terça-feira, 4 de abril de 2023

SEMANA SANTA 2023 III

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«Judas recebeu o bocado de pão e saiu imediatamente. Era noite.»

Naquele pão, Judas recebeu todo o amor de Jesus, mas mesmo assim não compreendeu, não se moveu da intenção que o mal tinha colocado no seu coração, deixando-se levar pela tentação.

Era de noite e fez-se ainda mais noite na vida de Judas!

A tentação da traição por dinheiro tinha-o arrastado para aquela noite interior de onde não conseguiu mais sair.
Embora se tenha arrependido mais tarde, e desprezado o vil dinheiro da traição, não compreendeu que o amor de Jesus era muito maior do que o seu pecado, e esse terrível pecado de não acreditar no perdão de Deus, (maior do que o próprio pecado da traição), levou-o a destruir a sua própria vida, afastando-se irremediavelmente de Deus.

E, afinal, o perdão de Deus é muito maior do que o nosso pecado.

Não perdoou Ele a Pedro que O negou três vezes?
Não perdoou Ele a Paulo que O perseguiu, prendeu, torturou e matou em todos aqueles que O seguiam?
Não perdoou Ele ao ladrão que a Seu lado sofria, pendido numa cruz?
A lista seria interminável!

Era noite!

Quantas vezes eu deixo que a “noite” tome conta de mim quando nego a Cristo com o meu pecado?
Quantas vezes eu deixo que o dinheiro, os bens, o poder, a importância social, a vaidade, o orgulho, tomem conta de mim e coloquem a “noite” na minha vida?
Quantas vezes não olho para aquele que ao meu lado precisa de mim e lhe sou indiferente, passando por ele sem ver, não percebendo que nele está o próprio Cristo que me estende a mão, e assim me deixo envolver na “noite” do meu egoísmo?

Ah, Senhor, poderia ficar aqui a escrever resmas e resmas de papel, reflectindo sobre todas as vezes em que deixo a “noite” entrar em mim, e «saio imediatamente» com vergonha de mim próprio.

Mas a Tua graça alcança-me e eu deixo-me então tocar por Ti.

E a Tua graça leva-me a afastar a “noite” de mim, leva-me a procurar-Te dentro de mim, leva-me a deixar-Te colocar em mim o arrependimento, e procuro-Te então na Confissão, agarrando-me com toda a confiança à mão que me estendes, (como estendeste a Pedro que se afundava na “noite” das águas (Mt 14, 30)), e olhando para Ti, «chorando amargamente» (Lc 22, 62) , levanto-me Contigo e “recomeço” de novo a vida nova que sempre me dás.

Não deixes, Jesus, que eu alguma vez me desespere por causa dos meus pecados, mas sempre, sempre, olhe para Ti, receba o Teu olhar, me acerque de Ti, e por Ti me deixe perdoar para «ir e não voltar a pecar». (Jo 8, 11)



Monte Real, 4 de Abril de 2023
Joaquim Mexia Alves

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