segunda-feira, 3 de abril de 2023

SEMANA SANTA 2023 II

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Um bom amigo enviou-me há dias um vídeo com a história do cântico natalício, “Noite Feliz”, que me comoveu até às lágrimas.

A história é de uma simplicidade extraordinária e mostra como da mais pequena contrariedade, Deus, (se assim quisermos acreditar), pode fazer e faz coisas maravilhosas.

Lembrei-me imediatamente das Bodas de Caná!

A história que me foi dado ver, relata como da avaria de um órgão, o padre dessa igreja, na Áustria, ficou preocupado porque o mesmo não poderia ser utilizado para acompanhar os cânticos nessa noite de Natal.
Lembrou-se então de um pequeno poema que tinha escrito anos antes e levou-o a um músico da aldeia, para ele compor uma música que pudesse ser tocada e cantada nessa noite de Natal.
E assim aconteceu tendo sido cantado pela primeira vez a “Noite Feliz”, que depois percorreu todo o mundo, e será sem dúvida hoje em dia, o cântico natalício mais conhecido no mundo inteiro.

É tudo muito simples, o poema, a melodia, a história que leva a que tal acontecimento se desse.

E, afinal, tudo isto se encaixa perfeitamente na simplicidade de Deus.

Tantas vezes complicamos Deus, quando Ele é apenas e só amor.

E o amor, contrariamente ao que se diz, é simples, porque todo ele é dar e receber sem esperar mais nada que o próprio amor.
Claro que este amor, digamos perfeito, é o amor de Deus, e, por isso mesmo, só amando-O primeiro, podemos amar com o Seu amor todos os outros que Ele coloca no nosso caminho.

Estamos na Semana Santa, na qual vivemos o incrível amor de Deus que se dá por aqueles que Ele ama infinitamente no Seu coração, e que somos todos nós.
Devemos estremecer quando lermos, mais do que lermos, vivermos, a Paixão de Cristo, deixando-nos levar pelo amor que entrará nos nossos corações e nos fará sentir esse entrega total de Deus por cada um de nós.

A alguns de nós virão as lágrimas aos olhos quando vivermos o relato da Paixão, mas não serão lágrimas de tristeza, mas sim lágrimas de compaixão, lágrimas de amor, lágrimas de confiança porque sabemos e acreditamos que Aquele que morreu por cada um de nós, se vai levantar de entre os mortos e ressuscitar verdadeiramente, cumprindo assim a promessa da vida eterna junto de Deus, no amor perfeito, dada aos homens de boa vontade que O quiserem seguir, segundo a Sua vontade.

E é curioso também ter recebido esta história de Natal, quando estamos a viver os momentos que antecedem a Páscoa.

Realmente sem Natal, não haveria Páscoa, porque o Natal deve sempre levar-nos à Páscoa.

Realmente o Filho de Deus encarnou e fez-se homem, mas Ele mesmo nos disse que «O Filho do Homem tem de sofrer muito, ser rejeitado pelos anciãos … tem de ser morto e, ao terceiro dia, ressuscitar.» Lc 9, 22



Marinha Grande, 3 de Abril de 2023
Joaquim Mexia Alves

terça-feira, 28 de março de 2023

MOISÉS E A IGREJA

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Releio e medito nos primeiros Livros da Bíblia, no Pentateuco.

Para além do muito que vou reaprendendo, que vou reflectindo, que vou percebendo da Fé que me move e que é uma continuidade desde o primeiro versículo ao último da Bíblia, encontro, de repente, uma semelhança, uma comparação, um simbolismo, (não sei o que lhe hei-de chamar), entre Moisés e a Igreja.

Naqueles tempos antigos foi Moisés que conduziu aquele povo ao encontro de Deus, segundo a vontade de Deus, de modo a levá-lo até à Terra Prometida.

E fê-lo perguntando a Deus, escutando Deus, intercedendo junto de Deus, aceitando a vontade de Deus e comunicando ao povo a vontade de Deus.

Comunicou àquele povo a Lei de Deus, indicou àquele povo o caminho que Deus tinha para ele, alertou aquele povo para os seus erros, para as suas idolatrias, para os seus desvios, e rogou insistentemente a Deus por aquele povo, sempre que o mesmo desprezava Deus e se afastava de Deus, ficando assim sujeito a todo o mal que lhe pudesse acontecer.

Deus ouvia-o nessas suas preces e perante o arrependimento daquele povo, restabelecia a Sua aliança com o povo e protegia-o de todos os males.

E percebe-se pela leitura e reflexão daqueles Livros, como Moisés sofreu pelos erros do povo e até pelos erros de alguns que estavam ao serviço de Deus nas celebrações e rituais do culto de então.

Mas Moisés continuou sempre a acreditar e o povo sempre viu nele essa fé inquebrantável que os conduzia no caminho.

E, para terminar, Moisés não entrou na Terra Prometida apesar de ter conduzido o povo até ela.

Quero perceber então, como a Igreja Militante, a Igreja que peregrina, a Igreja destes nossos tempos, tal como Moisés naquele tempo, também nos conduz ao encontro com Deus, o Pai, O Filho e o Espírito Santo, para nos levar até à Terra Prometida, ou seja, à vida eterna junto de Deus.

E a Igreja fá-lo, também, perguntando a Deus, escutando Deus, intercedendo junto de Deus, aceitando a vontade de Deus e comunicando a vontade de Deus.

E a Igreja comunica também aos seus peregrinos neste mundo, (que somos todos nós), a Doutrina ensinada por Cristo na Sua Palavra, indica o caminho que leva ao encontro com Cristo, alerta-nos para os erros que praticamos, para as idolatrias em que de quando em vez nos deixamos envolver, para os desvios “doutrinais” que praticamos para fazermos a nossa vontade, e roga por nós, oferece o Sacrifício do Altar por nós todos os dias e em todos os lados, dá-nos os Sacramentos, presença viva de Deus entre nós, para que assim, em comunhão com Deus e com os irmãos, estejamos protegidos do mal do mundo que nos quer fazer perder.

E a Igreja também alcança de Deus o perdão para aqueles que, arrependidos dos seus erros, os confessam, prometendo emendar-se, restabelecendo assim a relação de amor eterno com os homens que, por sua culpa, tantas vezes quebram.

E também a Igreja sofre com os nossos erros e com os erros de alguns daqueles que foram escolhidos para servir a Deus como ministros ordenados e se perderam nos vícios do mundo.

E a Igreja é depósito da Fé e é nEla que podemos confiar para nos conduzir por Deus, com Deus e em Deus.

E também esta Igreja Militante não “entra” na Terra Prometida, pois lá passa a ser a Igreja Triunfante, nessa Terra onde nada falta porque é “só” e “apenas” Amor de Deus.

Obrigado, meu Deus, por Moisés!
Obrigado, meu Deus, pela Igreja!




Marinha Grande, 28 de Março de 2023
Joaquim Mexia Alves

segunda-feira, 20 de março de 2023

OS PADRES E O CELIBATO

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«sua insondável vida interior, da qual provêm ordens e consolações singularíssimas; dela decorrem também a lógica e a força nas grandes decisões, próprias das almas simples e límpidas, como foi a de colocar imediatamente à disposição dos desígnios divinos a própria liberdade, a sua legítima vocação humana e a sua felicidade conjugal, aceitando a condição, a responsabilidade e o peso de uma família e renunciando, por um incomparável amor virginal, ao natural amor conjugal que constitui e alimenta essa mesma família» (São Paulo VI, alocução 19 de março de 1969).

