quinta-feira, 31 de julho de 2025

MOMENTOS DE PURO AMOR

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Ele veio silenciosamente e sentou-se no sofá ao meu lado, na minha sala.

Olhei para o lado e dei com a ternura do Seu olhar, com o sorriso inocente na Sua boca e uma ligeira ironia na Sua face, por causa do meu espanto.

Perguntou-me então: Como estás Joaquim? Está tudo a correr bem?

Deixei-me envolver no momento, não sei se O olhei ou se baixei os meus olhos e respondi: Está tudo a correr bem, Senhor. Mas sabes isso bem melhor do que eu.

Ouvi o Seu riso cristalino e a Sua doce voz que me respondia: Eu sei que está a correr bem. Sabes bem que tenho estado sempre contigo e te acompanho em cada momento.

Senti-me como criança apanhado em qualquer travessura e respondi: Então não sei, Senhor?! E tenho sentido bem a Tua presença.

A conversa continuou animada.

Diz-me lá então como sentes a Minha presença?

Oh, Senhor, de tantas formas! Olha, como Tu muito bem sabes, eu sou um impaciente e pouco dado a obedecer a regras. Pois é sem a dúvida a Tua presença junto de mim e em mim que me tem dado uma paciência que eu não conhecia em mim. Calcula Tu que até a Catarina elogiou a paciência com que tenho vivido estes dias. Mas Tu, repito, sabes isso muito bem.

Sorriu, tocou-me na mão e disse-me: Sabes todas estas coisas, sejam elas quais forem, que vão acontecendo na tua vida, se estiveres Comigo, são sempre fonte de ensinamento para o caminho. Eu vou-te sussurrando ao coração o que deves fazer e, quando Tu assim fazes a Minha vontade, tudo se torna melhor.

Ah, Senhor, como eu sei isso tão bem! Mas mesmo assim, de quando em vez, julgo que sei melhor do que Tu e perco-me no caminho.

Não te preocupes porque Eu estou sempre contigo e mal reconheces isso, dou-te a mão e aperto-te com mais força junto de Mim.

Eu sei, Senhor, pois ainda ontem me visitaste na Comunhão Eucarística que aquele meu querido amigo me quis trazer a casa. É tão bom, alimentar-me de Ti!!!

Levantou-se e fixou-me bem no Seu olhar de amor: Agora descansa que Eu velo por ti.

Queria dizer-Te tantas coisas, Senhor, mas parecem-me tão pouco! Por isso apenas Te digo que Te amo com toda a força do meu ser.

Eu sei, Joaquim, mas Eu ainda te amo mais do que tu a Mim.

Fechei os olhos e deixei-me ficar a gozar o momento.

Já nada me interessava a não ser que Ele estava comigo.






Marinha Grande, 30 de Julho de 2025
Joaquim Mexia Alves

sábado, 26 de julho de 2025

REFLEXÕES NO CAMINHO

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Tal como referi no texto anterior, fui a semana passada submetido a uma cirurgia de urgência à vista direita. por causa de um descolamento da retina.

Correu tudo bem e assim que me senti um pouco melhor. comecei a abrir as pálpebras para tentar ver alguma coisa.

Obviamente o que conseguia ver era tudo muito turvo e totalmente indefinido, apenas a luz difusa do momento.

Passados alguns dias já me era possível ver alguns contornos dos objectos. mas sem qualquer definição nem clareza.

Fui sempre tentando obedecer às indicações médicas que me tinham dado e, sempre que forçava ou não o fazia, havia dor e desconforto.

Passados agora nove dias da cirurgia, já consigo identificar mais ou menos os contornos do quadro da minha sala que tomei como referência, embora ainda muito indefinido, mas esperando e confiando que o conseguirei ver, mais tarde ou mais cedo, se perseverar na recuperação com os necessários cuidados.

E vou rezando por todos os que sofrem e por mim também, claro, e reflectindo em tudo isto.

No nosso caminho para Deus quando O encontramos, ou melhor, nos deixamos encontrar por Ele, há muitas vezes, ao início do caminho, uma ansiedade muito grande de O ver, de O conhecer, mas Ele parece, por vezes, esconder-se e só se mostra aos poucos e nem sempre claramente.

Precisamos seguir as “instruções”, ou seja rezar, ler e meditar a Palavra de Deus em que Ele se revela, abrirmo-nos à comunidade, isto é, sermos Igreja, enfim ,tentar sempre fazer em tudo a Sua vontade.

E quando queremos “encurtar” caminho, ou seja, fazer a nossa vontade em vez da d’Ele, parece que andamos para trás, e sofremos porque parece que perdemos o caminho.

Mas se perseverarmos na oração, na Palavra, nos Sacramentos, no ser Igreja, então Ele vai-se revelando cada vez mais até O podermos ver, isto é, O podermos perceber e sentir a Sua presença em todos os momentos das nossas vidas.

E na procura de Deus é sempre Ele quem se faz encontrado, por isso a nossa confiança é total, porque a esperança é real e bem presente.

Até ao dia em que, por Sua Graça, O veremos em toda a Sua glória e viveremos então para sempre no Seu eterno amor.




Marinha Grande, 26 de Julho de 2025
Joaquim Mexia Alves

sábado, 19 de julho de 2025

OS SINAIS DE DEUS

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Era para ser uma consulta normal de oftalmologia. 

Na quarta feira a caminho de Lisboa, pareceu-me sentir algo diferente na minha vista direita mas não dei importância por já ter alguns problemazitos anteriores que eram, aliás, motivo da consulta.

