.
.
Sento-me à beira do rio vendo
as águas passar.
Imagino que este rio nasce do
Lado Aberto de Jesus e que esta água viva que por aqui passa lava com certeza todos
os meus pecados.
E assim me deixo ficar olhando
as águas que correm, desejando que todas as minhas fraquezas sejam lavadas e
purificadas naquelas águas.
Passa o tempo inexorável e eu
vou sentindo alguma paz mas longe, mesmo muito longe de me sentir purificado,
de me sentir perdoado, de me sentir envolvido totalmente na misericórdia de Deus.
É então que escuto aquela voz suave
dizer-me ao coração: Entra na água, entra na corrente, deixa-te levar sem
resistências. Não fiques na margem sem nada fazer. Toma a decisão e mergulha
completamente na corrente da água.
Temeroso respondo: Mas,
Senhor, eu não sou grande nadador! Nem sei onde me levará a corrente. Não
bastarão apenas uns salpicos da Tua água para eu me sentir perdoado?
E de novo docemente me
respondes: Se ficas na margem é porque estás pronto a voltar atrás, estás
pronto a sair de perto desta água viva e assim a tua vontade de arrependimento
é pouca.
Não, Senhor, respondo eu,
quero ser perdoado, quero arrepender-me, quero não voltar a pecar, mas a
corrente é tão impetuosa!
É então que me estendes a mão,
(como estendeste a Pedro), e me seguras até eu entrar totalmente na água e
deixar-me levar pela corrente.
Ao princípio parece que me vou
afogar pois a água entra em golfadas pela minha boca e não me deixa respirar,
mas lentamente e inexoravelmente a Tua água torna-se no meu respirar e eu
sinto-me amado, perdoado, acarinhado, envolto numa paz inexplicável.
Dizes-me ainda com voz forte e
amorosa: Cuidado que há escolhos na corrente, mas se te mantiveres mergulhado
totalmente na Minha água, a torrente do Meu amor far-te-á ultrapassar e vencer
todas essas dificuldades.
Vem-me então ao pensamento uma
ideia que me faz sorrir: Ainda bem que não sei nadar, porque assim são os Teus
braços que me sustentam e me levam no rio da minha vida!
Marinha Grande, 9 de Março de
2020
Joaquim Mexia Alves
..
1 comentário:
Joaquim:
A tua "conclusão" com que encerras este belo escrito, é paradigmática de um excelente "nadador" que sabe que não é nem tão mau como pensa nem - ainda - tão bom como deseja ser.
Não há outro remédio: "Nadar" e confiar...
Com um abraço do
António
Enviar um comentário