Leio hoje estas palavras de Santo Paulo VI e quero ver nelas o que vai para além da figura extraordinária de São José, o pai por excelência.

Num tempo em que tanto se fala no celibato dos padres, sou levado a ver na vida de São José um exemplo extraordinário dessa entrega a Deus na totalidade.

Sim, São José teve uma mulher, Maria, e teve um filho adoptivo, Jesus, Filho de Deus, verdadeiro Deus e verdadeiro Homem, constituindo assim uma família.

Mas para dizer sim, também, a Deus, como Maria sua esposa, renunciou ao «natural amor conjugal», (no dizer de Paulo VI), e assim permaneceu em toda a sua vida.

Assim ao colocar nas mãos de Deus a sua liberdade de homem, libertou-se verdadeiramente de tudo, para melhor servir a Deus, como homem escolhido para O servir de forma singular.

São José foi pai, e a palavra padre vem do latim pater, que significa pai, também.

Os padres, então, também os podemos ver como pais, irmãos, família e talvez, mesmo por isso, Jesus nos diz:
«Em verdade vos digo: quem deixar casa, irmãos, irmãs, mãe, pai, filhos ou campos por minha causa e por causa do Evangelho, receberá cem vezes mais agora, no tempo presente, em casas, e irmãos, e irmãs, e mães, e filhos, e campos, juntamente com perseguições, e, no tempo futuro, a vida eterna.» Mc 10, 29-30

Na sua entrega, então, a Deus, também os padres na sua liberdade, como São José, se libertam do «natural amor conjugal», para totalmente livres, servirem a Deus servindo os outros.

Obviamente que estas reflexões são fruto do meu permanente querer ver em tudo a mão de Deus, talvez uma visão pessoal que partilho com os outros, e não um qualquer “tratado” seja do que for, para o qual não estou habilitado.

Que São José rogue por todos nós, especialmente pelos pais e muito pelos Padres, para que todos encontremos na figura e exemplo de vida deste grande Santo o caminho e entrega que todos devemos ter à vontade de Deus, dizendo-Lhe o sim incondicional de Maria e de José.




Monte Real, 20 de Março de 2023
Joaquim Mexia Alves

terça-feira, 14 de março de 2023

SETENTA VEZES SETE

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Não, não lhe posso perdoar, pensava ele enquanto caminhava pela rua ao encontro daquele que o tinha ofendido.

A ofensa tinha sido gravíssima, tinha-o magoado profundamente e a dor da revolta ainda vivia permanentemente nele.

Reparou que estava a passar numa igreja e, sendo cristão, decidiu entrar e fazer uma oração para pedir a Deus forças para aquele encontro tão difícil.
A igreja estava praticamente vazia e ele sentou-se num banco falando em surdina com Deus.

- Ó, Senhor, percebes, com certeza, porque não posso perdoar àquele que tanto me ofendeu?
Não tenho forças em mim para o fazer.

Não sentiu nenhuma resposta e por isso continuou.

- Doeu-me e dói-me tanto, Senhor. Ele prejudicou tanto a minha vida! Como posso eu encontrar em mim razões para o perdoar?

O silêncio exterior e interior permaneciam e ele percebeu que afinal, dentro de si, procurava uma resposta de Deus que o ajudasse naquele problema que ele não conseguia resolver.

- Senhor, (disse ele baixinho para que os poucos que ali estavam não ouvissem), ajuda-me a perceber a Tua vontade neste meu problema.

Ouviu então claramente, dentro de si, uma voz que dizia:
«Perdoa-lhes, Pai, porque não sabem o que fazem.» (Lc 23, 34)

Lembrou-se imediatamente da frase e do seu contexto e por isso ficou estático, admirado, sem saber o que fazer, sem saber o que dizer.

No entanto “arriscou” responder, dizendo:
Mas, Senhor, Tu és Deus e o Teu amor é infinito!

Sentiu novamente no seu coração aquela voz que lhe dizia:
Meu filho, se Me procuras é porque queres ouvir a Minha resposta, saber da Minha vontade.
Então lembra-te do que Eu disse a Pedro: ««Não te digo até sete vezes, mas até setenta vezes sete.» (Mt 18, 22)

- Mas eu não consigo, Senhor, não tenho amor em mim que chegue para esse perdão!

E novamente ouviu:
Percebes então porque vos digo para que Me amem acima de tudo?
É porque só no Meu amor e com o Meu amor tereis amor suficiente para vos amardes uns aos outros, e assim vos poderdes perdoar, mesmo nas piores ofensas.

- Ah, Senhor, dá-me então do Teu amor para eu poder perdoar, pois não quero viver no rancor nem no ressentimento que envenenam a vida.

- O teu desejo de perdoar é o primeiro passo para poderes perdoar.
Agora pede por aquele que te ofendeu, mesmo que isso te custe e até te pareça que não é muito sincero. À medida que o fores fazendo o amor, o Meu amor, irá sarando a ofensa, irá abrindo o teu coração ao perdão e, finalmente, poderás perdoar e perceber o outro como teu irmão em Mim.

- Obrigado, Senhor, acredito que sim, porque já sinto dentro de mim a paz que necessito para poder ter uma primeira conversa com o meu ofensor e sinto, por Tua graça, que o amor e o perdão tomarão conta de mim e eu perdoarei a quem me ofendeu.

Saiu da igreja e caminhou apressado, com um sorriso nos lábios, ao encontro daquele que o tinha ofendido, (pelo qual rezou em surdina um Pai Nosso), sentindo uma paz e serenidade que há muito não sentia.

Dentro de si apenas repetia:
Obrigado, Senhor! Obrigado, Senhor! Obrigado, Senhor!



Monte Real, 14 de Março de 2023
Joaquim Mexia Alves

terça-feira, 7 de março de 2023

A RECTA CONSCIÊNCIA

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Hoje, Senhor, trazes a consciência à minha reflexão diária.

Docemente, como sempre fazes, dizes-me ao coração:
Sabes, meu filho, como se fala sempre de que a consciência está primeiro e deve reger a vida de cada um.

E é verdade, mas a consciência deve ser formada, (embora ela esteja no coração do homem como uma lei escrita pelo próprio Deus), ou seja, deve ser uma recta consciência.

A consciência, sobretudo do cristão, deve ser formada no amor de Deus, no dom da Fé e na Doutrina da Igreja, porque só assim, a consciência nos pode guiar segundo a vontade de Deus.

Por isso o homem deve procurar sempre a verdade e o bem.

E, meu filho, se tens que tomar uma decisão e pretendes iluminar a tua consciência segundo a verdade e o bem, procura conselho, mas não procures inúmeros conselhos até encontrares um coincidente com a tua vontade, porque então estarás a tentar enganar a tua consciência, procurando fazer a tua vontade e não a vontade de Deus escrita indelevelmente na tua consciência.

Fico a meditar no que me dizes, e peço-Te:
Leva-me, Senhor, a procurar formar a minha consciência segundo a verdade e o bem, segundo a Tua vontade.

Que eu não queira nunca manipular a minha consciência para fazer a minha vontade, mas sim que procure sempre o bom conselho e o siga, mesmo que me custe e não seja aquilo que eu julgo desejar para a minha vida.

