quinta-feira, 13 de setembro de 2007

QUERES QUE TE FAÇAM, FAZ TU PRIMEIRO!

Lucas 6,27-38.
«Digo-vos, porém, a vós que me escutais: Amai os vossos inimigos, fazei bem aos que vos odeiam, abençoai os que vos amaldiçoam, rezai pelos que vos caluniam.
A quem te bater numa das faces, oferece-lhe também a outra; e a quem te levar a capa, não impeças de levar também a túnica.
Dá a todo aquele que te pede e, a quem se apoderar do que é teu, não lho reclames.
O que quiserdes que os outros vos façam, fazei-lho vós também.
Se amais os que vos amam, que agradecimento mereceis? Os pecadores também amam aqueles que os amam.
Se fazeis bem aos que vos fazem bem, que agradecimento mereceis? Também os pecadores fazem o mesmo.
E, se emprestais àqueles de quem esperais receber, que agradecimento mereceis? Também os pecadores emprestam aos pecadores, a fim de receberem outro tanto.
Vós, porém, amai os vossos inimigos, fazei o bem e emprestai, sem nada esperar em troca. Então, a vossa recompensa será grande e sereis filhos do Altíssimo, porque Ele é bom até para os ingratos e os maus.
Sede misericordiosos como o vosso Pai é misericordioso.»
«Não julgueis e não sereis julgados; não condeneis e não sereis condenados; perdoai e sereis perdoados.
Dai e ser-vos-á dado: uma boa medida, cheia, recalcada, transbordante será lançada no vosso regaço.
A medida que usardes com os outros será usada convosco.»

O Evangelho de hoje é de uma beleza indescritível!
É também dos ensinamentos de Jesus Cristo, aquele que se torna mais difícil a cada um de nós viver.
O modo como muitas vezes somos educados, o modo como as pessoas à nossa volta se comportam no dia a dia e nós também tantas vezes, o modo como o mundo nos quer ensinar a individualidade e a importância do eu, o modo até como certas “espiritualidades”, “religiosidades” enaltecem o individuo na sua pretensa “capacidade” de sozinho tudo conseguir, o modo como a sociedade enaltece como “inteligentes” os que não olham a meios para atingir os seus fins, e como “fracos” os que se preocupam em não “pisar” ninguém, o modo como nos achamos possuidores das coisas, como propriedade individual e não como algo que o Senhor nos deu para nos servirmos a nós e aos outros, tornam a vivência deste ensinamento de Jesus Cristo uma extraordinária prova.
Reparemos numa grande diferença!
Antes aprendemos: «Aquilo que não queres para ti, não o faças aos outros» Tb 4, 15.
Agora é-nos dito: «O que quiserdes que os outros vos façam, fazei-lho vós também.» Lc 6, 31.
Por isso Jesus Cristo nos diz muito claramente:
«Não penseis que vim revogar a Lei ou os Profetas. Não vim revogá-los, mas levá-los à perfeição.» Mt 5, 17
E esta perfeição exige de nós uma missão, um empenhamento, uma vivência!
Já não podemos “ficar sentados” a viver as nossas vidas, não fazendo nada pelos outros, esperando que também eles nada nos façam.
Temos sim de nos entregarmos, de ajudarmos, de darmos não só o que nos é dado em bens materiais, mas também o que o Senhor por Sua graça vai derramando nas nossas vidas: A Fé, o Amor, a Confiança, a Esperança, a certeza de que Ele está sempre connosco, enfim, a Boa Nova!
Ainda por cima a recompensa é infinita, é eterna, porque é o Pai, que está nos Céus, que no-la vai dar!
Maior que tudo o que nos possam retribuir neste mundo por algum bem que façamos, é esta promessa de Jesus Cristo Nosso Senhor:
«Então, a vossa recompensa será grande e sereis filhos do Altíssimo, porque Ele é bom até para os ingratos e os maus. » Lc 6, 35b

quarta-feira, 5 de setembro de 2007

BEATA MADRE TERESA DE CALCUTÁ

«O seu trabalho piedoso com os pobres espalhou-se por todo o mundo e levou milhares de irmãs e voluntários a aderirem à congregação. O que lhe valeu o Prémio Nobel da Paz - que recebeu em Oslo em Dezembro de 1979.
Na altura, no discurso que fez, afirmou: "Não é suficiente dizer 'Eu amo Deus', mas não o meu vizinho. [Ao morrer na cruz] Deus tornou-se o faminto, o nu e o sem abrigo. A fome de Jesus é aquilo que temos de encontrar e aliviar. Cristo está nos nossos corações, Cristo é o pobre que encontramos, o sorriso que damos e que recebemos".
Contudo, três meses antes, numa carta enviada ao padre Michael Van Der Peet, confessou: "Jesus tem um amor muito especial por si. [Mas] para mim - o silêncio e o vazio é tão grande - que olho e não vejo - Escuto e não ouço. A língua mexe-se [na oração] mas não fala...Quero que reze por mim".
O conteúdo desta e outras cartas formam o livro, lançado hoje nos EUA, da autoria do padre Brian Kolodiejchuk. A obra revela que a madre Teresa duvidou da existência de Deus durante 50 anos (e mesmo assim continuou ao seu serviço). Muitos desconheciam-no. Até agora.»
Diário de Noticias de 4 de Setembro
.
Entendi mal, ou este é mais um “brilhante” texto que nos quer levar a pensar, a acreditar, que a Beata Madre Teresa de Calcutá “duvidava” da existência de Deus!!!
É que é realmente espantoso como se retira de cartas como esta, essa certeza de que Madre Teresa “duvidava” da existência de Deus, quando para mim elas revelam uma fé inquebrantável, a fé daqueles que acreditam sem verem.
Só quem se entrega totalmente aos caminhos de Deus, pode saber o que é a aridez da oração, o deserto da solidão, a aspereza da falta de consolação…
E no entanto, a oração é constante, a certeza de que Ele está connosco é total, embora não O sintamos, não O vejamos, não O ouçamos…
E no entanto a consolação é consolar, porque é verdade que “mais vale consolar, do que ser consolado”…
Já li algumas obras sobre madre Teresa e sempre me impressionou essa força extraordinária de alguém que viveu o deserto, a aridez e nunca deixou de acreditar na presença de Deus nos outros, nunca deixou de acreditar que «o que fizeres aos mais pequeninos é a Mim que o fazes…»
E agora, (perante um livro que ainda não li), mas que, (escrito por quem se empenha na canonização de madre Teresa), só pode mostrar-nos essa incrível luta de fé de uma mulher, que não tendo experiências místicas profundas como outros Santos, querem fazer-nos pensar que madre Teresa “duvidava” da existência de Deus.
Teresa de Calcutá, perante o terrível deserto e aridez em que Deus a quis provar, (e ninguém é provado acima das suas forças), continuou a orar, a construir, acreditando sem margem para dúvidas que Ele, o Cristo amado, estava ali, nos outros, com ela e nela.
Quantas vezes eu me perguntei, quantas vezes cada um de nós que acredita, se perguntou, ou melhor Lhe perguntou: «Estás aí Senhor? Conheces-me? Amas-me? Posso contar conTigo?».
E mesmo assim, ou até por causa disso, ainda se entregou mais, ainda orou mais, ainda fez mais, porque a fé não é algo que se compra, que se venda, é um dom, uma graça que o Senhor coloca nos corações abertos para Si.
Diz-nos o Papa Bento XVI sobre madre Teresa: «Por um lado, temos de suportar este silêncio de Deus, em parte também para poder compreender nossos irmãos que não conhecem Deus.»
Realmente, muitas vezes os nossos irmãos afastados da fé não compreendem, como podemos nós acreditar em algo que não vemos, que não palpamos, e também nós por vezes não entendemos como não vêm eles aquilo que para nós é óbvio.
Assim neste “silêncio de Deus”, vivendo esta experiência, talvez possamos nós entender melhor e dar a conhecer melhor aos outros esta presença de Deus nas nossas vidas, este amor de Deus por cada um, seja ele qual for.
Um dos maiores Santos da Igreja, Pedro, fez mais que duvidar de Deus, negou a Deus e no entanto acabou por entregar a totalidade da sua vida pelo Deus que tinha negado!
“Não é preciso ver para acreditar, mas é preciso acreditar, para ver”, e isso que se passou com Tomé, e tantas vezes com cada um de nós, foi a vida de madre Teresa:
Porque acreditava, via, sentia Cristo nas suas irmãs e irmãos necessitados, por isso lhes entregava a sua vida, porque sabia que a estava a entregar ao Senhor, ao seu Deus de infinito Amor.
Tudo o mais são interpretações, mais ou menos “maldosas”, de quem não “vê, porque não acredita”.

