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Ontem de manhã, quando saí de casa, o vento forte incomodou-me, despenteou-me, (não que isso seja importante), irritou-me e quase me fez praguejar.
E foi assim ao longo do dia, sempre que tive de andar na rua.
À tarde tinha Missa e Adoração ao Santíssimo na capela da Garcia e assim que lá cheguei, ao sair do carro, novamente o vento forte me incomodou.
Durante a Missa e a Adoração ao Santíssimo, ouvia-se o vento por entre as janelas e portas, soprando com força, sem parar.
Fiquei a pensar neste vento impetuoso e naquilo que poderia retirar como ensinamento, ou melhor, naquilo que eu poderia sentir que Deus me dizia com aquele vento tão forte e audível.
Veio ao meu pensamento a imagem do vento que arranca as folhas mortas das árvores, que arrasta e leva para longe as folhas pelo chão, o vento que sopra em todo o lado sem o podermos controlar na natureza.
E logo percebi que eu precisava de ser “despenteado” de todas as certezas vindas de mim próprio, precisava que fosse arrancado de mim tudo o que está “morto” e não me dá vida e não dá vida aos outros, que precisava que fossem afastadas do meu caminho todas as “folhas mortas” que sujam esse caminho.
E depois, estando numa capela e ouvindo o vento nas portas, tentando abri-las, também veio ao meu coração como tantas vezes nós homens, fechamos as “portas” da Igreja à novidade, ou melhor, ao Espírito Santo que em Jesus «faz novas todas as coisas». (cf Ap 21, 5)
E essa novidade que o Espírito Santo sempre traz à Igreja, não tem a ver com a Tradição que deve ser mantida, com a Verdade revelada e concluída em Jesus Cristo, com a sã Doutrina da Igreja, mas sim com aquilo que nós homens tantas vezes colocamos sobre os nossos ombros e sobre os ombros dos outros, entrando numa rotina de preceito pelo preceito, esquecendo-nos do amor de Deus, do amor a Deus e do amor aos outros.
E isso lembrou-me de imediato São João Paulo II com a sua proclamação em Cristo:
“Não tenhais medo! Abri, ou melhor, escancarai as portas a Cristo!”
Apeteceu-me vir para a rua, expor-me ao vento, abrir os braços e dizer:
Aqui estou, Senhor! Faz de mim o que quiseres! Vem Espírito Santo!
Marinha Grande, 12 de Maio de 2023
Joaquim Mexia Alves
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