos anos se passaram, em que viveste, trabalhaste, aconselhaste, ajudaste e, sobretudo, deste vida a dez filhos.
Sabes Mãe, nunca te tratei por tu, mas hoje nesta carta, quero fazê-lo, porque sabes Mãe, é assim que trato Jesus nas minhas orações, e por isso, ao tratar-te assim, sinto-te mais perto, mais intima, mais amorosa junto de mim.
A nossa relação não foi muito fácil, nem sempre “foram rosas”, mas sabes bem que sempre te amei profundamente, que sempre me orgulhei de ti, da tua força interior, da tua perseverança, da tua entrega à família, do modo como me educaste e a todos nós.
Sei bem, querida Mãe, que também sempre estive no teu coração e agora nestes últimos anos de um modo muito especial.
Foram as tuas orações, Mãe, a tua perseverança, que moveram o meu coração ao encontro do Senhor.
Mais do que a vida humana que me deste, Mãe, a minha gratidão vai para esta vida espiritual, que por força das tuas orações, renasceu no meu coração e em todo o meu ser.
Foi o maior presente, o maior tesouro, a maior prova do teu amor, Mãe, que me deste com a tua oração continua.
Ainda sorrio, Mãe, quando me lembro da tua alegria ao ver-me na Missa, ao leres as coisas que ia escrevendo, ao veres-me procurar cada vez com mais intensidade o amor do “teu” Jesus, do “nosso” Jesus.
Aqueles que lerem esta carta e te tiverem conhecido, sorrirão por a sentirem tão “lamechas”, para uma pessoa como tu, que não mostravas os teus sentimentos profundos com facilidade.
Mas é assim que eu quero que ela seja, “lamechas”, porque agora posso e quero exprimir-me assim.
Nestes últimos anos da tua vida, passaste provações terríveis, e uma parte da culpa pertence-me a mim, que não soube controlar os acontecimentos do mundo no meu trabalho.
Sei querida Mãe, quanto sofreste e, no entanto, nunca te ouvi um queixume, um murmúrio, uma palavra de critica ou de desgosto.
Onde foste tu, Mãe, descobrir essas forças! Sei bem onde e a Quem.
Tudo aceitaste como provações para a purificação da tua vida, e muito entregaste, não tenho dúvidas, pelos teus filhos, netos e bisnetos.
Quando o Senhor te chamou, calmamente, tinhas acabado de rezar o terço. Foi a Sua Mãe Santíssima que Ele te enviou, aquela Mãe de quem tu eras tão devota em Fátima e em toda a tua vida.
E Ela pegou-te ao colo, como uma criança de 96 anos, e levou-te para a eternidade, para a felicidade eterna, junto do Eterno Pai, e para junto do teu marido, meu querido Pai e dos teus dois filhos que te precederam.
“Coitado” de Jesus, estou a ver os quatro de volta dEle, pedindo-Lhe por nós, sem descanso!
Ai Mãe, gosto tanto de te escrever assim, como uma criança!
Esta já vai longa, por isso Mãe despeço-me, pedindo-te que peças por nós todos, (sobretudo pelos doentes, sabes quem são), pelos nossos amigos, pelos nossos inimigos, pelo nosso Portugal, para que a vida continue a ser a prioridade dos Portugueses.
Dá um beijo ao Pai, ao Manuel José e à Belinha e outro muito grande para ti, do teu filho que te ama muito e te pede a benção.

Joaquim

16 comentários:

Andante disse...

Desta forma, Joaquim, a tua mãe bate palmas de contentamento, dança e rodopia incessantemente por receber um tal amor deo sem filho.
Sabes, os que dão mais trabalho são também os que mais cavam fundo no coração...

Rezo contigo.

Beijos peregrinos e andorantes.

PS. Não tenhas medo de parecer piegas e lamechas, porque para uma mãe nunca há pieguices nem lamechices.

joaquim disse...

Obrigado andante.
Tu sabes do que falas, porque és mãe!
Abraço em Cristo

J disse...

Uma carta muito bonita, tenho a certeza que a Sua Mãe a leu com muita felicidade, porque o Seu Amor por ela, é apenas comparavel ao Amor de Cristo pro nós. Que Deus a tenha, no seu colo à sua espera.

Rezo pela sua mãe e por si.

Um grande beijinho

joaquim disse...

obrigado Joana.
Minha mãe era de facto uma mulher excepcional, como todas as mães o são!
Abraço em Cristo

Leonor disse...

Que lindo, tio, que lindo... um beijo

NaSacris disse...

Trazer à memória é uma forma de perpetuar o amor. Uma mãe é sempre mãe, mesmo quando já não está ao nosso lado. Todo o carinho, toda a ternura... sempre presentes, na ausência.

joaquim disse...

Leonor, sobrinha querida, é bom recordar os nossos e termos a certeza de que junto de Deus intercedem por nós.
Um beijo de Cristo em nós

joaquim disse...

Caro Pe Pedro Josefo

Obrigado pelas tuas palavras.
Tocou-me a tua visita!
Abraço em Cristo

Anónimo disse...

Sorrisos do Céu para ti Joaquim. Hoje, mais esses da tua mãe e um daqui, um tanto ou quanto comovido...

:)

joaquim disse...

Obrigado Malu.
Como eu costumo dizer, já tenho quatro santos no Céu!
Abraço em Cristo

Anónimo disse...

Até xorei pai, tá muito bonito!!!
A Avó está felicísima.
pedro

Anónimo disse...

A morte de uma Mãe é sempre uma perca muito grande.
Também já sei o que é isso...
Por vezes desabafo com ela.

joaquim disse...

Obrigado meu filho.
A Avó está feliz por ter um neto como tu.
Beijinhos

joaquim disse...

Obrigado caro "Ver para Crer", pelas tuas palavras.
Desculpa mas não sei o teu nome.
Abraço em Cristo

Anónimo disse...

Joaquim,
Por vezes tenho sonhos em que perco a minha Mãe. Sei como é valiosa a presença de uma na nossa vida. Mas há sempre uma altura para partir.
No entanto, sei que és um Homem com uma Fé muito grande, e que não desanimas com facilidade face a isto.
Envio-te um abraço profundo e comovido, e rego a tua oração por umas razões pessoais minhas.
Um forte abraço em Cristo,
Diogo

joaquim disse...

Obrigado Diogo amigo, pelas tuas palavras e pelas tuas orações.
Abraço em Cristo