sexta-feira, 26 de junho de 2009

COMO DEUS NOS FALA!

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Estive no Sábado passado em mais um almoço de ex-combatentes da Guiné.

Nestes encontros vivem-se sempre momentos de emoção profunda, motivados pelos reencontros com aqueles que connosco viveram situações tão difíceis, e porque se relembram histórias em que as nossas vidas estiveram em perigo real e verdadeiro.

A fé que agora vivo, (naquele tempo vivia afastado de Deus e da Igreja), leva-me sempre a tentar tirar de tudo o que eu faço, de tudo o que eu vivo, um ensinamento, uma mensagem, que Deus sempre tem para aqueles que o escutam de coração aberto e confiante.

E meditei num paralelismo de situações, entre a vivência daqueles anos de guerra e a nossa caminhada de cristãos, atendidas claro está as diferenças, pois a vida de um cristão não é uma guerra contra ninguém, mas uma batalha contra tudo aquilo que o quer afastar do Caminho, da Verdade, da Vida.

E uma das primeiras coisas que logo me apercebi não foi uma semelhança, mas uma diferença.

Quando partimos para uma guerra como esta, longe da pátria e da família, um dos nossos principais pensamentos vai para o tempo que ainda falta cumprir, e vão-se contando os dias que ainda precisamos viver naquela vida para finalmente regressarmos a casa, que é para nós naquela situação, lugar de paz, de alegria, de harmonia, de felicidade.

Diferentemente na nossa vida de cristãos, também contamos os anos, mas esperando sempre que a partida desta vida seja sempre o mais tarde possível.

Mas não é verdade que Jesus Cristo nos prometeu a vida eterna, no gozo eterno da presença de Deus, finda esta vida terrena?
Então não deveríamos nós lutar, perseverar no caminho da vontade de Deus, afastando o mal das nossas vidas, (tal como na guerra fazemos para não perecermos), e então contarmos os dias e os anos que nos faltam para encontrarmos a Casa do Pai onde encontraremos finalmente a paz, a alegria, a harmonia, a verdadeira felicidade?

Na guerra procuramos ansiosamente chegar ao fim do tempo para podermos encontrar um sonho de paz e felicidade.
Na vida de cristãos procuramos retardar o mais possível o fim das nossas vidas, o que não tem sentido, visto que esse fim nos levará ao encontro com a realidade da promessa de Deus, que é o gozo eterno na Sua presença.

Na guerra procuramos salvar as nossas vidas para as vivermos neste mundo. Como cristãos devemos procurar perder as nossas vidas deste mundo, para as podermos viver na eternidade com Deus.

Na guerra há certos ferimentos, certas doenças que nos trazem de volta a casa, o que por vezes até agradecemos.
Nas nossas vidas de cristãos não queremos aceitar as provações, as doenças, que são muitas vezes motivo para mudança das nossas vidas, mudança essa que nos leva ao caminho para a Casa do Pai.

Na guerra unimo-nos e ajudamo-nos uns aos outros, defendemo-nos em conjunto dos ataques do inimigo, partilhamos alegrias e tristezas e até os poucos bens que possamos ter ou nos vêm da casa dos pais.
Na nossa vida de cristãos tantas vezes nos centramos no nosso egoísmo, e em vez de nos unirmos, dividimo-nos em querelas sem sentido, em vez de ajudarmos os outros, fechamo-nos na indiferença, em vez de lutarmos juntos em Igreja contra o inimigo, dividimo-nos em grupos e atitudes, em vez de partilharmos as nossas emoções, os nossos sentires e os nossos bens materiais, vivemo-los apenas para nós, em vez de colocarmos ao serviço os bens, (dons), que o Senhor nos dá, guardamo-los connosco e assim acabamos por os perder.

Na guerra estamos sempre vigilantes para não cairmos nas emboscadas e nos podermos defender.
Na nossa vida de cristãos vivemos tantas vezes distraídos, deixando que o inimigo se aproxime e nos faça cair.

Na guerra saímos em patrulhamentos para afastarmos o inimigo dos nossos quartéis.
Na nossa vida de cristãos deixamo-nos estar sentados sem nada fazer e muitas vezes até trazemos o inimigo para dentro das nossas casas, nas coisas que lemos, que vemos, que fazemos.

O que interessa verdadeiramente é procurar em tudo a mão de Deus, é tentar ver em tudo a presença de Deus, é discernir em tudo, o que o Senhor a todo o momento nos quer dizer.
Dizemos tantas vezes que Deus não fala connosco, quando verdadeiramente cada momento das nossas vidas é um diálogo com Deus, se O quisermos escutar, se O quisermos seguir, se a Ele nos quisermos entregar.
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terça-feira, 23 de junho de 2009

CARTA DE SÚPLICA ZANGADA

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Ó meu Jesus amado,

Escrevo-te esta carta com o coração nas mãos.
Sobretudo o coração daquela minha amiga, acompanhado do meu coração.
Sabes Jesus, já não sei se me zangue contigo, se Te grite ao coração, se me agarre a Ti a chorar.
Que queres Tu Senhor, que queres Tu mais que ela Te possa dar?
E eu Senhor, que Te posso eu dar de mim, por ela?
Eu sei Senhor, que colocas no meu coração essa certeza de que ainda queres muito dela, mas Senhor, porquê todo este sofrimento?
É verdade Jesus, hoje sai do meu coração este grito de revolta, cheio de fé em Ti!
Eu sei Senhor, que não queres que ela sofra, que não queres que nós soframos, mas porquê agora tanto só a ela?
Tantas vezes já intervieste na vida de tantos, operando milagres, então Senhor, que esperas agora, porque deixas que este sofrimento continue?
Grito ao Teu coração que só sabe amar:
Toca Senhor, toca como só Tu sabes tocar!
E não me digas que já tocaste e que é preciso esperar.
Eu não quero esperar, ela não quer esperar, os seus amigos não querem esperar, por isso Senhor, agora é o tempo de operares definitivamente o milagre da cura.
Mesmo que não seja o Teu tempo Senhor, por esta vez aceita agora o nosso tempo!
Eu espero em Ti, e nunca deixarei de esperar, eu confio em Ti, e nunca deixarei de confiar, eu amo-Te, Senhor e nunca deixarei de Te amar, mas agora Senhor, agora ouve definitivamente as nossas súplicas.
Se calhar ao rezar-Te assim, não sou digno do sofrimento que ela suporta em silêncio, mas que queres Tu Senhor, sou bem mais fraco do que ela e não quero ver mais o seu sofrimento.
E se me zango Senhor, é por amor, é porque Te amo e amo aquelas e aqueles que colocaste no meu caminho.
Obrigado Jesus, obrigado!
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segunda-feira, 15 de junho de 2009