Na consulta a médica, muito simpática e competente, ( amiga do meu filho mais velho e da minha nora), mandou-me ler com a vista  direita as habituais letras do quadro e foi então que percebi que não via nada daquela vista, estava tudo negro, excepto uma pequena nesga do lado direito que ainda tinha imagem.

O susto foi enorme e feitos os exames competentes logo se chegou ao diagnóstico de um grave descolamento da retina que necessitava de intervenção cirúrgica urgente.

A competência e dedicação da médica foram inexcedíveis e conseguiu que uma sua colega arranjasse tempo para me operar no fim da manhã seguinte.

Assim aconteceu e, para encurtar razões, já me encontro em casa, em repouso prolongado para garantir o bom êxito da operação.

Como em tudo o que me acontece hoje em dia tento sempre ver a presença de Deus e o que Ele me quer dizer no que me vai acontecendo.

Assim escrevo este texto que vai ser o último destes próximos dias.

Os sinais de Deus 

A mão de Deus

Esta consulta já tinha sido adiada por mim.
Se fosse quando estava marcada inicialmente o problema não teria sido detectado.
A mão de Deus guiou-me para o tempo certo e as circunstâncias certas.
Nas coisas de Deus não há coincidências, há “deuscidências”.

Sinal de Deus 

A constatação de que nada via da vista direita, como se fosse uma cortina preta, excepto a pequena nesga do lado direito, levou-me a reflectir que muitas vezes nós colocamos essas “cortinas” na nossa relação com Deus e apenas O queremos ver em pequenas partes das nossas vidas.
Também precisamos de uma “operação espiritual” que remova essas “cortinas” da nossa visão de Deus.

A presença de Deus 

Depois do enorme susto de perceber a perda da visão naquela vista, sobreveio uma grande serenidade, aceitação e entrega à vontade de Deus.
Entreguei tudo por aqueles que podendo ver Deus querem continuar cegos à Sua presença nas suas vidas.
Nas horas que fui passando nos cadeirões e macas, fui invocando o Espírito Santo e servindo-me dos dedos das mãos para ir contando as contas do Rosário, sentindo assim bem viva a Sua presença com Maria nossa Mãe junto de mim.

O amor de Deus 

As médicas, as enfermeiras, auxiliares, administrativos daquele Hospital dos Lusíadas, foram de uma simpatia e dedicação a toda a prova, (e reparei que não era só comigo), e isso foi para mim o amor de Deus a rodear-me.

A minha comunidade paroquial da Marinha Grande com os seus grupos a que pertenço com enormes amizades, as minhas amigas e amigos do Renovamento Carismático Católico, no CHARIS, Pneuma, Comunidade Emanuel também do Alpha com as suas orações, foram também, sem dúvida, sinal visível do amor de Deus para mim. 

O meu “velho” grupo de amigos de Lisboa com o Grupo de Forcados de Montemor e não só, já desde a juventude, com a sua amizade e solidariedade, foram uma expressão muito sentida deste amor de Deus que une os amigos. Um deles até escreveu logo que esperava um texto sobre o “acontecimento”!

Os meus filhos, nora e genro, a minha mulher, a minha irmã e irmãos, a minha família e ligados a ela, com o seu carinho e ternura foram e são sempre a parte mais visível e próxima do amor de Deus na minha vida.

A todos, muito, muito obrigado.
Guardo-vos nas minhas orações
Deus vos abençoe, proteja e guarde sempre.

Realmente o amor de Deus não tem largura nem comprimento, é incomensurável, eterno e manifesta-se das mais variadas formas.

Obrigado meu Deus por tanto que me dás e eu dou-Te tão pouco.


Marinha Grande, 19 de Julho de 2025
Joaquim Mexia Alves

segunda-feira, 14 de julho de 2025

O INVISÍVEL

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Desde há muito tempo que escrevo sobre os sacerdotes, sobretudo sobre a, nem lhe chamo necessidade, mas sim reconhecimento, pela extraordinária entrega que a enorme maioria deles faz da sua vida pelos outros.

Escrevi várias vezes sobre como são tantas vezes menosprezados, criticados, e até às vezes quase considerados culpados dos “males” da Igreja, até pela própria hierarquia que os devia acarinhar, elogiar e, sem dúvida, ajudar a corrigir o seu caminho sacerdotal, a sua missão, mas devendo ter sempre bem presente a sua vida social, que a maior parte das vezes é o menos visível aos olhos dos outros

E este ter sempre presente também a vida social dos sacerdotes não é responsabilidade apenas da hierarquia da Igreja, mas também dos leigos, sobretudo os paroquianos, a quem esses sacerdotes servem, quase sempre colocando de lado a sua própria vida.

Quem vive e trabalha mais de perto com os sacerdotes, especialmente numa comunidade paroquial, percebe com facilidade quantas vezes são tratados como meros “funcionários” administradores de sacramentos, criticados por tudo ou por nada e como o seu feitio, (eles são homens como os outros com feitios diferentes), bom ou mau, é sempre motivo de conversa critica.

Esquecem-se, esquecemo-nos, de que também os sacerdotes têm famílias a que pertencem, e que, muitas vezes, as doenças e outros males também tocam as suas famílias, e que nesses momentos eles precisam tanto como cada um de nós de um ombro amigo, de uma palavra de consolo, e até de uma ajuda qualquer mais especifica.

Vem isto a propósito de diversos textos que li sobre o jovem sacerdote italiano que se suicidou, (a palavra a usar é infelizmente mesmo esta), que prova, digamos assim, que o que está escrito acima é uma realidade bem presente na vida dos sacerdotes, e que muito falta fazer por eles, quer ao nível da hierarquia da Igreja, quer ao nível dos fiéis leigos que usufruem espiritualmente e não só, da sua entrega ao sacerdócio.