terça-feira, 4 de setembro de 2007

PRÉMIO



A Fa, (Partilhas em Fa Menor), decidiu atribuir este prémio, a este blogue, resultado seguramente da sua simpatia pelo "Que é a Verdade?"
Sirvo-me das suas palavras para explicar o significado do mesmo:
"Este prémio é uma tentativa de reunir os blogues que são adeptos aos relacionamentos "inter-blogues" fazendo um esforço para ser parte de uma conversação e não apenas de um monólogo"- é este o perfil schmoozed.
Schmooze: (Verbo) fofocar, jogar conversa fora, trocar idéias. (Substantivo) conversa, bate-papo.
Agradeço reconhecido, até porque entendo que os blogues, (pelo menos os cristãos e católicos), servem para isso mesmo: A relação entre pessoas, o testemunho de vida, de vivências, a discussão amiga sobre aquilo que cada um vive e sente.
Só assim, para mim, fazem sentido.
Não nomeio ninguém, porque todos aqueles que me visitam e eu visito, (são mais do que 5!!!), seguem esta prática de relacionamento entre pessoas.
Grato pelo prémio, apenas prometo à Fa, empenhar-me mais!
.
Quis o António, (A Partilha ), atribuir-me também este prémio, do que só agora tive conhecimento.
Agradecido, repito as palavras acima e prometo-lhe, tal como fiz à Fa, cada vez mais empenho, entrega e testemunho da vivência da Fé que o Senhor, por Sua bondade, me quis conceder.

quarta-feira, 29 de agosto de 2007

MEU DEUS E MEU SENHOR

Tão perto Senhor,
estás Tu de mim,
e eu ainda tão longe,
de Ti…
Vens junto a mim,
e mostras-me as mãos e o lado,
e eu não consigo ver,
porque os meus olhos
ainda estão cheios de dúvidas…
Chamas-me meigamente,
e dizes-me cheio de amor:
«Coloca a tua mão no Meu lado,
olha-me nos olhos…»
Mas eu baixo a cabeça,
cruzo as mãos atrás das costas…
Tenho medo, Senhor!
Tenho medo de não ver,
tenho medo de não acreditar,
tenho medo de que a minha vida,
não Te sirva Senhor…
Tantos sinais,
tantas palavras,
tantos momentos de amor,
tantos milagres,
(ah Senhor,
a minha vida agora
é um milagre Teu!),
e eu assim,
nestes momentos de nada,
como se eu não soubesse,
que és Tu Senhor,
a Vida da minha vida…
Que paciência tens Tu, Senhor,
para este coração de pedra,
para este olhar tão cego,
para este acreditar tão frágil…
Tomas-me pela mão,
deitas a minha cabeça no Teu colo,
afagas o meu cabelo,
recolhes as minhas lágrimas,
e bebe-las cheio de amor…
E eu vou acalmando,
a paz vem como um rio,
e banha-me no Teu amor…
O coração abre-se,
torna-se mole,
porque és Tu que o moldas Senhor…
Vão-se as dúvidas,
fica a certeza, a fé,
na Tua presença Senhor…
Retira-se a nuvem dos meus olhos,
a luz irrompe,
já Te posso ver, Senhor…
Abrem-se os meus lábios,
e de dentro do meu peito,
surgem as palavras,
num louvor:
Meu Deus e meu Senhor!…

quinta-feira, 23 de agosto de 2007

"PARÁBOLA" DAS DUAS PORTAS

(Pecado e Confissão)
Um homem muito atarefado, que mal tinha tempo para se alimentar, conheceu um Senhor muito bom, que lhe fez a seguinte proposta:
“Se mantiveres a porta da frente da tua casa sempre aberta, todos os dias te virei alimentar, sem nada te pedir em troca, a não ser, que mantenhas fechada a porta das traseiras e não a abras por motivo algum”.
Pareceu àquele homem que era uma boa proposta, e assim, pondo de parte o receio, decidiu entregar-se nas mãos daquele Senhor, passando a deixar a porta da frente de sua casa sempre aberta e confiando inteiramente todos os seus bens e inclusive a sua vida, àquele que lhe tinha feito tal proposta.
Constatou imediatamente que nunca lhe faltava alimento, que todos os seus bens estavam bem utilizados, e que eram para si fonte de alegria e não motivo de preocupação, com receio de os perder.
Constatou também que a vida lhe corria melhor, que as contrariedades continuavam a existir, mas que a presença constante, sem imposição, daquele Senhor, lhe transmitia paz, tranquilidade, confiança, esperança e muito amor.
Um dia, (a curiosidade foi mais forte), quis espreitar a parte de trás de sua casa e distraído deixou aberta a porta das traseiras.
Passado pouco tempo, estando na sala a descansar, viu surgir junto de si, um individuo elegante, bem vestido, confiante, de falas doces e sedutoras.
Em vez de o mandar sair de imediato, (visto que tinha entrado em sua casa sem pedir licença), deu-lhe ouvidos e começou a interessar-se pelo que este lhe dizia.
Disse-lhe então o individuo que o alimento que ele estava a receber era bom, sim senhor, mas não dava muito prazer ao corpo e que ele reparasse bem, pois afinal os seus bens que tanto lhe custavam a ganhar, eram utilizados por todos, o que no entender do individuo, não era justo, pois se tinha sido ele e só ele, sem a ajuda de ninguém, a adquiri-los com tanto esforço, só ele então, se deveria servir deles.
Afirmou ainda o individuo, que o homem sozinho e sem nenhum cansaço, poderia preparar um alimento muito melhor todos os dias, e que não se deveria preocupar porque ele o ajudaria em tudo.
Apenas lhe pedia que fechasse a porta da frente da sua casa, para não serem incomodados pelo Senhor e mantivesse sempre aberta a porta das traseiras, para que ele pudesse entrar sempre e a qualquer hora, para assim o poder ajudar.
Levado pela conversa do outro, o homem assim fez.
Ao principio tudo parecia correr bem. O homem andava feliz e contente, e embora a sua cabeça estivesse um pouco perturbada e não conseguisse pensar direito, o corpo andava cheio de prazer e engordava a olhos vistos.
Reparou então, que o individuo, em vez de pedir licença para entrar todos os dias, (como fazia o Senhor anteriormente), já se tinha instalado em sua casa e impondo a sua presença, punha e dispunha de todas as suas coisas, sem nada lhe perguntar.
Começou também a reparar, que embora o prazer corporal fosse bem maior, os seus pensamentos eram mais frios, sombrios, e que a paz, tranquilidade, amor e boa companhia que antes sentia já não existia, e no seu lugar se tinham instalado a dúvida, o nervosismo, a tristeza, a solidão e o medo de perder os seus bens.
Decidiu então expulsar o “novo amigo”, mas isso tornou-se tarefa muito difícil, porque ele não queria sair de sua casa e revelando-se muito insistente, fez novas promessas de felicidade e também algumas ameaças, como se a vida dele já lhe pertencesse.
Assustado, decidiu procurar o Senhor, pedindo-lhe que voltasse para sua casa, e também que o ajudasse a libertar-se daquele “amigo” tão incómodo e que já lhe inspirava tanto medo.
O Senhor e verdadeiramente seu único amigo recebeu-o de braços abertos e disse-lhe:
“Não tenhas medo, que eu também quero voltar à nossa tão antiga amizade, mas para isso tens de fazer duas coisas:
A primeira é, (sem medo, porque eu estou contigo), expulsar esse individuo para fora da tua vida e fechar definitivamente a porta das traseiras da tua casa.
A segunda, (imprescindível, pois sem a satisfazeres não poderei regressar), é que procures um dos meus "agentes", e eu tenho-os em todos os sítios, converses com ele, contando-lhe toda a história, como se passou e tudo o que fizeste durante todo o tempo em que estiveste com esse individuo, e lhe digas que sabes agora que estavas enganado, que procedeste mal, e que queres emendar tudo o que fizeste de errado.
Posso afirmar-te, que se o meu "agente" confirmar que estás verdadeiramente arrependido e decidido a não mais abrir a porta das traseiras, não terá dúvidas, a em meu nome te perdoar, e assim será imediato o meu regresso”.
O homem assim fez, e finda a conversa com o "agente" daquele Senhor, verificou com alivio, que a alegria, a paz, a tranquilidade, a esperança, o amor tinham voltado à sua vida, à sua casa, que os seus bens já não lhe causavam qualquer preocupação e que, sobretudo, o alimento que de imediato lhe começou a ser dado, tinha muito mais gosto, reparando ainda que esse gosto se mantinha permanente nele e não era causa de tristeza ou solidão, mas sim de alegria, paz e amor.
Grato ao seu Senhor, tomou a decisão de fechar e barricar a porta das traseiras com tudo o que o seu Senhor lhe fornecesse e estivesse ao seu alcance, resolvendo nunca mais dar ouvidos a quem com sedução o quisesse enganar.
.
Escrito em 11 de Janeiro de 2001