Que eu deixe sempre o Espírito Santo iluminar a minha consciência para que em tudo eu faça apenas e só a Tua vontade.

Obrigado, Senhor, pela consciência que me dás e dás a cada um.



Marinha Grande, 7 de Março de 2023
Joaquim Mexia Alves


Nota: «No fundo da própria consciência, o homem descobre uma lei que não se impôs a si mesmo, mas à qual deve obedecer; essa voz, que sempre o está a chamar ao amor do bem e fuga do mal, soa no momento oportuno, na intimidade do seu coração: faze isto, evita aquilo. O homem tem no coração uma lei escrita pelo próprio Deus; a sua dignidade está em obedecer-lhe, e por ela é que será julgado. A consciência é o centro mais secreto e o santuário do homem, no qual se encontra a sós com Deus, cuja voz se faz ouvir na intimidade do seu ser. Graças à consciência, revela-se de modo admirável aquela lei que se realiza no amor de Deus e do próximo. Pela fidelidade à voz da consciência, os cristãos estão unidos aos demais homens, no dever de buscar a verdade e de nela resolver tantos problemas morais que surgem na vida individual e social. Quanto mais, portanto, prevalecer a recta consciência, tanto mais as pessoas e os grupos estarão longe da arbitrariedade cega e procurarão conformar-se com as normas objectivas da moralidade. Não raro, porém, acontece que a consciência erra, por ignorância invencível, sem por isso perder a própria dignidade. Outro tanto não se pode dizer quando o homem se descuida de procurar a verdade e o bem e quando a consciência se vai progressivamente cegando, com o hábito do pecado.» Guadium et Spes (16)

domingo, 5 de março de 2023

IRMÃS CLARISSAS DE MONTE REAL

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Alertado por uma publicação das Irmãs Clarissas de Monte Real, recordo hoje a chegada das mesmas Irmãs a Monte Real para darem início ao seu projecto, (projecto de Deus, sem dúvida), de construção de um Mosteiro em Monte Real.

Instalaram-se num edifício das Termas de Monte Real, e ali começaram a viver em comunidade, que já prefigurava o Mosteiro em que hoje em dia adoram continuamente Deus, no Santíssimo Sacramento da Eucaristia, e intercedem por todos nós perseverantemente, em contínua oração.

Muitos frutos essa adoração e intercessão nos dá a todos, e a mim em particular a certeza, (como já tantas vezes afirmei), de que as suas orações por mim, (a pedido de minha mãe), alcançaram a graça de Deus para a minha vida e me transformaram no homem que hoje em dia sou, pecador, mas procurando sempre no amor de Deus a redenção e tentando sempre servi-Lo, servindo os outros, em tudo aquilo que gratuitamente Deus, na Sua infinita bondade coloca em mim, pobre servo inútil que tento ser.

A serenidade, a paz, a bondade, que cada vez que visito aquele Mosteiro sinto naquelas Irmãs, é uma prova mais que evidente, da presença de Deus nas suas vidas e no meio de nós.

É que a felicidade com que vivem só pode vir de Quem é a verdadeira felicidade!

E hoje, neste Domingo da Quaresma, em que lemos e meditamos na Transfiguração de Nosso Senhor Jesus Cristo, vem ao meu coração que aquelas Irmãs Clarissas todos os dias sobem a «um alto monte» (Mt 17, 1) e ali, desprendidas de tudo e até delas próprias, rezam como Pedro dizendo «Senhor, como é bom estarmos aqui! Se quiseres, deixa-nos fazer aqui tendas para todos aqueles por quem rezamos», (cf Mt 17, 4) e acrescentam: para que estando mais junto de Ti, Te encontrem e vivam no e do Teu amor.

Uma dessas “tendas” por elas construídas em oração, abrigou-me e abriga-me ainda, e eu feliz dou graças a Deus pelas “minhas” queridas Irmãs Clarissas de Monte Real.

Tudo e sempre para a maior glória de Deus!




Marinha Grande, 5 de Março de 2023
Joaquim Mexia Alves

sexta-feira, 3 de março de 2023

DIA MUNDIAL DA ORAÇÃO

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Neste dia de hoje gostaria de escrever algo que que pudesse transmitir o que é para mim a oração.

O mais óbvio é que a oração tomou conta de mim, ou seja, que, em quase todos os momentos e situações, (sem qualquer mérito da minha parte que não seja a disponibilidade), o meu coração, o meu ser, se abre à oração e assim eleva o meu espírito para Deus.

Infelizmente e, apesar da oração, continuo um pecador constante, necessitando cada vez mais de oração para poder perceber no meu íntimo que Ele está sempre comigo, me toma nos Seus braços, me faz levantar a cabeça, e guia os meus passos.

O extraordinário da oração constante é que, de quando em vez, ela nos eleva a uma proximidade tão grande com Deus, que O percebemos, não ao nosso lado mas em nós, e nesses momentos enche-nos por completo e ficamos como que crianças nas Suas mãos protectoras.

Mas também em situações difíceis, dolorosas, em que por vezes é tão difícil orar, se abrimos o nosso coração e deixamos que “saia” uma oração, por mais simples que ela seja, tudo se acalma, a dor pode permanecer, mas nós percebemos que não estamos sozinhos.

Olho para dentro de mim e percebo que poderia escrever tanto mais sobre a oração, para chegar à conclusão que afinal, ainda estou muito longe da oração constante e perseverante.

Por isso, neste dia Mundial da Oração, coloco os joelhos em terra, baixo humildemente a cabeça e oro: Senhor, ensina-me a rezar!



Monte Real, 3 de Março de 2023
Joaquim Mexia Alves

quarta-feira, 1 de março de 2023

A “MINHA” IGREJA

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Comecei a escrever este texto de reflexão para mim, com esta pequena frase “a minha igreja”.

Logo de imediato percebi que eu não tenho uma igreja, que a igreja não é minha, mas sim que eu sou Igreja.

Ora este pensamento real e verdadeiro descansou-me e pensei que ainda bem que a Igreja não é minha, porque se fosse estava ferida de pecado, porque eu sou pecador.

Agora sendo eu Igreja e sendo pecador, a Igreja está isenta do meu pecado, porque Ela não me pertence, mas acolhe-me e recebe-me com todas as minhas qualidades e defeitos e mostra-me o caminho para que, sendo eu pecador, possa um dia, (caminhando todos os dias em Cristo), almejar a ser santo, não para ser colocado nos altares, mas para ser testemunha do amor de Deus e na vida eterna viver na Sua presença.

Vem isto a propósito de ler em muitos sítios e ouvir em conversas sobre os pecados da Igreja.
Mas a Igreja não tem pecados!
Quem tem pecados são os homens da Igreja.

Ah, mas dizem que representam a Igreja.
Sim, é verdade, poderão representar a Igreja, podem ser Igreja, mas não são a Igreja.

Falamos de realidades humanas, mas também espirituais, mas podemos fazer uma comparação com as coisas do mundo.
O Presidente da República ou o Governo representam Portugal, mas não são Portugal.
Ou para aqueles mais ligados ao desporto perceber que o presidente de um clube representa o clube, mas não é o clube.

Que realmente Portugal fica “mal visto” pelas acções erradas de um Presidente da República ou de um Governo, sem dúvida, tal como um qualquer clube fica “mal visto” pelas acções do seu presidente.
Mas Portugal, com toda a sua história de feitos gloriosos e errados, não deixa de ser Portugal, Nação Nobre e Valente, por causa das más acções daqueles que o representam.