A LUZ PEQUENINA

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Tens os olhos fechados,
e queres ver.
Tens a boca fechada
e queres falar.
Tens o coração encerrado
e queres amar.
Tens a vida contida
e queres viver.
Perdeste a chave
do teu sentido,
e já não a consegues achar.
Procuras nos bolsos,
nas gavetas da memória,
até no mais profundo recôndito
do teu cérebro,
e nada consegues encontrar.
Dás voltas e mais voltas,
já não sabes o que fazer,
para que te possas dar,
talvez mais que receber,
para que tenha sentido,
a tua vida,
o teu viver.
Olha lá bem no fundo,
no fundo do coração,
vês uma luz pequenina
que teima em não se apagar?
Toma-a na palma das mãos,
não precisas de a proteger,
porque quanto mais vento lhe der,
mais a chama vai crescer.
Deixa que ela incendeie
todo o teu coração,
deixa que ela te queime,
num arder que não tem dor,
deixa que ela te ilumine
para que os teus olhos possam ver,
deixa que ela te fale,
da vida e do amor,
e quando a luz pequenina
te iluminar por completo,
quando a luz pequenina,
do teu tamanho for,
então deixa que se veja,
também no teu exterior,
para que quem passar por ti,
veja os teus olhos a ver,
ouça a tua boca a falar,
sinta o teu coração a amar,
perceba que em ti a vida
é um permanente viver.
Porque essa luz pequenina,
quando a deixamos crescer,
torna-se toda amor
e faz-nos irmãos e discípulos
de Jesus, Nosso Senhor.

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quinta-feira, 11 de junho de 2009

CORPO E SANGUE DE CRISTO, PRESENÇA ETERNA

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Hoje instalou-se em mim, uma melancolia, uma saudade, um desejo de passado, um “voltar atrás” que quase podia saborear.
E o meu coração entristeceu-se, não com a tristeza dos tristes, mas com a tristeza dos que não têm o agora.
E fiquei a pensar e a perguntar no coração: Porquê, meu Deus?
Porque é que tenho em mim neste momento esta sensação de que o que já tive, é melhor do que o que tenho agora?
Porque é que tenho em mim neste momento esta sensação de me parecer ser melhor voltar para trás, do que seguir em frente?
Porque é que tenho em mim neste momento esta sensação melancólica da certeza de que para trás não posso voltar, mas ao mesmo tempo não me apetecer caminhar?
Medito no dia ... que dia é este?
Dia do Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo!
E então Tu irrompes pelos meus pensamentos, ocupas o meu coração, tomas conta da minha vida e gritas a todo o meu ser:
Não vês tu, filho meu, que comigo o passado se torna presente, o presente se torna agora e o futuro já está em ti, porque Eu estou aqui?
Pois é Senhor Jesus, em Ti posso viver o passado agora, mas como Tu és presente, nem o passado é melhor do que o presente, nem o presente melhor do que o passado, porque Tu és e estás nos dois.
Ah, e o futuro também!
O futuro é já presente também, porque é promessa dAquele que é, dAquele que cumpre, só lhe falta o “ainda não”, mas mesmo este é já certeza também, na Tua presença viva.
No Teu Corpo e Sangue, que é presença constante, que é permanente dádiva, faz-se da vida um todo, em que o passado é futuro e o futuro é já vivido na certeza que Tu nos dás:
«Eu estou sempre convosco até ao fim dos tempos.» Mt 28,20
Já não há saudade, nem desejo de passado, o “voltar atrás” é caminhar ... em cada momento para a frente, e a melancolia transforma-se, numa doce e permanente alegria!
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Não sei exprimir melhor aquilo que sinto e queria dizer.
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quarta-feira, 3 de junho de 2009

A UMA AMIGA, PELA GRAÇA DE DEUS

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Hoje, minha amiga,
quando saíres do hospital
olha bem para o teu lado,
repara em Quem te dá a mão!
Sim, é Ele,
não duvides,
com o Seu sorriso amado,
e os olhos a brilharem,
a brilharem da alegria
que Lhe vai no Coração.
Julgavas que era sozinha
que regressavas à vida
neste auspicioso dia?
Não,
nem por um momento sequer,
Ele se afastou de ti.
Em todo o tempo e momento,
segurando-te na mão,
disse-te sempre ao ouvido:
«Não temas, Eu estou aqui.»
Olha-O fundo nos olhos,
abre o teu coração,
deixa que Ele te toque,
e te diga numa oração:
«Eu renovo todas as coisas.»*
Mas se reparares melhor,
verás que por detrás d’Ele,
segue toda uma multidão.
Somos todos nós,
teus amigos,
que contigo também partimos
nesta tua nova vida,
confirmando a comunhão.
Por isso não temas,
amiga,
que tu nunca estás sozinha,
e mesmo que por nossa fraqueza,
cada um de nós te faltasse,
uma é sempre a certeza,
de que Ele nunca te falta,
nem a cada um dos que Ele ama,
que são todos sem excepção,
os filhos do Deus amor,
gerados no Seu coração.
Da nuvem do Seu amor
a chuva de água nova
rompe o tempo
e em ti cai.
Vai, minha amiga vai,
abraça a nova vida,
dá testemunho presente
de que Ele está sempre connosco.
Que todo o homem perceba
que a vida só tem sentido,
quando Lhe damos a mão.
Porque a vida é sempre nova,
renovada em cada dia,
pelo amor que brota,
do Seu Santíssimo Coração.

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* Ap 21,5
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3 de Junho de 2009
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Soube entretanto, que afinal esta nossa amiga não sairá hoje do hospital, mas sim provavelmente apenas na Segunda feira próxima.
Tem importância para ela, claro, que gostaria de já estar na sua casa, mas não tem para o que escrevi, que é verdade tanto hoje como Segunda feira, ou qualquer outro dia.
Rezamos continuamente por ela.
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8 de Junho de 2009 - A nossa e minha amiga já está em casa, graças a Deus, verdadeiramente, graças a Deus!
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segunda-feira, 25 de maio de 2009