quinta-feira, 16 de agosto de 2007

OH MEU JESUS AMADO!

Oh meu Jesus amado,
queria tanto sofrer conTigo,
viver a Tua Paixão.
Queria tanto orar conTigo
no Horto das Oliveiras,
e afinal era eu quem estava
com os que Te vieram prender.
Queria ser Tua testemunha,
junto de Caifás e Pilatos,
e afinal fui eu quem fugiu,
e também Te condenava,
no meio da multidão.
Queria proteger a Tua Face,
e o Teu Corpo amoroso,
e afinal era eu quem Te batia
e colocava a coroa de espinhos.
Queria dizer que Te amava,
que eras o meu Senhor e Guia,
e afinal era eu quem Te insultava
e gritando escarnecia.
Queria caminhar conTigo
levando a Tua Cruz,
e afinal era eu quem mais pesava,
e Te fazia cair.
Queria aliviar Tuas dores,
pôr bálsamo nas Tuas feridas,
e afinal era eu quem martelava
os cravos nas Tuas mãos.
Queria prostrar-me em adoração,
perante o Teu sofrimento,
e afinal era eu quem trespassava
o Teu peito com a lança.
Queria tanto estar conTigo
na hora da Tua morte,
e afinal fui eu quem fugiu,
quando o dia se fez noite.
Queria ter sido testemunha,
da Tua Ressurreição,
e afinal andava perdido,
na minha vida de dúvidas.
E Tu mesmo assim
olhaste-me.
E Tu mesmo assim
chamaste-me.
E Tu mesmo assim
escolheste-me.
E Tu mesmo assim
perdoaste-me.
E Tu mesmo assim
deste-me amor,
para encher a minha vida.
Que hei-de fazer e dizer,
que seja minha conversão,
a não ser para sempre amar-Te
com todo o meu coração,
para sempre cantar louvores,
com a voz que Tu me deste,
com a minha alma adorar-Te,
prostrado sempre a Teus pés,
viver em Ti o caminho
da vida que em mim criaste,
esperando quando partir,
desta vida tão efémera,
ver o Teu Coração aberto,
os teus braços á minha espera,
para viver no Teu amor,
o tempo que não tem fim.


Escrito em 29 de Agosto de 2000

quinta-feira, 9 de agosto de 2007

HINO AO NOSSO DEUS E SENHOR

SENHOR,
Que bom e grande Tu és !
Sem Ti, SENHOR,
eu não sou nada.
Sou um peixe que não nada,
uma ave que não voa,
uma ovelha perdida,
à mercê do predador,
um ponto sem referência,
uma curva que acaba em circulo,
( fechado sobre si próprio ),
um ser vivo,
sem ter vida,
uma morte anunciada.
Mas, SENHOR,
quando a Ti me entrego,
cruzo as águas como seta,
nascem-me asas nos pés,
o predador parte os dentes,
no escudo que Tu me dás,
a curva é uma recta,
a indicar a eternidade,
a vida pulsa tão forte,
que se estende aos que estão perto,
a morte é uma passagem,
para ir ao Teu encontro.
Porque Tu, SENHOR,
és tudo para mim,
a razão do meu viver,
a razão de eu caminhar,
a razão de eu amar,
a razão de eu falar,
a razão do testemunho,
que pretendo sempre dar,
a razão do coração,
a arder em Teu louvor.
Em Ti me refugio,
em Ti, me fortaleço,
em Ti,
quanto mais fraco sou,
mais forte eu me pareço,
quanto mais pobre sou,
mais rico em Ti eu cresço.
Em mim abates barreiras,
da vergonha à timidez,
tornas-me clara a palavra,
tornas fácil o falar.
E meu SENHOR,
mais ainda,
pois transformas os problemas,
em oração de louvor,
transformas alguma amargura,
num simples acto de amor,
transformas a breve tristeza,
na Tua mais linda alegria,
transformas o ingrato desânimo,
na vontade de lutar,
transformas a terrível dúvida,
na mais bonita certeza,
transformas o meu passado,
num presente a caminhar,
transformas o gaguejar,
na mais bonita oração,
transformas o meu pensar,
num canto do coração,
feito p’ra Te louvar.
Assim, meu DEUS, e SENHOR,
só por Ti posso amar,
só em Ti posso viver,
só conTigo caminhar.
Vem depressa, não demores,
e mesmo que estejam fechados,
os portões da minha vida,
arromba-os, SENHOR meu DEUS,
abre todos os cadeados,
enche-me de Ti e sorri-me,
pega-me na mão e conduz-me,
para que não me possa perder,
mas antes testemunhar,
que a vida deve ser sempre,
um canto de puro louvor,
a Ti,
meu DEUS e SENHOR.

.
Escrito há uns anos.

quinta-feira, 2 de agosto de 2007

"CÂNTICO BRANCO"

«"Vem por aqui" — dizem-me alguns com os olhos doces
Estendendo-me os braços, e seguros
De que seria bom que eu os ouvisse
Quando me dizem: "vem por aqui!"
Eu olho-os com olhos lassos,
(Há, nos olhos meus, ironias e cansaços)
E cruzo os braços,
E nunca vou por ali...» José Régio

Se eu vim ao mundo,
Foi para Te seguir, Senhor,
E rasgar com os passos que Tu me dás
A indiferença e o abandono
A que são votados os desprezados
Da sociedade.
A minha glória é esta:
Seguir-te sempre
Ser todo entregue a Ti...
Tudo o mais que eu faça,
Não vale nada,
Se não for feito conTigo
Se não for Tua vontade...
Nada me pode dar o mundo,
A não ser aquilo que Tu,

Senhor,
Queres que ele me dê...
A minha força vem de Ti,
E se por vezes fico fraco,
É porque me afasto do Teu amor...
No mundo corre o sangue que morre,
Só do Teu Lado corre o Sangue da Vida...
E quando me abro ao Teu Espírito,
E deixo que Ele faça em mim,
Sinto alegria, paz e tranquilidade e amor
E sinto cânticos de louvor
Que do coração
vêm aos meus lábios...
E louvo-Te Senhor
Porque me deste pai e me deste mãe,
E neles Tu me criaste Senhor,
Para que no Teu Coração
No Teu amor,
Sem principio nem fim,
Eu possa viver por Tua graça,
Para a eternidade em Ti...
Que o mundo não me diga para onde ir,
Porque eu não vou...
O meu caminho é o Teu,
Que a Tua Igreja me aponta...
A minha vida “alevanta-se”
Porque és Tu que a despertas...
Já não quero ser eu a viver,
Mas sim que Tu vivas em mim...
Sei bem para onde ir,
Porque és Tu o meu guia,
E mesmo que eu me perca
E por vezes erre o caminho
Eu sei bem que ali estás,

Senhor,
Que não me deixas cair
E me dizes com voz de amor:
Vem por aqui,
Meu filho,
Só em Mim encontras a Vida

Que Eu tenho para ti...

