sexta-feira, 19 de janeiro de 2007

A VIDA NASCENTE

Excertos da homilia de D. António Marto, Bispo de Leiria-Fátima, na peregrinação de 13 de Janeiro.
«Embora sabendo que é fruto da sua fertilidade e do seu amor, os pais acolhem o filho como um dom que é confiado à sua solicitude, e não como uma coisa ou um objecto de que são proprietários e de que podem dispor arbitrariamente.
Qual o segredo último desta nova vida orientada a desabrochar na flor da consciência e na glória da liberdade? À luz da fé cristã, a geração do ser humano lança raízes no mistério de Deus Criador, fonte de toda a vida. Não é mero produto do acaso irracional e sem sentido da evolução. Traz em si a marca de criatura “à imagem de Deus”. “Cada menino que nasce, traz-nos o sorriso de Deus e convida-nos a reconhecer que a vida é dom Seu, a acolher com amor e a guardar sempre e em cada momento” (Bento XVI).
Qualquer homem ou mulher de boa vontade, mesmo não crente, intui que na vida humana que nasce, há um valor sagrado, que inspira respeito e pode ser captado à luz da razão. Um não crente, como Umberto Eco, afirma: “Julgo que o nascimento de uma criança é uma coisa maravilhosa, um milagre natural que devemos aceitar”! E, na mesma lógica, um outro filósofo italiano, Norberto Bobbio, laico e socialista, afirma que a defesa da vida humana, antes e depois de nascer, é “uma causa progressista, democrática e reformista”, que não deve ser deixada só aos crentes.»
«O fenómeno do aborto como chaga social é sintoma de um mal-estar mais profundo de cultura e de civilização, da própria sociedade. Alastra uma visão materialista que reduz o conceito de vida humana a um mero produto ou material biológico; e uma visão pragmático-utilitarista que remete por completo a sensibilidade moral para as fronteiras dos custos, do bem-estar, do conforto etc. E, então, a nossa sociedade torna-se simultaneamente frágil (face aos problemas da vida) e “dura” (nas soluções drásticas) em função da lógica utilitarista e competitiva.
Não ignoramos, nem podemos ignorar que, muitas vezes, a decisão de abortar é fruto de grandes sofrimentos e angústias (sem excluir as pressões), que é um verdadeiro drama para muitas mulheres. Mas pensamos que a um drama não se responde com outro drama: o de destruir uma vida humana que desabrocha e que é o elo mais fraco em todo este processo. A resposta verdadeiramente humana e humanista a este drama é um projecto solidário e galvanizador de todos os recursos da sociedade civil e do Estado, para oferecer todo o cuidado, acolhimento e protecção de ordem social, económica e psicológica tanto ao filho em gestação como à mãe que o gera. Não podemos considerar um sem o outro; e muito menos pôr um contra o outro. A liberalização do aborto, embora disfarçada sob a forma jurídica de despenalização, não é a resposta digna e condigna. É uma fuga em frente, para não atacar o problema nas suas raízes. Não é caminho de progresso, de futuro e de liberdade.»

quarta-feira, 17 de janeiro de 2007

DIREITO DE NASCER

Fico assim, meu Deus, a pensar naqueles que não nascem, porque não os deixam nascer.
Fico assim, meu Deus, a pensar que nasci, porque me deixaram nascer.
Fico assim, meu Deus, a pensar naqueles que tomam decisões sobre a vida dos outros que ainda não nasceram, mas podem tomá-las porque a eles os deixaram nascer.
Dizem-me que é assim, meu Deus, que a vida é feita de escolhas, de decisões que é preciso tomar.
Mas como posso eu, meu Deus, tomar decisões sobre a vida dos outros, dos que estão para nascer, se eles ainda não podem tomar decisões sobre a minha vida já nascida?
Dizem-me que é assim, meu Deus, que são os direitos de cada um.
Mas como posso eu, meu Deus, arrogar-me dos meus direitos, se não concedo aos que ainda não nasceram o direito básico à vida, que lhes dá o direito… a terem direitos?
E por isso, meu Deus, fico assim a pensar que o único direito, verdadeiramente direito, é o direito a nascer, é o Direito à Vida!

segunda-feira, 15 de janeiro de 2007

A VERDADEIRA CURA - A SALVAÇÃO

Sentia-se sozinho, triste, abandonado, desprezado, desesperado.
Já tinha experimentado tudo, médicos, tratamentos, “videntes”, médiuns, “bruxos”, enfim tudo o que estivesse ao seu alcance e ele pensasse que poderia resolver o seu problema.
Ele não sabia o que era pior, se a doença que minava todos os dias o seu corpo, se o afastamento, o desprezo, a condenação, enfim o medo dos outros em aproximarem-se de si, em sequer olharem para si.
Sim, porque aquela doença, para além das dores físicas e da certeza do desenlace fatal, trazia consigo a condenação humana de todos os que o rodeavam, não só por causa do medo do contágio, mas também pelos motivos que todos pensavam o tinham feito contrair a doença.
Para uns era homossexual, para outros um drogado, para outros ainda um libertino, enfim era para todos um individuo com quem não convinha ter qualquer espécie de relação, social ou outra.
Sentia-se um proscrito, um impuro.
E como isso doía na sua vida, mais ainda que o sofrimento físico.
O pior ainda, é que por causa desta reacção de todos os outros, o seu coração começava a alimentar sentimentos de rancor, de ressentimento, de ódio por todos os que não conseguiam ter para com ele uma palavra de alento, um gesto de ternura, um sorriso ao menos que fosse.
Se já era má toda a doença e tudo aquilo que os outros lhe faziam, ou melhor, não faziam, eram piores ainda estes sentimentos que envenenavam o seu coração, a sua vida, a sua maneira de estar, retirando-lhe a pouca paz que ainda ia conseguindo ter.
Não morria só da doença, morria também envenenado pelos seus próprios sentimentos.
E para este problema não havia médico, nem tratamento, nem medicamento que atenuasse ou curasse.
Estava desesperado, não tinha mais nada, nem ninguém a quem recorrer.
Um dia em que estava no hospital, para fazer mais uns intermináveis tratamentos e análises, (que ele apenas fazia por rotina, pois já não acreditava em nada), recebeu a visita de alguém que ele não conhecia, mas que com alguma ternura e sem insistência incómoda, lhe falava de alguém que gostava muito dele, que até o amava; pelo menos era isso que essa pessoa lhe dizia.
Prestou atenção e ouviu o outro dizer-lhe que havia ou tinha havido um tal Jesus Cristo, que amava todos os homens, muito especialmente os que sofriam. Aliás, dizia ele, amava-os tanto que até tinha dado a vida por eles.
Pareceu-lhe tudo aquilo uma grande fantasia, mas a delicadeza e carinho do outro impediram-no de ser malcriado e agressivo, como normalmente era e impeliram-no a aceitar um livro que o outro lhe oferecia, dizendo ser o grande livro da vida, que contava a história desse tal Jesus Cristo.
No meio das dores aceitou o livro, pedindo no seu intimo que o outro se fosse embora e o deixasse em paz com os seus pensamentos, com a sua vida.
Quando deixou o hospital, indo mais uma vez para casa esperar o inevitável, viu o livro em cima da mesa de cabeceira, mas de propósito deixou-o ficar onde estava, pois pensou que não tinha paciência para nada e muito menos para ler histórias irreais.
Estava a sair do hospital, quando apareceu uma enfermeira que lhe vinha entregar o livro esquecido no quarto e que ele a contragosto aceitou.
Chegando a casa, colocou o livro em cima duma mesa e foi descansar, pois aqueles exames deixavam-no exausto. Acordou passadas umas horas, com muitas dores e, sobretudo, com um desespero ainda mais profundo que o habitual, pois em seu entender todos aqueles tratamentos para nada serviam a não ser retardar o fim.
Sentia-se verdadeiramente sozinho, desesperado e quase suplicava a si próprio, que se ninguém gostava dele, que ele ao menos fosse capaz de gostar de alguém.
Ligou a televisão para se distrair, mas mesmo a olhar para as imagens que passavam não se conseguia abstrair dos terríveis pensamentos que o assaltavam.
Desligou a televisão e o seu olhar caiu sobre o livro colocado em cima da mesa.
Pegou nele e folheou-o.
Era um livro estranho, com um papel muito fino, impresso a duas colunas e que lhe pareceu nalgumas partes com um texto muito denso.
Decidiu abri-lo ao acaso e ler o que estava nessas páginas.
Aquela parte tinha um titulo que dizia: “A filha de Jairo e a mulher com fluxo de sangue”. (Lc 8, 40-56)
Chamou-lhe a atenção aquela história do “fluxo de sangue”, pois não entendia o que poderia ser aquilo e decidiu então ler pelo menos aquele episódio.
Parecia uma historieta simples, ainda por cima contada num português estranho. Eram coisas passadas há muito tempo.
Quando chegou à parte da mulher com o fluxo de sangue, perguntou-se, porque é que a mulher não falava directamente com o tal Jesus e vinha por detrás para lhe tocar no manto.
Viu que essa frase chamava a atenção para uma nota no fim da página, relatando que a doença de que a mulher sofria, a tornava impura perante a sociedade de então e assim sendo, a afastava do convívio dos outros.
Não pode deixar de estabelecer um paralelo entre ele e a vida daquela mulher sem esperança nos médicos, tendo já experimentado tudo e que ainda por cima, por causa da sua doença, não podia ter uma vida normal, social, pois os outros afastavam-se dela e, com certeza, inventavam histórias a seu respeito.
Decidiu ler com atenção toda aquela história e à medida que o foi fazendo, ia invejando aquela mulher, por que apesar de todo o seu desespero, ainda acreditava, ainda tinha esperança que tocando no manto daquele Jesus, podia ficar curada.
E a realidade é que era isso mesmo que a história contava. A mulher tinha tocado no manto de Jesus e tinha ficado curada.
Pensou então: «Não é mais que uma história bonita e para além disso, mesmo que fosse verdade, foi há tantos anos, que este Jesus já morreu com certeza há muito tempo».
Fechou o livro e decidiu não se preocupar mais com aquilo, até porque não valia a pena ter esperança naquilo que estava perdido no tempo passado e presente.
Passado algum tempo, deu por si curioso, querendo saber quem era aquele Jesus, donde tinha vindo, como vivera, o que lhe tinha acontecido.
Não se ia incomodar muito com isso, mas iria ler mais um pouco do livro para saber mais alguma coisa, sobre esse Jesus.
Mal não lhe havia de fazer, até porque, lembrava-se agora, já tinha ouvido vagamente falar dEle quando era criança.
À medida que ia lendo, toda aquela história lhe parecia estranha, embora houvesse qualquer coisa que o fascinava, ou melhor, que o tocava, que quase o obrigava a ler e a querer saber mais sobre aquele homem.
Havia uma mulher a quem aparecia um anjo, e lhe dizia que ela ia ficar grávida de um Filho de Deus e mais incompreensível ainda, apesar de grávida e da criança nascer, a mulher seria sempre virgem, pois nunca conhecera nem conheceria homem.
Tudo isto ia para além da sua imaginação, mas na fase em que estava da sua vida, se alguma coisa lhe poderia prender a atenção, seria algo que não fosse deste mundo, pois descrente como estava, só uma coisa assim lhe poderia dar alguma esperança.
Ia lendo e cada vez mais lhe parecia inconcebível toda aquela história.
Então aquela mulher estava grávida do Filho de Deus e a primeira coisa que fazia era ir servir para casa duma prima velha, que também estava grávida.
Então aquele menino era Filho de Deus e nascia numa qualquer gruta, numa qualquer manjedoura, tendo por testemunhas uns míseros pastores.
Então o Filho de Deus, que tinha com certeza um poder imenso, fugia dum rei qualquer, indo montado num burro para um país estrangeiro.
Que Deus era este que colocava o seu Filho a aprender o oficio de carpinteiro e a obedecer a uma família normal, a uma mulher e um homem iguais a tantos outros e até a ele próprio, atendidas, claro está, as diferenças óbvias.
Que sentido fazia este Filho de Deus, que em vez de reunir um exército e conquistar a terra, ou mais fácil ainda, fazer um gesto e acabar com os seus inimigos, andava a reunir-se com pescadores e homens simples, a percorrer o país a pé, falando com as pessoas, com os mais desgraçados e humildes e até com aqueles que pelos vistos, pelas vidas que viviam, mais afastados estavam de Deus.
Então e os milagres!!! Fazia milagres permanentemente e não aproveitava para ficar rico ou convencer a multidão do seu poder.
Parecia que se preocupava mais com a alma, com o coração do que com o corpo.
Dizia coisas estranhas tais como: Que devemos perdoar aos nossos inimigos e a quem nos quer mal, que devemos amar a todos por igual e até àqueles que não gostam de nós, que não devemos viver para o mundo pelo mundo, mas sim acreditar numa vida para além da morte.
Tudo isto era muito estranho, muito confuso, mas o que achava mais extraordinário, é que o seu coração batia mais forte quando lia a história daquele homem e mais espantoso ainda, nascia nele uma esperança simples que há muito tempo julgava morta.
Começava agora a compreender aquela mulher do fluxo de sangue.
Curiosamente, já nem lhe interessava saber o que era isso do fluxo de sangue, porque começava a entender que essa era a parte menos importante de toda a história.
Ao ler e reler o episódio daquela mulher, cada vez encontrava mais semelhanças com a sua própria história.
Também àquela mulher tinham falado daquele Jesus Cristo, tal como a ele no hospital.
Ainda bem, pensou ele, existirem pessoas que falavam daquele Jesus. Tinha sido bom para aquela mulher e estava a ser bom para ele.
Também aquela mulher era uma escorraçada da sociedade, tal como ele, ambos por causa duma doença que não era aceite pelos outros.
Aquela mulher tinha procurado tudo, tinha gasto todos os seus bens tal como ele, e não tinha encontrado cura para o seu mal.
Tudo era igual, com uma só diferença, que se tornava aos seus olhos incontornável.
A história daquela mulher tinha sido há muitos anos, aquele Jesus Cristo já tinha morrido e por isso não podia esperar encontrá-Lo para Lhe tocar no manto.
No entanto, uma força interior inexplicável animava-o a prosseguir a leitura.
Os milagres continuavam e aquele homem era continuamente amado por uns e desprezado e odiado por outros, mas a verdade é que nunca fazia valer os seus direitos de Filho de Deus a não ser para fazer bem aos que precisavam.
Chegou então a um ponto da história que não conseguia entender, pois para ele não fazia qualquer sentido.
Aquele homem, Jesus Cristo, o Filho de Deus, era preso por gente “normal”, (aliás atraiçoado por um dos seus), era humilhado, espancado, desprezado e nada fazia para acabar com tudo aquilo.
Pelo contrário, falava sempre com Deus, a quem chamava Pai e apenas lhe dizia: « Que seja feita a Tua vontade».
E todos O tinham deixado sozinho, com toda aquela multidão enfurecida, liderada por aqueles que, ainda por cima, estavam á frente do culto a Deus.
Para ele era incompreensível, mas mais do que isso estava indignado!!!
Então onde estavam aqueles que O seguiam, onde estavam aqueles que Ele tinha curado, onde estavam aqueles que Ele tinha ajudado?
Ah, se ele ali estivesse não teria deixado aquilo acontecer!!!
Quando este pensamento lhe veio à cabeça, pensou para si:
«Estou doido ou quê, isto é uma história, que para além do mais não faz grande sentido, porque não há ninguém assim, que seja ofendido e maltratado e só pense em perdoar àqueles que o ofendem e maltratam».
Continuou a ler e de repente foi como se um “balde de água fria” o tivesse atingido.
Afinal o Homem tinha morrido. Afinal o Filho de Deus tinha morrido.
Perguntava-se a si próprio:
«Para que serviu afinal tudo isto»?
Só então se deu conta da esperança que tinha depositado naquele Homem. Tanta esperança que ao fim de tanto tempo tinha renascido no seu coração e afinal o Homem tinha morrido.
Como no entanto a história continuava, recomeçou a leitura.
Deu por si com a boca aberta de espanto: O Homem tinha ressuscitado ao fim de três dias!!!
Não, não tinha sido ao fim de algumas horas, em que até podia ter estado cataléptico. Não, tinha sido ao fim de três dias, depois, aliás, de ter sido sepultado.
O que mais o espantou, no entanto, não foi o que ele tinha lido, mas sim o facto de em seu coração acreditar no que tinha lido.
Compreendia agora perfeitamente aquela mulher. Ela tinha-se desprendido de tudo o que era mundo, até da sua própria vergonha, e com a esperança daqueles que já nada esperam do mundo em que vivem, com a confiança daqueles a quem já só resta confiar, com a fé daqueles a quem já só resta acreditar, tinha-se aproximado de Jesus porque acreditava que seria curada, (com uma fé para além da razão), e percebia ele agora, curada mais do espírito do que curada do corpo.
Percebeu então que aquela mulher apesar de ter ficado curada do seu mal físico, (Lc 8,44), só ficou verdadeira e totalmente curada quando falou com Jesus e contando toda a verdade, (Mc 5,33), como numa confissão, foi mandada em paz pelo Filho de Deus.
Pois, pensou ele, Jesus ressuscitou, mas partiu para junto de Deus, Seu Pai, pois com certeza não quereria mais nada com este mundo e com estes homens que tão mal O tinham tratado, levando-O até aquela morte horrivel.
Como poderia ele agora falar-Lhe, contar-Lhe a sua vida, esperar o Seu perdão e a Sua cura.
Continuou a ler e uma intensa alegria invadiu-o!
Mesmo depois de ressuscitado e junto do Pai, Jesus Cristo continuava no mundo e a falar aos homens.
Tinha falado com aqueles no caminho de Emaús, tinha comido peixe com os Apóstolos e no fim tinha prometido que ficaria para sempre com a humanidade.
Promessa de Deus é para cumprir, pensou ele.
Uma paz e uma calma muito grande invadiram-no.
Percebeu que nesse momento algumas pessoas lhe pegavam e o transportavam para qualquer sitio que parecia um hospital, mas já nada lhe interessava, que estivesse ligado a este mundo.
Abriu os lábios e disse sem se importar se era ouvido por alguém:
«Jesus, fica aqui comigo. Dá-me a Tua mão, dá-me o Teu perdão. Ajuda-me e ensina-me a perdoar a todos aqueles que me fizeram mal e a quem eu ofendi. Perdoa-me todo o mal que fiz, porque, percebo agora, eu também estava com aquela multidão no dia da Tua morte. Aceita-me. Entrego-me conTigo à vontade do Pai».
Sentiu então que Jesus sorrindo o tocava e lhe dizia:
« Fica em paz meu filho, a tua fé te salvou».
Dos seus lábios saiu um grito esforçado: «Estou curado»!!!
Uma paz imensa invadiu-o. Um sentimento de perdão tomou conta de si. Estava em paz com o mundo. Sentia-se amado e sentia que amava, mesmo aqueles que o tinham desprezado. Sentia mais do que tudo que Jesus o amava.
Abriu os olhos e viu todos aqueles seus familiares à sua volta, chorando e ao mesmo tempo com um olhar de espanto e incredulidade estampado nos seus rostos.
Voltou a repetir:«Estou curado»!!!
A paz, a serenidade, a calma, um desprendimento de tudo, tomaram conta de si.
Olhou para dentro de si e disse:
«Obrigado Jesus, recebe-me agora para sempre, Senhor».
Naquele momento, ninguém entendeu o sorriso de felicidade com que morreu.

