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Numa reunião do grupo que faz a oração nos nossos Percursos Alpha, falámos, obviamente, sobre a oração.
Abrimos os nossos corações e falámos cada um por si e de si, do modo como fazemos as nossas orações pessoais, e como nos preparamos para fazer a oração comunitária que costumamos fazer, sobretudo no fim de semana do Alpha.
E foi curioso perceber que quanto às nossas orações pessoais diárias, todos nos debatemos com o “eterno” problema da falta de tempo, das orações repetitivas e rotineiras, da “rapidez” das orações e, também, dos apoios que nos vamos servindo para as nossas orações diárias.
Colocamos muitas vezes um “peso” nas nossas orações diárias, como se de uma obrigação se tratasse, ou melhor, como se fosse uma imposição de Deus sobre nós, quando afinal se trata “apenas” de alimentar todos os dias a nossa relação com Deus.
Fazemo-lo com os nossos familiares directos, filhos, maridos, esposas, com os nossos colegas de trabalho, com amigos e com quem nos cruzamos no nosso dia a dia, porque são esses “bom dia”, esses “boa noite”, essas conversas, muitas vezes acerca de tudo e de nada, que fortalecem a nossa relação com as pessoas e nos dão a conhecer melhor cada um daqueles com quem falamos.
Então, obviamente, porque não fazê-lo com Deus?
E sim, para fortalecer a nossa relação com Ele, o nosso melhor conhecimento d’Ele, para sentirmos o Seu amor por nós e “aferirmos” o nosso amor por Ele.
Balizamos nós o tempo que devemos falar com os outros, como acima está referido?
Quanto tempo devemos falar com a nossa esposa ou marido, com os nossos filhos, com os amigos, etc.?
É isso uma preocupação nossa?
Não entendem eles as nossas ocupações diárias que nos impedem de dar mais tempo a essas conversas?
Então e Deus?
Não entenderá Ele muito melhor todas essas nossas condicionantes?
A nós cristãos na sua maioria, Deus não nos chamou a ser monges ou freiras de clausura dedicados à adoração e oração, mas sim a viver uma vida de trabalho na sociedade, a viver como uma família, etc., etc. e, por isso mesmo, sabe bem melhor do que nós, de toda a ocupação de tempo que essa vida comporta e que torna impossível, digamos assim, um tempo de oração estruturado e longo em cada dia.
Santa Teresa do Menino Jesus definia a oração como «um impulso do coração, é um simples olhar lançado ao Céu, um grito de reconhecimento e amor no meio da provação ou da alegria.»
Então quando em tantos momentos do dia nos “lembramos” de Deus, “vemos” a mão de Deus no que nos vai acontecendo, por vezes até meio inconscientemente, Lhe agradecemos, Lhe pedimos e até por vezes Lhe “chamamos a atenção”, estamos a fazer oração, ou seja, estamos em relação com Deus.
Obviamente que isto não invalida que possamos encontrar em cada dia um espaço/momento para fazermos uma oração mais “estruturada”, para O louvar e para Lhe pedir, e assim nos devemos comprometer com esse espaço/momento, que mesmo tornando-se talvez um pouco rotineiro, não deixa de ser a intenção do nosso coração em estarmos com Deus e a Ele nos confiarmos.
Mas não nos preocupemos com o muito ou pouco tempo desse espaço/momento, mas sim com a intenção do nosso coração em estar com Deus, e ter uma duração que saibamos ser possível para nós em cada dia, de preferência sempre à mesma hora.
E depois, ao longo dos dias, tentemos encontrar momentos para estarmos com Ele na Igreja, frente ao sacrário e, muito especialmente, na celebração da Eucaristia Dominical.
Deus não é “ciumento” e ama-nos de tal forma que “aproveita” todos os momentos que Lhe damos, mesmo repetitivos, mesmo rotineiros, mesmo até talvez pouco conscientes.
Uma oração, julgo eu, é imprescindível para toda a outra oração: Pedir continuamente o Espírito Santo, porque é Ele que ora em nós.
«É assim que também o Espírito vem em auxílio da nossa fraqueza, pois não sabemos o que havemos de pedir, para rezarmos como deve ser; mas o próprio Espírito intercede por nós com gemidos inefáveis.» Rm 8, 26
Marinha Grande, 11 de Março de 2024
Joaquim Mexia Alves
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