.
Considero José Régio um dos maiores poetas portugueses.

sexta-feira, 27 de julho de 2007

SOMOS SEMENTES...


Fazes de nós sementes, Senhor, para a Tua seara no mundo…
Mas a semente nada é, a não ser aquilo que pode vir a ser…
A semente só é, aquilo que pode gerar.
Enquanto semente, tão simplesmente, não semeada, não serve para nada, é apenas promessa de algo que ainda não é…
E mesmo depois de semeada, se não deixar que o seu interior rompa o seu invólucro, se não morrer como semente para ser planta, de nada serve também.
És Tu Senhor, a Planta da Vida que está dentro de nós, Tuas sementes…
Se não nos abrirmos para que o mundo veja o que fazes em nós, para nada servimos, e Tu Senhor, porque nada fazes contra a nossa vontade, porque nunca rompes o que não quer ser rompido, ficas ali dentro de nós, estiolando, até que a semente é posta de lado, porque já passou o seu tempo de ser planta.
Se não morrermos para a nossa existência de sermos apenas sementes, no meio de tantas sementes que não querem ser semeadas, para nada servimos e acabaremos por ser queimadas no fogo que tudo destrói.
Mas se deixarmos que as Tuas mãos nos toquem, nos tirem do saco de semeador e nos coloquem em terra fértil, se não quisermos de saber de nós enquanto sementes, mas apenas de Ti que és Planta de Vida em nós, se nos deixarmos morrer para nós e para o mundo, para que a Planta cresça e dê fruto e sombra aos outros, aos necessitados, então Senhor poderemos dizer como o Teu filho Paulo: «Já não sou eu que vivo, é Cristo que vive em mim»…

segunda-feira, 23 de julho de 2007

MARTA, MARTA, ANDAS INQUIETA E PERTURBADA...

Evangelho segundo S. Lucas 10,38-42.

Continuando o seu caminho, Jesus entrou numa aldeia. E uma mulher, de nome Marta, recebeu-o em sua casa.
Tinha ela uma irmã, chamada Maria, a qual, sentada aos pés do Senhor, escutava a sua palavra.
Marta, porém, andava atarefada com muitos serviços; e, aproximando-se, disse: «Senhor, não te preocupa que a minha irmã me deixe sozinha a servir? Diz-lhe, pois, que me venha ajudar.»
O Senhor respondeu-lhe: «Marta, Marta, andas inquieta e perturbada com muitas coisas; mas uma só é necessária. Maria escolheu a melhor parte, que não lhe será tirada.»


Andamos tão atarefados Senhor, “fazendo o bem”.
Corremos de obra caritativa para obra caritativa, de “pobre” para “pobre”, de intervir aqui e acolá, de fazer mais este e aquele curso, de aprender a orar melhor, de aprender a ler melhor, de aprender a meditar e a contemplar, de aprender a melhor Te “agradar”.
E não temos tempo Senhor, para Te escutar!
Andamos tão ocupados a fazer tudo o que achamos certo, (para nosso deleite, para nossa consolação?), que não temos tempo Senhor, para estar conTigo!
Ah Senhor, mas estamos convencidos que fazemos a Tua vontade em ocuparmo-nos assim tanto, em “fazer o bem”!
Mas dizes-nos então, Senhor, que temos que Te escutar, que devemos ficar quietos, um pouco, a receber de Ti?
Mas Senhor, nós queremos dar tudo e sempre, queremos ser “bons”, se calhar Senhor, até queremos ser “reconhecidos”!
O quê, Senhor?
Dizes que só interessa dar, se for com amor e por amor?
Pois é Senhor, compreendo agora!
Se não formos aprender o amor, buscar a Ti o amor, o que temos nós para dar?
Apenas o que é nosso, e o que é nosso é sempre finito!
Deixa-nos sentar Senhor, como Maria, aos Teus pés e ouvirmos, escutarmos, guardarmos no coração o que tens para nos dizer, para nos ensinar.
Assim Senhor, conTigo no coração, saberemos dar o que é Teu, o que Tu nos dás para darmos, e não a nossa pequenez, que é pouca e pobre.
Daremos então Senhor o Teu amor, que Tu nos dás, e servir-Te-emos segundo a Tua vontade, porque, por graça Tua, soubemos guardar a melhor parte.

sexta-feira, 13 de julho de 2007

OS POBRES DE JESUS CRISTO

Vou lendo pelos diversos espaços que visito alguns textos, e embora compreendendo-os e com eles concordando, deixam-me a pensar na sua total dimensão e alcance.
Com este texto que agora aqui coloco, quero reflectir com todos os que me visitam, no sentido de aprofundar a minha vivência da Fé, e se Deus quiser de todos nós.
Refiro-me ao facto de apontarem a vinda de Jesus Cristo como prioridade aos pobres, subentendendo-se muitas vezes e sobretudo os pobres no aspecto material.
Claro que entendo e concordo com o que querem dizer, afirmar, mas dito às vezes de um modo muito peremptório e definido, e tantas vezes repetido, leva-me a pensar se não estamos a “reduzir” o alcance infinito da vinda de Jesus Cristo, a “reduzir”, ou a dar prioridade à salvação de alguns.
E isso leva-me a pensar na pobreza, sobretudo a pobreza de que fala Jesus, e que me parece vai muito mais longe do que a pobreza dita material, aliás, tão longe que nos abarca a todos forçosamente, porque Ele, (sem dúvida para mim), veio para todos os homens, no sentido de humanidade, claro.
Quem será mais pobre: Aquele que nada tem de material, mas o coração aberto à presença de Deus na sua vida, ou aquele que tendo tudo, e muitas vezes por força disso, tem o coração fechado para Deus, provavelmente na convicção errada de que não precisa dEle?
Todos nós, ou pelo menos alguns de nós, já sentiram isso mesmo, quando falamos com ou para os outros.
Aqueles que menos têm materialmente estão abertos, ávidos, da Palavra de Deus, aqueles que mais têm são por vezes muito mais cépticos, e têm dificuldades em aceitar a mensagem que leva à mudança das suas vidas.
Então quem é mais pobre: O que nada tem mas anseia pela sua salvação, ou aquele que possuindo, nem sequer consegue entender que precisa de salvação?
Tenho assim para mim, que é mais “fácil” ajudar os que nada têm, com a Palavra de Deus e com alguma parte do que necessitam materialmente, do que aqueles que tendo muito, fecham a sua vida à presença de Deus, fecham o seu coração à Palavra que dá vida às suas vidas.
Com isto não estou a afirmar, logicamente, que aqueles que têm posses, estão forçosamente todos ou mesmo a maioria, de coração fechado à Palavra de Deus.
A “verdadeira” pobreza, para mim, está mais no coração do que no corpo, do que na cabeça.
Porque se o corpo sofre, se a cabeça se desanima, o coração muitas vezes abre-se ao amor de Deus que lhe é dado a conhecer e a viver.
Mas se o corpo incha de satisfação e a cabeça não se preocupa, então o coração fecha-se ao amor gratuito e apenas se deixa conduzir pelo que pensa poder comprar.
Falamos e preocupamo-nos muito com os pobres materialmente, e devemos fazê-lo, obviamente.
Mas precisamos também de arranjar maneira de entrar nos corações daqueles que julgam ter tudo e afinal são mais pobres do que os outros.
Porque se a Palavra for semente nos seus corações, para além das suas vidas se abrirem ao amor de Deus, à salvação, também essa mudança de vida levará a que entendam que o que têm, que o que possuem, não é seu por exclusividade, mas sim para que, depois de servirem as necessidades das suas vidas, partilharem também com aqueles que nada têm.
A pobreza tem “cura”, na vida com e para Deus, o coração fechado é condenação à vida sem Deus.
Que o Espírito Santo nos ilumine, para que possamos dar a cada um, pela graça de Deus, aquilo que ele necessita, espiritual e materialmente, porque Jesus Cristo ama a todos e cada um infinitamente, como só Ele sabe amar, e entregou-Se por todos nós e por cada um individualmente.

quarta-feira, 11 de julho de 2007

EIS AS 7 MARAVILHAS NA MINHA VIDA

Respondendo ao desafio da Malu e da Fá menor.
A uma amiga nada se recusa!
.
1 - O dom de ser filho de Deus.
Apesar de tantas vezes dele me esquecer.