domingo, 14 de janeiro de 2007

DIA DE LOUVOR EM FÁTIMA

Estou cansado, muito cansado, mas feliz e muito cheio de amor de Deus.
Estar com 2.300 pessoas a cantar, a louvar a Deus, a celebrar a Eucaristia, a adorar o Santissimo Sacramento, a partilhar oração, a entregar-me ao serviço aos outros, só me pode encher de felicidade, de contentamento, de amor aos outros, os meus irmãos e irmãs em Cristo.
Apesar de estar cansado, estou cansado por amor.
Glória ao Senhor!!!

domingo, 7 de janeiro de 2007

NASCI NU

Nasci nu, sem nada de meu. Nasci apenas com algo que já me pertencia pela graça de Deus: a vida e o amor.
A vida já a vivia, mas o amor ainda não o entendia como meu, mas sentia-o dos outros para mim.
Não tinha nada, os meus bens eram a vida, os meus pais e o meu Deus que velava por mim.
Os bens não me faziam falta, porque rodeado de amor, criança simples, confiava que Alguém tomava conta de mim.
Os anos foram passando e os bens que ia obtendo, pensava eu muitas vezes, eram fruto do meu esforço, ou melhor ainda, eram-me devidos, por qualquer razão ponderosa que eu nunca aprofundava.
Uns bens, passaram de meus pais para mim, outros fui-os adquirindo, outros ainda caíam-me nas mãos muitas vezes sem eu entender porquê.
Passaram anos, bastantes anos e cada vez mais eu acreditava que aquilo que eu possuía, era meu por direito próprio e que nunca me seria tirado.
Nos últimos doze anos da minha vida, quando tocado por Deus, comecei a viver verdadeiramente o dom da vida e a perceber e a sentir o que era o amor, sobretudo o amor de Deus por mim, muito lentamente fui-me apercebendo que talvez os meus bens não fossem pertença minha, mas apenas colocados nas minhas mãos, como graça de Deus.
Não que muitos deles não fossem resposta a algum esforço da minha parte, mas que se esse esforço tinha sido feito é porque Deus me tinha concedido o talento para tal.
Começaram então os problemas com tudo aquilo que eu sempre tinha considerado como meu e que nunca me seria tirado.
Não entendia o que se passava, não entendia porque sendo agora a minha vida mais dedicada ao Senhor, como era possível estarem a acontecer todas aquelas provações, embora, claro houvesse alguma responsabilidade minha, pela vida que antes tinha levado.
Ter-me-ía Deus abandonado, agora que me tinha chamado para Ele?
Comecei a entender que o Senhor na Sua sabedoria me estava a chamar a atenção para alguma coisa da minha vida e que convencido e orgulhoso como eu era, só com grandes sinais, que me tirassem de mim próprio, me poderia fazer perceber o que queria que eu mudasse na minha vida.
Comecei a entender melhor o Livro de Job e perante o que me estava a acontecer, ia-me cada vez mais identificando com ele, não infelizmente na sua entrega e humildade, mas na similitude dos factos que iam ocorrendo.
Até que chegou o dia! O dia em em que fiquei sem nada daquilo porque tanto tinha lutado, a casa, a empresa, enfim tudo aquilo a que a minha vida estava agarrada.
Meu Deus, esqueceste-te de mim? Foi talvez a minha primeira reacção.
Não foi uma reacção zangada ou de raiva, mas uma reacção triste, a que se juntou uma outra muito intensa: não tinha sido merecedor.
Ai aqueles dias como custaram a passar. Como foi difícil suportar a humilhação, sentir os olhares, sentir até talvez o que o meu pai no Céu, junto de Deus, poderia pensar de mim.
Mas veio ao meu coração que, graças a Deus, os santos vivem na misericórdia e com certeza o meu pai no Céu apenas poderia ter compaixão e amor por mim.
Passou na minha cabeça o sacrifício último e pedi ao meu Senhor, que fosse apenas eu a sofrer, que poupasse os meus filhos, a minha mulher, a minha família, aqueles que comigo trabalhavam, aqueles que de mim dependiam.
Calmamente, como Deus sempre faz, foi instalando a paz e a serenidade no meu coração.
Uma certeza calou fundo no meu coração: Sou feliz porque conheço o meu Senhor. Sou feliz porque Ele olha para mim e me prova. Sou feliz porque Ele olha por mim e não me abandona. Sou feliz porque tenho algum merecimento aos olhos do meu Deus, para que Ele permita que tantas coisas me caiam em cima dos ombros, ao mesmo tempo.
O que é tudo isto, comparado com a Cruz do pecado do mundo, aos ombros do meu Senhor.
Lutar, lutar pela felicidade e bem estar dos outros, e deixar que Deus tome conta de mim, foi o que veio ao meu coração.
Obrigado Senhor porque me purificas, porque me provas, porque me amas com amor imenso.
Louvado sejas, Senhor, por tudo o que me acontece, porque acredito agora que é um bem para a minha vida.
Com os olhos levantados para o Céu, faço minhas as palavras de Job 1,25:
“Saí nu do ventre da minha mãe
e nu voltarei para lá.
O Senhor mo deu, o Senhor mo tirou;
Bendito seja o nome do Senhor!”

