terça-feira, 1 de setembro de 2020

SENSAÇÃO

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Há dias assim em que acordamos com a sensação de que algo não vai correr bem.

São dias em que parece que nem sequer me atrevo a pedir a Jesus para ir ter com Ele sobre as águas, porque tenho já aquela sensação de que me vou afundar.

E depois a sensação perdura, vai tomando conta de nós, e acaba por transformar um dia que seria normal, num dia sem sentido, sem alegria, sem vida verdadeira.

 

Calmamente invoco o Espírito Santo, tento entregar-me a Ele, deixo que Ele me vá aquietando e me fale ao coração, até ouvir o sussurro de Deus: Porque temes homem de pouca fé? Alguma vez te faltei? Vá, acredita e vem ter comigo sobre as águas das tuas inquietações.

 

Fecho os olhos, coloco-me em pé sobre as águas e digo uma velha e rotineira frase mas que agora tem todo o sentido: Seja o que Deus quiser!

 

E vou, primeiro devagar, depois a correr, depois afundo-me, depois a mão d’Ele levanta-me e eu continuo a correr, a andar, semeando a alegria com algumas lágrimas, plantando no meio do bem estar algumas dores, tentando sempre fazer mais o bem do que o mal, e repetindo sempre para mim: Homem de pouca fé!

 

E Ele ri-se e eu rio-me com Ele!

 

De mãos dadas atravessamos campos de flores e desertos de areia, caminhamos sobre o mar calmo e sobre a tempestade alterosa, banhamo-nos na chuva e secamo-nos ao sol, sentimos a brisa suave e suportamos o vento ciclónico, e por fim Ele pergunta-me: Onde está a sensação que sentias hoje de manhã?

 

E eu respondo-lhe com as lágrimas da maior ternura que eu possa ter: Está contigo, Senhor! Ficaste com ela quando Te entreguei o dia que me deste!

 

 

Monte Real, 2 de Setembro de 2020

Joaquim Mexia Alves

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