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«As técnicas da evangelização são boas, obviamente; mas, ainda as mais aperfeiçoadas não poderiam substituir a ação discreta do Espírito Santo. A preparação mais apurada do evangelizador nada faz sem ele. De igual modo, a dialética mais convincente, sem ele, permanece impotente em relação ao espírito dos homens. E, ainda, os mais bem elaborados esquemas com base sociológica e psicológica, sem ele, em breve se demonstram desprovidos de valor.» Evangelii Nuntiandi §75
São Paulo VI na Exortação Apostólica Evangelii Nuntiandi sobre a Evangelização, exorta-nos a percebermos a imprescindibilidade do Espírito Santo nessa mesma Evangelização.
Aproximamo-nos da Solenidade de Pentecostes e se é sempre tempo para falar ou perceber a acção do Espírito Santo, é, com certeza, este um tempo favorável para dEle tomarmos verdadeira consciência.
E a primeira constatação que faço, (e obviamente posso estar completamente enganado), é que nós cristãos católicos, na generalidade, temos um enorme desconhecimento de Quem é o Espírito Santo, da Sua Obra, da Sua acção na Igreja e em cada um dos fiéis baptizados.
Sim, com certeza, todos sabemos que é a Terceira Pessoa da Santíssima Trindade, que nos benzemos em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo e, infelizmente, muitas vezes, pouco mais vamos além disso, passe o exagero.
Até mesmo a Igreja, embora, obviamente, reze e fale do Espírito Santo, é muito “tímida” ao falar dEle e a insistir com os fiéis a necessidade imperiosa de pedirem continuamente o Espírito Santo e a Ele se abrirem e entregarem, porque só com Ele podem chegar ao encontro pessoal com Cristo, que transforma vidas, e podem perceber e sentir o amor do Pai que corre para nós abrindo os braços.
Tome-se, por exemplo, a Profissão de Fé feita no Baptismo e repare-se que na “fórmula” utilizada, embora o Pai e o Filho tenham perguntas especificas, o Espírito Santo é referido, digamos assim, na pergunta que envolve a Igreja e outras verdades da Fé.
Com certeza que há uma explicação teológica/litúrgica para tal, (que na minha ignorância não conheço), mas a verdade é que a Terceira Pessoa da Santíssima Trindade não tem uma “pergunta” especifica, para uma resposta especifica.
Vejam-se também, por exemplo, os documentos papais ou do Magistério sobre o Espírito Santo e ficaremos admirados por encontrar tão pouco que a Ele se refira especificamente.
Correndo o risco de estar enganado diria que os únicos documentos papais existentes, especificamente sobre o Espírito Santo são, a Carta Encíclica Divinum Illud Munus, de Leão XIII, e a Carta Encíclica Dominum et Vivificantem, de João Paulo II.
E, no entanto, a Igreja nasceu pela acção do Espírito Santo no seguimento dos Apóstolos terem recebido o Espírito Santo no dia de Pentecostes.
Onde foi Pedro buscar as palavras que dirigiu à multidão que o ouviu?
Onde foram todos os Apóstolos com Paulo e todos os outros buscar a coragem e a sabedoria para proclamarem o Evangelho?
Ao lermos os Actos dos Apóstolos, não podemos deixar de perceber a presença constante e imprescindível do Espírito Santo.
«O Espírito Santo e nós próprios resolvemos…» Act 15, 28
Poderemos, verdadeiramente, hoje em Igreja afirmar isto mesmo?
Com certeza que acredito que a Igreja continua a ser conduzida pelo Espírito Santo, e que o Papa Francisco e o Magistério da Igreja têm disso consciência.
Mas têm os cristãos católicos essa consciência?
Têm os cristãos católicos a consciência de que só podem dizer «Jesus é o Senhor pela acção do Espírito Santo» 1 Cor 12, 3?
Têm os cristãos católicos a noção de que sem o Espírito Santo tudo se resume a preceito, obrigação e rotina?
Têm os cristãos católicos a noção de que só com o Espírito Santo podemos celebrar, participar verdadeiramente na Eucaristia, porque só Ele nos pode “fazer ver” Jesus Cristo nas duas espécies eucarísticas?
Percebemos nos Actos dos Apóstolos que aquelas primeiras comunidades invocavam constantemente o Espírito Santo e que rezavam uns pelos outros pedindo o Espírito Santo.
Porque não o fazemos nós hoje em dia, continuamente, nas nossas comunidades em Igreja?
Porque não é a Solenidade de Pentecostes uma Solenidade mais vivida, mais celebrada, mais falada, mais “importante” na Igreja?
Pobre de mim que nada sou, mas porque não pelo menos uma semana, incluindo o domingo anterior ao Pentecostes, de preparação “intensa” para o Domingo de Pentecostes?
Remeto-me à minha insignificância, ao meu pouco ou nenhum saber, mas não posso deixar de testemunhar e afirmar que, se não fosse o Espírito Santo levar-me ao encontro pessoal com Jesus Cristo no amor do Pai, eu me tinha irremediavelmente perdido no mundo, perdido de Deus, perdido da Igreja.
Por isso todos os dias de manhã a minha oração é a Sequência da Missa de Pentecostes, pedindo-Lhe que apesar do meu ser pobre e fraco, Ele faça a Sua obra em mim, para que dê sempre testemunho aos outros do que Ele faz em mim, apesar de mim.
Vem Espírito Santo!
Marinha Grande, 16 de Maio de 2023
Joaquim Mexia Alves
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