O AMOR E O PRAZER

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Às 5 horas da manhã abri os olhos.
Mas foi um abrir daqueles que de imediato me disse que já não ia dormir mais.
Fiquei ali e comecei a rezar, aproveitando o silêncio da noite, a paz do momento.
Ao fim de algum tempo veio ao meu pensamento o episódio de Samuel, que foi chamado durante o sono.
Não fazia em mim qualquer comparação, pobre de mim, mas não deixei de perguntar no meu coração: Queres alguma coisa de mim, Senhor?
Senti-me um pouco envergonhado com a minha jactância de poder sequer pensar que Ele me tinha acordado para falar comigo, para me pedir algo que fosse.
Reza, Joaquim, reza que é o que deves fazer e deixa que Ele te adormeça, porque são horas de dormir, pois dentro em pouco tens de te levantar.
Mas nada, nem um pouco sequer de sonolência!
De mansinho duas palavras começaram a irromper na minha cabeça: o amor, o prazer.
Que queria isto dizer?
Com certeza que o amor é um prazer, um prazer sublime que vai muito para além da sensação física, da experiência de um momento.
O amor é algo que nos constrói, e se nos constrói, dá-nos prazer.
Sim, eu percebo que o amor de Deus nos enche e nos constrói, porque dá sentido ao nosso ser, sobretudo quando abrindo-nos a esse amor, também amamos a Deus, com o amor que Ele nos dá e nos faz experimentar, tornando-se uma delícia, um prazer para as nossas vidas.
Sim, sim, é esse amor que Ele nos dá que nos enche e completa, mas a palavra prazer continuava a surgir, mas com uma insistência de prazer físico.
Sabes, quando amas alguém, com esse amor eros, que se dá e recebe na totalidade da entrega, sentes prazer, o prazer de estares com a pessoa amada, que te faz sorrir, que te faz sentir alegre e em paz, mas que depois e ainda se completa na união física que te leva a experimentar o prazer sensorial, o prazer que te é próprio da humanidade.
Mas até esse prazer físico, repara que é continuado depois mesmo de acabar, ou seja, passa do sentir físico, para um sentir espiritual, um sentir pensado, porque reside no amor do amado e ao amado.
Repara agora tu, que tantas coisas já experimentaste.
Numa relação fortuita, apenas de um momento, movida mais pela urgência do corpo, do que pela vontade do espírito, alguma vez experimentaste esse prazer continuado, ou pelo contrário, esgotado o prazer físico, nada mais ficou do que uma recordação que às vezes até queres rapidamente apagar?
Mas se assim sentimos, não será tempo de pensarmos, que nessa relação fortuita separámos corpo e espírito, e por isso mesmo o prazer é efémero, e como tal não te completa, não te constrói, porque não é amor?
Não, não queres envolver-te em "pensamentos filosóficos", mas apenas e tão só tentares perceber o que te quero dizer.
A fonte do amor é Deus, porque foi Deus que te amou primeiro e assim te ensinou a amar.
Não podes amar sem que o amor de Deus esteja em ti, porque Ele é o amor e é n’Ele que o amor se completa.
Mas não é, nem podia ser apenas o amor d’Ele por ti, e o teu amor por Ele, mas sim e também, todos os que Ele ama, (e são todos), e todos os que tu amas, porque amas com o Seu amor, porque se permaneces no Seu amor, também amas com o Seu amor.
Então repara, se permaneces no Seu amor, quando amas com esse amor eros, também é com o Seu amor que tu amas e és amado, e por isso esse amor é abençoado pela plenitude de Deus e assim tudo o que vem desse amor não tem fim, ou seja, não é um só momento, mas é toda uma vida que mesmo depois da passagem, continua no amor eterno.
E por isso, repara mais uma vez, o prazer mesmo físico é abençoado pelo amor de Deus em ti e no outro, portanto torna-se completo, e projecta-se inteiramente na tua vida e na vida do outro, ultrapassando a barreira do físico, para ser vivido e sentido também no espírito.
Ora se o teu corpo é capaz de um tal prazer que ultrapassa a barreira da tua humanidade física, é porque ele é querido por Deus e por isso mesmo um “sacrário” do amor de Deus em ti, para o outro e do outro para ti.
Como podes então tu profanar o teu corpo com um prazer que não vem do amor abençoado por Deus?
Seria o mesmo que servires-te de um sacrário para guardar algo que não fosse o Pão Consagrado! O sacrário deixaria então de ser sacrário!
Teria a forma de sacrário, até lhe podiam chamar sacrário, mas não o era, porque não cumpria a sua “plenitude”, que é guardar o Corpo de Cristo dado como alimento ao homem.
Por isso, quando usas o teu corpo numa relação fortuita, apenas tens um prazer físico, efémero, sem amor, e sem amor o teu corpo não cumpre a sua missão de amar com todo o teu ser, físico e espírito, por isso não te completas, por isso o prazer morre no acto físico e não se projecta mais além.
O teu corpo “separa-se” do teu espírito e é apenas carne, carne que morre sem vida para depois.
É como o sacrário onde colocaram outras coisas que não o Pão Consagrado.
Está lá, mas não existe como sacrário, porque não contém o amor.
Entendes agora porque é que o prazer não pode ser separado do amor, nem o amor do prazer.
Entendes agora porque é que Deus quer que o homem tenha prazer na sua união física com a pessoa amada.
Porque se o amor espírito enche o espírito da pessoa, o prazer físico torna o amor presente no físico da pessoa.
E espírito e físico não podem ser separados!
Se o forem o homem sente-se dividido, e Deus ama o homem todo e não apenas uma parte do homem, e sem Deus o homem não tem amor.
Podia dizer-te ainda que na vivência deste amor completo, espírito e físico, em que Deus está presente e é permanência, o homem é chamado à criação, é chamado a prosseguir todos os dias a obra de Deus, e que sem o fazer também não completa o amor que Deus lhe dá, para O amar e amar os outros, mas por agora fica a meditar na extraordinária beleza deste amor humano, que só o é, porque é também divino por vontade de Deus.

28 de Abril de 2009
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quarta-feira, 20 de maio de 2009