Assim a Igreja sofre, (sofremos nós que somos Igreja), pelas terríveis acções de alguns dos seus filhos, mas não deixa de ser Igreja Una, Santa, Católica e Apostólica, tal como Jesus Cristo a instituiu.

A Igreja são os pecadores que querem ser santos, e não aqueles que se julgam santos mas são, afinal, pecadores como os outros.

Por isso a Igreja deve acolher, perdoar e amar os pecadores, pedindo continuamente perdão pelos pecados dos pecadores que são Igreja.

Por isso nós pecadores em Igreja, rezamos: «Confesso a Deus, Pai Todo-Poderoso e a vós, irmãos, que pequei muitas vezes por pensamentos e palavras, atos e omissões…»

Confessamos e pedimos perdão, não só a Deus, mas também aos nossos irmãos, pelos nossos pecados, mas a Igreja permanece Santa, porque assim é sempre o refúgio dos pecadores como eu.

Por isso amo, confio e espero sempre na Igreja Una, Santa, Católica e Apostólica a qual sou com os meus irmãos na Fé.



Marinha Grande, 1 de Março de 2023
Joaquim Mexia Alves

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2023

OS DIAS DA PENITÊNCIA

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Imagem da Paróquia da Marinha Grande



Gostava, Senhor, que as cinzas que hoje me hão-de impor na celebração desta Quarta feira de Cinzas, fossem resultantes da fogueira onde queria que ardessem os meus pecados.

Assim, purificadas essas cinzas pelo Teu fogo divino, elas recordar-me-iam sempre as minhas fraquezas e eu agarrar-me-ia ainda mais a Ti, para em Ti encontrar as forças para resistir ao meu pecado.

Chegaram os dias da penitência!

Chegaram os dias em que me devo retirar para o meu deserto e ali, Senhor, perdoa-me a comparação, (cf Lc 4, 1), conduzido pelo Espírito Santo, encontrar o meu pecado, enfrentá-lo com a força do Teu Espírito, dele tomar consciência e, arrependido, voltar-me para Ti pedindo a graça de não mais voltar a pecar.

E em cada um destes dias, Senhor, Tu hás-de sorrir, olhar para mim cheio de ternurenta misericórdia, e dizeres-me que basta eu estender a minha mão para Ti, para Tu me agarrares e libertares das tempestades das areias do pecado que me querem enterrar.

Este meu deserto, Senhor, por Tua graça, tem ao fundo, lá longe onde ele acaba, (são tantos os meus pecados), uma luz extraordinária que tudo abrange e tudo toca, e que apaga todos os pecados, porque é a luz da Tua Ressurreição.

Este meu deserto, Senhor, é afinal o deserto de todos aqueles que em Ti acreditando, o percorrem e chegando junto de Ti, dizem como aquele leproso, (Mt 8, 2) – «Senhor, se quiseres podes purificar-me» - e ouvirão da Tua boca - «Quero, fica purificado». (Mt 8, 3)

Chegaram os dias da penitência, mas no meu coração arrependido, já se forma um grito contido, que gritarei no fim do deserto: Aleluia!




Marinha Grande, 22 de Fevereiro de 2023
Joaquim Mexia Alves

terça-feira, 14 de fevereiro de 2023

VERGONHA E ANGÚSTIA

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«Cheio de angústia, pôs-se a orar mais instantemente, e o suor tornou-se-lhe como grossas gotas de sangue, que caíam na terra.» Lc 22, 44

Veio ao meu coração esta passagem do Evangelho de Lucas e senti-a tão adequada ao que ontem foi dado a conhecer sobre os abusos na Igreja em Portugal.

Esta angústia que então sentiste, sentiste-a com certeza, Senhor, cada vez que uma criança foi abusada, foi violentada, foi destruída pelo pecado de alguns padres da Tua Igreja.

Não a posso sentir como a sentiste e sentes, Senhor, mas sinto também uma angústia terrível, uma tristeza profunda, uma vergonha enorme, pela dor causada àquelas crianças.

Como é possível, Senhor?

Que maldade tão presente, que vicio tão entranhado, que desprezo pela inocência, leva aqueles homens e tantos outros, a esta perversidade sem nome.

«E se alguém escandalizar um destes pequeninos que crêem em mim, melhor seria para ele atarem-lhe ao pescoço uma dessas mós que são giradas pelos jumentos, e lançarem-no ao mar.» Mc 9, 42

Levanto os meus olhos para Ti, Senhor, e suplico-te por aquelas crianças, algumas delas hoje homens e mulheres, para que encontrem no Teu amor o amor que lhes foi negado e terrivelmente enganado naqueles momentos.

Acolhe-os nos Teus braços, aperta-os junto ao Teu coração e faz-lhes sentir o Teu amor, o verdadeiro amor que agora, provavelmente, lhes é tão difícil perceber nas suas vidas marcadas por todo aquele horror.

E aos que cometeram tão horrorosos pecados, tão terríveis crimes, Senhor, que sintam sem medida as consequências dos seus actos, que recebam o justo castigo das suas acções, (quer na Igreja, quer na sociedade civil), que encontrem dentro de si o arrependimento verdadeiro para perceberem com toda a magnitude o horror daquilo que praticaram.

E à Tua Igreja, Senhor, (que somos todos nós baptizados que em Ti acreditamos e Te seguimos), dá-lhe forças e ânimo para continuar a anunciar o Teu amor, o Teu Reino, mas não deixando de, em todos os momentos, reconhecer as terríveis feridas abertas por alguns dos seus filhos transviados.




Monte Real, 14 de Fevereiro de 2023
Joaquim Mexia Alves

terça-feira, 7 de fevereiro de 2023

A SEDE DE JESUS

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«Tenho sede»,
dizes-me Tu,
numa súplica de amor constante,
com a cabeça baixa,
pendente,
dolorida de tanto sacrifício
que aceitas por mim
e por todos.

E eu, de mãos vazias,
Senhor,
nem uma «esponja embebida em vinagre»
tenho para Te dar.

Perdoa-me, Senhor,
por ser assim
tão pobre em amor,
tão fraco em confiança,
tão frágil em esperança.

Levantas a cabeça
e olhas-me nos olhos.

No Teu olhar vejo a Paixão,
mas o Teu sorriso abre-se
e dizes-me cheio de ternura:
Meu filho,
apenas quero o teu coração,
a tua vida,
o teu amor,
para acalmar esta secura!




Monte Real, 7 de Fevereiro de 2023
Joaquim Mexia Alves

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2023

NO TEU CORAÇÃO, SENHOR!

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Olho-Te crucificado
abro o meu coração
de joelhos peço perdão
abate-se o meu pecado.

Da Tua ferida do lado
sai o sangue e sai a água
mesmo assim perdoado
dói-me sempre esta mágoa.

Quero sentir a Tua dor
mas Tu abraças-me
e beijas-me
e dizes-me cheio de ternura:
De Mim quero apenas
que tu sintas o Meu amor.

Prostro-me
abandonado no chão,
não ouso sequer olhar-Te
e de mim sai apenas um grito:
Perdão,
meu Deus,
perdão!

Puxas-me para Ti,
levantas-me,
sorris-me,
mesmo na Tua dor.

E eu sinto o Teu amor
quando me dizes sorrindo:
Não temas,
meu filho,
não temas,
tu estás no meu coração!