Novembro de 2004

______
Esta história, estes factos, são verdadeiros, aconteceram na minha vida.
Isto foi escrito no dia em que o meu mundo, desabou em cima de mim.
Graças a Deus, (isto não é interjeição), verdadeiramente pela graça de Deus, a minha vida estabilizou e continuo ligado à empresa criada por meu pai, embora noutras condições.
Porquê então agora este testemunho, esta exposição da minha vida?
Porque eu quero viver a minha vida dando testemunho do que Deus faz em mim e fazendo em mim, também faz naqueles que dEle se aproximam.
Testemunho não pelos bens, mas pelo amor, a paz, a serenidade, a alegria da Sua presença.
Porquê hoje?
Epifania é a manifestação do Rei-Messias a todas as gentes.
Embora Deus se tenha manifestado na minha vida muito antes e desde sempre, (eu estava "cego" e durante muito tempo não via), foi nestes factos que Ele se me revelou em toda a plenitude do Seu Amor.
Foi a Epifania na minha vida!

sábado, 6 de janeiro de 2007

PENSAMENTOS INSPIRADOS NA PROCURA DE DEUS 29

Os Magos depois de encontrarem Jesus e O adorarem, voltaram por outro caminho.
Também nós, se nos deixarmos guiar e encontrarmos Jesus nas nossas vidas, mudaremos de caminho, porque Ele é o Caminho.

PENSAMENTOS INSPIRADOS NA PROCURA DE DEUS 28

Os Magos não desistiram, apesar de Herodes, e pela sua perseverança encontraram Jesus.
E nós, também perseveramos, apesar dos Herodes deste mundo?

PENSAMENTOS INSPIRADOS NA PROCURA DE DEUS 27

Dar o que nos sobra é fácil.
Dificil e agradável a Deus, é dar o que nos faz falta.

quinta-feira, 4 de janeiro de 2007

quarta-feira, 3 de janeiro de 2007

PENSAMENTOS INSPIRADOS NA PROCURA DE DEUS 25

Se eu fosse um espelho, reflectiria Deus?
Se sim, estou no bom caminho!
Se não, é porque apenas me procuro a mim próprio!

terça-feira, 2 de janeiro de 2007

COMUNIDADE LUZ E VIDA

Dia de Louvor - Maio de 2006
A Comunidade Luz e Vida, a que eu pertenço, vai orientar um Dia de Louvor, em 14 de Janeiro, no anfiteatro do Centro Pastoral Paulo VI, em Fátima.
Desde as 9 às 18.30 horas, unir-nos-emos em oração, com Cânticos, Orações de Louvor, Ensinamentos, Eucaristia e Adoração ao Santíssimo Sacramento.
Todos estão convidados, bastando para tal telefonar para o 236931251 e pedir as entradas pretendidas. Serão, obviamente, dadas todas as explicações necessárias.
Pedimos as vossas orações para que o Espírito Santo nos conduza e tudo seja feito para a Glória de Deus Nosso Senhor.

segunda-feira, 1 de janeiro de 2007

Não vos esforceis para vencer as tentações, porque esse esforço as reforçariam; desprezai-as e não vos detenhais nelas.
Santo Padre Pio

domingo, 31 de dezembro de 2006

COMPROMISSO

Hoje na Missa mais uma vez reparei que a maior parte das pessoas que vão comungar levam um semblante fechado e quando vêm da Comunhão, ainda pior, para além do semblante fechado, trazem-no também triste, como se carregassem um peso.
Tenho tentado lembrar-me desde há uns tempos para cá, sempre que me aproximo da Mesa da Comunhão, levar um sorriso e trazê-lo maior ainda quando regresso ao meu lugar.
Pois este é um dos meus compromissos para o novo ano:
Dar testemunho da alegria, da paz, da serenidade, que Jesus Cristo coloca na minha vida, mesmo nos maus momentos, sobretudo nos momentos da Comunhão.

«Pois o meu jugo é suave e o meu fardo é leve.» Mt 12, 30

sexta-feira, 29 de dezembro de 2006

ANO NOVO SEMPRE

“Naquele tempo...”, proclamava o sacerdote do ambão e ele ali sentado relembrava aquelas palavras tantas vezes ouvidas.
No seu tempo, quando era muito mais novo, ouvia outras palavras, numa língua distante mas que foi aprendendo a conhecer: “In illo tempore...”
Tanto tempo já passado e como tudo tinha mudado.
Lembrava-se bem do sacerdote de costas voltadas para as pessoas na igreja, vestido com umas “roupas” pesadas, uma “coisa” pendurada no braço, e que no inicio trazia o cálice numa mão e por cima dele uma espécie de “pasta” quadrada, forrada com o mesmo tecido da casula que vestia e que dentro trazia “coisas” que nunca chegava a entender o que eram.
Depois iniciava a Missa sempre naquela língua que ele não conseguia entender, mas que os seus pais, com alguma paciência e indo buscar uns resquícios de conhecimento sobre a dita língua, lhe iam explicando de modo a que alguma coisa fizesse algum mínimo sentido.
Mecanicamente ele ia repetindo as palavras, sem saber o que elas queriam dizer e que eram muito mais sons que verdadeiramente palavras.
As que ele mais gostava, perdoe-se-lhe eram: “Ite, missa est”.
Essas sim, ele sabia o que queriam dizer na sua tradução muito livre: “A missa acabou!”
Diziam-lhe que Jesus estava em todo o lado e era de todos e para todos, mas ele não percebia muito bem, porque é que Jesus estando assim em todo o lado, não se fazia entender na linguagem de cada um.
Ah! É que a Sua linguagem era a linguagem do amor, e por isso, linguagem universal, mas mesmo assim ele continuava a pensar que seria melhor se conseguisse entender o que diziam, porque talvez assim fossem mais interessantes aquelas cerimónias.
Parecia-lhe que era tudo muito misterioso, que talvez não quisessem que ele entendesse.
O tempo foi passando e cada vez era mais difícil convencê-lo a participar nas cerimónias religiosas e no seu pensamento uma certeza foi tomando corpo: quando eu puder decidir não venho mais à igreja.
Mais uns anos passaram e de repente tudo mudou, o sacerdote já se voltava para as pessoas, já não trazia todos aqueles “adereços” e melhor que tudo, já falava a língua de cada um.
Infelizmente o pensamento que se vinha desenvolvendo na sua cabeça tinha-se tornado em decisão, não só por todas as razões apontadas, mas também porque o comodismo e o desinteresse eram muitos.
Deixou-se então levar pelo mundo, era ali que estavam as certezas, era ali que estavam as alegrias e os prazeres, era ali que ele podia fazer o que lhe apetecesse e, pensava ele, guiar o seu próprio destino.
E os anos foram passando e nada de novo surgia, a vida parecia-lhe sempre igual, com muitos prazeres, cada vez mais curtos, e a certeza de que afinal, fizesse ele aquilo que fizesse, nada se modificava em relação à vida propriamente dita.
Não tinha um conceito de felicidade, não possuía uma razão forte para viver, parecia-lhe aliás que tudo o que fazia, se lhe trazia por vezes um prazer momentâneo, acabava por se transformar em mais desencanto, em mais tristeza, em mais frustração.
Que sentido tinha um ser tão perfeito como o homem, morrer e ficar transformado em pó, sem mais nada para além disso.
Tantos anos já passados, o tempo de criança e adolescente já tão longe e ele sem sentido para a vida, perdido no mundo que ele próprio tinha escolhido.
“In illo tempore...”, lembrava-se que naquele tempo em que ouvia essa frase havia mais qualquer coisa que ele não sabia definir, que os seus pais viviam intensamente a religião e ela lhes dava uma paz e um modo de proceder diferente de muitos outros, lembrava-se sobretudo que não os preocupava a morte, porque para eles depois da morte seria ainda melhor.
Começou a ir à igreja, sobretudo quando não estava lá ninguém, e deixava-se ali ficar sentado, muitas vezes a recordar a sua vida e a envergonhar-se de tantas coisas erradas que tinha feito, erradas ali naquele lugar, porque para o mundo uma grande parte delas eram perfeitamente aceites e até elogiadas.
Não sabia o que se passava, mas naquele lugar algo falava ao seu coração, algo o fazia sentir que a vida que tinha levado, não o levava a nenhum lado, não tinha sentido e nada acrescentava ao seu ser.
Começou também a “frequentar” a missa, fazendo-se passar despercebido, com medo que lhe dissessem que ele não tinha nada que estar ali.
As memórias regressavam e as coisas que ele tinha aprendido na catequese vinham ao seu pensamento.
Lembrava-se de que lhe tinham dito que Jesus, (que era Deus apesar de também ser homem, ou o contrário, não sabia bem), estava em todo o lado e que amava todos os homens.
Ali na igreja parecia-lhe que tudo fazia sentido, pois se Jesus era Deus e nos tinha criado a todos, era lógico que nos amava a todos e que sendo Deus podia estar em todo o lado, ao mesmo tempo.
Sentiu-se reconfortado com esta idéia que ia tomando conta de si.
Tenho de saber mais, tenho de conhecer mais, decidiu ele na sua mente, mas ao mesmo tempo ouviu, (assim lhe parecia), no seu coração uma voz que lhe dizia: “Não só conhecer e saber mais, mas sobretudo viver mais o que já sabes”.
Veio à sua cabeça uma frase já tão batida, mas que lhe deu vontade de rir, porque a mesma se aplicava perfeitamente à situação: “Seja o que Deus quiser”.
Procurou então um sacerdote a quem expôs as suas dúvidas, as suas incertezas.
Com uma paciência inigualável e sobretudo com entendimento e ternura, o sacerdote foi-o colocando perante aquilo que em criança tinha aprendido fazendo-o perceber que a vida que tinha vivido, tinha sido sempre de costas voltadas para Deus, que tinha afastado Deus da sua vida, por sua própria vontade.
Então perguntou: “E agora perante tudo o que tinha feito, como era possível Deus perdoar-lhe”?
O sacerdote só lhe respondeu: “Porque é Deus, porque te criou e te ama, como só Deus pode amar”.
De cabeça baixa confessou a sua vida de pecado e como um milagre, uma paz intensa, uma ternura perfeita, um amor calmo, tomou conta do seu coração.
Os seus olhos começaram a chorar, umas lágrimas calmas de felicidade e alegria.
Pensou então: “Tirei-te da minha vida tanto tempo Senhor, que agora quero viver o resto que me deres a falar de Ti”.
Percebeu até, que a sua vida passada tinha utilidade: Serviria para testemunhar que a mesma não levava a nada e que só com Deus a vida tem sentido.
Não lhe poderiam dizer que ele não sabia o que era o mundo, porque ele o tinha vivido intensamente e sabia bem agora, que só com Cristo o mundo era uma obra maravilhosa, que vivida no amor, nos leva a uma vida ainda melhor e para sempre.
Afinal, “In illo tempore” ou “Naquele tempo”, era exactamente igual, porque Jesus era o mesmo ontem, hoje, sempre, e sempre estaria em todo o lado, em todo o tempo, falando ao coração de cada um a linguagem do coração, a linguagem do amor.
Era um tempo novo para ele, o dia ou o mês não interessavam, porque Jesus lhe dava um Ano Novo para a sua vida, um Ano Novo sem nunca ter fim.


_____
Depois de escrever este "conto", li-o calmamente, e apercebi-me então, que de uma maneira muito simples, estava aqui a história da minha vida.
Um Bom Ano para todos os que me visitam, sobretudo um Ano com Jesus Cristo, para que seja um Ano sem fim.

quinta-feira, 28 de dezembro de 2006

SANTOS INOCENTES, MÁRTIRES

Hoje é o dia que a Igreja escolheu para a Festa dos Santos Inocentes, Mártires, dia em que o Evangelho nos fala da "matança dos inocentes", ordenada por Herodes.

Quero juntar a todos estes Santos Inocentes anónimos, todos aqueles a quem não foi permitido nascerem.