A RELIGIÃO E A POLITICA

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Não costumo misturar religião e politica a não ser no sentido de julgar e acreditar que um cristão que queira ser político, tem o dever imperativo de reflectir na sua forma de agir politica, as suas convicções religiosas.
Porque para mim, primeiro é-se homem, depois cristão, (é Deus que dá sentido à vida humana), e só depois político.
Porque para mim, o cristão deve testemunhar em todos os actos da sua vida, a vivência da fé em Jesus Cristo, e sendo católico, a sua comunhão com a Igreja e a Doutrina da Igreja.
Porque ser cristão e católico não é condição de que cada um se possa “apropriar”, como se de um título, ou rótulo se tratasse.
Ser cristão e católico exige a vivência do Credo na Santíssima Trindade, Deus uno, único e verdadeiro, Pai, Filho e Espírito Santo, na Encarnação, Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus Cristo, na Igreja una, santa, católica, apostólica, no Baptismo para a remissão dos pecados, na ressurreição dos mortos e na vida do mundo que há-de vir.
É este Credo que os cristãos católicos professam sempre que participam e celebram a Eucaristia, e que os une em comunhão de Igreja e como Igreja, fundada por Jesus Cristo nos Apóstolos.
Vem isto a propósito da entrevista que o Dr. Paulo Rangel deu ao jornal i de 19 deste mês.
Tinha para mim que estas eleições para o Parlamento Europeu pouco me diziam, sobretudo porque os candidatos já apresentados me pareciam de uma pobreza confrangedora e nenhum deles “preenchia” os requisitos necessários que me levassem a votar em alguém, visto que o voto em branco é também uma forma de exprimir a minha participação no acto eleitoral e a minha vontade.
A entrada em cena do Dr. Paulo Rangel veio modificar essa minha apreciação pelo facto de que, por tudo o que até agora tem feito me parecer merecer credibilidade, não só em termos de competência, como também de honestidade.
Não fazia ideia que o referido senhor fosse, ou se afirmasse cristão e católico, nem isso pesava na altura na minha apreciação sobre os seus méritos.
Mas depois de ler a entrevista que deu ao jornal acima referido, no que concerne às suas convicções religiosas, a minha opinião mudou e fiquei muito desiludido com aquilo que ele aí afirma.
Diz o Dr. Paulo Rangel que é um católico praticante, mas progressista!
Não faço ideia do que seja um católico progressista, pois para mim, um católico é sempre progressista na medida em progride num caminho que o leva ao encontro da Verdade, pela Verdade e com a Verdade.
E um católico, (não sei o que é um católico não praticante), é Igreja e como tal comunga da Doutrina da Igreja, une-se à Igreja, embora não deixe de ter a sua consciência livre, embora não deixe de, em Igreja, expor os seus pontos de vista tentando contribuir para a edificação da própria Igreja.
E um católico sabe, ou devia saber, que a Igreja, (que ele é também), não é um super mercado em que cada um escolhe o que mais lhe agrada e deixa de fora o que não quer, ou não lhe serve.
Mas o que mais me choca é perceber, segundo a minha apreciação, que o Dr. Paulo Rangel se afirma católico praticante tentando assim conquistar votos nos católicos, mas depois, cirurgicamente, aceita os pontos da Doutrina em que é mais fácil agradar a “gregos e troianos”, e rejeita os pontos ditos “fracturantes” e que ele julga, digo eu, lhe poderão custar ou ganhar votos.
Porque a defesa que ele faz das suas rejeições de determinados pontos da Doutrina da Igreja, não têm qualquer fundamento, e são defendidos com argumentos de “lana caprina”, que não me vou dar ao trabalho sequer de aqui rebater, porque são demasiado óbvios e repetitivos.
Assim, (e mais uma vez em meu entender), não foi honesto na forma como se afirmou católico e a pergunta ou perguntas feitas parecem “coisa encomendada” com determinados fins, o que me leva a repensar a apreciação que tinha deste candidato .
Pois é, Reis Balduínos há poucos, e falta a coragem a muitos políticos que se afirmam católicos, de o serem verdadeiramente.
Fica a minha participação no acto eleitoral para as eleições ditas europeias exactamente como estava antes da candidatura do Dr. Paulo Rangel, e é pena, porque poderíamos ter, se ele fosse um verdadeiro católico, alguém que defendesse os valores do cristianismo no Parlamento Europeu.
Mas eu sou só um!
Aproximando-se o Domingo de Pentecostes, rogo ao Pai, pelo Filho, que derrame abundantemente o Espírito Santo sobre esta Europa que se afasta de Deus a passos largos.
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quinta-feira, 14 de maio de 2009

A FÉ E A RAZÃO

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Ensina-me a procurar-te e mostra-te àquele que te procura, porque não te posso procurar se tu não me ensinas, nem encontrar-te se não te mostras. Que te busque desejando e te deseje buscando. Que te encontre amando e te ame encontrando.
Confesso, Senhor, e te dou graças porque criastes em mim esta tua “imagem” para que, de ti lembrada, pense em ti e te ame. Mas está tão corrompida pela acção dos vícios, tão ofuscada pelo fumo dos pecados, que não pode fazer aquilo para que foi feita se tu a não renovas e reformas.Não me atrevo, Senhor, a penetrar na tua altura , porque não lhe comparo, de modo nenhum, a minha inteligência. Mas desejo reconhecer um pouco a tua Verdade, que o meu coração crê e ama. Na verdade, não procuro antes compreender para crer, mas creio para compreender. Pois também creio nisto: “se não acreditar, não compreenderei”.
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Proslogion I - Santo Anselmo
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quinta-feira, 7 de maio de 2009

A LUZ!

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O "Semeador de Estrelas" é uma estátua que está em Kaunas, Lituânia.
Durante o dia pode passar despercebida, como mostra a foto.
Mas quando a noite chega, a estátua justifica o seu título.
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A Elsa enviou-me uma mensagem que recebeu do Fontez com estas duas imagens.

Ao olhar para elas e “lendo-as” com o coração, foi-me sugerido o seguinte: Eis uma estátua imóvel, estática, quase podíamos dizer sem utilidade.
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Na primeira imagem a estátua está à luz, mas não recebe a luz.
A luz não tem nela qualquer influência e em nada a melhora.
Não suscita naqueles que a vêem mais nada que não seja a pouca ou muita beleza, que afinal para nada serve a não ser para observar sem nada mais.

Na segunda imagem a estátua recebe a luz e esta transforma-a.
A estátua ganha vida e de imóvel que estava, passa a ter movimento.
É a luz que recebe que tudo muda, porque a luz actua agora sobre a estátua.
Para além da beleza que continua a existir, a estátua tem agora vida e utiliza-a para semear, para distribuir, para dar a outros aquilo que ela tem em si e que é despertado pela luz que a toca e ela recebe.

Não é assim, ou deveria ser, a Luz de Cristo nas nossas vidas?
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terça-feira, 5 de maio de 2009

RENOVAMENTO CARISMÁTICO CATÓLICO

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Papa a carismáticos: renovada adesão a Cristo
Mensagem aos membros da Renovação Carismática Italiana


RÍMINI, segunda-feira, 4 de maio de 2009 (ZENIT.org).- O Papa fez chegar à Renovação Carismática um telegrama no qual deseja para este movimento eclesial «uma abundante efusão dos frutos do Paráclito», durante a reunião nacional realizada em Rímini (Itália) neste final de semana.
Trata-se do 32º encontro nacional da Renovação Carismática na Itália, do qual participaram 20 mil membros, presididos pelo responsável deste movimento, Salvatore Martinez, e nele estiveram, entre outros, o presidente da Conferência Episcopal Italiana, cardeal Angelo Bagnasco.
Em seu telegrama, assinado pelo cardeal Tarcisio Bertone, o Papa deseja à Renovação Carismática que este encontro «suscite uma renovada adesão a Cristo crucificado e Ressuscitado, uma profunda comunhão fraterna e um alegre testemunho evangélico».
O encontro, que durou três dias, tinha como slogan «Ide e proclamai ao povo estas palavras de vida», e quer supor, em palavras de seu responsável, Salvatore Martínez, durante a intervenção conclusiva, «um renovado convite à evangelização».
«Estamos dispostos a oferecer nosso serviço a Deus – afirmou Martinez; somos um povo que encontrou novo vigor no anúncio do Evangelho, em um mundo que precisa de uma verdadeira renovação espiritual.»
«Temos o dever de renovar-nos sempre – acrescentou. A Igreja está em movimento, a Renovação é um movimento e todos somos o movimento do Espírito na história. Devemos estar ‘a favor do vento’, porque quem vai contra o sopro vital do Espírito Santo é insensato.»
A Convocatória foi inaugurada pelo cardeal Bagnasco, que pediu à Renovação Carismática que continue sendo fermento e luz na construção da história e da sociedade». Também esteve presente o cardeal Claudio Hummes, prefeito da Congregação para o Clero, que presidiu a Eucaristia conclusiva.
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Muitas vezes se coloca em causa o Renovamento Carismático Católico e a sua comunhão com a Igreja, razão pela qual decidi colocar aqui esta notícia da ZENIT.
Uma das características que muito me toca no RCC é precisamente o seu amor, comunhão e dedicação à Igreja.
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domingo, 3 de maio de 2009