Mas infelizmente, (e posso estar enganado), não li em nenhum desses textos algo que me parece muito importante, ou melhor, importante para a vivência da fé cristã que afirmamos professar.

É que, apontando as razões bem verdadeiras para a morte do referido sacerdote, e nada mais dizendo, quase parece “legitimar-se” o suicídio, o que é particularmente grave.

Acredito que alguém que comete tal acto, não estará na posse de todas as suas faculdades de correcto discernimento, mas o acto não deixa de ser algo que a Doutrina da Igreja afirma e bem, ser pecado e pecado grave, porque a vida só a Deus pertence.

Diz-nos o Catecismo da Igreja Católica:
2280. Cada qual é responsável perante Deus pela vida que Ele lhe deu, Deus é o senhor soberano da vida; devemos recebê-la com reconhecimento e preservá-la para sua honra e salvação das nossas almas. Nós somos administradores e não proprietários da vida que Deus nos confiou; não podemos dispor dela.

E mais adiante:
2283. Não se deve desesperar da salvação eterna das pessoas que se suicidaram. Deus pode, por caminhos que só Ele conhece, oferecer-lhes a ocasião de um arrependimento salutar. A Igreja ora pelas pessoas que atentaram contra a própria vida.

E mais não escrevo, porque nada mais há a dizer a não ser que cada um de nós todos devemos ter consciência de que os nossos sacerdotes precisam tanto de nós como nós precisamos deles e, se mais nada pudermos fazer, teremos sempre as nossas orações diárias por eles e por este jovem sacerdote que tanto precisou dos outros e não encontrou o tal “ombro amigo” disponível para ele.

Que o Espírito Santo proteja, ilumine e guie os nossos sacerdotes, e a todos nós também, para que todos possamos ser “ombros amigos” uns para os outros.






Monte Real, 14 de Julho de 2025
Joaquim Mexia Alves

quinta-feira, 10 de julho de 2025

A PAZ

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Dá-nos, Senhor, a paz.

A verdadeira paz, a Tua paz, para este mundo em guerra.

Não queremos a paz do mundo que é feita de acordos, de contratos, de concessões, de vantagens entre os homens, e por isso é sempre uma paz efémera, que à primeira oportunidade é esquecida e posta de lado.

Os homens são frágeis e ambiciosos e, portanto, muitas vezes a paz que procuram é apenas a ausência da guerra, que é uma paz inconstante e débil que a qualquer momento soçobra.

Precisamos, Senhor, queremos a Tua paz, a paz que é amor, que se alicerça no amor e, como tal, é a paz que nunca acaba.

Tu dizes-nos, Senhor, «amai-vos uns aos outros como Eu vos amei», porque sabes bem que só no Teu amor e com o Teu amor, os homens se podem amar como irmãos sem concessões nem vantagens, mas apenas com doação e entrega.

E é essa paz feita realizada e alicerçada no Teu amor que traz verdadeiramente paz aos homens.

Pode parecer utópico, inimaginável até, mas a Ti, Senhor, nada é impossível, e se o Homem, se os homens se deixarem tocar pelo Teu amor e nele quiserem viver, então a paz será uma realidade.

Abre, Senhor, o coração dos homens ao amor, ao Teu amor, para que os homens percebam e sintam que só amando para além de si próprios, podem encontrar a paz, a Tua paz.

Então já «não há judeu nem grego; não há escravo nem livre; não há homem e mulher» (Gl 3,28), mas sim filhos de Deus que se amam com o amor eterno do Pai, revelado no Filho, iluminado pelo Espírito Santo.

Então sim, haverá paz, a Tua paz, Senhor, e o Homem encontrará toda a beleza da vida que Tu lhe quiseste dar.






Garcia, 26 de Junho de 2025
Joaquim Mexia Alves
(escritos em adoração)

terça-feira, 8 de julho de 2025

ADORAR-TE!

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Adorar-Te, Senhor
é sair de mim próprio
abandonar-me inteiramente a Ti
nada pedir
nada desejar
a não ser amar
e adorar.

Adorar-Te é
tocar-Te na fímbria do Teu manto
reconhecendo que Tu tudo podes
e eu nada sou
nem posso ser
sem Ti
em mim.

Adorar-Te é
prostrar-me diante de Ti
perceber que não sou digno sequer de Te fitar
mas ao mesmo tempo reconhecer
que Tu me dás tudo o que eu sou
para em Ti
ser para os outros.

Adorar-Te é
ser assim pequenino
perante a Tua grandeza
deixar-me tocar pela certeza
que o tudo que Tu és
também pode viver em mim
por Tua graça.

Adorar-Te é
nem sequer pensar
no que posso fazer 
ou dizer
para Te adorar
mas deixar que sejas Tu
a colocar em mim
tudo o que eu preciso
para Te adorar.

Adorar-Te é
colocar o meu coração nas Tuas mãos
unir-me à Tua Paixão
deixar-me ser Ressurreição Contigo
porque em adoração
me deixei já morrer em Ti.

Adorar-Te é
ser o que Tu queres que eu seja
sem que o meu eu
me impeça de o ser
em tudo na minha vida.






Garcia, 7 de Julho de 2025
Joaquim Mexia Alves
(escritos em adoração)

quinta-feira, 3 de julho de 2025

A TUA VONTADE

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Como é difícil, Senhor, entregar-me a Ti, buscando a tua vontade.

No meio de tudo o que quero pensar, dizer e fazer, vêm ao meu coração todos os pensamentos, planos e ideias que vão germinando na minha vida.

E eu queria saber, Senhor, se são do Teu agrado, se são mesmo esses planos que devo seguir ou outros, que não consigo ainda descortinar da Tua vontade para mim.