Junto ainda, a criança de que hoje foi dada noticia da sua morte por maus tratos e todas as que como esta sofreram o mesmo martirio.

Lembro a Gaudium et Spes (51):
«Com efeito, Deus, Senhor da Vida, confiou aos homens, para que estes desempenhassem dum modo digno dos mesmos homens, o nobre encargo de conservar a vida. Esta deve, pois, ser salvaguardada, com extrema solicitude, desde o primeiro momento da concepção; o aborto e o infanticídio são crimes abomináveis.»

quarta-feira, 27 de dezembro de 2006

terça-feira, 26 de dezembro de 2006

AINDA SOBRE O NATAL

Ontem, na Missa de Natal, durante a homilia, houve algo que me fez reflectir sobre todas as coisas que se dizem, falam, escrevem todos os anos sobre o Natal, comigo incluido, logicamente.
É que todos os anos nos vamos chamando a atenção para que o Natal se está a tornar "comercial", que não são os presentes que interessam, que é preciso olhar para os outros, sobretudo os que mais precisam, que é preciso perdoar e ser perdoado, que o Natal, não é o Pai Natal, etc, etc.
E tudo isto está, obviamente certo, sem margem para dúvidas.
Mas não será, que preocupados com tudo isto, nos "esquecemos" de viver a Festa do Amor de Deus pelos Seus filhos?
Chamo-lhe Festa do Amor, porque é de Amor que se trata, do verdadeiro Amor!
O Deus Criador, Senhor absoluto do Céu e da Terra, decide fazer-se igual, na mortalidade da carne, igual àqueles que criou, com um único objectivo: Trazer-lhes a Salvação.
E nasce não como um rei, rodeado de riquezas, mas como um, igual a todos os outros, na humildade dum nascimento de mulher, em que todos são iguais, por muito que possam estar rodeados seja do que for.
E é isto que eu quero exprimir, e talvez não consiga.
Lembro-me do que Jesus disse a Marta, que andava tão atarefada, tão preocupada em que tudo estivesse bem, que acabava por não gozar da presença de Jesus.
Será que perdidos nos afazeres, nas afirmações de querermos a "pureza" do Natal, de nos preocuparmos com os outros, (e muito bem), arranjamos tempo para nos deixarmos envolver no Mistério do Menino Deus feito Homem?
Arranjamos nós "tempo" para adorarmos o Menino Amor de Deus?
Teremos o coração tão cheio de coisas certas, sem dúvida, mas que não deixam espaço para a manjedoura onde nasce o Menino?
Tenho para mim, (por experiência própria, mea culpa), que por vezes neste tempo de festa é quando rezamos menos, quando meditamos menos, quando vivemos menos o nosso Deus de Amor.
Preocupados em fazer bem e o bem, quase não vivemos o Acto de Amor de Deus por todos e cada um de nós individualmente.
Mais que Bom Natal, vivamos um Santo Natal!

sábado, 23 de dezembro de 2006

NATAL ONTEM, HOJE E SEMPRE

TODOS SOMOS PASTORES
Mais uma noite no campo, pensou ele, em que tudo permanece igual.
As ovelhas dormem, os grilos cantam, as estrelas brilham no firmamento e ele ali estava, de sentinela, olhos abertos de guarda ao rebanho e pensando: «Nada acontece, tudo é igual, a minha vida é sempre a mesma, não durmo numa casa, mas tenho o céu como tecto e a natureza como companhia».
Qualquer coisa, no entanto, o fazia estar acordado, uma espécie de excitação calma que não o deixava adormecer. Reparou que a noite estava muito mais tranquila do que era habitual. Parecia que os elementos da natureza se uniam, para naquela noite se respirar paz e tranquilidade.
Ao olhar para o céu, reparou que uma das estrelas, (parecia-lhe), se tornava maior e avançava para ele e para os seus companheiros que dormitavam ao seu lado.
Tanto se aproximou que as trevas da noite foram rompidas e uma grande luz tomou conta de tudo envolvendo-o.
Uma criatura, a mais bela que até então tinha visto, olhou-o nos olhos e com muita ternura disse-lhe:
«Não temais, pois anuncio-vos uma grande alegria, que o será para todo o povo: hoje na cidade de David, nasceu-vos um Salvador, que é o Messias Senhor. Isto vos servirá de sinal: encontrareis um menino envolto em panos e deitado numa manjedoura». Lc 2,10-12
Quando acabou de dizer isto juntou-se-lhe uma multidão de criaturas celestes que cantavam alegremente: «Glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens do Seu agrado». Lc 2,14
Quedou-se mudo de espanto.
O que era isto, quem era Este que tinha nascido e cujo anúncio do nascimento era celebrado com tanta alegria no Céu.
“Mais um rei” pensou, “mais um rei a quem teremos de pagar tributo, a quem teremos de obedecer, a quem não conheceremos a não ser de longe, a quem não poderemos dirigir palavra”.
“Mais um rei” pensou, “para apoiar ainda mais os ricos e poderosos”.
No entanto, ao recordar as palavras do Anjo: «Encontrareis um menino envolto em panos e deitado numa manjedoura», alguma coisa disse ao seu coração, que tudo era diferente daquilo que ele imaginava, que alguma coisa muito importante iria mudar na sua vida, no seu mundo e em toda a terra.
Aliás, o facto do Anjo se dirigir a ele e aos seus companheiros, pobres pastores proscritos numa sociedade de leis sem amor, alertava os seus sentidos para que algo de diferente se passava.
Foi a pensar assim que levantando-se, disse aos seus companheiros: «Vamos a Belém ver o que aconteceu e o que o Senhor nos deu a conhecer». Lc 2,15
Meteu pés ao caminho com os seus companheiros e de repente reparou que em vez de andar daquela maneira calma, típica dos pastores, corria numa ânsia que não conseguia entender, mas que lhe dava alegria, ânimo e forças para chegar mais rapidamente ao conhecimento do que o Anjo lhe anunciara.
Ao chegar deparou com uma cena, que não sabendo porquê, lhe enterneceu o coração.
Numa manjedoura estava deitado o menino mais lindo que alguma vez tinha visto e a Seu lado, Sua mãe e Seu pai sorriam embevecidos, perante aquele pequenino ser, que irradiava amor, ternura, carinho, paz e tranquilidade.
Não era possível contemplar aquela cena sem as lágrimas virem aos seus olhos. Mas eram lágrimas de calma, de júbilo, de alegria. Só lhe apetecia cantar e dançar.
Parou então um pouco para pensar, para meditar em tudo o que sentia, via e ouvia e a luz do entendimento abriu-se no seu coração: Este era o Rei por quem ele tanto ansiava, por quem tanto ansiavam os pobres e oprimidos. Este era o Rei de quem as Escrituras falavam.
Com efeito, só um Rei dedicado aos mais pobres e desprotegidos, àqueles que não têm “voz activa”, àqueles cuja esperança reside no Céu e não na terra, poderia nascer em semelhantes circunstâncias: Pobremente, na humildade duma manjedoura, Filho de uma mulher e um homem do povo, iguais a todos os outros e festejado no Céu e na terra pelos anjos de Deus.
E nascia no campo, sem paredes, nem estruturas a constrangi-Lo, nascia em liberdade, para reclamar a liberdade de viver segundo a vontade de Deus, para Si e para todos os Seus.
Percebeu então, que ele, tendo Aquele Menino como Rei, mesmo nada sendo aos olhos do mundo, era grande e importante aos olhos do seu Rei, porque pelo infinito amor de Deus, Aquele Menino de condição humilde, porque nascido humildemente, a todos olhava e acolhia com a simplicidade e a igualdade de quem não quer ser mais nem menos que os outros, mas sim igual e servidor.
Percebeu então, que a libertação que então se dava em si, era a do seu coração, da sua alma e que vivesse o que quer que vivesse neste mundo, nesta terra, nada disso teria importância, se seguisse para sempre Este Rei de amor.
Percebeu então, que a sua riqueza, o seu tesouro, estava em abraçar e seguir Este Rei, que tendo nascido pobre e humilde para todos, lhe pedia que também ele fosse irmão de todos os que cruzassem o caminho da sua vida, para que assim dando-lhes a conhecer as maravilhas deste Nascimento, deste novo Rei, todos pudessem ser livres, vivendo o amor de Deus para a eternidade.
Podiam prender o seu corpo, podiam cortar a sua língua para não poder falar, mas nunca mais poderiam calar o seu testemunho de vida, nem poderiam afastar do seu coração o amor que sentia por Aquele Menino e sobretudo, o amor que Aquele Menino lhe dava e fazia sentir.
A verdade surgiu como uma explosão de luz: NAquele Menino estava a Salvação!!!
Olhando para os seus companheiros, disse-lhes em tom de júbilo e decidido:
«Que esperamos para dar Glória e Louvor a Deus, que nos quis dar Este Menino! Que esperamos para dizer a toda a gente da terra, que hoje nasceu Jesus Cristo, o Messias Senhor, que é o nosso Salvador».
__________
Com este conto, quero desejar a todos quantos me visitam um Santo Natal.
Que o Menino Jesus derrame as Suas bençãos sobre as nossas vidas de sacerdócio, de religiosas/os consagradas/os, de pais, de filhos, de avós, de todas as condições de vida a que por Ele fomos chamados.
Que o Menino Jesus faça de nós pastores, para sempre O louvarmos e anunciarmos a Boa Nova a toda a gente da terra.

domingo, 17 de dezembro de 2006

CONTO DE NATAL - PARA REFLEXÃO

"ESTAVA TUDO PRONTO"
Estava tudo pronto.
Tinha dado muito trabalho, o presépio, a mesa posta com o melhor serviço, o melhor talher, o centro de mesa com uma decoração alusiva à época, a toalha bordada, já tão antiga, mas a família merecia e parecia-lhe por fim que nada faltava.
Relembrava todas as compras para que nada faltasse na feitura das refeições, o vinho, os doces e tudo quanto era necessário para a festa ser completa.
Passou mais uma vez os olhos pela lista dos presentes, porque nada podia faltar, para que tudo fosse perfeito.
Era apenas uma vez por ano, mas nessa noite e nesse dia, toda a família se reunia para celebrar o Natal.
Era a festa da família.
A sua cara exibia um sorriso, o seu olhar brilhava, tudo estava tão bem e no entanto no seu coração, um sentimento lhe dizia que faltava alguma coisa muito importante.
Tornou a passar em revista toda a casa, foi à cozinha certificar-se mais uma vez que nada faltava, contou os presentes um a um, atribuindo-os a cada familiar, e nada, estava tudo bem.
Então porque sentia aquela sensação que algo faltava, que algo estava mal.
Reviu também a sua vida, colocou-se perante a sua fé, mas nada também.
Tinha-se confessado e estava pronta para a Missa do Galo e nela receber Jesus naquela Noite Santa.
Mas então o que era, porque não parava o seu coração de a incomodar, de lhe chamar a atenção para uma falha na festa da família, na comemoração do Natal.
As pessoas da família, pensou: esqueci-me de alguém!
Era isso com certeza!
Foi buscar a lista, porque eram muitos, e reviu atentamente cada nome, cada família.
Não percebia, estavam todos lá, mas mais uma vez o seu coração dizia-lhe que era que estava ali o problema.
Leu vagarosamente toda a lista e quando chegou àquele nome a sua mente pensou num repente: Que bom seria se ele não pudesse vir.
Desde aquela vez em que ele tinha sido tão desagradável, tão ofensivo com ela, que não podia sequer pensar no seu nome.
E ele já lhe tinha telefonado a pedir desculpa, mas a ofensa tinha sido muito grande e ela não quis desculpar.
Abriu-se-lhe o coração, Jesus amoroso dizia-lhe:
«Ainda não percebeste o que falta? Como queres tu viver a festa da família, comemorar o meu nascimento que vos fez a todos irmãos e estares zangada com o teu próprio irmão?»
Fez uma prece para pedir coragem, dirigiu-se ao telefone, marcou o número e do outro lado ouviu a voz que tanto a tinha ofendido.
Uma força inexplicável, uma vontade que se fazia sua vontade, levou-a a dizer:
“Perdoa-me por não te ter perdoado. Vem mais cedo porque te quero abraçar”.
Do outro lado ouviu uma voz embargada que lhe dizia:
“Obrigado, vou a correr”.
Que paz extraordinária se instalou no seu coração. Agora estava tudo certo nada faltava.
No seu coração Jesus com um sorriso imenso dizia-lhe:
«Agora sim minha irmã, é Natal em tua casa, é Natal na tua família, é Natal no teu coração. Por tua causa é “maior” também a festa no Céu».