O BOM PASTOR E A MÃE

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Senhor,
Tu és o Bom Pastor e dás a vida pelas tuas ovelhas, e nós recolhemo-nos no teu redil, porque só nele encontramos paz e amor.
No pequeno rebanho doméstico, dás-nos também, Senhor, a figura do Bom Pastor nas pessoas dos nossos pais.
Se na figura do pai nos dás um guia e um protector, na figura da mãe dás-nos o tudo que é o amor.
A mãe é aquela que nos dá a vida e dá a vida pelos seus filhos.
A mãe é aquela que nos faz sentir pela primeira vez as delícias do amor, da ternura, do carinho.
A mãe é aquela que pela primeira vez nos alimenta e nos ensina.
A mãe é aquela que permanentemente por nós intercede, não só junto de Ti, Senhor, mas também junto de todos aqueles que são importantes para a vida dos seus filhos.
A mãe é aquela que tantas vezes no silêncio, sofre pelos seus filhos e dá-se inteiramente por eles.
A mãe é imagem d’Aquela que junto à Cruz, nos quiseste dar como nossa Mãe.
Louvado sejas, Senhor, pela mãe que me deste e que junto a Ti agora, continua a interceder por mim e por todos os filhos, com todas as outras mães que a Ti se acolhem.
Louvado sejas, Senhor, pelas mães que hoje o sejam pela primeira vez, e por todas aquelas que o continuam a ser.
Louvado sejas, Senhor, pela Tua Mãe e por cada uma das mães que o foram, que o são e que o hão-de ser.
Amen.
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segunda-feira, 27 de abril de 2009

CAMINHO DE CONVERSÃO 10

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Segunda feira, 6 de Outubro de 2003

Obrigado Senhor por este dia, por esta noite no grupo de oração. Não quero Senhor, que haja orgulho ou vaidade em mim, mas apenas vontade de Te servir e servir os irmãos, ajudando-os pela Tua graça a encontrarmos o Teu amor, a encontrarmos a Tua paz, a encontrarmos a maravilha que Tu és, Senhor.
Ajuda-me e ensina-me, Senhor, a estar ao Teu serviço, humildemente, a entregar-me a Ti, para que não faça nada por minha vontade mas sim segundo a Tua vontade.
Tu és o Senhor de tudo e eu pertenço-Te. Serve-Te de mim, Senhor, porque eu sou Teu.
Obrigado pela Palavra, pela parábola do Bom Samaritano.
Mais do que a atitude do samaritano, chamastes-nos a atenção para a atitude do sacerdote e do levita.
“Homens de Deus”, e contudo não souberam, amar o próximo, dando assim um péssimo testemunho.
Pecaram duas vezes: Não ajudaram o próximo e deram um mau testemunho aos outros que ainda não Te conhecem, que ainda não Te seguem.
É assim, Senhor, que nós, que escolheste e a quem queres como filhos, temos de saber cumprir o mandamento do amor, e sobretudo o testemunho do amor, que és Tu, Senhor.
Os olhos estão postos em nós e temos de saber que o que nós fizermos será visto, ouvido e analisado, por todos os que não acreditam em Ti ou ainda vivem longe de Ti.
Por nossa causa, Senhor, pelo nosso mau testemunho, podem afastar-se ainda mais ou nem tentar aproximar-se de Ti.
Ensina-me, Senhor, a ser Teu filho, a ser sacerdote, levita, homem de Deus, mas a proceder como o samaritano.
És Tu, Senhor, no meu irmão, que precisas de ajuda, e eu não Te posso voltar a cara, não Te posso dizer não, não Te posso abandonar, porque sem Ti, sem o amor, o Teu amor, nada sou, nada tenho, meu Senhor e meu Deus.

Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo.
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segunda-feira, 20 de abril de 2009

INTERCESSÃO E FÉ

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Às vezes parece que me sinto impotente perante as provações dos outros que me são próximos.
Próximos porque me estão ligados fisicamente, ou próximos por estes meios onde encontro irmãs e irmãos que me enchem o coração, que tocam a minha vida.
Perante essas provações que me são transmitidas e acabo por viver tantas vezes como minhas, rezo e entrego-me com tudo o que o Senhor me deu.
Mas, pobre de mim, fraco na fé, fico muitas vezes com a impressão de que deveria fazer mais alguma coisa, de que pessoalmente poderia agir, não percebo muito bem como.
Sinto muitas vezes no meu coração que o Senhor dá resposta às minhas orações, por vezes até coisas muito concretas, que eu, por medo, por vergonha, acabo por não transmitir àqueles por quem rezo, por quem intercedo.
Este medo humano de errar, esta vergonha humana de poder fazer “má figura”, esta falta de coragem de afirmar aquilo em que acredito.
Eu sei que não sou Pedro, nem João para ter a firmeza de dizer:
«Não tenho ouro nem prata, mas o que tenho, isto te dou: Em nome de Jesus Cristo Nazareno, levanta-te e anda!» Act 3, 6
Mas porquê, não somos nós todos Pedro e João?
Não nos disseste Tu, Senhor:
«Em verdade, em verdade vos digo: quem crê em mim também fará as obras que Eu realizo; e fará obras maiores do que estas, porque Eu vou para o Pai, e o que pedirdes em meu nome Eu o farei, de modo que, no Filho, se manifeste a glória do Pai. Se me pedirdes alguma coisa em meu nome, Eu o farei.» Jo 14, 12-14
Que posso eu acrescentar à oração sincera do coração, que o Senhor recebe de coração aberto?
Que posso eu fazer, para além da oração, que acrescente um pouco, mesmo pequenino que seja, à misericórdia de Deus?
Nada, mesmo nada, a não ser a confiança no Seu eterno amor, que se exprime na Sua vontade que é sempre o melhor para as nossas vidas.
E é aqui que, mais uma vez pobre de mim, errante na fé, vacilo, hesito, e como não compreendo que Ele tudo sabe e tudo vê, angustio-me, e em vez de esperar na paz do Seu amor, quase me desespero na expectativa humana que faz temer o futuro.
Ó Senhor, porque sou eu assim?
Porque não tenho eu essa fé que move montanhas, essa fé que sabe que ao pedir segundo a Tua vontade, tudo lhe é concedido, mesmo que não entenda o que é concedido?
Acredito que me deste essa fé, não só a mim mas a todos aqueles que em Ti acreditam, mas que eu não me abro totalmente a ela, e assim não deixo que ela tome conta de mim e seja verdade em todos os momentos da vida que me deste.
Mas apesar disso repouso, espero e confio, Senhor, porque sei que não precisas da minha fé para fazeres o que é a Tua vontade.
Assim, Senhor, dou-Te graças por tudo o que fazes e vais fazer na vida daquela irmã e de todos os Teus filhos.
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domingo, 12 de abril de 2009