2 - O dom da Fé
Apesar de tantas vezes duvidar.

3 - O dom do Amor
Apesar de tantas vezes não o viver.

4 - O dom da Oração
Apesar de tantas vezes não o praticar.

5 - O dom da Vida
Apesar de tantas vezes me deixar morrer.

6 - O dom da Igreja
Apesar de tantas vezes aos outros não me entregar.

7 - O dom da Família
Apesar de tantas vezes só em mim pensar.
.
Outros agora que se sintam desafiados, ou melhor, com vontade de nos revelar as 7 maravilhas das suas vidas.

domingo, 8 de julho de 2007

NADA SOU

Deixo apenas que as palavras saiam
De dentro do meu coração.
Que me interessa a mim o que pensam
De tudo aquilo que eu sou!
Nada sou, sei-o bem,
Nem nada eu quero ser,
Mas apenas as palavras,
Que me brotam do coração.
Sou nada, porque sou tudo,
Quando me abro ao amor,
Quando escrevo as palavras,
Que Tu me ditas Senhor!
Sou assim, tão simplesmente,
Uma criatura Tua,
Que fala, e também sente,
A Tua presença em mim.
Dispo-me de tudo,
Entrego-me assim, Alma desnudada,
Faz-me sentir Senhor,
A Tua presença, no meu nada.
Se por acaso quiseres,
Num momento de loucura,
Servir-te de mim, Senhor,
Não hesites, aqui estou!
Abranda a minha secura,
Na água do Teu amor,
Enche-me de Ti,
E manda, Senhor, que eu vou,
Onde for Tua vontade, falar de Ti,
Do Teu amor,
Aos homens de boa vontade.
Serei assim, realmente,
Imagem e Semelhança de Deus,
Que nasceu para todos nós,
Mulheres e homens,
Filhos Seus...

17.12.06

quarta-feira, 4 de julho de 2007

MEU SENHOR E MEU DEUS

Hoje na Missa, durante a Homilia, o Sacerdote chamava-nos a atenção para que Tomé, não tinha "recebido" a Fé porque tinha visto, mas sim tinha visto, porque tinha acreditado.
O problema de não ver, como Tomé não viu, é porque não acreditamos, não cremos.
Quando acreditamos, quando cremos, "vemos" Jesus Cristo em nós, no meio de nós, mesmo sem O vermos.
Se eu não acredito, então a Hóstia consagrada, não é mais que um pedaço de farinha.
Mas se eu creio, com a graça de Deus, então Jesus Cristo está ali presente totalmente, embora eu não O veja.
Se eu não Lhe tocar, como disse Tomé, não acredito.
Mas o importante não é eu tocar-Lhe, mas sim deixar-me tocar por Ele.
Então sim, o meu coração e todo o meu ser, abrem-se e eu posso vê-Lo.

sábado, 30 de junho de 2007

HINO DE AMOR

Andava um dia
Em pequenino
Nos arredores
De Nazaré,
Em companhia
De São José,
O Deus-Menino,
O Bom-Jesus.
Eis senão quando
Vê num silvado
Andar piando
Arrepiado
E esvoaçando
Um rouxinol,
Que uma serpente
De olhar de luz
Resplandecente
Como a do sol,
E penetrante
Como diamante,
Tinha atraído,
Tinha encantado.


Jesus, doído
Do desgraçado
Do passarinho,
Sai do caminho
Corre apressado,
Quebra o encanto;
Foge a serpente;
E de repente
O pobrezinho,
Salvo e contente,
Rompe num canto
Tão requebrado,
Ou antes pranto
Tão soluçado,
Tão repassado
De gratidão,
Duma alegria,
Uma expansão,
Uma veemência,
Uma expressão,
Uma cadência,
Que comovia
O coração!


Jesus caminha
No seu passeio;
E a avezinha
Continuando
No seu gorgeio,
Em quanto o via:
De vez em quando
lá lhe passava
À dianteira;
E, mal pousava,
Não afrouxava
Nem repetia;
Que redobrava
De melodia!

Assim foi indo
E o foi seguindo.
De tal maneira
Que, noite e dia,
Numa palmeira,
Que havia perto
Donde morava
Nosso Senhor
Em pequenino,
(Era já certo)
Ela lá estava
A pobre ave
Cantando o hino
Terno e suave
Do seu amor
Ao Salvador!


João de Deus

Não resisti à memória da infância.

terça-feira, 26 de junho de 2007

O TEU OLHAR SENHOR

O Teu olhar Senhor, debruça-se sobre mim.
Da testa caem-Te grossas gotas de sangue, mas o Teu olhar continua terno e quente.
As Tuas costas, o Teu peito Senhor, não tem mais espaço para rasgar, para ferir, e o Teu olhar cheio de carinho.
As Tuas mãos, e os Teus pés Senhor, são uma chaga viva, e o Teu olhar repleto de perdão.
O Teu Corpo cede, entorta-se, geme de dor, e o Teu olhar é um abraço de acolhimento.
Todo Tu Senhor, és um hino de dor e sofrimento, e o Teu olhar é um oásis de paz.
Pende-Te a cabeça, entregas-Te todo ao Pai, na consumação do sacrificio total, e o Teu olhar é só misericórdia.
Baixo a cabeça, baixo os olhos, envergonhado, culpado, contrito, mas o Teu olhar de amor entra-me no coração e segreda-me aos ouvidos:
«É porque te amo, meu filho»!

segunda-feira, 18 de junho de 2007

MAIS DAR, QUE RECEBER

As minhas mãos estão assim, abertas para Ti.
No fundo de mim, o meu desejo é que estas mãos, dêem mais do que recebem.
Mas como posso eu dar, se tantas vezes não recebo de Ti?
Não porque Tu não me queiras dar, Senhor, mas porque eu, convencido, arrogante, julgo que de nada preciso, ou que Tu já me deste tudo.
Pobre de mim, nada sou, nem vida teria, Senhor, se não ma desses todos os dias.
Por isso, Senhor, perdoa, porque tantas vezes dou apenas do meu orgulho, e isso para nada serve, nada toca, nada constrói, mas apenas me faz mais só, mais longe de Ti.
Concede-me a graça, Senhor, de saber, que nada sei, se não me vier de Ti; de ser mudo, na minha expressão, mas anunciador, do Teu Amor; paralítico no meu andar, se não fores Tu, a me encaminhar; morto em todo o meu ser, se não fores Tu, em mim a viver; não ter nada para dar, se de Ti, não quiser receber.
Então sim, Senhor, as minhas mãos abertas assim, poderão receber de Ti, ser mais dispostas a dar, do que apenas receber, deixar de me considerar, para a Ti, todo pertencer.

terça-feira, 12 de junho de 2007

NÃO SABIA O QUE ESCREVER

Quedo-me assim quieto, no silêncio do meu coração, à espera que me digas o que queres que coloque nesta folha de papel.
Sabes Senhor que só costumo escrever aqui quando Tu conduzes a minha mão.
Hoje quis escrever, mesmo sem ter nada que anteriormente tenhas suscitado em mim, e por isso vou deixando as palavras saírem nesta escrita que se torna conversa, ou nesta conversa que se torna escrita.
Não me interessa escrever nada que seja meu, vindo de mim, pois que coitado de mim, sem Ti, nem uma linha posso alinhavar.
Hoje reflectia que ainda me espanta o modo como Tu, Senhor, estás sempre presente nas nossas vidas e na maneira como nos falas tão claramente se estivermos atentos aos Teus sinais.
Serves-Te dos outros e de tantas coisas para nos dizeres o que queres de nós e nós tantas vezes distraídos deixamos passar essas ocasiões de Te ouvirmos e depois, ingratos, dizemos que não nos ouves.
Mas Tu afinal estás sempre atento a cada um e a tudo nas nossas vidas!
Lembro-me quando aquela mulher se aproximou de Ti e Te tocou no manto, ficando curada.
Para espanto dos Apóstolos, que Te viam empurrado e tocado por toda aquela multidão, Tu disseste: «Quem me tocou?» Lc 8,43-48
E pensamos nós que Tu às vezes estás “distraído”, que não atendes às nossas dificuldades, que não respondes aos nossos pedidos!
Mesmo no meio da multidão, Tu nos reconheces individualmente, porque nos amas a cada um, com toda a força do Teu amor.
Não quero mais duvidar, mas sim estar atento a tudo o que me falas, servindo-Te de todos e de todas coisas que colocas e permites na minha vida.
Como este momento, em que não sabia o que escrever e Tu foste guiando a minha mão.
Obrigado Senhor.