Escrito em 5 de Dezembro de 2005, mas sempre actual!
Fica aqui para reflexão de todos nós, para vivermos melhor o Natal!

sábado, 16 de dezembro de 2006

A BOLINHA AZUL

A Malu começou e pediu que a Xana, continuasse e depois passasse:
-
Há uma estrela no Céu
A brilhar o meu caminho:
Jesus Cristo que nasceu
Num lugar tão pobrezinho.

Esta pequena bola azul
Vai tomar o seu lugar
Levar-nos a Norte ou a Sul
Onde O formos encontrar!

De Blog em Blog vai passar
Levando consigo esta canção
Para cada um lhe juntar
Um pedaço do seu coração.

Xana, agora é contigo
Que Jesus quer brincar,
Apanha a bola, vou-ta chutar
Para o Portinho de Abrigo!
-
A Xana continuou e passou para o Joaquim:
-
Que bom é dizer:”Jesus,
Contigo eu quero brincar!”
Dás-me tanto Dessa Luz,
estendo as mãos pr’á agarrar!”
-
Que bom é depois passar
Essa Luz a um amigo
e dizer-lhe, a cantar,
“Toma, Jesus tá contigo!”
-
Vejo amigos em redor
tão importantes pr’a mim
"Vou passar-Te, meu Senhor
para o Bom Joaquim.
-
Que bom é passar-Te assim
E Tu sorris, adoras isto!
"Abre os braços, Joaquim,
sente Aquele abraço em Cristo!
-
O Joaquim continuou e passou para quem está escrito no fim:
-
Recebo-Te assim, Jesus,
Bem dentro do coração
O Teu amor me conduz
Vem dá-me a Tua mão.
-
Quero brincar e saltar
Com a bolinha, Senhor,
Amar, amar, só amar
Viver sempre do Teu amor.
-
Ser Santo como Tu,
Como o Espírito quiser,
Com a Xana e a Malu,
E quem connosco vier.
-
Tenho que Te dar, Senhor,
É para isso que eu existo,
Passar-Te ao Pedro, ao António,
Pra que brilhes no Pensar Cristo.
-
Refrão:
Este blog tem uma bolinha azul,
ó tem, tem, tem......
-
António, Pedro, agora recebei-O e enchei o Pensar Cristo da Sua presença, como sempre fazeis.

quarta-feira, 13 de dezembro de 2006

CONTO DE NATAL

Estava ali, deitado no chão frio daquele passeio.
A noite inclemente abatia-se sobre ele, indiferente ao seu frio, ao seu mal estar.
Mas também que interessava isso, se para ele a vida já não tinha nenhum sentido, nenhum interesse, nada que valesse a pena lutar.
Ainda tinha prometido a si próprio que não ia desistir, que não se ia dar por vencido, mas depois de tanto procurar, de tantas portas fechadas, umas mais abruptamente, outras com delicadeza hipócrita, a sua vontade, a sua força, tinham-se extinguido.
Para além do mais não ajudava nada ser Noite de Natal, ver as pessoas a caminharem em passos rápidos para casa, onde o calor do aquecimento e sobretudo o calor da família os esperava.
Já não estou cá a fazer nada, pensou, não tenho ninguém, ou melhor, ninguém se interessa por mim, passam por mim e já nem desviam a cara, olham através de mim, como se eu não existisse, e realmente, pensou, eu já não existo.
Vou-me deixar ficar aqui, ao frio, sem comer, (no seu interior ainda houve espaço para um sorriso, sem comer, como se ele tivesse alguma coisa para comer), à espera da morte, para si libertadora.
Não vou procurar vão de escada, nem protecção, fico aqui mesmo, para que seja mais rápido o fim.
Deixou-se assim ficar e apesar do frio adormeceu.
De repente sentiu alguém ao seu lado.
Uma mulher tão pobre e mal vestida como ele, deitara-se e encostara-se a si.
Ficou quieto e reparou que nos braços da mulher estava uma criança recém nascida, que dormia sossegada, com um sorriso nos lábios.
Depois de passado o espanto e um momento de silêncio, voltou-se para ela e perguntou:
- O que é que tu queres?
Com um olhar assustado, mas ao mesmo tempo doce, a mulher respondeu:
- Só quero calor, só preciso de calor. Não é para mim, é para ele.
E olhou a criança com uma ternura que ninguém desconfiaria nela.
Continuou a falar, numa voz baixa, mas forte.
- Disseram-me para não ter o bébé, que iria ser um desgraçado, um abandonado da vida, que mais valia não nascer sem amor, sem futuro.
Mas não, eu não fiz isso! Quem sou eu para decidir da vida de alguém, mesmo que pareça não haver presente, quanto mais futuro.
- Mas olha, continuou ela, tinha decidido acabar com tudo! Morria eu e morria ele, talvez assim fosse melhor. Mas depois pensei: Que culpa tem ele que eu seja assim? Quem é que me diz, que ele ainda não vem a ser um grande senhor, uma pessoa importante, se calhar até para fazer bem aos outros.
As palavras agora saíam mais fortes, quase empolgadas:
- Uma coisa já fez esta criança: Fez-me desistir da morte, fez-me lutar pela vida, fez-me encontrar o que eu achava que estava perdido, a vontade de viver, viver por ele.
Nessa altura ele levantou-se, ajudou-a a levantar-se e disse-lhe:
- Vamos procurar abrigo, seja aonde for. O bébé precisa de calor, de estar protegido, precisa que lhe dês o teu leite e aqui no meio da rua não pode ser.
Encontraram um vão de escada, uns cartões e sentaram-se, enquanto a mulher dava de mamar à criança.
- Chega-te mais para mim, disse-lhe ele, temos que o envolver no nosso calor, não podemos deixar que ele apanhe frio.
Dentro de si nasceu um compromisso forte.
Não iria deixar aquela mãe e sobretudo aquele bebé morrerem de frio ou de qualquer outra coisa, porque ele tudo iria fazer para que tal não acontecesse.
Foi então que veio à sua memória aquilo que há tão pouco tempo tinha decidido: Deixar que tudo acabasse, porque a sua vida já não tinha sentido.
Sentiu que lhe tocavam no ombro, que o chamavam e percebeu então que tinha estado a dormir. Eram uns jovens que percorriam as ruas à procura de gente como ele para os ajudarem com roupas e alimentos e naquela noite até um abrigo.
Levantou-se, seguiu-os e percebeu que dentro de si tinha nascido outra vez a vontade de viver, percebeu que uma vida não acaba assim, que tinha de lutar pois que apesar de nada ter, se calhar havia alguém que precisava dele.
Lembrou-se do sonho, da mulher, da criança, da Noite de Natal, da família que já tinha tido, do que os pais lhe tinham ensinado e percebeu então o sonho que tinha tido.
Levantou os olhos ao Céu, e disse de todo o coração:
- Obrigado Jesus, que quiseste precisar do meu calor, para me ensinares o valor da vida.

terça-feira, 5 de dezembro de 2006

O REFERENDO, O CRISTÃO, O TESTEMUNHO

Leio, releio, torno a ler, artigos, entrevistas, intervenções, postes e comentários em blogues, (de muita gente, ateus, agnósticos, religiosos, padres, leigos, políticos,etc), enfim, um não acabar de textos, que afirmam, que informam, que advertem, que o tema do aborto não tem nada a ver com a religião, que não tem nada a ver com aquilo em que acreditamos no campo da Fé, que não temos que utilizar argumentos baseados na nossa religião, (seja ela qual for, espero), que não temos que pressionar os outros com as nossas convicções religiosas, (esta para mim é a melhor), provavelmente que nem devemos afirmar-nos religiosos, ou com Fé, em Deus, claro!
Esclareço desde já: Sou cristão e católico, a minha Fé em Deus está acima de todas as coisas, e tento viver a minha vida segundo a Sua vontade, que para mim, à “falta“, (que não me faz falta), de uma revelação particular, é a Doutrina que me ensina a Igreja Católica Apostólica Romana, revelada por Jesus Cristo.
O Senhor Jesus Cristo, disse a todos e a mim, (quando Ele fala para todos, fala também para cada um individualmente), pelo menos duas vezes o seguinte:
«Ide pelo mundo inteiro, proclamai o Evangelho a toda a criatura.» Mc 16, 15 e «...sereis minhas testemunhas em Jerusalém, por toda a Judeia e Samaria e até aos confins do mundo.» Act 1, 8
Então é exactamente isto que eu quero ser: Testemunha.
Testemunha do que Ele nos ensinou: Que Deus nos criou à Sua imagem e semelhança, que todos somos desde sempre e para sempre amados por Ele, que nos deu a sublime missão de colaborarmos com Ele na criação do mundo, sobretudo pela extraordinária graça que nos concedeu de podermos gerar outros iguais a nós e que são também imagem e semelhança de Deus.
E é isto em que eu acredito, que cada ser concebido é, desde o primeiro momento, filho de Deus, criado à Sua imagem e semelhança, sejam quais forem as razões, ocasiões ou situações em que foi concebido.
E aqui, perdoem-me o “radicalismo”, (uns já lhe estarão a chamar “fundamentalismo”), perante a existência da vida a partir da concepção, não pode haver divergências entre aqueles que se afirmam cristãos, (já nem sequer falo em católicos), sob pena de professarmos uma qualquer religião, que não a cristã.
«Antes de te haver formado no ventre materno, Eu já te conhecia; antes que saísses do seio de tua mãe, Eu te consagrei e te constituí profeta das nações.» Jr 1,5
Deus não cria filhos diferentes, cria-os todos iguais e por isso aquilo que é para Jeremias, é para cada um de nós, nas diferentes vidas a que o Senhor vai chamando cada um.
Pois, bem sei, tudo isto não é muito intelectual, não é baseado na ciência, no conhecimento, dito racional, mas como para mim, pobre ignorante, Deus é a fonte da inteligência e da ciência, a Sua Palavra é assim a Verdade que eu quero viver e seguir na minha vida.
Onde estão as testemunhas da Fé? Onde estão os Reis Balduínos da Bélgica? Porque é que uns podem dizer em que votam e porquê, e os cristãos não podem exprimir livremente o seu voto e as suas razões, sobretudo quando são políticos, ou “líderes” da sociedade?
Têm medo? Vergonha? Respeito humano? Ou mais respeito por uma suposta lei de “laicismo vigente”, uma suposta imparcialidade, do que pela Fé que dizem professar?
E nós povo anónimo, povo de Deus, pais, avós, filhos, netos, professores, patrões, empregados, desempregados, ricos e pobres, todos enfim, que acreditamos em Jesus Cristo, calamo-nos, ou com o nosso testemunho de vida, com a afirmação da nossa Fé, quando a isso somos especialmente chamados, confirmamos verdadeiramente que somos filhos de Deus?
Ouvimos que grande parte do problema do aborto é atribuído aos cristãos, não sei porquê, e que portanto não nos podemos pronunciar, mas quando encontram alguém que se diz católico e é a favor do aborto, é um desfilar de elogios e de um apresentar das suas razões, como se dois ou três, representassem um todo.
Aqui, neste caso, já interessa a condição de católico!
Mas não o são, afirmo-o eu, que não sou ninguém.
Serão qualquer outra coisa, mas católicos não são!
Não se é católico porque se afirma essa condição. É-se católico porque se vive essa missão, de acordo com a vontade de Deus, que está expressa na Doutrina revelada por Jesus Cristo, e em nenhum momento Ele diz: “mata os filhos que concebeste.»
Mas haverá alguém que verdadeiramente no seu coração, aberto ao amor, duvide sequer que o ser concebido por um homem e uma mulher, é desde o primeiro momento uma vida, uma vida humana?
Em oração veio há dias ao meu coração esta reflexão:
Que mulher não quereria conceber Jesus?
Maria ao dizer sim ao Pai, diz a todos nós, diz a todas as mulheres: «O que geras dentro de ti, vem de Deus, é vontade dEle.»
A responsabilidade é grande, se ficarmos em casa por uma qualquer preguiça, por um qualquer motivo que não seja de total impedimento.
Só de pensar que no referendo, o sim poderia ser aprovado por um voto, e eu tinha ficado em casa a fazer “coisíssima” nenhuma, o meu coração estremece!
Levantai-vos cristãos e na paz de Jesus Cristo, sem crispações, cheios da serenidade de quem está revestido da Verdade, dai testemunho, nas conversas, na vida, no voto.
Que nem um só fique em casa, que ajudemos os que precisam de ser levados, que convençamos, (com a força do Espírito Santo), os que precisam de ser convencidos, porque é Cristo que nos pede que «sejamos testemunhas».
Corações ao Alto! O nosso coração está em Deus!
É Ele que nos dá forças, nos dá alento, nos ensina o que dizer e como fazer!
Esta é uma batalha, mas uma batalha de paz, de amor, de entrega.
Não há confronto, não o queremos, entregamo-nos, mas damos testemunho de vida!