DOMINGO DE PÁSCOA

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O dia nascera calmo e sereno. Sentia-se no ar uma brisa leve e suave que ao passar de mansinho colocava tudo em movimento, as folhas, as flores, o pó das estradas, a erva, os cabelos das pessoas que passeavam, podia afirmar-se até que era uma brisa semelhante a um sopro de vida, que em tudo o que tocava, fazia viver.
Parecia que da terra ou do céu, um odor penetrante, mas macio, inundava a atmosfera e perfumava tudo o que existia.
Os animais, as plantas, as águas, as montanhas, as nuvens, toda a natureza e os seres humanos, pareciam sorrisos abertos, fontes de vida inesgotáveis, oásis de esperança, mares de tranquilidade.
Pairava no ar realmente, uma atmosfera de coisa nova, de alegria, de paz, de expectativa, de existência de vida.
De repente e enchendo todo o universo, todas as partes sem excepção, toda a existência, chegou com um fragor imenso, mas calmo e sereno, o Anúncio, como um grito de paz e verdade:
Ressuscitou o Senhor, Ressuscitou!!!
Quedou-se muda de espanto a criação, para logo em seguida, baixando a cabeça e abrindo o sorriso, gritar também dentro de si mesma e para fora:
Ressuscitou o Senhor, Ressuscitou!!!
Ah, que verdade imensa, que mistério de vida, o proscrito, o condenado, o humilhado, o desprezado, o derrotado, o já esquecido, ressuscitara, vencera a morte, vivia novamente para sempre na glória que tudo vencia.
Ah, que derrota profunda, para aquele que convencido que vencera, de cabeça baixa, percebia agora que a sua luta apenas se podia dedicar à criação.
Ah, que ódio amargo vivia naquele que agora sabia, que o Ressuscitado estava com aqueles que criara, para sempre.
A Carne eo Sangue unidos na vida e oferecidos para sempre, gritavam glória ao Senhor que vencera a morte, ao Senhor do Céu e da terra, ao que veio para salvar, entregando-Se em obediência.
Tudo era novo, nada era como dantes:
Os que tinham esperado, subiam agora à visão eterna, os que esperavam, vestiam-se de esperança, os que haviam de esperar, iam nascendo na certeza da Promessa.
Como era bom e grande o mundo, abençoado pela vida de Quem derrotara a morte.
A Palavra permanecia, era proclamada todos os dias, guardada nos corações, era a esperança da vida, depois da vida acabada.
Que certeza tão profunda habitava em todos nós:
Que todos os dias Ele se entregava, que todos os dias Ele morria, que todos os dias Ele ressuscitava, que todos os dias Ele nos salvava.
Oh, que profundo e infinito amor, do Deus que tudo criou, por nós Se entregou e para nós ressuscitava.
Oh, que infinita misericórdia, do Deus tão ofendido, que com um sorriso nos abençoava.
Oh, que infinita bondade, do Deus tão abandonado, que até uma Mãe nos dava.
Oh, que infinita fidelidade, do Deus todos os dias traído, que nunca nos abandonava.
Oh, que infinita esperança, de Deus dono do tempo, que em todo o tempo para sempre, dia a dia nos acompanhava.
Oh, que alegria suprema, que gozo eterno e constante, que fogo sempre a arder, na certeza de saber, que tendo ressuscitado, subido aos Céus e vencido, Jesus Cristo é para sempre, ontem, hoje e amanhã, com o Pai e o Espírito Santo, o nosso Deus Vivo e Verdadeiro.
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Escrito em 17 de Abril de 2006
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sexta-feira, 10 de abril de 2009

OH MEU JESUS AMADO

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Oh meu Jesus amado,
queria tanto sofrer conTigo,
viver a Tua Paixão.
Queria tanto orar conTigo
no Horto das Oliveiras,
e afinal era eu quem estava
com os que Te vieram prender.
Queria ser Tua testemunha,
junto de Caifás e Pilatos,
e afinal fui eu quem fugiu,
e também Te condenava,
no meio da multidão.
Queria proteger a Tua Face,
e o Teu Corpo amoroso,
e afinal era eu quem Te batia
e colocava a coroa de espinhos.
Queria dizer que Te amava,
que eras o meu Senhor e Guia,
e afinal era eu quem Te insultava
e gritando escarnecia.
Queria caminhar conTigo
levando a Tua Cruz,
e afinal era eu quem mais pesava,
e Te fazia cair.
Queria aliviar Tuas dores,
pôr bálsamo nas Tuas feridas,
e afinal era eu quem martelava
os cravos nas Tuas mãos.
Queria prostrar-me em adoração,
perante o Teu sofrimento,
e afinal era eu quem trespassava
o Teu peito com a lança.
Queria tanto estar conTigo
na hora da Tua morte,
e afinal fui eu quem fugiu,
quando o dia se fez noite.
Queria ter sido testemunha,
da Tua Ressurreição,
e afinal andava perdido,
na minha vida de dúvidas.
E Tu mesmo assim
olhaste-me.
E Tu mesmo assim
chamaste-me.
E Tu mesmo assim
escolheste-me.
E Tu mesmo assim
perdoaste-me.
E Tu mesmo assim
deste-me amor,
para encher a minha vida.
Que hei-de fazer e dizer,
que seja minha conversão,
a não ser para sempre amar-Te
com todo o meu coração,
para sempre cantar louvores,
com a voz que Tu me deste,
com a minha alma adorar-Te,
prostrado sempre a Teus pés,
viver em Ti o caminho
da vida que em mim criaste,
esperando quando partir,
desta vida tão efémera,
ver o Teu Coração aberto,
os teus braços á minha espera,
para viver no Teu amor,
o tempo que não tem fim.