sábado, 2 de junho de 2007

ENTRASTE NA MINHA VIDA

Estava ali,
sentado na vida,
pensando que era assim que ela se vivia,
sem grandes preocupações com os outros,
sem grandes preocupações comigo.
Estava ali,
sentado na vida,
gastando-a em tudo o que aparecesse,
e fossem prazeres,
quaisquer que eles fossem.
Então não era isso que era viver?
E então vieste Tu,
fizeste-me levantar,
fizeste-me caminhar
e sair do torpor
em que me tinha deixado envolver.
Dizias-me que
não era para aquilo
que me tinhas dado a vida.
Que me tinhas dado dons e talentos
e que eu não só não os guardava
como os andava a atirar fora.
Incomodaste-me,
não me deixaste descansar,
não me deixaste morrer
naquele viver sem nada.
É hora,
dizias Tu,
criei-te para Mim,
não para te desperdiçares
no mundo.
Parei um pouco,
não tinha hipótese,
Tu irrompias na minha vida,
(ou seria Tua),
a todos os momentos.
Sentei-me ali,
tantas vezes
à Tua frente,
lembras-Te?
Estavas naquela "caixa",
a que o Francisco chamava
o Jesus escondido.
Falámos tantas horas!
Aliás,
eu falava,
e Tu ias colocando no meu coração
o que querias que eu ouvisse,
que eu soubesse.
Foste-me lembrando tudo,
o que tinha aprendido em criança
e mostraste-me aquilo que devia saber em adulto.
Fizeste-me enamorar de Ti,
tornaste-Te vida para mim.
Ah Jesus,
que bom é conhecer-Te
e amar-Te!
Mas agora,
Jesus,
parece que a vida não corre mais fácil,
parece até que a luta é maior!
Tanta provação,
tanto combate!
Mas agora,
é curioso,
estou feliz!
Sinto-Te sempre a meu lado,
fazes-me falta sempre,
mas sei que estás sempre comigo.
Dou-Te a minha vida,
Jesus,
coloco-a no Teu Sagrado Coração,
porque só Tu,
meu Senhor e meu Deus,
me dás vida
e ensinas a viver.

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02.06.07

domingo, 27 de maio de 2007

O ESPÍRITO SANTO

É uma luz, uma suavidade, um amor, um toque, uma carícia, um carinho, um calor, uma presença que se desenvolve dentro de nós e nos enche por completo.
Aquilo que era razão de viver e estava no exterior, deixa de o ser, para dar lugar a outra aspiração interior, para dar lugar a outra vivência, mais viva, mais vivida, mais sentida, mais cheia de uma graça que não conseguimos explicar.
O interesse que nos despertavam as coisas do mundo, as riquezas, a importância social, o nosso comportamento pensado e repensado, deixa de ser importante, deixa de ser um fim em vista, para dar lugar a uma procura constante da santidade, do bem estar espiritual, do testemunho dado na vida que continuamos a viver no mundo, para que os outros também possam ver e viver o que nós vivemos.
Como tudo é diferente!!! Como tudo se modifica!!!
Quando vivemos para as riquezas do mundo, queremos ter sempre mais que os outros e a maior parte das vezes desejamos egoisticamente que os outros não tenham aquilo que nós já temos. Agora começamos a viver para as riquezas de Deus e queremos que os outros tenham tudo o que nós já temos e tenham até mais, para nos poderem guiar e servir de testemunho.
Quando vivemos para conseguir o mundo, nunca temos tempo para nada, nem sequer para todas as coisas do mundo, quanto mais para Deus.
Agora começamos a viver para “alcançar” o Céu e assim temos tempo para Deus, para tudo e até temos tempo para o mundo.
Quando vivemos para nós próprios e por nós próprios, aos “sucessos”, que nos enchem de orgulho, sucedem-se as “derrotas” que nos provocam humilhação, (não humildade), que causam a solidão de quem vive apenas para si, convencido que é capaz de tudo sozinho.
Agora começamos a viver para Deus, para os outros, e assim os “sucessos” não são nossos, mas de Deus e de todos, (o orgulho não tem lugar), e mesmo que as coisas não corram bem, humildemente aceitamos como não sendo bom para nós aquilo que afinal desejávamos e instala-se a paz, a tranquilidade e nunca nos sentimos sozinhos.
Quando vivemos para a nossa vontade e para os nossos planos, e as coisas falham e os planos não resultam, muitas vezes desesperamos, atiramos para cima dos outros os nossos falhanços, sentimo-nos sós e derrotados, não aceitamos e fechamo-nos mais em nós próprios.
Agora que começamos a viver para cumprir a vontade de Deus e os Seus planos, quer na vida espiritual, quer na vida material, sentimo-nos mais acompanhados e quando as coisas falham, ficamos tristes é certo, mas aceitamos como fonte de crescimento a contrariedade, voltamo-nos para nós procurando saber onde nos afastámos da vontade do Senhor, humildemente baixamos a cabeça e com a força que nos vem dEle recomeçamos segundo a Sua vontade.
Quando vivemos baseados naquilo que na nossa cabeça pensamos que é bem e que é mal, o nosso crescimento é desordenado, os recuos são maiores que os avanços, a paz e a serenidade andam longe e praticamos muitas vezes coisas más, porque nos quisemos convencer que eram boas.
Agora que começamos a viver no que é o bem vindo de Deus, afastando o mal que Ele nos faz reconhecer, o nosso caminho é mais seguro, tem também avanços e recuos, mas os avanços são mais constantes, porque é constante a vontade de nos levantarmos depois de cairmos, a paz e a serenidade tomam conta de nós, porque é no coração que o Senhor coloca o conhecimento do bem e do mal.
Não é pela nossa cabeça, mas pelo amor que o Senhor coloca no nosso coração, que crescemos para o bem e morremos para o mal.
Antes a vida era difícil, muitas vezes sem esperança e desacompanhada.
Hoje a vida é difícil, mas vivida na esperança e na companhia daquEle que nunca nos abandona: Jesus Cristo.
Então assim entregues, Ele vem até nós e: é uma luz, uma suavidade, um amor, um toque, uma caricia, um carinho, um calor, uma presença que se desenvolve dentro de nós e nos enche por completo...

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Já publicado em 23.11.06

sábado, 26 de maio de 2007

OREMOS EM IGREJA: VEM ESPÍRITO SANTO

Vinde, ó Santo Espírito,
vinde, Amor ardente,
acendei na terra
vossa luz fulgente.

Vinde, Pai dos pobres:
na dor e aflições,
vinde encher de gozo
nossos corações.

Benfeitor supremo
em todo o momento,
habitando em nós
sois o nosso alento.

Descanso na luta
e na paz encanto,
no calor sois brisa,
conforto no pranto.

Luz de santidade,
que no Céu ardeis,
abrasai as almas
dos vossos fiéis.

Sem a vossa força
e favor clemente,
nada há no homem
que seja inocente.

Lavai nossas manchas,
a aridez regai,
sarai os enfermos
e a todos salvai.

Abrandai durezas
para os caminhantes,
animai os tristes,
guiai os errantes.

Vossos sete dons
concedei à almado
que em Vós confia:

Virtude na vida,
amparo na morte,
no Céu alegria.

sexta-feira, 18 de maio de 2007

O LOUVOR LIBERTA !

