segunda-feira, 9 de março de 2020

O RIO DA VIDA


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Sento-me à beira do rio vendo as águas passar.

Imagino que este rio nasce do Lado Aberto de Jesus e que esta água viva que por aqui passa lava com certeza todos os meus pecados.
E assim me deixo ficar olhando as águas que correm, desejando que todas as minhas fraquezas sejam lavadas e purificadas naquelas águas.

Passa o tempo inexorável e eu vou sentindo alguma paz mas longe, mesmo muito longe de me sentir purificado, de me sentir perdoado, de me sentir envolvido totalmente na misericórdia de Deus.

É então que escuto aquela voz suave dizer-me ao coração: Entra na água, entra na corrente, deixa-te levar sem resistências. Não fiques na margem sem nada fazer. Toma a decisão e mergulha completamente na corrente da água.

Temeroso respondo: Mas, Senhor, eu não sou grande nadador! Nem sei onde me levará a corrente. Não bastarão apenas uns salpicos da Tua água para eu me sentir perdoado?

E de novo docemente me respondes: Se ficas na margem é porque estás pronto a voltar atrás, estás pronto a sair de perto desta água viva e assim a tua vontade de arrependimento é pouca.

Não, Senhor, respondo eu, quero ser perdoado, quero arrepender-me, quero não voltar a pecar, mas a corrente é tão impetuosa!

É então que me estendes a mão, (como estendeste a Pedro), e me seguras até eu entrar totalmente na água e deixar-me levar pela corrente.

Ao princípio parece que me vou afogar pois a água entra em golfadas pela minha boca e não me deixa respirar, mas lentamente e inexoravelmente a Tua água torna-se no meu respirar e eu sinto-me amado, perdoado, acarinhado, envolto numa paz inexplicável.

Dizes-me ainda com voz forte e amorosa: Cuidado que há escolhos na corrente, mas se te mantiveres mergulhado totalmente na Minha água, a torrente do Meu amor far-te-á ultrapassar e vencer todas essas dificuldades.

Vem-me então ao pensamento uma ideia que me faz sorrir: Ainda bem que não sei nadar, porque assim são os Teus braços que me sustentam e me levam no rio da minha vida!



Marinha Grande, 9 de Março de 2020
Joaquim Mexia Alves
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1 comentário:

NUNC COEPI disse...

Joaquim:

A tua "conclusão" com que encerras este belo escrito, é paradigmática de um excelente "nadador" que sabe que não é nem tão mau como pensa nem - ainda - tão bom como deseja ser.
Não há outro remédio: "Nadar" e confiar...

Com um abraço do
António