segunda-feira, 24 de fevereiro de 2025

CARTA A UM AMIGO

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Estou aqui, frente ao Santíssimo Sacramento, em adoração, e gostava, gostava muito, meu amigo, que andas afastado de Deus, que aqui estivesses comigo também.

Não, não te quero convencer de nada, quem sou eu, pobre de mim, para o fazer, mas quero dizer-te como é bom estar aqui, como é bom estar com Deus.

Também eu andei afastado de Deus muito tempo, e parecia-me que a vida que levava era muito boa, que tinha quase tudo o que precisava para ser feliz, sobretudo quando corria tudo bem, mas a verdade é que quando as dificuldades apareciam, tudo se desmoronava e nada tinha a que me agarrar.

Os prazeres que tirava da vida eram muitos, mas chegava sempre à conclusão que tinham apenas presente e nunca tinham futuro, mais ainda, que mal o efémero prazer passava, havia uma quase frustração, porque nada continuava.

E eu tinha tido todo o ensino das coisas de Deus, e até o testemunho fiel de meus pais, mas o tempo, o comodismo, a preguiça, o “deixa andar”, acabaram por me afastar inexoravelmente de Deus.

E começaram a chegar aqueles momentos em que a ausência de um futuro, e pior do que isso, uma quase previsão de um abismo, começaram a fazer-me perceber que não era por ali o caminho.

E comecei à procura d’Ele, e Ele, quando O procuram, logo Ele se faz encontrado!

Mas não é um encontro intempestivo, cheio de recriminações ou conselhos, mas sim apenas uns braços abertos, que nos acolhem, nos apertam e nos enchem de amor.

Mas também não é aquele amor efémero, um amor de um momento, é um amor que permanece, que nos enche de paz, que nos traz uma serena alegria, e nos faz sentir que seja em que momento for, Ele está sempre connosco, até mesmo quando nos afastamos d’Ele.

E depois, sabes meu amigo, tudo isto se reflecte no nosso dia a dia e, à medida que O vamos conhecendo melhor, cada vez mais Ele se faz presente, e nos proporciona momentos em que O percebemos incrivelmente presente em tantas coisas que vemos, dizemos, sentimos e vivemos.

Deves agora já estar a pensar que isso é demais, que é uma presença que até pode ser incómoda, mas não, meu amigo, Ele é o Mestre do “bom senso” e, por isso, nunca se impõe, nem colide com a nossa total liberdade.

E aqui, frente a Ele, (sabes bem que acreditamos firmemente que Jesus Cristo está verdadeiramente presente na Eucaristia), ainda mais este amor toma conta de mim e me faz perceber que a vida com Ele tem todo o sentido, apesar de todas as provações e dificuldades.

E sabes, meu amigo, não é preciso saber muitas coisas, não é preciso saber falar muito bem, não é preciso dizer coisas muito inteligentes ou teológicas, mas apenas olhá-lO e dizer-lhe com todo o amor que nos for possível: Aqui estou, Senhor! Faça-se em mim a Tua vontade.

Depois, meu amigo, depois abandonamo-nos a Ele, deixamos que o amor do Pai nos envolva, entregamo-nos ao Espírito Santo e deixamos que Ele nos conduza, às vezes no silêncio, outras vezes no olhar o Santíssimo repetindo interiormente o nome de Jesus, outras vezes ainda deixando que as palavras saiam do nosso coração e se tornem numa oração que Ele entende e aceita cheio de amor.

Ah, e sabes, as palavras até podem ser importantes, mas muito mais importante é a intenção do nosso coração, porque é o nosso coração que Ele conhece como nós não conhecemos.

Então o amor, a paz, a serenidade, a confiança, a esperança, tomam conta de nós e podemos viver a vida com tudo o que ela contém, porque acreditamos que Ele está connosco em todos os momentos.

Por isso, meu amigo, gostava muito, muito que estivesses aqui comigo, para estarmos os dois com Ele.





Garcia, (escritos em adoração)
Joaquim Mexia Alves


1 comentário:

Anónimo disse...

Obrigada por esta carta amigo Joaquim🙏