Alguns fariseus disseram-lhe do meio da multidão: «Mestre, repreende os teus discípulos.»
Jesus retorquiu: «Digo-vos que, se eles se calarem, gritarão as pedras.»” Lc 19,40

Mas Pedro e João retorquiram: «Julgai vós mesmos se é justo, diante de Deus, obedecer a vós primeiro do que a Deus. Quanto a nós, não podemos deixar de afirmar o que vimos e ouvimos.» Act 4,19-20

quarta-feira, 29 de novembro de 2006

A ORAÇÃO O JEJUM O REFERENDO

Como todos sabemos foi marcada a data para o referendo ao Aborto, ou, como vi já em algum lado, Interrupção Violenta da Gravidez.

Proponho-me e proponho aos "meus" visitantes, uma oração, um sacrificio, entregando a Deus os corações dos Portugueses, para que Ele os ilumine em relação a este assunto.

O que me comprometo a fazer é simples:

Para além de nas minhas orações diárias e na recitação do Rosário, colocar sempre esta intenção, proponho-me fazer jejum todas as Quintas Feira, desde 1 de Dezembro até 11 de Fevereiro e nesse mesmo dia da semana, (Quintas Feira), ter pelo menos 15 minutos de Adoração, na presença do Santíssimo Sacramento, (se for possivel), ou em frente ao Sacrário, ou em qualquer sitio onde possa "entrar" em adoração.

Se aqui coloco esta decisão é para que outros me acompanhem neste compromisso, deste modo ou de outro que queiram sugerir.

Sabemos que a oração de vários que se unem para pedir, toca o coração de Deus:
«Digo-vos ainda: se dois de entre vós se unirem, na Terra, para pedir qualquer coisa, hão-de obtê-la de meu Pai que está no Céu. Pois, onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, Eu estou no meio deles.» Mt 18, 19-20

segunda-feira, 27 de novembro de 2006

A FALTA DE VOCAÇÕES

Recentemente em conversa com um amigo em Fátima, falávamos sobre a falta de vocações para o Sacerdócio.
Ontem numa reunião da Comunidade Luz e Vida, a que pertenço, que foi precedida da Eucaristia Dominical, na Igreja Paroquial de Albergaria dos Doze, presidida pelo Senhor D. António Marto, Bispo de Leiria-Fátima, que instituiu o Marcelo, (seminarista pertencente à nossa Comunidade), no Ministério de Acólito, (será ordenado Presbitero, se Deus quiser, no final do próximo ano), falou-se novamente do tema das vocações e assim veio à minha memória essa conversa tida em Fátima.
Dizia-me esse meu amigo, que conversando há uns anos com o Padre Emiliano Tardiff, (já falecido), quando ele esteve em Portugal, sobre o assunto das vocações, ele lhe disse surpreendemente o seguinte:
- Diz o meu amigo que é necessário pedir ao Espírito Santo que desperte mais vocações sacerdotais para a Igreja, mas quem lhe diz que não é vontade do Espírito Santo esta "crise" de vocações.
E depois explicou o seu pensamento:
- Sabe nós os Padres, somos muitas vezes "centralizadores", e não deixamos espaço aos leigos.
Assim se houver falta de Sacerdotes, os leigos terão de ser chamados aos Ministérios que eles podem exercer, e também a uma muito maior participação na Igreja, em tantos campos onde é importante a sua participação, o que só pode ser muito bom para a própria Igreja.
Claro que as palavras não terão sido rigorosamente estas, mas este era o sentido do seu pensamento.
Ao referir esta conversa, a um Sacerdote que estava connosco nessa reunião, ele disse-me o seguinte:
- Sabe, na Polónia estão a atravessar uma "crise" ao contrário, ou seja, há tantos Sacerdotes, Religiosos e Religiosas, que são eles que tudo fazem: dão catequese e "ocupam", digamos assim, os "lugares" onde os leigos podem exercer a sua missão, o que acaba por provocar um certo distanciamento dos leigos em relação à Igreja.
Não serão também estas as palavras exactas, que esse Sacerdote me disse, mas a ideia era esta.

Isto deu-me que pensar, e a ti?

Com isto não quero dizer que vou deixar de rezar pelas vocações, continuarei a fazê-lo com toda a perseverança, mas chama-me também a empenhar-me mais na construção da Igreja, a oferecer-me mais, não só fisicamente, mas também intelectualmente, na evangelização de todos nós, a começar por mim.

quinta-feira, 23 de novembro de 2006

O ESPÍRITO SANTO

É uma luz, uma suavidade, um amor, um toque, uma carícia, um carinho, um calor, uma presença que se desenvolve dentro de nós e nos enche por completo.
Aquilo que era razão de viver e estava no exterior, deixa de o ser, para dar lugar a outra aspiração interior, para dar lugar a outra vivência, mais viva, mais vivida, mais sentida, mais cheia de uma graça que não conseguimos explicar.
O interesse que nos despertavam as coisas do mundo, as riquezas, a importância social, o nosso comportamento pensado e repensado, deixa de ser importante, deixa de ser um fim em vista, para dar lugar a uma procura constante da santidade, do bem estar espiritual, do testemunho dado na vida que continuamos a viver no mundo, para que os outros também possam ver e viver o que nós vivemos.
Como tudo é diferente!!! Como tudo se modifica!!!
Quando vivemos para as riquezas do mundo, queremos ter sempre mais que os outros e a maior parte das vezes desejamos egoisticamente que os outros não tenham aquilo que nós já temos.

Agora começamos a viver para as riquezas de Deus e queremos que os outros tenham tudo o que nós já temos e tenham até mais, para nos poderem guiar e servir de testemunho.
Quando vivemos para conseguir o mundo, nunca temos tempo para nada, nem sequer para todas as coisas do mundo, quanto mais para Deus.
Agora começamos a viver para “alcançar” o Céu e assim temos tempo para Deus, para tudo e até temos tempo para o mundo.
Quando vivemos para nós próprios e por nós próprios, aos “sucessos”, que nos enchem de orgulho, sucedem-se as “derrotas” que nos provocam humilhação, (não humildade), que causam a solidão de quem vive apenas para si, convencido que é capaz de tudo sozinho.
Agora começamos a viver para Deus, para os outros, e assim os “sucessos” não são nossos, mas de Deus e de todos, (o orgulho não tem lugar), e mesmo que as coisas não corram bem, humildemente aceitamos como não sendo bom para nós aquilo que afinal desejávamos e instala-se a paz, a tranquilidade e nunca nos sentimos sozinhos.
Quando vivemos para a nossa vontade e para os nossos planos, e as coisas falham e os planos não resultam, muitas vezes desesperamos, atiramos para cima dos outros os nossos falhanços, sentimo-nos sós e derrotados, não aceitamos e fechamo-nos mais em nós próprios.
Agora que começamos a viver para cumprir a vontade de Deus e os Seus planos, quer na vida espiritual, quer na vida material, sentimo-nos mais acompanhados e quando as coisas falham, ficamos tristes é certo, mas aceitamos como fonte de crescimento a contrariedade, voltamo-nos para nós procurando saber onde nos afastámos da vontade do Senhor, humildemente baixamos a cabeça e com a força que nos vem dEle recomeçamos segundo a Sua vontade.
Quando vivemos baseados naquilo que na nossa cabeça pensamos que é bem e que é mal, o nosso crescimento é desordenado, os recuos são maiores que os avanços, a paz e a serenidade andam longe e praticamos muitas vezes coisas más, porque nos quisemos convencer que eram boas.
Agora que começamos a viver no que é o bem vindo de Deus, afastando o mal que Ele nos faz reconhecer, o nosso caminho é mais seguro, tem também avanços e recuos, mas os avanços são mais constantes, porque é constante a vontade de nos levantarmos depois de cairmos, a paz e a serenidade tomam conta de nós, porque é no coração que o Senhor coloca o conhecimento do bem e do mal. Não é pela nossa cabeça, mas pelo amor que o Senhor coloca no nosso coração, que crescemos para o bem e morremos para o mal.
Antes a vida era difícil, muitas vezes sem esperança e desacompanhada.
Hoje a vida é difícil, mas vivida na esperança e na companhia daquEle que nunca nos abandona: Jesus.
Então assim entregues, Ele vem até nós e: é uma luz, uma suavidade, um amor, um toque, uma caricia, um carinho, um calor, uma presença que se desenvolve dentro de nós e nos enche por completo...




Escrito em 28 de Novembro de 2001

quarta-feira, 22 de novembro de 2006

EVANGELHO DE HOJE - LUCAS 19, 11-28

Comentário ao Evangelho do dia feito por S. Serafim de Sarov (1759-1833), monge russo
Conversa com Motovilov

"Fazei render a mina durante a minha viagem"

É na aquisição do Espírito Santo que consiste o verdadeiro objectivo da nossa vida cristã; a oração, as vigílias, o jejum, a esmola e as outras acções virtuosas feitas em nome de Cristo não são mais do que meios para o adquirir... Sabeis o que é adquirir dinheiro?
Com o Espírito Santo, é parecido.
Para a gente comum, o objectivo da vida consiste na aquisição de dinheiro, no ganho. Além disso, os nobres desejam adquirir honras, sinais de distinção e outras recompensas concedidas por serviços prestados ao Estado.
A aquisição do Espírito Santo é também um capital, mas um capital eterno, fonte de graças, semelhante aos capitais temporais e que se obtém pelos mesmos processos. Nosso Senhor Jesus Cristo, o homem-Deus, compara a nossa vida a um mercado e a nossa actividade na terra a um comércio.
Ele recomenda a todos: "Façam render até que eu volte" e S. Paulo escreve: "Tirai bom partido do tempo presente porque os nossos dias são incertos" (Ef 5,16).
Por outras palavras: Despachai-vos para obterdes bens celestes negociando mercadorias terrestres. Essas mercadorias não são senão as acções virtuosas praticadas em nome de Cristo e que nos conferem a graça do Espírito Santo.

www.evangelhoquotidiano.org

segunda-feira, 20 de novembro de 2006

PARA A MINHA MÃE

Se a minha Mãe não tivesse falecido em Fevereiro deste ano, faria hoje 97 anos.


