.
.
Aproximava-se o Natal e a inspiração não vinha.
Desde há mais de dez anos que em cada Natal escrevia um Conto que, volta e meia, relia e se espantava como tinha tido tal inspiração.
A verdade é que, normalmente, quando se aproximava o Natal, numa qualquer madrugada acordava às seis ou sete da manhã, (o que tantas vezes lhe acontecia), e, sem perceber como ou porquê, a história para o Conto surgia no seu coração, no seu pensamento.
Depois era só escrever, mais tarde, e ao tempo que escrevia iam surgindo as frases encadeadas.
Mas este ano, nada!
O tempo estava a acabar e nem uma “luzinha” sequer de uma qualquer ideia para o seu Conto de Natal de 2022.
Percorria na memória cenas bíblicas, histórias passadas, episódios natalícios, mas nada, nenhum desses pensamentos lhe transmitia aquela “segurança” que costumava sentir quando lhe vinha ao coração e ao pensamento a trave mestra de cada Conto de Natal.
Bem, pensou ele, chegou ao fim este ciclo de Contos de Natal.
Acabaram-se as ideias, acabaram-se as razões, ou, simplesmente, haverá outro modo de escrever sobre o Natal, porque a escrita para ele, era um contínuo processo em que as palavras iam aparecendo conforme escrevia.
“Arrumou” os pensamentos na “gaveta mental” dos Contos de Natal e decidiu procurar outro modo de escrever o Natal.
Naquela madrugada de 24 de Dezembro, mais uma vez, acordou às seis da manhã.
Seria para rezar, certamente, porque o Conto de Natal já estava “arrumado” na memória.
Foi então que ouviu dentro de si uma voz que lhe dizia.
Queres um Conto de Natal, Joaquim?
Ficou em silêncio com receio que aquele momento acabasse de repente, mas no seu coração apenas dizia sim, mil vezes sim.
Novamente ouviu, ou sentiu, no seu coração aquela voz que lhe disse:
Pois bem o teu Conto de Natal este ano, Joaquim, sou Eu!
És Tu, Senhor? - Perguntou sem perceber.
Sim, Joaquim, sou Eu!
O teu Conto de Natal este ano sou Eu naqueles que sofrem.
O teu Conto de Natal este ano sou Eu naqueles que nada têm.
O teu Conto de Natal este ano sou Eu naqueles que estão doentes.
O teu Conto de Natal este ano sou Eu naqueles que estão presos.
O teu Conto de Natal este ano sou Eu naqueles que estão em guerra.
O teu Conto de Natal este ano sou Eu naqueles que estão abandonados.
O teu Conto de Natal este ano sou Eu naqueles que estão desesperados.
O teu Conto de Natal este ano sou Eu naqueles que estão sós.
O teu Conto de Natal este ano sou Eu naqueles que são perseguidos.
O teu Conto de Natal este ano sou Eu naqueles que são ofendidos.
O teu Conto de Natal este ano sou Eu naqueles que estão traumatizados.
O teu Conto de Natal este ano sou Eu naqueles que não têm esperança.
O teu Conto de Natal este ano sou Eu naqueles que não têm amor.
O teu Conto de Natal este ano sou Eu naqueles que Me afastam.
O teu Conto de Natal este ano sou Eu naqueles que não acreditam.
O teu Conto de Natal este ano sou Eu naqueles que cantam, apesar de todas as dificuldades, «glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens de boa vontade.»
Abriu os olhos, sorriu, e disse numa prece do seu coração:
Que lindo Conto de Natal, Senhor! Só podia ser escrito por Ti!
Marinha Grande, 19 de Novembro de 2022
Joaquim Mexia Alves
Com este Conto de Natal desejo a todos que visitam este espaço um Santo Natal na alegria de Jesus Cristo Nosso Senhor!
Sem comentários:
Enviar um comentário