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Lembro-me muitas vezes de uma
frase que o meu pároco, Pe Patrício Oliveira costuma contar de uma conversa
entre um ateu e um cristão.
Perante a forma como o ateu
define Deus o cristão responde-lhe com toda a simplicidade: Pois nesse deus eu
também não acredito!
O Deus distante, castigador,
vingativo, possessivo, que trata as suas criaturas como escravos, não é com
certeza o meu Deus, não é com certeza o Pai, o Filho e o Espírito Santo
revelados por Jesus Cristo.
Quando hoje em dia vejo ou
ouço pessoas preocupadas, (ou até críticas), porque não há celebração da Missa,
ou não se podem confessar, ou não podem comungar, por causa das regras para
combater a epidemia, tenho que pensar forçosamente na história com que começo
este texto.
Poderia pensar nos milhões que
neste mundo acreditam em Deus mas não têm qualquer acesso a um sacerdote, a uma
igreja, a uma celebração, e no entanto Deus está com eles, mas isto é tão
linear que nem é quase um argumento.
Deus quis mostrar à humanidade
a Sua proximidade com ela, dando o Seu próprio Filho em sacrifício na Cruz pela
humanidade, por todos aqueles que queiram acreditar no Seu amor na Sua salvação.
Deixou-nos a Eucaristia, os
Sacramentos, a Igreja, para nos ajudar a caminhar o Caminho, a Verdade e a Vida.
Mas não nos disse, (que eu
saiba), que apenas estaria presente junto de nós e em nós desse modo, mas
apenas que estaria connosco até ao fim dos tempos.
Atrevo-me a dizer que Ele está
aqui ao meu lado, enquanto escrevo estas palavras e que posso recostar a minha
cabeça no Seu ombro e dizer-Lhe com toda a sinceridade: Perdoa-me, Senhor, que
eu sou pecador!
Posso mesmo pedir-Lhe que me
deixe recebê-lO em comunhão espiritual e Ele entrega-se totalmente e faz me sentir
a paz da Sua presença em mim.
E então posso adorá-lO,
dar-Lhe graças, louvá-lO e pedir-Lhe o que mais necessitam aqueles que trago no
meu coração e, hoje em dia, sobretudo, por esta humanidade.
Passado este período de
quarentena regressarei à Eucaristia, aos Sacramentos, à Igreja e Ele
responder-me-á seguramente: Aqui estou, como sempre estive contigo, mesmo
quando aqui não podias vir.
Será então o tempo de fazer
uma Confissão presencial, de receber o Senhor na Eucaristia, de mais uma vez e
sempre me reunir em Igreja, com o Papa Francisco, com o “meu” Bispo António,
com os “meus” Padres Patrício e Rui e com todos os meus irmãos na fé, numa união
de amor querida por Deus, amada por Deus e que é afinal o próprio Deus de amor
que está sempre connosco seja onde e como for.
Louvado seja Deus, por estes
momentos mais difíceis, mas que podem ser muito ricos em amor e verdade.
Marinha Grande, 21 de Março de
2020
Joaquim Mexia Alves
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2 comentários:
Obrigado, abraço!
Estou feliz depois de ler este teu texto. De facto, de um "mal" - o que julgamos ser um "mal" - Deus tira sempre um bem. Está contingência que vivemos, pode, seguramente, ser veículo da nossa santificação.
Um abraço
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