Minha querida Mãe

Fazem hoje 97 anos que o Senhor te colocou no mundo.
Tantos anos se passaram, em que viveste, trabalhaste, aconselhaste, ajudaste e, sobretudo, deste vida a dez filhos.
Sabes Mãe, nunca te tratei por tu, mas hoje nesta carta, quero fazê-lo, porque sabes Mãe, é assim que trato Jesus nas minhas orações, e por isso, ao tratar-te assim, sinto-te mais perto, mais intima, mais amorosa junto de mim.
A nossa relação não foi muito fácil, nem sempre “foram rosas”, mas sabes bem que sempre te amei profundamente, que sempre me orgulhei de ti, da tua força interior, da tua perseverança, da tua entrega à família, do modo como me educaste e a todos nós.
Sei bem, querida Mãe, que também sempre estive no teu coração e agora nestes últimos anos de um modo muito especial.
Foram as tuas orações, Mãe, a tua perseverança, que moveram o meu coração ao encontro do Senhor.
Mais do que a vida humana que me deste, Mãe, a minha gratidão vai para esta vida espiritual, que por força das tuas orações, renasceu no meu coração e em todo o meu ser.
Foi o maior presente, o maior tesouro, a maior prova do teu amor, Mãe, que me deste com a tua oração continua.
Ainda sorrio, Mãe, quando me lembro da tua alegria ao ver-me na Missa, ao leres as coisas que ia escrevendo, ao veres-me procurar cada vez com mais intensidade o amor do “teu” Jesus, do “nosso” Jesus.
Aqueles que lerem esta carta e te tiverem conhecido, sorrirão por a sentirem tão “lamechas”, para uma pessoa como tu, que não mostravas os teus sentimentos profundos com facilidade.
Mas é assim que eu quero que ela seja, “lamechas”, porque agora posso e quero exprimir-me assim.
Nestes últimos anos da tua vida, passaste provações terríveis, e uma parte da culpa pertence-me a mim, que não soube controlar os acontecimentos do mundo no meu trabalho.
Sei querida Mãe, quanto sofreste e, no entanto, nunca te ouvi um queixume, um murmúrio, uma palavra de critica ou de desgosto.
Onde foste tu, Mãe, descobrir essas forças! Sei bem onde e a Quem.
Tudo aceitaste como provações para a purificação da tua vida, e muito entregaste, não tenho dúvidas, pelos teus filhos, netos e bisnetos.
Quando o Senhor te chamou, calmamente, tinhas acabado de rezar o terço. Foi a Sua Mãe Santíssima que Ele te enviou, aquela Mãe de quem tu eras tão devota em Fátima e em toda a tua vida.
E Ela pegou-te ao colo, como uma criança de 96 anos, e levou-te para a eternidade, para a felicidade eterna, junto do Eterno Pai, e para junto do teu marido, meu querido Pai e dos teus dois filhos que te precederam.
“Coitado” de Jesus, estou a ver os quatro de volta dEle, pedindo-Lhe por nós, sem descanso!
Ai Mãe, gosto tanto de te escrever assim, como uma criança!
Esta já vai longa, por isso Mãe despeço-me, pedindo-te que peças por nós todos, (sobretudo pelos doentes, sabes quem são), pelos nossos amigos, pelos nossos inimigos, pelo nosso Portugal, para que a vida continue a ser a prioridade dos Portugueses.
Dá um beijo ao Pai, ao Manuel José e à Belinha e outro muito grande para ti, do teu filho que te ama muito e te pede a benção.

Joaquim

domingo, 19 de novembro de 2006

DIOGO


O meu neto Diogo faz/fez hoje 4 anos!

Dou graças a Deus pela familia que Ele me quis dar e pelos 4 anos do Diogo.

Na fotografia estão: o filho e pai, Luis, os filhos e tios, Pedro e André, o neto Diogo.

Falta a Carlota, que vive na Irlanda, a Leonor, neta também, ocupada neste momento com as suas brincadeiras, que juntas com estes, são meu "Ai, Jesus".

Obrigado Senhor meu Deus, pelo teu amor.

sábado, 18 de novembro de 2006

OBRIGADO SENHOR, PELA IGREJA

Hoje é o dia da Dedicação das Basilicas de São Pedro e de São Paulo, Apóstolos.


Senhor, neste dia, quero dar-Te graças pela Igreja.
Senhor, quero dizer-Te que amo profundamente a Igreja, com todas as suas virtudes e todos os seus defeitos.
Amo, Senhor, o Santo Padre, os Bispos, os Sacerdotes e todos as minhas Irmãs e Irmãos na Fé.
Senhor, elevo a Ti, neste dia, uma oração pela Igreja.
Pelo Santo Padre, pelos Bispos, pelos Sacerdotes, pelas minhas Irmãs e Irmãos na Fé, unidos em Igreja.
Por todos eles, Senhor, e sobretudo por aqueles que contestam, que estão em desacordo, que não vivem em obediência de amor.
Por todos, Senhor, para que a Igreja não seja o que uns e outros possam querer humanamente, para que a Igreja não seja o que eu humanamente quero, para que a Igreja seja apenas a expressão verdadeira da Tua vontade.
Derrama, Senhor, continuamente o Teu Espírito Santo, para que por Ele iluminados, todos vivamos e comunguemos a Tua vontade para a Igreja, que somos todos nós.
Um dia, Senhor, confiaste a Pedro a Igreja.
Que nós saibamos agora, confiar no seu sucessor e em todos aqueles que escolheste para nos ajudarem a caminhar para a morada da vida eterna, ajudando-os com as nossas orações, com os talentos que nos deste, com a nossa livre obediência de amor.
Sem Ti, Senhor, nada faz sentido.
Sem Ti, Senhor, não há Igreja.
Por isso, Senhor, tudo Te confio, na confiança do Teu amor por nós.
Amen

quinta-feira, 16 de novembro de 2006

ADORAÇÃO EUCARISTICA PERPÉTUA

Esta será, com certeza, uma boa resposta aos postes anteriores!

Retirado da ZENIT


Adoração Eucarística perpétua, base da atividade paroquial
Entrevista a Dom Michele Plácido Giordano ROMA, terça-feira, 13 de novembro de 2006 (ZENIT.org).
- «A primeira coisa que qualquer paróquia deveria fazer é a Adoração Eucarística perpétua», afirma nesta entrevista concedida à agência Zenit Dom Michele Plácido Giordano, arcebispo de Mistretta, animador desde sempre deste tipo de oração.
Em Mistretta, um dos centros históricos mais conservados da Sicília, quase no meio do caminho entre Messina e Palermo, se encontra a Igreja do Santíssimo Salvador, uma das 14 igrejas da Itália nas quais acontece a Adoração Eucarística perpétua.
Em 9 de novembro passado, Bento XVI propôs precisamente à Igreja o redescobrimento desta prática ao encontrar-se com os participantes na assembléia plenária do Comitê Pontifício para os Congressos Eucarísticos Internacionais que preparam o Congresso Eucarístico Internacional em Québec, Canadá, em junho de 2008.
--Por que em sua comunidade, não muito grande mas muito vital, em um certo momento decidiram iniciar a Adoração perpétua?
--Dom Giordano: Porque considero que a primeira coisa que as paróquias devem fazer é ensinar a orar. E, portanto, é uma escolha de fundo, um pilar que sustenta tudo. Feita esta escolha, o caminho está marcado, deve-se oferecer às pessoas o espaço onde encontrar a si mesmas. Estava impressionado quando ia por aí e via cristãos que iam a escolas de meditação budistas. Então, refleti sobre o fato de que nós, os católicos, não fazíamos o suficiente para ensinar as pessoas a orar. Daí, parti para impulsionar a Adoração Eucarística todas as semanas, cada mês prolongada até meia noite, em certas ocasiões todo o dia, até que chegou, como presente de Maria, em seguida depois do Jubileu, a decisão de fazer a Adoração perpétua. Começamos em 13 de dezembro de 2004, justamente no XVII centenário de Santa Lucia. Desde então, iniciou-se a Adoração Eucarística perpétua, noite e dia, que agora caminha sozinha.
--Alguns dizem que é custoso fazer uma hora de Adoração de vez em quando, portanto, nem sequer se pensa na possibilidade da Adoração perpétua.
--Dom Giordano: Também em Mistrettat, no início, havia perplexidade; agora a convicção das pessoas é absoluta, e se vê que é Jesus quem conduz a comunidade. Deve-se ter valor. O importante é começar. Quando se realizam ações em nome e por Jesus, logo é Ele o que as leva adiante. Deve-se ter fé. Os modos nos quais as obras se realizam são os mais misteriosos. Às vezes, eu gostaria de pedir algo mais à comunidade, mas não tenho o valor; logo, sucede que quem vai à Adoração volta com recursos mais abundantes do que eu teria podido imaginar. Houve um momento, por exemplo, que queria fechar a televisão «TeleMistretta» porque não era capaz de garantir o orçamento. Uma paroquiana me disse então que não a fechasse e que confiasse no Senhor. Desde então passaram 16 anos e os meios sempre chegaram.
--Qual é o número mínimo de pessoas para garantir a Adoração perpétua e como ela se desenvolve?
--Dom Giordano: São necessárias pelo menos 24 pessoas por dia para garantir a Adoração perpétua; uma a cada hora, 168 por semana. Obviamente, podem ser as mesmas pessoas que nos cercam. Nós a estruturamos em quatro fases horárias de seis horas; para cada hora, há um capitão de hora, que é o responsável e que encontra soluções quando por motivos diversos falta alguém. Durante o dia, a igreja onde se leva a cabo a Adoração está quase sempre cheia; durante a noite, a Adoração assume uma atração especial, é íntima e belíssima. Vejo muitos jovens que se retiram para falar com Jesus. As igrejas que fazem a adoração eucarística perpétua são 14 na Itália, duas na Sicília. É uma experiência que aconselho a todas as dioceses e a todas as paróquias.
--Quais são os frutos desta intensa atividade de oração?
Dom Giordano: Muitíssimos. Agora publicamos um livro com os testemunhos de um ano de Adoração Eucarística. São muitíssimas as graças. Uma moça havia decidido abortar, rezamos e a convencemos de que não o fizesse. Logo, sua vontade variava, voltamos à igreja para rezar e ao final esta criança nasceu: chama-se Carlo e agora está sustentado junto à mãe pelo «Projeto Gemma». Ao princípio da Adoração, Dom Ignazio Zambito, o bispo de Patti, nos pediu para rezar pelas vocações. Rezamos muito e o seminário da diocese de Patti, que tinha seis seminaristas, este ano tem outros nove candidatos ao sacerdócio.
--Muitos afirmam que não há tempo para fazer Adoração, que na paróquia há muitas coisas que fazer...
--Dom Giordano: Não é que ao fazer Adoração descuidemos das outras atividades. Nós fazemos mais. A Adoração faz germinar muitas e mais proveitosas atividades. Em nossa diocese, por exemplo, junto à Adoração se está lançando novamente o centro juvenil e agora estamos a ponto de relançar a Rádio diocesana. Tudo isto se beneficia muito da Adoração. A Adoração é a raiz de uma planta que, quanto mais oração tem, mais cresce e se desenvolve. Nós devemos permitir que raiz se expanda. Também, para os compromissos eclesiais mais importantes, os de defesa da vida e da família, a oração nos permite encontrar força e inspiração.

ENVERGONHADO

Sim, Senhor, estou envergonhado!
Apetece-me dizer como as crianças:
Mas não fui eu, Senhor,
foram aqueles médicos ingleses,
que pediram para matar os recém nascidos,
por causa de alguma deficiência.
Não fui eu, Senhor,
mas estou envergonhado!
Ia-me deitar, Senhor,
mas não consegui,
sem Te vir aqui dizer, Senhor,
estou envergonhado!
Que posso fazer, Senhor,
se não pedir-Te perdão,
por eles,
e por mim,
porque rezo pouco por eles,
pelos que querem matar os recém nascidos.
Deito-me envergonhado,
mas acreditando na Tua Misericórdia.
Por eles, os inocentes,
por eles, os inconscientes,
(para ser brando, Senhor),
por mim,
pouco orante,
por mim,
pouco perseverante.
Baixo os olhos,
baixo a cabeça,
estou envergonhado, Senhor!
Tem piedade de nós,
que não sabemos o que fazemos.

