segunda-feira, 7 de agosto de 2006

A PROCURA



Imóvel, cabeça voltada para o Céu, os braços abertos em cruz, as palmas das mãos viradas para cima, todo eu era uma súplica, (ou pretendia ser), esperando confiantemente o sinal, os sinais do meu Senhor.

Não queria pensar em nada, não queria nenhuma distração, fosse ela qual fosse, queria apenas esperar, sentir, deixar-me envolver pela presença do meu Deus e Senhor.

De vez em quando, uma qualquer voz do interior de mim, tentava distrair-me do meu propósito, da minha procura, da minha entrega que queria total, mas eu, forte e decidido, logo lhe ordenava com autoridade que se calasse e não me impedisse de continuar a minha demanda.

E esperava, e esperava, e clamava com todas as minhas forças:

Senhor, estou aqui, quero entregar-me, quero sentir e viver o Teu amor!

Mas nada, nada acontecia, apenas aquela voz interior que regressava de quando em vez, para me afastar do encontro com o meu Senhor.

Suplicante, perguntei então, já cansado, virado para o Céu:

Que faço eu de errado Senhor, porque não vens ao meu encontro, sei que não Te mereço, mas também sei que és infinitamente bom, e que tocas sempre aqueles que te procuram.

E nada, nenhuma resposta, nem o mais leve sinal, ou um calor que me fizesse sentir a Sua presença, e eu que tanto me tinha preparado para este momento.

É esta voz de dentro de mim, pensei eu, que não me deixa entrar na presença do meu Deus. Mas como calá-la, como fazer para que ela não me distraia da minha meditação.

De vez em quando um vento, como uma brisa, passava por mim e o meu coração agitava-se, estremecia, mas logo se aquietava, um pouco desiludido, pois não era a presença que eu tanto desejava.

Cansado, quase um pouco descrente, deixei de lado o meu esforço em que tanto tinha acreditado, e que pensava seria o necessário para o meu encontro decisivo com Jesus.

Baixei os braços, deixei pender a cabeça, libertei os meus sentimentos e foi então que ouvi distintamente aquela voz dentro de mim:

«Procuras fora O que está dentro de ti?
Procuras com a tua inteligência, com os teus planos, com as tuas forças, aquilo que só Eu, por graça, te posso dar?
Não sabes que habito em Ti, não sabes que habito naqueles que me amam, naqueles que se alimentam de Mim?
Para que queres tu sinais, consolações, sentimentos?
Não te chega saberes que Me entreguei por ti e que te prometi, e a todos os que acreditassem, que sempre estaria convosco?
Abandona-te, entrega-te, do exterior nada te dou, mas deixa que cresça no teu interior até que Eu seja tudo em ti.»

Caí de joelhos.

Pobre de mim, convencido de algum merecimento, convencido de que podia alguma coisa, quando apenas bastava abrir o coração, abrir a vida, e dizer:

Sim, meu Senhor e meu Deus, faça-se a Tua vontade!

Escrito em 07 de Agosto de 2006

1 comentário:

A Capela disse...

Não tinha que comentar. Ou não devia, não sei ainda, mas qualquer coisa mais forte faz-me abrir a caixa dos comentários e só para te dizer: "Quem procura encontra", "Batei e abrir-se-vos-á". Fora o final que contas, terás um sinal. Mesmo que quase passe por ignorado, estou certa disso pelo que li.

Abrenção, Malu