Escrito em 29 de Agosto de 2000
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quinta-feira, 9 de abril de 2009

VIA CRUCIS

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Estação V - Eloi, eloi lami sabactami ("Meu Deus, Meu Deus, por que Me abandonaste?")
Reino Imperfeito



Estação VI


SITIO (“Tenho sede!”)


Senhor, tens sede de nós e nós temos sede de Ti.
Senhor, tens sede de fazer a vontade do Pai e nós temos sede de fazer Tua vontade.
Senhor, tens sede de Te entregares por nós e nós temos sede de Te pertencermos.
Senhor, tens sede de nos amar e nós temos sede de sermos por Ti amados.
Senhor, Tu és a Água Viva e nós temos sede de A beber.


Pai Nosso.
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Estação VII - Consummatum est ("Tudo está consumado!")
Mar com sabor a Canela




Organizado por Alma Peregrina
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segunda-feira, 6 de abril de 2009

SENHOR, DOU-TE GRAÇAS

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Senhor, hoje dou-Te graças por 60 anos de vida.
Reconheço hoje, Senhor, por Tua graça, que nunca estiveste afastado de mim em todos estes anos.
Mesmo quando durante tanto tempo me afastei de Ti, Tu estiveste sempre ao meu lado, Tu estiveste sempre na minha vida.
Estiveste comigo na infância e na adolescência, estiveste comigo na guerra e em todo o tempo em que afastado de Ti cometi loucuras que faziam perigar a minha vida espiritual, emocional e até física, estiveste comigo no reencontro com a Tua Igreja, Mãe que me acolheu com tanto amor no seu seio.
Estiveste comigo na alegria e na tristeza, estiveste comigo na saúde e na doença, estiveste comigo nos momentos bons e nos momentos maus, estiveste comigo quando fiz o bem e estiveste comigo quando fiz o mal, para me ajudares a reconhecê-lo, para me ajudares a levantar.
Quiseste que eu tivesse a certeza de que estavas comigo, quando afastado de Ti, me deixava levar pelos prazeres mundanos, pelo pecado, para assim me mostrares que também esse tempo faz parte da minha vida, que o acolheste no Teu perdão, e que o transformaste em ensinamento e testemunho da minha vida.
Quero hoje dar-Te graças pela família que me deste, a minha mulher, a minha filha e os meus três filhos, a minha nora, o meu genro, a minha neta e o meu neto.
E também pelos pais maravilhosos que me deste, junto com as minhas irmãs e irmãos, cunhadas e cunhados, sobrinhas e sobrinhos, já em número tão grande, que causa alegria só de pensar.
Ainda pelos meus sogros, que me trataram e tratam como um filho e que são para mim como pais que muito amo.
Quero dar-Te graças, Senhor, por todos aqueles que colocaste na minha vida, os que me ajudaram e me amam, e os que me ofenderam ou prejudicaram, e não gostam de mim.
Quero dar-Te graças, Senhor, por todos aqueles que conheci pessoalmente, olhos nos olhos, e por todos aqueles que conheço por outros meios, (como este), e que moram no meu coração e eu no deles.
Quero dar-Te graças, Senhor, por todos aqueles que me ajudaram e ajudam no meu regresso a Ti, à Igreja, bispos, sacerdotes, religiosas e religiosos, e tantas, mas tantas, irmãs e irmãos que, com as suas palavras, com os seus gestos, com as suas atitudes, com os seus testemunhos de vida me conduziram ao encontro tão pessoal e intimo que me fizeste e fazes experimentar da Tua presença em mim e nos outros.
Quanto mais Te conheço, Senhor, menos sei de Ti, mas mais forte se torna a minha fé, o meu amor por Ti, o meu desejo de estar contigo e Te pertencer por inteiro.
Hoje, Senhor, celebro então um ano a mais nesta vida, (a vida é uma celebração), mas sobretudo um ano a menos, para, por Tua graça, me encontrar definitivamente contigo.
Por tudo Te dou graças, em tudo Te dou graças, porque a vida que me deste é uma graça do Teu Coração de amor eterno.
Amen.
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Sinto-me em extraordinária companhia porque neste dia nasceu o Beato Pier Giorgio Frassati.
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sexta-feira, 3 de abril de 2009

CAMINHO DE CONVERSÃO 9

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Sexta feira, 4 de Julho de 2003

Obrigado, Senhor, por este dia e por tudo quanto me deste.
Obrigado pela tarde de Adoração e oração em Albergaria, obrigado pela Comunidade Luz e Vida, obrigado pelo Padre Filipe e por todos os membros da Comunidade e por todos os que vais colocando na minha vida.

Senhor, quanto mais leio os livros que me incitas a ler, mais desejo tenho de Ti, de me entregar a Ti, de viver uma vida “normal”, como queres que eu viva, mas sempre em oração.
Tenho um desejo imenso de alcançar a graça de conhecer e amar a Mãe que nos quiseste dar, Senhor.
Preciso da minha Mãe do Céu. Preciso de A amar, de A ouvir, de A entender, de A imitar, de com Ela aprender a conhecer Jesus, a amar Jesus, a viver Jesus.
Mãe, eu não quero que nada se interponha entre nós, nem passado, nem presente, nem futuro. Sabes, Mãe, que no passado não entendia a tua missão, não entendia o teu “papel”, não entendia o teu amor, não entendia a entrega que Jesus na Cruz fez da Sua Mãe ao Seu discípulo, e do Seu discípulo a Sua Mãe.
Sabes, Mãe, como por vezes foi difícil a minha relação com a minha mãe da terra, como a sua “autoridade” marcou em mim uma imagem de mãe difícil de conjugar contigo, Mãe do Céu. Não, ela não teve qualquer culpa, é a sua maneira de ser, é a sua maneira de amar, (e eu nunca tive dúvidas do seu amor), sei que hoje se procuro Jesus, o Pai, o Espírito Santo, se hoje te procuro Mãe, o devo em muito às suas continuas orações e súplicas.
Mãe, intercede pela minha mãe da terra, dá-lhe a tua mão, pede as graças do Senhor para ela, e guia-a e ajuda-a neste últimos anos da sua vida em tudo o que ela precisar.