terça-feira, 14 de novembro de 2006

ATÉ ONDE VAMOS PERMITIR QUE SE CHEGUE

Retirado da ZENIT

Ginecologistas britânicos pedem direito de poder matar recém-nascidos deficientes
Entrevista ao neonatologista Carlo Bellieni ROMA, segunda-feira, 13 de novembro de 2006 (ZENIT.org).-
Com uma declaração publicada pelo «Sunday Times» em 5 de novembro passado, o Real Colégio de Obstetras e Ginecologistas (RCOG) do Reino Unido anunciou ter solicitado «a possibilidade de matar os neonatos deficientes».
O Colégio enviou o documento de solicitação ao Conselho de Bioética Nuffield, organismo encarregado de examinar os assuntos éticos suscitados pelos novos desenvolvimentos da Biologia e da Medicina. O Conselho de Bioética Niffield é uma influente Comissão privada que está a ponto de publicar um informe sobre as decisões críticas em medicina fetal e neonatal.
No documento citado, o RCOG pede que se abra um debate sobre a eutanásia ativa das crianças deficientes (tirar-lhes a vida após o nascimento), sustentando que deste modo se impediria o peso emotivo e econômico do cuidado de um menino ou uma menina gravemente deficiente.
A associação de ginecologistas britânicos afirma que a permissão para realizar a eutanásia ativa limitaria o recurso ao aborto tardio porque, em caso de hipótese de uma grave deficiência do feto, os pais poderiam levar adiante a gravidez e decidir, só uma vez nascido, se se mantém a vida ou a suprime.
Frente a tal pedido, elevou-se no Reino Unido a voz contrária do Conselho Britânico de Deficientes.
Para compreender o assunto e suas implicações de natureza bioética, Zenit entrevistou o neonatólogo Carlo Valério Bellieni, diretor do Departamento de Terapia Intensiva Neonatal da Policlínica Universitária «Le Scotte» de Siena, Itália.
--O que o senhor acha do pedido do Real Colégio de Obstetras e Ginecologistas do Reino Unido?
--Bellieni: O pedido de suprimir os neonatos com graves deficiências não deixa nenhum pediatra insensível, ou seja, quem amanhã estará chamado a realizar as «eliminações»; mas não é novo: já Michael Gross escrevia em 2002, em «Bioethics» que «há um consenso geral no “neonaticídio”, segundo o parecer do progenitor sobre o interesse do neonato, definido em modo amplo, considerando tanto o dano físico como o dano social, psicológico e financeiro a terceiros». E é sempre do interesse de terceiros que precisamos partir para compreender o que se pode esconder por trás de um pedinte intento de «pôr fim aos sofrimentos da criança».
--Quais são os aspectos mais inquietantes da proposta britânica?
--Bellieni: O que inquieta os pediatras são três coisas.
Em primeiro lugar: ter de se converter em executores de uma condenação à morte: não nos tornamos médicos para isso, sobretudo em uma época na qual a condenação à morte é estigmatizada por um número cada vez maior de Estados.
Em segundo lugar: considerar os próprios pacientes como não-pessoas: há autores que sustentam que os neonatos não são pessoas porque ainda não têm uma autoconsciência (e é uma lógica conseqüência de quem não considera como pessoa o feto ou o embrião pelo mesmo motivo): e disto chegam a dizer que os neonatos nem sequer são capazes de sentir dor, sendo a autoconsciência justamente um requisito para esta sensação. Afirmações desmentidas amplamente pela ciência.
Em terceiro lugar: considerar a deficiência não como uma vida a socorrer e respeitar, mas com uma atitude fóbica, como uma vida de segunda divisão .
--Alguns médicos britânicos mantiveram que não se deve escandalizar, porque o aborto tardio é assimilável à eutanásia ativa. Qual é seu parecer ao respeito?
--Bellieni: Esta notícia não me surpreendeu. Compreendo o horror, mas não compreendo o estupor: quem estudou anatomia e biologia, quem é especialista em fisiologia humana, bem sabe que não existe nenhuma diferença substancial entre feto e neonato, além de pequenas modificações no círculo sanguíneo; portanto, não se compreende por que horroriza matar um neonato e não matar um feto. A menos que não se creia que a entrada de ar nos pulmões tenha um efeito «mágico» capaz de transformar o DNA ou a consciência do indivíduo!
A foto do pequeno feto morto dentro da mãe assassinada, publicada há alguns meses por um jornal italiano, impressionou não porque se fazia ver um cadáver (lamentavelmente vimos também recentemente na TV e nos jornais muitas crianças mortas em guerra) mas porque se fazia ver a realidade: que um feto não é outra coisa senão uma criança que ainda não desfrutou do ar exterior. E isto, cada mãe sabe que é verdade, como o sabe qualquer um que por trabalho cuida dos pequeninos fetos precocemente saídos do útero materno, chamados «crianças prematuras». Sabem-no também os cirurgiões que operam os fetos ainda no útero.
Repito: o drama é que nos surpreenda isso, enquanto é preciso iniciar um trabalho cultural, feito de pesquisa e de divulgação séria, e não só já de «reações» (à última «transgressão», ao último horror).
O verdadeiro esforço bioético de hoje não é o de afirmar um vago sentido de misericórdia para com o próximo (também os programas televisivos estão cheios de lágrimas), mas de buscar a evidência, a realidade; afirmar que um embrião é um embrião e não uma célula qualquer, que um feto de poucos gramas experimenta dor, que o DNA mostra que a vida de cada um começa desde a concepção. Em definitivo, é como demonstrar que uma flor é uma flor, e não um vaso!


Não consigo, não tenho comentários a fazer a este horror.

segunda-feira, 13 de novembro de 2006

PENSAMENTOS INSPIRADOS NA PROCURA DE DEUS 24

"Eu sou a Ressurreição e a Vida".
Senhor, que posso eu querer mais?
Senhor, que posso eu ainda querer procurar mais?
Fica comigo, Senhor!

domingo, 12 de novembro de 2006

COMO TU

Como TU
Santos como TU
Aqui estamos
E queremos
Ser Santos como TU.

Como TU
JESUS como TU
O ESPÍRITO nos manda
Ser Santos como TU.


Refrão de cântico cantado este fim de semana em Fátima na Assembleia da Pneumavita, comunidade do Renovamento Carismático Caólico.

quinta-feira, 9 de novembro de 2006

A VELA

A vela é constituída por um corpo exterior, que é de cera ou de estearina e um corpo interior que é o pavio, e tem pelo menos duas utilidades: Para dar luz e ou para decorar.

Quando a vela serve apenas para decorar, em cima de uma mesa, numa prateleira, é vista uma, duas, três vezes e depois deixa de ser novidade e de chamar a atenção.

Quando assim é, o pavio, ou seja, o corpo interior, para nada serve, pois a sua função é, depois de aceso, dar luz para ou a alguma coisa.

A vela utilizada apenas para decoração vai-se deteriorando com o tempo, o seu corpo exterior, seja ele qual for, vai-se degradando e esfarelando, acabando por não servir para nada e ser deitado fora, juntamente com o pavio.

Ao contrário, a vela que serve para iluminar, utiliza o seu corpo interior, que depois de aceso pelo fogo, ilumina todo o ambiente, a sua chama é bonita de se ver, não só pela cor e reflexos, mas também porque é algo em constante movimento, bem como o seu corpo exterior que se vai derretendo, espalhando calor e ocupando todos os espaços onde se vai derramando.

O pavio vai-se consumindo, dando sempre luz até se extinguir, e a cera, ou estearina, no fim, irá ser aproveitada para novas velas.

Nós somos como as velas!

Se vivemos apenas esta vida humana, sem Deus, e sem nos preocuparmos com os outros, somos velas de decoração, ou seja, por um tempo ainda teremos algum sentido na vida, mas pouco depois a nossa vida não servirá para nada, não terá sentido nenhum, não servirá sequer os propósitos para que foi criada e acabará na morte, sem esperança de vida eterna.

Se em vez disso, deixarmos acender pelo fogo do Espírito Santo o nosso pavio, (o coração), a cera, (a nossa vida), vai-se derramando sobre tudo e todos os que viverem ao nosso lado e irá ocupando os espaços que estiverem vazios, na nossa vida e na vida dos outros.

A chama, (o fogo do Espírito Santo), iluminará a nossa vida e a vida daqueles que se aproximarem, e sempre viva e em movimento chamará a atenção daqueles que a virem.

A cera, (a nossa vida), servirá para novas velas, (renovará novas vidas) e tudo isso por obra daquEle que acendeu a vela, (a nossa vida).


“Senhor, quero ser uma vela acesa por Ti, que se consuma inteiramente no Teu amor e no amor aos outros”.

MENSAGEIRO

Irei estar este fim de semana em Fátima, na Assembleia da Comunidade Pneumavita, primeira comunidade do Renovamento Carismático Católico em Portugal, fundada pelo Padre José da Lapa, que deu a conhecer esta "nova" espiritualidade ao nosso País.

Mas tenho sempre tempo para levar um "recado" à Mãe do Céu, das minhas irmãs e irmãos em Cristo que se "passeiam" por estes espaços "blogueiros".

Fico à vossa disposição.

segunda-feira, 6 de novembro de 2006

OUTRA HISTÓRIA

Quando eu nasci chovia, mas isso não fazia mal nenhum porque o colo da minha mãe era tão quentinho e tão bom, que eu me sentia no paraíso.
Estavam todos á minha volta e olhavam-me com os olhos muito abertos, parece que á procura de semelhanças com a família.
Orgulhosamente a minha mãe fazia questão de me mostrar a toda a gente, dizendo como eu era bonita e perfeita e eu para não a fazer triste, fazia trejeitos com a boca a que eles chamavam sorrisos.
Fomos para casa e o amor rodeava-me, apesar de eu me aperceber que devia haver dificuldades, porque volta e meia sentia a minha mãe um pouco triste.
Ah, mas se eu fazia beicinho, ela ria e brincava comigo, para eu não perceber o que se passava.
Lembras-te mãe, quando eu dei os primeiros passos, quando fiz os primeiros sons, tão contente que tu estavas: telefonas-te a toda a gente, quiseste que todos fossem ver as gracinhas da tua filha.
Fui crescendo e cada vez mais percebi que a minha família não era rica, mas é engraçado que nunca me faltou nada de essencial, a comida, a roupa, (nada de marcas, é certo), os estudos, enfim tudo e sobretudo muito amor.
Lembro-me tão bem quando me apareceu aquele sangue nas pernas e tu mãe, cheia de paciência me explicaste o que era, e que tudo aquilo, para além de outras coisas significava que eu um dia também podia ser mãe como tu.
E o primeiro namorado? Quando ele me deixou, choramos juntas, abraçadas, e tu ias-me dizendo com toda a tua ternura que eu era boa demais para ele, e que ainda havia de encontrar o homem da minha vida.
Ai mãe, estávamos tão perto, éramos tão amigas. Tão bem que nós nos dávamos uma com a outra.
Lembras-te mãe, dos Natais, das festas em família, como combinávamos juntas o que fazer e como fazer.
E quando eu casei, mãe, como estavas contente e feliz, embora nos teus olhos pairasse uma nuvem de tristeza.
Eu ia sair de casa. Mas sabes bem mãe, que sempre estavas no meu coração, como eu sei que estava no teu.
E quando o pai adoeceu, lembras-te? Vim para o pé de ti, e juntas tomámos conta dele até aquele terrível dia em que morreu.
Como tu te abraçaste a mim, como eu me abracei a ti, como juntas suportámos a nossa dor.
E depois, depois a tua alegria, quando nasceu o teu neto, o teu orgulho na tua filha já mãe, os conselhos permanentes, até te aperceberes que eu tinha de fazer as coisas sozinha.
Ficavas ali, embevecida, a olhar para nós dois, muito orgulhosa da tua criação.
Tantas vezes te disse mãe, para fazeres os exames médicos, para ouvires o que te diziam e tu nada, era tudo para nós, para viveres cada dia, cada momento que o teu trabalho deixava, a tua filha e o teu neto.
Por isso mãe, caíste doente e não querias ver ninguém, ninguém, a não ser a mim, como tu dizias: O teu bem mais precioso.
De mãos dadas fomos passando aqueles momentos tão difíceis e abraçada a mim, deste o último suspiro, olhando-me fixamente nos olhos e dizendo-me com o coração: amo-te, minha filha.
Lembras-te, mãe, lembras-te?
Não te podes lembrar, porque quando eu tinha apenas 10 semanas, tu desististe de mim e esta vida que podíamos ter tido, nunca chegou a acontecer, porque tu lhe colocaste fim.
Sei que sofres, que ainda te lembras disso, como uma ferida que não fecha no teu coração, mas mãe eu continuo a amar-te muito e a esperar por ti aqui no Céu, junto a Jesus.
Não percas este caminho mãe, porque aqui tudo é amor e perdão e tudo espera para te acolher e abraçar no amor eterno.


Pois, dirão muitos, mais uma história demagógica, para apelar aos sentimentos, às emoções.
Pois é, direi eu, mas dá que pensar, não dá?