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Em adoração, Senhor, abandono-me a Ti.
Quero esvaziar-me de mim, de tudo aquilo que julgo saber, de tudo aquilo que possa ter planeado, de tudo, enfim, Senhor, que vem de mim e não de Ti.
Não cuidas de saber se estou ou não vazio de mim, porque a Ti, Senhor, interessa-Te bem mais a minha intenção de me deixar envolver por Ti, de me deixar encher de Ti, de fazer apenas a Tua vontade.
Fecho os olhos e quero ver-Te, assim, todo Tu, que me olhas e dás a mão, e chamas a juntar-me a Ti em todo o caminho que vou fazendo.
Eu continuo sem compreender bem o que queres de mim, mas dou-Te a mão e digo-Te, com maior sinceridade de que sou capaz: Aqui estou, Senhor, faz de mim o que Te aprouver fazer.
Julgava eu que então partiria nas asas de um vento, ou na mansidão de uma brisa, e Tu me farias atravessar abismos e ultrapassar obstáculos, numa viagem cheia de paz e serenidade.
Mas não, Senhor, porque Tu dizes-me com um sorriso na Tua Santa Face, que a viagem é aqui neste mundo que me colocaste, e que os abismos e obstáculos são para vencer com o Teu amor, que me dás na minha entrega a Ti.
Não queres que eu me aquiete e nada faça, mas sim que parta constantemente à Tua procura nos outros e em mim.
Sim, dizes-me Tu, Senhor, haverá momentos em que me queres em adoração, em contemplação, mas mesmo esses momentos devem ser vividos e oferecidos por aqueles que o não fazem.
Sinto-me incapaz, julgo que não conseguirei fazer o que me pedes, Senhor, mas és Tu mesmo que me dizes cheio de amor: Julgas tu que eu te deixaria sozinho? Não, a viagem é Comigo e Comigo ultrapassarás o que for preciso ultrapassar.
Então abandono-me a Ti!
Sei que ainda carrego muita coisa comigo, mas pouco a pouco acredito que Te encarregarás de me libertar de tudo isso, até ao dia em que não tendo nada, não sendo nada, Tu sejas tudo em mim.
Garcia, 14 de Abril de 2025
Joaquim Mexia Alves
(escritos em adoração)
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