«A multidão amotinou-se contra eles; e os estrategos, arrancando-lhes as vestes, mandaram-nos açoitar. Depois de lhes terem dado muitas vergastadas, lançaram-nos na prisão, recomendando ao carcereiro que os tivesse sob atenta vigilância. Ao receber tal ordem, este meteu-os no calabouço interior e prendeu-lhes os pés no cepo.
Cerca da meia-noite, Paulo e Silas, em oração, entoavam louvores a Deus, e os presos escutavam-nos. De repente, sentiu-se um violento tremor de terra que abalou os alicerces da prisão. Todas as portas se abriram e as cadeias de todos se desprenderam.
Acordando em sobressalto, o carcereiro viu as portas da prisão abertas e puxou da espada para se matar, pensando que os presos se tinham evadido. Paulo, então, bradou com voz forte: «Não faças nenhum mal a ti mesmo, porque nós estamos todos aqui.» O carcereiro pediu luz, correu para dentro da masmorra e lançou-se a tremer, aos pés de Paulo e de Silas.
Depois, trouxe-os para fora e perguntou: «Senhores, que devo fazer para ser salvo?» Eles responderam: «Acredita no Senhor Jesus e serás salvo tu e os teus.» E anunciaram-lhe a palavra do Senhor, assim como aos que estavam na sua casa.
O carcereiro, tomando-os consigo, àquela hora da noite, lavou-lhes as feridas e imediatamente se baptizou, ele e todos os seus. Depois, levando-os para cima, para a sua casa, pôs-lhes a mesa e entregou-se, com a família, à alegria de ter acreditado em Deus.» Act 16, 22-34


«Paulo e Silas, em oração, entoavam louvores a Deus», ou seja, Paulo e Silas perante a sua dificuldade nada pediam a Deus, mas louvavam-No por todas as coisas.
A Oração de Louvor liberta!!!
Esta é uma verdade que tantos estudiosos da Palavra, proclamam!
E esta libertação, não é muitas vezes a resolução do problema, mas sim o aceitar da vontade de Deus, louvando-O pela dificuldade, e por isso mesmo a “prisão” constituída por essa mesma dificuldade, deixa de existir.
Por isso Paulo e Silas não fogem a correr da cadeia, mas ficam ali mesmo, pois já não estão presos, nenhuma cadeia os pode prender, porque estão livres por graça de Deus.
Diz alguém que a Oração de Louvor toca, enternece o coração de Deus.
Livres pela Oração de Louvor, cheios da graça de Deus, ficamos prontos para proclamar a Palavra, «E o Senhor aumentava, (aumentará), todos os dias, o número dos que tinham entrado, (entrarão), no caminho da salvação.» Act 2, 47b