Monte Real, 2 de Fevereiro de 2023
Joaquim Mexia Alves

segunda-feira, 30 de janeiro de 2023

O PALCO DAS JMJ

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Ao princípio, confesso, também eu “embarquei” na critica ao valor apresentado para a construção do palco e respectivos arranjos para realizar as JMJ.

Claro que poderíamos invocar apenas a frase de Jesus Cristo - «Sempre tereis pobres entre vós» (Mc 14, 7) – e fazer dela a interpretação que nos conviesse para “justificar” este gasto.

Também podíamos justificar o tal valor comparando com tudo aquilo que tem sido investido ao longo do tempo em eventos vários e falando do seu retorno, como, por exemplo, o “Websummit”, concertos de rock, etc., e facilmente perceberíamos que o número de pessoas que se esperam nas JMJ é, impressionantemente, maior.
Ainda podíamos argumentar com a obra para o futuro e como ela serve para reabilitar e dar outra utilização àquele lugar.
Enfim poderíamos arranjar todos os argumentos e comparações necessárias para satisfazer as nossas consciências, justificando o tal valor a investir.

Mas, por mim, prefiro regressar à frase de Jesus - «Sempre tereis pobres entre vós» (Mc 14, 7) – e tentar tirar dela um sentido para o valor que vai ser investido, um sentido mais espiritual e ao mesmo tempo caritativo.

Os ensinamentos de Jesus Cristo e, obviamente, a Doutrina da Igreja, como não podia deixar de ser, voltam-se para os pobres, para os mais necessitados, e não são apenas aqueles pobres e necessitados de ajuda material, mas também aqueles que se desesperam, que estão sós, que são “pobres” espiritualmente, que não encontram o verdadeiro sentido da vida, o amor de Deus.
Ora, por isso mesmo, a consciência cristã tem que estar sempre voltada para estes pobres necessitados, (dos quais também nós fazemos parte em algumas alturas das nossas vidas), e assim, o ser cristão, ou melhor, o ser discípulo de Cristo, passa por aprender, para melhor conhecer Deus e assim melhor amar os outros, ajudando-os nas suas necessidades, sejam ela quais forem, materiais ou espirituais.

E é verdade, por todos constatada, que os jovens, (e não só os jovens), são, neste tempo, constantemente “bombardeados” por supostos valores que estão bem longe da solidariedade, do amor, da caridade.

Reuni-los, então, à volta do Papa Francisco, em comunhão de Igreja, ouvindo a palavra do Vigário de Cristo na terra, reflectindo sobre tudo o que ele lhes irá dizer e que os levará a comentar entre si essa verdade, encontrando caminho para o amor de Deus e, tocados por Ele, se tornarem verdadeiros discípulos de Cristo que pretendam levar a sério a imagem de São Paulo para a Igreja e assim sendo para a sociedade - «Assim, se um membro sofre, com ele sofrem todos os membros» (1 Cor 12, 26) – será, com certeza, um valor inestimável que ultrapassará em muito o tal valor monetário da referida obra.

E os jovens, como sempre se afirma, são o futuro, e se o futuro puder ser moldado no amor aos outros, na caridade aos outros, em comunhão de Igreja, então o futuro será bem mais esperançoso do que agora se apresenta.

Então e todos serão “tocados” por esse amor de Deus e por Ele se deixarão conduzir?
Com certeza que não, infelizmente, mas uma parte com certeza que o será e assim poderá mudar algo que não se antevia e aqueles que, por acaso, neste encontro não encontrarem Cristo, não deixarão de ficar com a semente que mais tarde poderá florescer e tornar-se fruto neles, para eles e para todos nós.

Já estou a ver quem me estiver a ler a pensar que eu “vivo nas nuvens”, que isto é muito bonito mas não passa de palavras escritas, mas a verdade é que eu, por exemplo, também não me preocupava com os outros, nem com Deus, mas a semente que tinha sido plantada no meu coração acabou por dar fruto e, hoje em dia, mesmo sendo pecador, sou diferente e preocupo-me e tento ajudar os outros, não só materialmente, mas também espiritualmente, em tudo aquilo a que Deus me chama.

Claro que, gostaria de ouvir a “minha” Igreja dizer, claramente, que não seria preciso gastar um valor tão elevado para fazer um palco e um altar com a dignidade suficiente para receber o Papa e as JMJ, mas também penso que não compete à Igreja tal decisão.
Claro que, não sendo engenheiro nem arquitecto, acredito que talvez se pudesse fazer “coisa” mais simples, embora digna, não gastando a tal verba anunciada.
Claro que, nos tempos que hoje vivemos no nosso país, nos podemos perguntar se não irá alguém usufruir, ilegitimamente, de parte da mesma verba.

Mas no fundo o que realmente importa é o fruto espiritual, e não só, que virá destas JMJ, e esse está nas mãos de Deus que semeará, regará e fará crescer a planta da fé, para depois dar fruto e fruto que permaneça, para bem de todos nós e maior glória de Deus.

E para que assim seja, também são necessárias as orações de cada um de nós, pedindo que o Espírito Santo se derrame abundantemente sobre os jovens e sobre a humanidade.

O resto são cousas do mundo.



Marinha Grande, 30 de Janeiro de 2023
Joaquim Mexia Alves

terça-feira, 24 de janeiro de 2023

A BELEZA DO AMOR OU O AMOR É A BELEZA

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Habituados a ver a beleza como algo visível aos olhos humanos, quedamo-nos a maior parte das vezes apenas pelo aspecto exterior, não nos preocupando de perceber se a beleza exterior é acompanhada pela beleza interior.

Poderíamos dizer que a beleza interior é o amor.
E, realmente, o amor não é visível, ao olhar humano.
Até muitas vezes os gestos, atitudes e palavras que usamos para expressar o amor, são, infelizmente, frequentemente falsas, mascaradas, apenas para atingir um qualquer fim em vista.

Curiosamente, quando pensamos na beleza humana exterior, (aferida pelos padrões da sociedade), reparamos que essa beleza é muitas vezes acompanhada com tiques de “superioridade”, de arrogância, de superficialidade.
Claro que isto é uma generalização e que, felizmente, também há muitos casos em que a beleza exterior é muito bem acompanhada com a beleza interior.

Então como “aferir” a beleza interior, ou seja, o amor?
Sabemos, aqueles que acreditam em Jesus Cristo, que o Seu amor é o único perfeito, completo, total e eterno.
É, portanto, no amor de Deus que podemos perceber a dimensão do nosso amor.

É sabido que o amor é doação, entrega de si mesmo, é a procura da felicidade do outro, dos outros, pois a felicidade dos outros leva-nos à nossa felicidade, e que só assim o amor se torna verdadeiramente amor.
Não são as “promessas de amor” ou as palavras que são o amor, porque nos lembramos de imediato que promessas e palavras leva-as o vento.

Amar é “respirar” o viver de Deus e em Deus!

Realmente só em Deus encontramos o verdadeiro amor e só deixando-nos tomar por esse amor podemos amar verdadeiramente.

O amor transforma!
Até o nosso fraco amor humano, quando nos toma, nos faz mudar para agradarmos à pessoa amada.
E como é belo e edificante ver duas pessoas que se amam verdadeiramente, procurando fazer-se mutuamente felizes.