Era tão mais fácil se houvesse uma voz audível, inconfundível, que me dissesse que é por ali o caminho, que devo fazer isto ou aquilo, ou seja, uma proclamação da Tua vontade.

“Vejo-Te” sorrir e pergunto-Te: Porque sorris, Senhor? Porque sou criança e não sei o que hei de fazer ou perguntar?

Sorris ainda mais e respondes-me: Mas, meu filho, está tudo escrito. Basta leres e seguires o que fiz escrever sobre a Minha vontade para ti e para todos.

Pois, Senhor, respondo eu, realmente é tão fácil dizer da “boca para fora” que devo fazer o que me diz a Tua Palavra, mas a verdade é que muitas vezes não consigo perceber realmente o que queres que eu faça.

Pois, dizes-me Tu, Senhor, era melhor que Eu te escrevesse umas regras, que te dissesse o que podes ou não fazer, ou até mesmo te obrigasse apenas a fazer a minha vontade. Mas assim o Meu amor por ti seria uma “prisão”, e não a liberdade com que te criei e para que te criei.

É verdade, Senhor, mas que queres? Eu sou assim fraco, frágil e preguiçoso, por isso penso que seria melhor se assim fosse.

E se fosse assim, perguntas Tu, farias tudo o que Eu te dissesse?

Pois, Senhor, provavelmente não, talvez me “revoltasse” e fizesse antes a minha vontade.

Vês, meu filho, afinal apenas tens que perceber uma coisa da minha vontade: Que ames como Eu te amo!






Garcia, 3 de Fevereiro de 2025
Joaquim Mexia Alves
(escritos em adoração)

segunda-feira, 30 de junho de 2025

CACHORRINHO

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«É verdade, Senhor, mas até os cachorros comem as migalhas que caem da mesa de seus donos.» Mt 15, 27

Quisera eu, Senhor, ser um cachorrinho debaixo da Tua mesa para recolher as migalhas que dela caem.

Sim, Senhor, porque eu não sou digno de estar sentado conTigo à Tua mesa, de comer do Teu prato, de beber no Teu cálice.

Eu sei, Senhor, que por Tua vontade me fazes digno de me alimentar do Teu corpo e beber do Teu sangue.

Também sei, Senhor, ou julgo saber, que as migalhas que caem da Tua mesa para eu delas me servir, não caem por Tua distração, mas sim porque, deliberadamente, as fazes cair para delas me alimentar de Ti.

Mesmo estando debaixo da Tua mesa, Senhor, não deixas de reparar em mim, e, docemente, como esse cachorrinho que eu gostava de ser, vais me afagando e enchendo do teu amor.

Aqui estou, Senhor, prostrado aos pés desta mesa, deste altar, em que Tu estás presente no Santíssimo Sacramento da Eucaristia, e sinto-me feliz, completo, realizado, por sentir-me um cachorrinho a comer das Tuas migalhas.

Cada migalha Tua, Senhor, é um eterno pedaço de vida, que dás à vida que Tu mesmo me deste.

Obrigado, Senhor!







Garcia, 13 de Fevereiro de 2025
Joaquim Mexia Alves
(escritos em adoração)

quarta-feira, 25 de junho de 2025

CONFIANÇA

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Aqui perante Ti, Senhor, medito na confiança.

É tão fácil dizer: Eu confio em Ti, Senhor!

Mas será que realmente confio, ou é mais uma expressão da minha boca que muitas vezes que não tem reflexo na minha vida do dia a dia.

Não me preocupo eu tanto com o que há de vir, ou melhor, se tenho tudo para viver confortavelmente o resto dos meus dias.

Sim, Senhor, eu sei que tenho de fazer a minha parte e julgo que a tenho feito, ou seja, que tudo vou preparando para que nada falte aos meus e a mim, mas mesmo assim tantas vezes me preocupo com o futuro, com o ter ou não ter.

Reconheço, Senhor, nunca me faltaste com nada do que eu realmente precisei e preciso para viver.

Até quando atravessei momentos de quase desespero julgando ficar sem nada, Tu estiveste sempre ao meu lado e ajudaste-me a vencer esses momentos.

Mesmo quando vivia afastado de Ti, Senhor, e vivi em guerra o cercado de guerra, nada de mal me aconteceu, e eu pude ultrapassar esses anos sem problemas de maior.

Então, Senhor, que temo eu?

Não tenho eu provas bem concretas de que estás comigo e me proteges, quando me coloco nas Tuas mãos?

Eu sei, Senhor, que não me dás nada de “mão beijada”, como costumamos dizer, que queres que eu faça sempre a minha parte, mas iluminas-me, inspiras-me, guias-me para que eu faça o necessário para viver todos os momentos da vida que me deste.

Queria tanto, Senhor, ser capaz de abandonar-me inteiramente a Ti, confiar totalmente em Ti, sabendo que nada me faltará, e que tudo o que possa acontecer de menos bom e eu não perceba porquê, é sempre um caminho que permites para eu me unir mais a Ti e perceber que outros vivem também dificuldades e momentos menos bons em que podem precisar de mim.

Senhor, eu quero confiar em Ti!
Ajuda, Senhor, a minha confiança!





Garcia, 23 de Junho de 2025
Joaquim Mexia Alves
(escritos em adoração)

segunda-feira, 23 de junho de 2025

SEJA EU TUA MORADA

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Sabes, Senhor, não me apetece nada, quero dizer, não quero rezar, não quero olhar-Te, não quero comtemplar-Te, quero apenas ficar assim, com a cabeça entre as mãos, os olhos fechados, sentindo a Tua presença junto de mim, em mim e nos outros.

Para quê dizer palavras agora, se o que sinto e vivo, não é expressável em palavras?