Mãe, minha Senhora e minha Mãe, preciso de Ti, preciso que me conduzas, que me guies, que me ensines a amar, com o teu amor puro e sincero, preciso que me fales de Jesus, que me ensines a conhecê-Lo, a agradar-Lhe, a viver com Ele na minha vida.
Preciso, Mãe, que me ensines a humildade, o silêncio, o baixar a cabeça, a aceitação, a entrega total à vontade de Deus, num sim permanente e diário.
Preciso, Mãe, que me ensines a suplicar, que me ensines a guardar no coração, a meditar, a aprender com tudo o que o teu Filho permite que aconteça na vida que Ele mesmo me quis dar.
Preciso, Mãe, que como fizeste com os Apóstolos, me incites a perseverar na oração, a viver no cenáculo, a esperar confiantemente nas graças de Deus.
Preciso, Mãe, que como fizeste em Jerusalém, intercedas por mim junto do teu Filho, para que Ele derrame em mim abundantemente o Espírito Santo , para que eu seja aquilo que o Pai quer que eu seja, para que surja em mim, embora indigno, a graça da oração permanente, a graça da oração do coração.
Preciso, Mãe, que mandes em mim, porque eu quero obedecer, como Jesus obedeceu enquanto contigo viveu.
Preciso, Mãe, que me sentes no teu colo e me cubras de amor e carinho, para que assim eu aprenda também a amar e a acarinhar todos aqueles que se aproximam de mim.
Obrigado Mãe, amo-te e louvo-te porque és pura e Santa.

Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo.
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terça-feira, 31 de março de 2009

GRAÇAS A DEUS POR TRÊS ANOS

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Ontem passaram três anos sobre a criação deste espaço.
Nasceu de uma conversa com um irmão meu, e apenas para colocar histórias da família entre nós.
Logo nos primeiros dias coloquei um texto que reflectia a minha vivência da fé.
Não mais pensei, nem coloquei outros textos que não fossem ou reflectissem essa totalidade da minha vida, ou seja, essa certeza de que em tudo eu Lhe pertenço, ou melhor, quero pertencer.
Por isso, hoje quero dar graças a Deus por me ter dado este lugar de testemunho.
Quero dar-Lhe graças por todas e todos os que aqui conheci, uns fazendo notar a sua presença, outros em silêncio, e até alguns já pessoalmente.
Dou-Lhe graças pelos que aqui caminhamos juntos, e por aqueles que repudiam este caminho, (não o “meu” caminho, que esse pode muito bem ser repudiado), mas o caminho de Deus.
A presença de todos é incentivo e os vossos comentários e mails são sempre motivo de procura e de encontro com o Deus que se faz presente no meio de nós.
Até quando Ele quiser aqui estarei, servindo-O deste modo novo, abrindo a vida que Ele me deu a todos os que aqui vierem, porque o amor, a paz, a alegria que o Senhor colocou na minha vida, não pode ser contida em mim e tem de extravasar para os outros.
Quisera eu, por Sua graça, ser capaz de expressar melhor a Vida que a Trindade Santíssima colocou e coloca na vida que me deu.
Um abraço muito, muito amigo em Cristo para todas, para todos do
Joaquim
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quinta-feira, 26 de março de 2009

CONTINUAÇÃO DA PARÁBOLA DO FARISEU E DO PUBLICANO

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Quando o fariseu terminou a sua oração, meteu a mão no bolso e com aparato tirou uma moeda de ouro que deixou cair com barulho, na caixa das esmolas.
Voltou-se para sair do templo e reparou que o publicano de cabeça baixa mexia num saco de pano, de onde tirou uma pequena moeda, que com delicadeza depositou na caixa das esmolas.
O Fariseu saiu então do templo e ficou a aguardar o publicano.
Quando este saiu, humilde e contrito, o Fariseu perguntou-lhe com um ar importante:
- Quanto deste, ali no templo?
O publicano com a cabeça baixa, respondeu:
- Dei tudo quanto aqui tinha. Tudo o que tenho me veio do Senhor e Ele nunca me falta com o indispensável à minha vida.
Levantando a cabeça, fitou o Fariseu com uns olhos límpidos e calmos, com um sorriso alegre e tranquilo, e dizendo-lhe:
- A paz do Senhor esteja contigo! afastou-se, caminhando.
Reparou o fariseu na paz e tranquilidade que emanava daquele homem, no amor com que lhe tinha falado e sobretudo na leveza do andar, parecendo que quase não tocava o chão.
No entanto não se deixou comover e pensando para si próprio, disse em voz alta:
- Coitado, pobre homem inculto. Não sabe que eu como sou, praticando a lei rigorosamente, tenho sempre a paz do Senhor comigo.
Começou então a andar no caminho para sua casa, cabeça erguida, nunca dando atenção àqueles que na rua pediam, que o cumprimentavam, que lhe sorriam.
Mas o episódio passado não o deixava sossegado. Que possuía aquele pobre homem, (que ele considerava tão mal), que ele próprio não tinha!
Nunca na sua vida, pensou, tinha conseguido ter tal olhar, tal sorriso ou apresentar aquela paz, aquela tranquilidade, aquele amor.
Parou e sentou-se à beira do caminho com a cabeça entre as mãos, pensando em tudo o que tinha visto e sentido.
De repente, tocaram-lhe no ombro e ao levantar os olhos, deparou com o publicano que com uma voz doce lhe perguntava:
- Sente-se mal, precisa de ajuda, posso fazer alguma coisa por si?
Mal refeito da surpresa, (e por tanto amor vindo de quem tinha tratado tão mal), deu por si a agradecer e a dizer que não, não precisava de nada, pois entretanto, tinha tido resposta à sua inquietação.
Levantou-se e começou a caminhar em direcção ao templo.
A um pobre homem quase sem roupa, deixou a sua túnica, a outro que tinha fome, deixou as moedas que levava, a um que estava descalço, deixou as suas sandálias, a uma mãe com filhos famintos, como não tinha mais nada com ele, deixou os seus anéis e colares.
À porta do templo, parou e não entrou. Ajoelhou-se, baixou a cabeça e disse:
- Perdoa-me, meu Deus, que nada sou. Não sou nem digno de entrar no Teu templo, como o publicano, porque sou muito maior pecador. Acredito na Tua misericórdia e sei que me perdoas, por isso Te peço que me ajudes a mudar de vida, pois também eu reconheço agora, que tudo o que tenho, me vem de Ti e a Ti pertence e que mo deste não só para mim, mas também para ajudar os que precisam. A Ti, Senhor, confio a minha vida, pois sei que com nada me faltarás.
Levantou-se e sentiu imediatamente que o seu olhar era diferente, mais limpo, percebeu que tinha um sorriso alegre na cara e deixou-se envolver por uma paz e tranquilidade, que nunca tinha sentido.
Louvando a Deus, regressou a casa, espalhando alegria e paz pelo caminho e ao chegar, deu a Boa Nova a todos os seus.
No Céu a alegria era imensa e o Bom Pai, nosso Deus, acompanhado do sorriso alegre do Espírito Santo, disse a Jesus Salvador:
- Foi boa ideia, Meu Filho, teres-te feito passar por publicano. Já salvaste mais um homem.
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A Quaresma e o "Caminho de Conversão", fizeram-me lembrar deste texto que escrevi em 7 de Março de 2000, já aqui tinha publicado em 2006, e agora recordo convosco.

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