Quanto mais, portanto, o amor de Deus em nós nos transforma, nos enche e preenche, e nos faz termos uma pequena parcela do divino, do divino amor que a todos ama sem condições.
É que tomados por esse amor de Deus, vamos procurar amar todos os outros, até mesmo aqueles que não nos amam ou nos querem mal.

Impossível?
Não, porque a Deus nada é impossível e por isso mesmo nada é impossível ao amor de Deus em nós.
E quando assim acontece com alguém que conhecemos, nem sequer reparamos na beleza exterior, se a mesma existe ou não por padrões humanos, porque a beleza do amor nessa pessoa torna o seu interior tão belo, que essa beleza se transmite, se sente, se vê, se vive exteriormente.

Então percebemos que a beleza do amor de Deus em nós também nos torna belos em Deus, porque o nosso todo, exterior e interior, é tocado por Deus e tudo o que Deus toca torna-se belo por amor.

Por isso o amor é belo e por isso a beleza é o amor de Deus!



Monte Real, 24 de Janeiro de 2023
Joaquim Mexia Alves

quinta-feira, 19 de janeiro de 2023

CONVERSAS NO CAMINHAR I

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Provocação - Coloca-te perante ti e pergunta-te seriamente que caminho estás a fazer neste encontro com Deus que queres para a tua vida.
Reflexão - Terei que examinar verdadeiramente o que me motiva, o que me apaixona, a verdade da procura no meu coração.

P - Então fá-lo sem medo, entregando-te ao Espírito Santo, para que Ele te guie e te mostre com a verdade os passos que dás em frente e os passos em que retrocedes.
R - Em primeiro lugar quero acreditar que me move o amor de Deus, o amor a Deus, a vontade de fazer a sua vontade.

P - Mas porquê? Para te satisfazeres, para te sentires bem, ou por achares que estás a fazer o que é devido para seguires Cristo?
R - Pois, o problema está muitas vezes aí. Será que o faço para me sentir bem, para me sentir “aconchegado” pela presença de Deus, ou então, também, por achar que Ele precisa de mim e fica contente por eu fazer o que faço ou querer fazer o que Ele quer?
É tão estranho reconhecer que talvez as minhas razões não sejam as melhores!

P - Não te preocupes com isso e abre o teu coração, a tua alma. Deixa que saia de lá aquilo que tantas vezes se calhar não tens coragem, ou mesmo até tens vergonha perante ti próprio de admitir.
R - E se eu olho para trás e reconheço que o meu caminho afinal está errado, ou melhor, que o faço por motivos que não são os verdadeiros, os mais puros?

P - Estás aqui, não estás? A tentar abrir o teu coração e o teu ser perante Deus e perante ti, por isso tens que reconhecer que nem tudo pode estar errado, ou seja, que no profundo do teu coração está Deus que te quer guiar ao seu encontro.
R - Sim reconheço isso. Se não houvesse em mim uma ânsia de ser o que Ele quer, com certeza não me perguntaria porque faço o caminho ou como faço o caminho.

P - Exactamente. Então o que te incomoda?
R - Sabes que uma das coisas que me é difícil de perceber, ou melhor de viver, é esta “capacidade” para escrever e, por exemplo, fazer oração.

P - Porquê?
R - Porque embora reconheça que tudo vem dEle, mesmo assim acho ou penso que tenho algum mérito nisso e isso incomoda-me, porque queria ser completamente liberto de tudo isso para não me ufanar, não me sentir “especial”!

P - Se isso te incomoda significa que dentro de ti a tua consciência te alerta para o perigo da vã glória, e isso é bom, porque também significa que Ele mesmo te alerta, mas te dá a mão.
R - Mas eu não queria “deleitar-me” com elogios, com referências, com parabéns! Queria que não os houvesse, (será que queria mesmo?), ou então que lhes fosse completamente indiferente.
Vês esta divisão que vive em mim, que me marca. Nem sequer ter a certeza se quero ou não quero essas atitudes para comigo?

P - Mas quando recebes esses elogios, essas referências, achas que te são devidas? Achas que são fruto apenas de ti, do que podes ou consegues fazer sozinho?
R - Não, claro que não! Claro que reconheço que é Ele que faz em mim, mas de algum modo sinto que fui "escolhido" e isso orgulha-me como se eu tivesse algum mérito nisso.
E depois dizem-me para me entregar, para tudo confiar, mas estas dúvidas de pureza de intenções não me largam, parece que não me deixam libertar do meu eu, do eu com o qual eu me parece não sei lidar.

P - Poderás não saber lidar tão bem, mas repara que ao te permitires reconhecer tudo isso, significa que no fundo te estás a abrir a Ele e que Ele te vai guiando no caminho que queres caminhar.
Sabes bem que a sua misericórdia é infinita e que Ele te conhece melhor do que tu te conheces, por isso sempre tens a sua mão a levantar-te para Ele.
R - Sabes, apetece-me tantas vezes abandonar tudo! Não é abandonar Deus e o caminho que vou fazendo, mas sim todas as coisas em que estou envolvido e ser apenas mais um entre todos, sem intervenção pública, sem dar a cara.
Mas quando penso nisso fico sempre apreensivo e dividido entre fazê-lo para me libertar ou fazê-lo para me pedirem que não o faça?
E se seu estiver errado e Ele quiser que eu faça o que faço porque realmente me chamou para o fazer?

P - Não te sei responder, mas, no entanto, digo-te que confies e te abras a tudo o que possa acontecer. Se não te chamarem, não te imponhas. Se não te perguntarem, não opines. Se não quiserem precisar de ti, não te faças “necessário”. Não queiras impor a tua presença como se ela fosse necessária. Se Ele quiser que O sirvas de qualquer modo, Ele te chamará do modo que melhor entender e tu irás entender que é Ele que te chama.
R - E isso não me irá “doer” se por acaso não for chamado? Não irei criticar e julgar porque não me quiseram usar para servir? Serei capaz de estar com alegria onde outros estiverem a fazer o que eu fazia?

P - Tens que confiar e rezar permanentemente. Não dizes tu que é preciso invocar sempre o Espírito Santo? Então fá-lo com todas as tuas forças e pede-lhe para Ele te guiar e ajudar a suportar tudo aquilo que humanamente te possa magoar, embora no fundo saibas que isso é apenas caminho de crescimento, caminho de encontro com Deus.
Só comungando com os outros, só alegrando-te no que os outros fazem de bem, serás comunhão também com Deus e assim aquilo que te parecia impossível de ultrapassar, será ultrapassado e, pelo menos em relação a isso, alcançarás a paz.
Mas não penses que tudo fica resolvido, porque o teu caminho de aprendizagem é longo e difícil, e por muito terás ainda que passar. Mas anima-te porque Ele está a moldar-te segundo a sua vontade.




Marinha Grande, 19 de Janeiro de 2023
Joaquim Mexia Alves

terça-feira, 10 de janeiro de 2023

DIÁLOGOS COM O SENHOR DEUS 24

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Apetecia-me perguntar aquilo que muita gente Te pergunta: Porquê eu, Senhor?
Podia responder-te de forma simples perguntando porque não tu e sim outro qualquer.

Eu compreendo, mas por vezes é tão difícil entender e aceitar.
Sabes bem, porque sabes que Eu sou “apenas e só” amor, que nunca poderia “atribuir” problemas ou sofrimento a ninguém.