Eu nem sei bem sequer o que sinto, mas uma certeza, uma paz, uma alegria serena, estão comigo e à minha volta, e eu sei, sim eu sei, eu acredito, que é a Tua presença que me faz sentir assim.

Parece que ouço no meu coração as orações daqueles que aqui estão, mas realmente nada ouço, a não ser a música suave, um canto religioso sereno em surdina, que Te vai louvando bem melhor do que eu posso fazer.

Mas é bom, Senhor, tão bom sentir esta paz, esta serenidade que se desprende da Tua presença na Eucaristia.

Parece que o silêncio me fala e vai repetindo baixinho: Ama e deixa-te amar!

Senhor, como sei eu amar, pobre de mim, pecador que sou, frágil e inconstante, que se deixa cair tantas vezes ao percorrer o caminho que Tu me dás.

Não sabes amar, dizes-me Tu, mas Eu dou-te amor e, esse amor que te dou, é para que tu ames sem medida, a Mim e a todos.

E tudo se transforma, pelo menos no fugaz momento em que me deixo tocar pelo Teu amor, e tudo me parece bom e perfeito.

É um pouco de Céu, na réstia do Teu amor, que ouso sentir em mim.

Nem Te quero dar graças, para não perder o momento.

Não que Tu Te vás embora, não, porque Tu nunca Te vais embora, permaneces sempre para mim e para todos os que Te abrem o coração.

Eu é que não consigo entregar-me de tal modo que tudo o mais cesse, que tudo o mais deixe de existir por momentos, e eu seja apenas receptáculo do Teu amor sem fim.

É verdade, Senhor, nada quero fazer, nada quero rezar, por agora, mas apenas sentir que olhas para mim com misericórdia, me enches do Teu perdão, e fazes morada no meu coração.





Garcia, 3 de Dezembro de 2024
Joaquim Mexia Alves
(escritos em adoração)

terça-feira, 17 de junho de 2025

O “CHILREAR” DA FÉ

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Aqui nesta capela a Teus pés, Senhor, em silêncio, adoro-Te e deixo-me envolver por Ti.

Lá fora ouve-se o insistente chilrear dos passaritos, que não se calam, nem por um momento.

Também eles Te louvam, Senhor, com os seus chilreios.

Quero perceber em todo este chilrear uma alegria, um pulsar de vida nestes passaritos, porque o Sol brilha forte e o tempo está quente, e tudo se faz vida lá fora.

Mas também aqui, ou sobretudo aqui, pulsa a vida, a vida verdadeira, aquela vida que vem de Ti, que és infinitamente maior do que o Sol.

Sim, Senhor, Tu és esse sol que nos ilumina e nos enche do Teu calor, o calor que é o Teu infinito amor.

E quando deixamos que a luz do Teu amor nos toque, nos ilumine, tudo se transforma e também a vida pulsa em nós.

E nós sentimos essa vida, essa verdadeira vida que Tu és, e, deixando-nos renascer em Ti, também nós nos alegrarmos com a vida em abundância que Tu sempre nos dás.

Também a nós, Senhor, nos chamas a “chilrear” a fé, a alegria de estar Contigo, de Te comungar, para que outros ao ouvir esse nosso “chilrear”, se queiram aproximar da vida que Tu és.

Ó, Senhor, faz-nos como estes passaritos, para sermos incansáveis no “chilrear” da fé, cantando a vida que Tu nos dás.

E se até os passaritos Tu amas tanto, quanto mais, Senhor, nos amarás a nós!

Glória para sempre a Ti, que és o Senhor da vida, que és o Senhor de todas as coisas.





Garcia, 16 de Junho de 2025
Joaquim Mexia Alves
(escritos em adoração)

quarta-feira, 11 de junho de 2025

PARTIR DO PÃO

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O que esperas?
Porque quem esperas?
Esperas o Senhor, o Salvador?
Não sabes, então, que Ele já veio e está no meio de nós?

Que sinal mais visível da Sua presença do que a Eucaristia?

Ah, não O podes ver com os olhos do teu corpo!

Pois, mas Ele veio e está entre nós, para dar a vista aos cegos, que somos todos nós quando não nos abrimos ao Espírito Santo que nos revela o Pai e o Filho.

Que sinal mais apetecível queres tu, que o Pão consagrado em que Ele se dá como alimento?

Ah, não consegues perceber tal Mistério?

E se percebesse acreditavas?

Mas também foi por isso que Ele veio e está no meio de nós, para nos redimir do cativeiro da nossa humanidade, que não nos deixa perceber para além do nosso finito horizonte.

Que sinal mais sensível queres tu, que O olhares, com o coração, no Santíssimo Sacramento, que é Ele verdadeiramente, e te sentires cheio de paz e amor?

Ah, não sentes, não consegues sentir essa paz, esse amor!

Não consegues porque ainda estás oprimido pela razão quando não se deixa tocar pela fé.

Mas também foi por isso que Ele veio e está no meio de nós para libertar os oprimidos, que somos todos nós, limitados pela pressão do mundo.

O que podes fazer então, senão esperar?

Podes esperar acreditando.
Podes esperar confiando.
Podes esperar amando.
Podes esperar rezando.
Pode esperar meditando a Palavra de Deus.
Podes esperar louvando.
Podes esperar adorando.
Podes esperar esperando.

E quando assim esperares, irás reconhecê-lO ao Partir do Pão.







Garcia, 9 de Janeiro de 2025
Joaquim Mexia Alves
(escritos em adoração)

segunda-feira, 9 de junho de 2025

“Catequese” da Vigília de Pentecostes na Paróquia da Marinha Grande

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Neste Domingo celebraremos a Solenidade de Pentecostes.