Mas porquê, Senhor? Porquê o sofrimento?
Faz parte da condição humana. Repara que o corpo humano é perecível e frágil.
Assim, mesmo que não tivesses doença nenhuma ao longo da vida, quando o corpo começa a envelhecer é normal que tenha problemas, dificuldades, dores, sofrimentos, enfim.
Lembra-te, também, que para além do sofrimento físico existem também os sofrimentos “sentimentais”, emocionais, porque dada a condição de fraqueza do homem pecador, os ciúmes, as traições, a má-língua, etc., etc., também provocam o sofrimento ao longo da vida.

Mas pode existir um sentido no sofrimento?
Não, meu filho, não se pode atribuir um sentido ao sofrimento como se ele fosse coisa boa.

Mas pode-se tirar um sentido do sofrimento. Como?
Repara que Jesus Cristo enquanto Homem, sofreu tudo o que há para sofrer, desde o sofrimento físico, ao mental, sentimental, até à morte e morte de Cruz, como escreve Paulo.
E repara que Ele não desejava o sofrimento, por isso mesmo naquela hora pediu ao Pai que afastasse dEle “aquele cálice”.
Contudo aceitou o sofrimento porque lhe deu um sentido e um sentido extraordinário.
Já que o ia viver ofereceu-o inteiramente pela salvação do Homem.

Devo então desejar o sofrimento para oferecer pelos outros?
Não, meu filho, não deves tu nem ninguém desejar o sofrimento seja porque razão for.
Mas já que o sofrimento é inerente à vida é aceitá-lo, combatendo-o com certeza pelos meios à disposição, e oferecê-lo pelos outros que sofrem também ou que ainda não Me quiseram encontrar.
Então o sofrimento terá um sentido e mesmo no meio da tribulação trará paz e tranquilidade porque se reveste de amor aos outros.

Obrigado. Tens sempre razão, obviamente, porque eu sinto o que me dizes quando aceito o sofrimento e o ofereço pelos outros.
Unidos à Cruz de Cristo todos se tornam obreiros da salvação dos homens pela Minha graça e pelo Meu amor.




Monte Real, 10 de Janeiro de 2023
Joaquim Mexia Alves

sábado, 31 de dezembro de 2022

BENTO XVI

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“Morreu-me” alguém muito próximo!
Um sentimento de orfandade percorre-me e faz-me vir as lágrimas aos olhos.
Morreu Bento XVI!



Morreu, com certeza, serenamente, como serenamente viveu.

Aquele a quem apelidaram de tanta coisa, acabou por surpreender o mundo com a sua humilde renúncia e até esse gesto quiseram distorcer chamando-lhe fraqueza.
Um homem com uma espiritualidade tão profunda e verdadeira, não podia deixar de tomar essa decisão se ela não fosse a vontade de Deus colocada no seu coração.
Acredito que como Cristo, (sentindo-se um nada em comparação com Ele), deve ter rezado por todos eles, pedindo ao Pai que lhes perdoasse porque não sabiam o que diziam, o que faziam.

Mas nada disso interessa agora, mas sim a certeza de que a Igreja tem mais um Santo no Céu.

Tanto deu à humanidade em Igreja e tão pouco dela recebeu.

A sua vida narrada em livros é um poema de amor a Deus Nosso Senhor.
Um poema de amor carregado de inteligência, de doação, de humildade, de joelhos no chão.

Agarro-me aos seus livros, aos livros que dele falam, e guardo-os no coração para que neles perceba como é verdadeiramente ser discípulo de Cristo.

O Papa, digo-o com toda a sinceridade, que mais marcou a minha vida.
Comecei por, infelizmente, deixar-me levar por uma comunicação social manipulada e doentia, mas cedo me apercebi de como estavam errados e de como este homem era uma bênção para a Igreja e para a cristandade.
Depois tive a graça de o ver a escassos metros de mim em Fátima, (ia jurar que os nossos olhares se cruzaram), com ele rezámos as Vésperas e a sua timidez, a sua humildade, a sua concentrada espiritualidade tocaram-me profundamente.

Direi mesmo que Bento XVI marcou uma etapa da minha vida em que decidi que tinha de fundamentar a minha fé, tinha que aprofundar o meu ser cristão, tinha, sobretudo, que conhecer melhor Deus até ao ponto em que Ele se me desse a conhecer.

Por isso este sentimento de orfandade que agora sinto.
Apenas colmatado pela certeza de que se ele me falasse agora, diria como Maria disse naquele dia - «faz tudo o que Ele te disser» - porque só Ele interessa e só Ele é o Caminho, a Verdade e a vida.

“Morreu-me” Bento XVI!
Aleluia!
Temos mais um Santo no Céu!



Marinha Grande, 31 de Dezembro de 2022
Joaquim Mexia Alves

ANO VELHO ANO NOVO

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Ano velho – Estás muito esperançado que vai correr tudo bem!!

Ano novo – Nem por isso. Sabes que já desconfio muito das promessas feitas nesta época.



Ano velho – Há um ditado muito antigo que diz, “promessas leva-as o vento”!

Ano novo – Pois é! E parece-me bem que a maioria das promessas feitas neste tempo são mesmo levadas pelo vento passados uns escassos sete dias.



Ano velho – Deixa lá, que ainda me lembro bem das promessas que fizeram há um ano e olhando para trás vejo bem como o vento as levou.

Ano novo – Sabes, querido ano velho, o que me incomoda é que uma grande parte das promessas que fazem, sobretudo aqueles que se dizem cristãos, são promessas de dietas, de bem-estar físico, de procurar mais dinheiro e mais bens, mas poucas são de amar mais e melhor, de seguir verdadeiramente Jesus Cristo, ajudando os outros, por exemplo, de passar de “cristão de nome” a discípulo de Cristo.



Ano velho – Realmente esse tipo de promessas são em muito menor número e infelizmente rapidamente são esquecidas, tirando algumas raras excepções. Eu sei porque tive oportunidade de verificar isso durante o meu “reinado”.

Ano novo – Eu acredito que muitas dessas promessas são feitas com desejo sincero, mas rapidamente são envolvidas pelo mundo e substituídas por consciências que se moldam à sua própria vontade.



Ano velho – Sem dúvida. Acomodam-se, digamos assim.

Ano novo – O problema, quanto a mim que ainda sou novo nestas lides pois só agora vou começar, é que me parece que dão o “estatuto de cristão” como adquirido, cumprindo preceitos pelos preceitos, e não tanto cuidando de perceber que os preceitos só têm sentido vividos no amor e postos em prática no amor.



Ano velho – Ó meu menino ano novo, a verdade é que se deixam levar por ideias mundanas tais como, não é a mim que compete cuidar dos outros, para isso é que há instituições de assistência, etc., etc.

Ano novo – As instituições existem, mas por si só não conseguem resolver todos os problemas permanentes dos necessitados, sobretudo, no amor, na companhia, na alegria do encontro e, sobretudo, no anúncio da Boa Nova.



Ano velho – Que bom seria que todos aqueles que se dizem Igreja tivessem bem presente aquela palavra de São Paulo: «Assim, se um membro sofre, com ele sofrem todos os membros; se um membro é honrado, todos os membros participam da sua alegria.» (1 Cor, 12, 26)

Ano novo – Essa seria uma promessa bem bonita de todos fazerem, “ser mais Igreja”, com tudo o que ela implica em adoração, em oração, em testemunho, em amor, em doação de si mesmo.