Todos nós, julgo eu, já lemos e conhecemos bem a passagem dos Actos dos Apóstolos que nos narra a descida do Espírito Santo sobre os Apóstolos, a Virgem Maria e outras mulheres, que estavam em oração contínua pedindo o Espírito Santo, tal como Jesus lhes tinha ordenado quando se elevou ao Céu na Sua Ascensão.

Também, hoje em dia, pedimos o Espírito Santo para nós, individual e colectivamente, para Ele nos guiar, para Ele nos ajudar a perceber, a discernir, a vontade de Deus.

No fundo pedimos que Ele nos guie no caminho rumo à santidade, isto é, no caminho a sermos discípulos de Jesus Cristo.

Cuidado com o que pedimos!

O Padre Patrício, nosso pároco, por duas vezes nesta semana, dizia-nos isso mesmo com algum humor, ou seja, que pedir o Espírito Santo é perigoso, porque muitas vezes talvez não tenhamos a perfeita consciência do que pedimos.

A verdade é que, muitas vezes, pedimos o Espírito Santo para fazermos as nossas orações, para que ilumine as nossas vidas, enfim, para as nossas coisinhas, perdoem-me a expressão.

E nada disso está mal, mas hoje gostava que reflectíssemos naquilo que o Espírito Santo quer sempre fazer em nós, e esse sempre fazer em nós é, sem a mínima dúvida, fazer-nos ou levar-nos a ser Igreja.

Sim, o Espírito Santo chama-nos a ser Igreja.

Ah, que bom é ser Igreja!

Mas temos nós a consciência verdadeira do que é ser Igreja?

É que o Espírito Santo, que invocamos., quer que nós sejamos Igreja de Cristo, ou seja, Igreja viva, que une, qua actua, que caminha.

Então temos que perceber que ser Igreja não é só ir à Missa ao Domingo, ir à Confissão ou receber os Sacramentos.

Ser Igreja é muito mais do que isso, que faz parte importantíssima e primordial do ser Igreja, mas o Espírito Santo quer sempre tudo, e não apenas o pouco que a maior parte das vezes estamos dispostos a dar.

Ser Igreja, segundo o Espírito Santo, é ser irmão dos outros, sejam eles quem forem, mesmo até aqueles que ainda não são Igreja.

São Paulo diz-nos na belíssima imagem da Igreja na Primeira Carta ao Coríntios que:
«Pois, como o corpo é um só e tem muitos membros, e todos os membros do corpo, apesar de serem muitos, constituem um só corpo, assim também Cristo.
De facto, num só Espírito, fomos todos baptizados para formar um só corpo, judeus e gregos, escravos ou livres, e todos bebemos de um só Espírito.» (1Cor 12, 12-13)

O Espírito Santo que tanto queremos e invocamos chama-nos a ser esta Igreja de Cristo, onde ninguém é prescindível, pois todos somos imprescindíveis.

Reparemos, ainda, no que nos diz o Espírito Santo pela escrita de Paulo:
«Há, pois, muitos membros, mas um só corpo. Não pode o olho dizer à mão: «Não tenho necessidade de ti», nem tão pouco a cabeça dizer aos pés: «Não tenho necessidade de vós.» Pelo contrário, quanto mais fracos parecem ser os membros do corpo, tanto mais são necessários.» (1 Cor 12, 20-22)

Mas o Espírito Santo, servindo-se mais uma vez de Paulo, pede-nos ainda algo mais difícil, mas que devíamos ter sempre em conta no nosso dia a dia:
«Assim, se um membro sofre, com ele sofrem todos os membros; se um membro é honrado, todos os membros participam da sua alegria.» 1 Cor 12, 26)

Cuidamos nós verdadeiramente dos que sofrem, dos que precisam, por vezes mesmo ao nosso lado, nas nossas famílias?

É que muitas vezes olhamos só para fora e não vemos os que estão perto de nós na fragilidade de uma doença ou mesmo da velhice.

Invejamos nós o elogio dado ao outro ou o reconhecimento que lhe for feito por seja o que for que ele tenha praticado em Igreja?

E se em vez de invejarmos, dermos garças a Deus por aquele que fez algo que serviu os outros?

O Espírito Santo, que tanto queremos e invocamos, chama-nos a ser esta Igreja, em que todos na sua diversidade, devem querer ser um com Cristo, no amor do Pai, guiados pelo Espírito Santo.

Mas estamos nós prontos a ser Igreja, segundo a Sua vontade?

O Espírito Santo chama-nos a sairmos de nós próprios, a sairmos das nossas certezas, das nossas coisas, até mesmo dos nossos Movimentos e Obras, entendendo-os como um caminho que só tem sentido em unidade de Igreja, ou seja, sem comparações mundanas de qualidade ou quantidade, do tipo “o nosso é o melhor”!

O Espírito Santo chama-nos a servir, e tantas vezes nós dizemos que não somos capazes, ou que que quem deve fazer são aqueles que estão junto do Padre, como se houvesse algum grupo mais importante do que outro.

Se estão junto do Padre, se calhar é porque se disponibilizam para servir, o que afinal todos podem fazer.

O tal grupo do padre é, apenas e só, toda a comunidade paroquial.

Sim, é muito fácil dizer que não somos capazes, ou passar para os outros tudo aquilo a que nem sequer nos dispomos minimamente a fazer.

Mas não é verdade que o Espírito Santo chama a todos e, chamando a todos, capacita cada um a fazer aquilo a que é chamado?

Porque queremos nós tantas vezes fazer aquilo que o outro já faz, só porque nos parece que é mais visível, ou mais importante, e não discernimos no Espírito Santo aquilo a que somos chamados?

Tão importante aos olhos de Deus é aquele que põe as flores na igreja, como aquele que celebra, quando tudo é feito para servir a Deus servindo em Igreja por amor.

Temos ideias para a Igreja, para a paróquia?

Óptimo, então dêmo-las a conhecer.

Mas primeiro lugar peçamos ao Espírito Santo que nos mostre se essas ideias são da nossa pretensa sabedoria ou se são realmente Sua vontade para a Igreja.

Ficaremos surpreendidos ao perceber que, se discernidas no Espírito Santo, essas ideias podem fazer caminho em Igreja.

Realmente pedir o Espírito Santo é perigoso, como vai sendo perigoso hoje em dia ser Igreja.

Mas quando nos deixamos conduzir por Ele, transformamo-nos em Igreja e a Igreja transforma-se nessa família de Deus, que Cristo colocou nas mãos de Pedro e dos Apóstolos, e que até hoje continua e continuará a ser sempre um farol de amor para a humanidade.

Sejamos valentes, destemidos e invoquemos o Espírito Santo, para que Ele faça de nós a Igreja de quem hão-de voltar a dizer um dia: “Vede como eles se amam”!

Desde sempre Jesus Cristo chamou-nos a ser Igreja, a ser uma comunidade de fé, num só Corpo, que é o Corpo Místico de Cristo

Só o Espírito Santo nos pode unir na fé para sermos Igreja, Corpo místico de Cristo em que Ele é a cabeça e nós os Seus membros.

Sintamo-nos Igreja, porque ser Igreja é ser filho do Pai, irmão de Cristo, templo do Espírito Santo.

Ser Igreja é ser morada de Maria, nossa Mãe do Céu.

Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo.






Marinha Grande, 6 de Junho de 2025
Joaquim Mexia Alves

terça-feira, 3 de junho de 2025

VEM ESPÍRITO SANTO!

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Na Tua presença, Senhor, quero tomar consciência da presença do Espírito Santo connosco e em nós.

Foste Tu, Senhor, que nos disseste que o Espírito Santo viria e nos revelaria tudo que precisa ser conhecido e reconhecido.

É o Espírito Santo que enche a nossa fé e nos revela a Tua presença viva e real na Eucaristia, que aqui adoramos.

É o Espírito Santo que nos faz sentir o incomensurável amor do Pai, sempre de braços abertos para os Seus filhos que O procuram em amor.

É o Espírito Santo que nos faz sentir a sua inefável presença em nós e nos guia suavemente em cada momento das nossas vidas, tão suavemente, que a maior parte das vezes, nem nos apercebemos que é Ele que nos guia e enche a vida.

Ele fala-nos naqueles que nos falam com bons conselhos, Ele abraça-nos naqueles que nos abraçam, Ele sorri-nos naqueles que nos sorriem, Ele chora connosco quando choramos com aqueles que choram.

Quando nos abrimos a Ele, quando escancaramos o nosso coração e a nossa vida à Sua presença, tudo se transforma.

Então, faz-nos ver a presença de Deus na beleza da natureza, faz-nos sentir a presença de Deus na brisa que nos toca, “encharca-nos” de Deus na chuva de graças com que “molha” o nosso íntimo, faz-nos sentir o amor de Deus no amor daqueles que amam, faz-nos perceber a Sua presença nos momentos mais difíceis e dá-nos a mão para os ultrapassar.

É Ele, o Espírito Santo, o primeiro a enxugar-nos as lágrimas que choramos nas nossas tristezas, nas lágrimas que choramos na nossa contrição quando falhamos, fazendo-nos perceber a nossa fragilidade, para acreditarmos que só n’Ele e com Ele podemos ser fortes.

É Ele, o Espírito Santo, que completa a nossa humanidade e nos dá a vida verdadeira, prometida por Cristo para toda a eternidade.

Por isso Pai, em nome de Jesus, pedimos-Te hoje e sempre:
Derrama o Espírito Santo sobre nós e transforma as nossas vidas, segundo a Tua vontade.





Garcia, 2 de Junho de 2025
Joaquim Mexia Alves
(escritos em adoração)

domingo, 1 de junho de 2025

GRAÇAS A DEUS!

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Hoje recebi, pela primeira vez, a Comunhão pelas mãos de um bom e querido amigo.

Emocionei-me, claro, e percebi nele a mesma emoção que eu senti e sinto cada vez que sou chamado a servir Cristo em Igreja, como Ministro Extraordinário da Comunhão.

Este meu amigo foi hoje, com mais dois bons amigos instituídos Ministros Extraordinários da Comunhão na Missa Dominical da nossa paróquia da Marinha Grande.

Foi uma surpresa para mim, pois não sabia que essa instituição aconteceria nesta Missa em que, curiosamente, eu estava escalado para servir como Ministro Extraordinário da Comunhão.

Mas que alegria foi dar a “minha vez” a esses meus amigos!

Não revelo nomes desta amiga e amigos, porque não tenho autorização para tal, (eles também não se importariam com isso pois são testemunhas verdadeiras do que o Senhor fez e faz nas suas vidas), mas posso revelar que os três fazem parte da equipa paroquial dos percursos Alpha.

Este meu amigo em particular, começou/recomeçou o seu caminho com Cristo em Igreja, precisamente num percurso Alpha, que depois quis repetir, calhando-me “em sortes” no meu grupo de partilha.

A sua avidez em querer conhecer e viver o caminho de Deus tocou-me, e, a partir daí, fizemos e fazemos caminho juntos, aprendendo um com o outro o que o Espírito Santo nos vai dizendo no nosso dia a dia.