Ano velho – Costuma dizer-se que Deus demorou sete dias para fazer o mundo e o homem, por isso tenhamos esperança que, iluminados pelo Espírito Santo, as promessas cumpridas de uns levem outros a procurar promessas novas, que tragam Deus aos homens, que parecem querer cada vez mais rejeitá-lO, arvorando-se em “pequenos deuses”.

Ano novo – Se tu, querido ano velho, vives essa esperança quando terminas o teu tempo, então eu, que agora começo, tenho que viver ainda mais essa esperança, e por isso me entrego nas mãos de Deus pedindo que durante o meu tempo a humanidade encontre o caminho de Deus, encontre o amor, encontre a paz, encontre a verdadeira vida que só Deus pode e dá a cada um que O procura e a Ele se entrega.



Ano velho – Até logo, ano novo, vemo-nos na eternidade!

Ano novo – Até já ano velho, sem ti não haveria ano novo, e se formos vividos por Cristo, com Cristo e em Cristo, a eternidade em amor será sempre a realidade da grande promessa de Deus.




Marinha Grande, 31 de Dezembro de 2022
Joaquim Mexia Alves

A todos quantos visitam este espaço um Novo Ano cheio das bênçãos de Deus.

segunda-feira, 26 de dezembro de 2022

O NATAL JÁ PASSOU!!?!

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Passou o Natal!
Já lá vai!
Para o ano há mais!

Pois, o problema é esse mesmo, ou seja, colocar nas nossas cabeças e nos nossos corações que o Natal já passou e só para o próximo ano ele volta.

Esquecemo-nos que o Natal «cresce em sabedoria, em estatura e em graça, diante de Deus e dos homens» (cf Lc 2, 52)

Esquecemo-nos de que o Menino se vai fazer Homem e nos vai olhar olhos nos olhos e dizer-nos como todo o amor, «Segue-me» (cf Mt 9, 9)

Esquecemo-nos que o Menino se vai fazer Homem e vai «orar por nós instantemente, e o suor vai tornar-se como grossas gotas de sangue, que caiem na terra.» (cf Lc 22, 44)

Esquecemo-nos que o Menino se vai fazer Homem e vai dar a vida por nós e mesmo na Cruz há-de pedir por nós dizendo «Perdoa-lhes, Pai, porque não sabem o que fazem.» (cf Lc 23, 34)

Esquecemo-nos que o Menino se vai fazer Homem e na Cruz vai dizer a Sua mãe, «Mulher, eis aí os teus filhos» e a cada um de nós, «Eis aí a vossa mãe» (cf Jo 19, 26-27)

Esquecemo-nos que o Menino se vai fazer Homem e entregar-se totalmente por nós até dizer no derradeiro momento, «Tudo está consumado». (cf Jo, 19, 30)

Esquecemo-nos que o Menino se vai fazer Homem e, depois de ter morrido na Cruz, vai ressuscitar e dizer a cada um de nós, «Mas ides receber uma força, a do Espírito Santo, que descerá sobre vós, e sereis minhas testemunhas em Jerusalém, por toda a Judeia e Samaria e até aos confins do mundo.» (cf Act 1, 8)

Não, o Natal não passou, o Natal não volta apenas para o próximo ano.

O Natal está entre nós e só vivendo-o no dia a dia, sendo testemunhas dEle em todos os momentos e em todos os lugares, o Natal é Natal e, como se diz na gíria popular, o “Natal será sempre que o homem quiser” pela graça de Deus.

Santo Natal a todos na alegria do Deus Menino que se vai fazer Homem para nos salvar.



Marinha Grande, 26 de Dezembro de 2022
Joaquim Mexia Alves

segunda-feira, 19 de dezembro de 2022

CONTO DE NATAL 2022

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Aproximava-se o Natal e a inspiração não vinha.

Desde há mais de dez anos que em cada Natal escrevia um Conto que, volta e meia, relia e se espantava como tinha tido tal inspiração.

A verdade é que, normalmente, quando se aproximava o Natal, numa qualquer madrugada acordava às seis ou sete da manhã, (o que tantas vezes lhe acontecia), e, sem perceber como ou porquê, a história para o Conto surgia no seu coração, no seu pensamento.
Depois era só escrever, mais tarde, e ao tempo que escrevia iam surgindo as frases encadeadas.

Mas este ano, nada!
O tempo estava a acabar e nem uma “luzinha” sequer de uma qualquer ideia para o seu Conto de Natal de 2022.

Percorria na memória cenas bíblicas, histórias passadas, episódios natalícios, mas nada, nenhum desses pensamentos lhe transmitia aquela “segurança” que costumava sentir quando lhe vinha ao coração e ao pensamento a trave mestra de cada Conto de Natal.

Bem, pensou ele, chegou ao fim este ciclo de Contos de Natal.

Acabaram-se as ideias, acabaram-se as razões, ou, simplesmente, haverá outro modo de escrever sobre o Natal, porque a escrita para ele, era um contínuo processo em que as palavras iam aparecendo conforme escrevia.

“Arrumou” os pensamentos na “gaveta mental” dos Contos de Natal e decidiu procurar outro modo de escrever o Natal.

Naquela madrugada de 24 de Dezembro, mais uma vez, acordou às seis da manhã.
Seria para rezar, certamente, porque o Conto de Natal já estava “arrumado” na memória.

Foi então que ouviu dentro de si uma voz que lhe dizia.
Queres um Conto de Natal, Joaquim?

Ficou em silêncio com receio que aquele momento acabasse de repente, mas no seu coração apenas dizia sim, mil vezes sim.

Novamente ouviu, ou sentiu, no seu coração aquela voz que lhe disse:
Pois bem o teu Conto de Natal este ano, Joaquim, sou Eu!

És Tu, Senhor? - Perguntou sem perceber.

Sim, Joaquim, sou Eu!
O teu Conto de Natal este ano sou Eu naqueles que sofrem.
O teu Conto de Natal este ano sou Eu naqueles que nada têm.
O teu Conto de Natal este ano sou Eu naqueles que estão doentes.
O teu Conto de Natal este ano sou Eu naqueles que estão presos.
O teu Conto de Natal este ano sou Eu naqueles que estão em guerra.
O teu Conto de Natal este ano sou Eu naqueles que estão abandonados.
O teu Conto de Natal este ano sou Eu naqueles que estão desesperados.
O teu Conto de Natal este ano sou Eu naqueles que estão sós.
O teu Conto de Natal este ano sou Eu naqueles que são perseguidos.
O teu Conto de Natal este ano sou Eu naqueles que são ofendidos.
O teu Conto de Natal este ano sou Eu naqueles que estão traumatizados.
O teu Conto de Natal este ano sou Eu naqueles que não têm esperança.
O teu Conto de Natal este ano sou Eu naqueles que não têm amor.
O teu Conto de Natal este ano sou Eu naqueles que Me afastam.
O teu Conto de Natal este ano sou Eu naqueles que não acreditam.
O teu Conto de Natal este ano sou Eu naqueles que cantam, apesar de todas as dificuldades, «glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens de boa vontade.»

Abriu os olhos, sorriu, e disse numa prece do seu coração:
Que lindo Conto de Natal, Senhor! Só podia ser escrito por Ti!




Marinha Grande, 19 de Novembro de 2022
Joaquim Mexia Alves 


Com este Conto de Natal desejo a todos que visitam este espaço um Santo Natal na alegria de Jesus Cristo Nosso Senhor!