Vê-lo chegar a ser Ministro Extraordinário da Comunhão é, para mim, um misto de gratidão profunda a Deus pelo que opera nas vidas que a Ele se entregam e, também, uma pontinha de orgulho porque faço parte desse caminho.

Realmente, «a largura, o comprimento, a altura e a profundidade do amor de Deus» (conf Ef 3, 18) é muito maior do que a nossa pequenez humana.

Agora que vou caminhando para o ocaso da vida, só posso dar graças por tudo quanto Deus me tem dado, e rezar por estes discípulos que continuam a testemunhar que o Jesus que ascendeu ao Céu, permanece junto de nós no amor do Pai e na acção do Espírito Santo, que nos revela a presença viva e real de Jesus Cristo na Eucaristia.

Em tudo e sempre para Sua maior glória!






Marinha Grande, 1 de Junho de 2025
Joaquim Mexia Alves

quarta-feira, 28 de maio de 2025

ADORAÇÃO PERPÉTUA

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Há dias atrás, tive que me deslocar a Lisboa, mais propriamente à igreja de São Jorge de Arroios.

Havia uma celebração da Eucaristia em queria estar presente, para além de outras razões que não cabe aqui explicar.

Quando entrámos na igreja, fomos agradavelmente surpreendidos com a adoração ao Santíssimo Sacramento, num altar lateral.

Ficámos ali algum tempo até à celebração da Eucaristia, e novamente fui surpreendido porque, finda a celebração, imediatamente foi feita a exposição do Santíssimo, dando continuidade à adoração.

Pelo que me disseram esta adoração acontece todos os dias, durante todo o dia, e só não consegui perceber se também o será durante a noite, constituindo assim a prática da Adoração Perpétua.

Ultimamente tenho lido bastante sobre a Adoração Perpétua, (até por causa das duas horas semanais, segunda e quinta feira, que fazemos na nossa paróquia da Marinha Grande), mormente num livro que adquiri à AIS – Ajuda à Igreja que Sofre, cujo título é – A adoração eucarística perpétua porta para o Céu - e que no fundo narra as diversas vivências e, sobretudo, graças que advém da Adoração Perpétua, descritas em cartas escritas por um sacerdote a outro.

Já antes reflectia bastante sobre a Adoração Perpétua, que as queridas Irmãs Clarissas fazem no Mosteiro de Monte Real e em todos os seus Mosteiros.

Escrevi há pouco tempo que estas horas de adoração nos parecem, por vezes, carentes de “resposta”, digamos assim, mas se quisermos reflectir verdadeiramente na grandeza e no infinito amor que Deus tem à Sua criatura, podemos acreditar, (eu acredito firmemente), que inúmeras graças são derramadas por esse mundo fora, tão carente de amor.

Humanamente somos sempre levados a pensar numa qualquer retribuição de tudo o que fazemos bem e, até com algum esforço, mesmo nas coisas de Deus, mas se em relação aos homens muitas vezes essa retribuição não acontece, com Deus acontece sempre, embora a maior parte das vezes não sabendo como e a quem, e ainda bem que assim é, para que não nos orgulhemos daquilo que fazemos em doação de amor.

Recebeste de graça, dai de graça.

Por isso chego sempre à conclusão que Ele me cobriu e cobre de bênçãos e eu, afinal, dou-Lhe tão pouco, (talvez umas horitas do meu tempo), e ainda fico a pensar se Ele me retribui alguma coisa.

Ah, como eu gostaria que fosse verdade em mim a frase de Santa Teresa: Só Deus basta!

Seria tão bom que muitas mais igrejas tivessem Adoração Perpétua!!!






Marinha Grande, 28 de Maio de 2025
Joaquim Mexia Alves


Nota: A fotografia foi tirada na igreja de São Jorge de Arroios

segunda-feira, 26 de maio de 2025

COMPANHIA

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Estes tempos de adoração, Senhor, costumam, em dado momento, suscitar em mim inspirações, (julgo eu), para escrever o que vou sentindo e vivendo.

Hoje nada percebo, nada sinto, mas apenas pensamentos diversos, coisas repetitivas, que não apresentam um texto com princípio meio e fim.

Mas mesmo assim, Senhor, e porque quando escrevo o que sinto e vivo me sinto mais perto de Ti, comecei a escrever o que agora escrevo, a alinhar palavras neste caderno, já gasto e quase no fim.

Estar assim conTigo, são momentos muito íntimos para mim, em que me deixo levar e, para além de orações que são o nosso diálogo, vou escrevendo o que me vem ao coração.

E hoje, Senhor, o que eu sinto, como aliás das outras vezes, é que estás aqui, bem presente, que estás comigo e me chamas a estar conTigo.

Sem fazer orações, nem pedidos, nem súplicas, mas apenas assim, sentados Um ao lado do outro, como amigos, que se compreendem e por isso nada precisam de dizer, para fazerem companhia Um ao outro.

Ah, Senhor, que Tu me conheces e sabes do que necessito, disso não tenho dúvidas, e o estar aqui conTigo desta forma tão simples, enche o meu coração e o meu ser.

Mas eu, Senhor, que Te posso dar que Tu não tenhas?

Que companhia, pobre de mim, Te posso fazer assim calado a Teu lado?

Que mais posso eu dizer ou fazer que seja do Teu agrado?

Docemente, como sempre, dizes-me que o que é do Teu agrado é que eu Te sinta e acredite que estás comigo, que eu me abra inteiramente a Ti e procure apenas e só fazer a Tua vontade.

E então sorris e dizes cheio de amor ao meu coração:
E essa, meu filho, é a melhor companhia que me podes fazer!






Garcia, 19 de Dezembro de 2024
Joaquim Mexia Alves
(escritos em adoração)