sábado, 12 de maio de 2007

A MÃE - 90 ANOS DE FÁTIMA

A Mãe tinha o filho nos braços e sorria embevecida, totalmente entregue àquela criança.
O Filho de Deus, o Messias!!
Era difícil compreender, abarcar tudo o que isto queria dizer, tudo o que lhe estava a acontecer, mas pensava no seu coração: «Se é a vontade de Deus, assim seja.»
O Menino!! O Menino parecia igual a todos os outros. Dormia em paz, enroscado nos seus braços, encostado ao seu peito de Mãe e como todos os recém-nascidos sorria numa calma perfeita, confiante na Sua Mãe.
Parecia-lhe tudo um sonho! Teria realmente visto o anjo? Teria realmente ouvido aquelas palavras?
Tudo no seu coração lhe dizia que sim e quando levemente embaraçada se lembrava que nunca tinha “conhecido” José, então tudo se confirmava e a verdade impunha-se ao seu coração.
Aquele Menino era verdadeiramente o Filho de Deus e o Seu Nome já estava decidido: Jesus!
Olhava para o Menino e sentia uma alegria indescritível, uma paz duradoura, uma confiança inabalável.
Não percebia bem porquê, mas ao olhar para o Menino nos seus braços, sentia que tinha toda a humanidade ao seu colo, sentia-se Mãe da humanidade.
Não entendia, mas guardava o sentimento no seu coração e pensava que sendo tudo vontade do seu Senhor, então tudo estava bem, e um dia, se fosse da vontade de Deus, iria perceber aquilo que agora não entendia.
Ao olhar o Menino sentia no seu coração que, embora nascido de si, não lhe pertencia só a si, mas a toda a humanidade desde sempre e para sempre.
Não percebia como este sentimento era tão intenso, mas também não se preocupava com isso, pois algo lhe dizia que isso era muito bom e seria fonte de alegria e salvação para muitos e que, para além disso, era a vontade do seu Senhor.
Chamou por José e disse-lhe: «Olha como é lindo, como dorme em paz. Tens de O proteger para que nenhum mal Lhe aconteça, pois pressinto que muitos Lhe hão-de querer fazer mal. Tudo o que disseres está bem para mim e obedecerei a tudo quanto quiseres fazer para salvaguardar a nossa Família.»
José disse-lhe a sorrir: «Não temas. Sabes tão bem como eu que o Senhor está connosco. Se obedecermos a tudo quanto nos diz, nada de mal acontecerá ao Menino, nem a nós.»
Jesus crescia forte e sadio, e nas coisas que ia revelando, fazia estremecer aquele coração de Mãe, tão cheio de amor.
Tanta coisa inexplicável para ela, mas nem um queixume, nem uma recriminação, apenas o coração aberto a tudo quanto lhe fosse dado a conhecer e a vontade enorme de ver crescer Aquele Menino, pois tudo lhe dizia que um dia Ele partiria e ela teria de sofrer, mas isso seria bom para a humanidade.
Nada queria para ela, pois sabia bem que vivendo na humildade tudo tinha, e nunca o mal poderia tocar aquela casa, nem abeirar-se da sua Família.
Vivia feliz e contente cuidando do seu Filho e tratando do seu esposo.
Um dia num casamento, apercebeu-se de que qualquer coisa corria mal e indo indagar acabou por saber que iria faltar o vinho.
Sem entender muito bem porquê, dirigiu-se ao seu Filho e disse-Lhe: «Filho, não têm vinho.»
Na resposta de Jesus e nos Seus olhos viu que apenas era preciso fazer a Sua vontade e foi isso mesmo que disse aos empregados: «Fazei tudo o que Ele vos disser.»
Descansada, soube no seu íntimo que a partir daquele momento não iria faltar mais vinho naquela festa e que o vinho iria ter uma importância decisiva na vida de Jesus e de todos os homens.
Continuava sem se preocupar em entender. Era a vontade do seu Senhor.
Jesus já Homem, disse-lhe então: «Mãe, vou partir para a missão que o Pai me entregou. Preciso de ti na sombra. Ainda te vou pedir muitas coisas e muitos sacrifícios.»
O seu coração de Mãe estremeceu. Não sabia porquê, mas aquele anúncio da partida do seu Filho, era o anúncio que mais temia.
Porquê, não entendia, mas tinha a esperança que aquela partida não fosse necessária, pois conhecia desde já no seu coração a dor que aquela missão comportava.
Mas como em tudo na sua vida até então, apenas disse: «Faça-se a vontade do meu Senhor.»
Quando disse esta frase percebeu talvez pela primeira vez, que se estava a dirigir ao próprio Filho, e entendeu como uma grande verdade, que a vontade do Pai era a vontade do Filho, e que a vontade do Filho era a vontade do Pai.
E então vieram dizer-lhe coisas do seu Filho!
E se muitas eram coisas boas e alegravam o seu coração de Mãe, outras eram más, terríveis e faziam-na ter pena sobretudo daqueles que as diziam, também porque não lhes podia explicar tudo o que se estava a passar, porque a verdade é que ela sabia que tudo estava bem e de acordo com a vontade do seu Senhor, só que ainda não sabia explicar porquê.
Tantas vezes na sombra, no meio da multidão, anonimamente, como ela gostava de estar, ouvia o seu Filho e estremecia o seu coração, não conseguindo entender porque é que Deus a tinha escolhido para ser Mãe dO Messias, dO Salvador.
Na sua humildade perguntava se seria digna de ser a Mãe de Jesus, mas no seu coração sabia que, por graça imensa de Deus, a sua purificação tinha sido completa, perfeita e assim tinha podido ser Mãe do Salvador.
Fazia-lhe falta José, aquele homem forte e seguro que, não tinha dúvida nenhuma, o Senhor tinha escolhido para estar a sua lado, para ser o pai terreno daquele Homem/Deus que tinha vindo pegar fogo à terra, com a promessa de que esse fogo nunca se apagaria.
À medida que se aproximavam de Jerusalém o seu coração ia ficando mais pequenino. Mas a certeza profunda de que a vontade de Deus estava a ser cumprida e ia até ao fim, alegrava-a por toda a humanidade, que já sentia pertencente ao seu seio.
Então tudo se desenrolou muito rapidamente!
Soube daquela farsa de julgamento e todo o seu ser sentiu a injustiça, estremecendo só de pensar no que aqueles homens iam fazer.
Apeteceu-lhe gritar forte e bem alto: «Parem homens, que estais a julgar o Filho de Deus! Quem sois vós para julgardes o Messias prometido!»
Mas ela sabia no seu coração que o seu Filho tinha de ser entregue aos homens para cumprimento da vontade do Pai, e também ela se devia entregar à vontade do Filho, cumprindo assim o que para ela estava determinado.
A coroa de espinhos, cada açoite, cada cuspidela, cada bofetada, cada troça, cada humilhação, cada injustiça, eram para ela espadas atravessadas no seu coração.
Mas calava e dava graças a Deus por aquele Filho obediente, que cumpria a vontade do Pai e Se entregava pela humanidade.
Queria correr para Ele, abraçá-Lo, lavar-Lhe as feridas, consolá-Lo, mas o seu coração dizia-lhe que o Pai estava com Ele e que Ele vivendo no amor, também por amor sofria e por amor Se entregava por aqueles por quem vivia essa paixão tão dolorosa.
Viu-O com a Cruz às costas e sentiu que se o Corpo dEle cedia, se o Corpo dEle sofria, o Seu Espírito exultava na obediência do amor.
Quis aproximar-se dEle, mas a humildade e uma entrega aos outros, levaram-na a ficar longe, permitindo que outros e outras dEle se aproximassem e tocando-O alcançassem as graças e os dons que ela sentia já lhe tinham sido dados.
Viu aquela mulher aproximar-se com uma toalha e dando graças a Deus pelo consolo que ela iria dar a Jesus com esse gesto, pediu-Lhe no seu coração de Mãe: «Meu Filho, deixa uma recordação, um sinal do Teu amor no sofrimento, a todos quantos ainda hão-de vir.»
Chegou por fim àquele monte para onde O quiseram levar.
Então, humilhação suprema, despiram-No e colocaram-No nu à frente de toda aquela gente.
Até onde ia o martírio para salvar o que até então estava perdido!
No seu coração apenas pensava: «O meu Filho está mais vestido que todos nós que aqui estamos, pois está coberto com o amor e a obediência ao Pai.»
Percebeu então que Jesus devia partir nu, livre de tudo o que representava o mundo, para chegar a Seu Pai apenas com o Corpo feito à Sua imagem e semelhança, tal como Deus sempre quis.
O som cavo do maço batendo nos cravos que trespassavam as mãos e os pés do seu Filho, abria-lhe feridas no coração, mas mais uma vez sentia sem entender porquê, que cada uma daquelas pancadas, significavam salvação para muitos dos que estavam perdidos.
Ergueram-No então e Ele ali ficou pendurado na Cruz, dominando toda aquela cena.
Olhou-O e nos Seus olhos apenas encontrou amor, perdão, bondade, misericórdia, e pensou: «Ó meu Jesus, aí na Tua Cruz, em vez de dominado como eles pensam que estás, pelo contrário, és vencedor e tão vencedor que até lhes perdoas o que Te estão a fazer!»
Ao lado de Jesus tinham colocado dois malfeitores em suplício, mais uma humilhação!
Apercebeu-se que Jesus virando a cabeça para um dos homens proferia algumas palavras que não entendeu. Teve no entanto a certeza de que o seu Filho tinha salvo mais uma alma perdida, porque o rosto do homem com quem Ele falou, se iluminou com uma luz suave e a tranquilidade transpareceu no seu rosto. Parecia que as dores lhe tinham passado!
Ouviu-O então chamar e logo acorreu para O ouvir.
Jesus disse então com voz terna e amorosa: «Mãe, fica com João. Eu to entrego como filho e nele Mãe estão todos os Meus irmãos que já existiram, que existem e que hão-de existir.»
Voltando-se para João disse-lhe: «João, Eu te entrego a tua Mãe e sendo tua Mãe, é Mãe de todos aqueles que como tu são, foram e hão-de ser feitos à imagem e semelhança de Meu Pai.»
Percebeu então todo aquele sentimento que lhe tinha tocado o coração quando tinha Jesus nos braços. Compreendia agora, que ao tê-Lo nos seus braços, tinha toda a humanidade.
Percebia porque sofria tanto no seu coração com todas as coisas que faziam ao seu Filho, porque sofria por aqueles que as faziam e não tanto pelo seu Jesus. Entendeu então que Jesus ia ser muitas vezes crucificado ao longo dos tempos e que seriam os seus filhos que o iriam fazer.
O seu coração chorou lágrimas de sangue e prometeu a si mesma, que de acordo com a vontade do seu Senhor, havia de visitar muitas vezes os seus filhos para lhes mostrar o caminho e os ajudar a amar acima de tudo o seu Irmão mais Velho, que por eles Se entregava.
Ouviu-O suspirar e sentiu que o Pai O chamava e Ele se entregava.
Tudo estava consumado!
Uma paz muito grande inundou todo o seu ser de Mãe.
Teve a certeza de que os filhos que agora viviam no seu coração, tinham a salvação ao seu alcance, porque Aquele que por amor tinha querido nascer dela, estava junto do Pai pedindo por todos eles.
E Àquele Filho o Pai nada podia negar!
Tudo em si vivia agora na espera ansiosa do terceiro dia, porque essa era uma certeza que habitava no seu coração.
Ela veria de novo Jesus, ressuscitado e vivo. Vê-Lo-ia, agora sim, partir definitivamente para o Pai, embora soubesse que Ele havia de permanecer para sempre entre os homens.
Ansiou pelo momento em que se Lhe pudesse juntar e pelos momentos em que por vontade do seu Senhor, viesse visitar os seus filhos na terra e avisá-los do amor que os aguardava no Céu.
Mas como em tudo na sua vida, apenas disse: «Eis a escrava do Senhor, faça-se em mim segundo a Sua palavra.»

domingo, 6 de maio de 2007

O MANDAMENTO NOVO

«Dou-vos um mandamento novo: que vos ameis uns aos outros; que vos ameis uns aos outros assim como Eu vos amei. Por isto é que todos reconhecerão que sois meus discípulos: se vos amardes uns aos outros.»
Jo 13, 34-35

Um mandamento novo!
É um mandamento novo, não porque é de agora, porque é recente, mas porque é o mandamento que «faz novas todas as coisas» cf Ap 21,5a
É novo porque é o oposto do velho, e o velho nada traz de novo.
E o velho não é o antigo.
Antigo é o que tem muito tempo, mas pode ser novidade; velho, (até pode ser recente), mas já não traz novidade.
E o amor é sempre novo.
O que ama, e o que é amado, é sempre novo no viver de cada um, porque é sempre descoberta na entrega de cada um ao outro.
É um mandamento novo também, porque agora afirma como deve ser o amor uns pelos outros: «como Eu vos amei.»
Não por interesse, para receber depois de dar, mas porque se ama, no amor perfeito de Cristo em nós.
O amor que é todo entrega, que é a dádiva de si próprio.
E assim neste mandamento novo seremos verdadeiras testemunhas, porque os outros «reconhecerão que somos Seus discípulos», que transmitimos a Boa Nova, não só com a Palavra, mas também com o testemunho de vida.

«Louvavam a Deus e tinham a simpatia de todo o povo. E o Senhor aumentava, todos os dias, o numero dos que tinham entrado no caminho da salvação.»
Act 2, 47

segunda-feira, 30 de abril de 2007

ENSINAMENTO DE VIDA

Tive um fim de semana muito ocupado, mas sobretudo vivido muito intensamente.
No Sábado estive num almoço convívio com ex-combatentes da Guiné, (onde estive de 1971 a 1973), e hoje, Domingo, participei na Sé de Leiria, na celebração da Eucaristia de Ordenação de um Presbítero, o Marco, e um Diácono, o Marcelo, que pertence desde a primeira hora à nossa Comunidade Luz e Vida.
Perguntarão o que tem uma coisa a ver com a outra, e também eu perguntei isso mesmo ao meu Deus e Senhor, que sempre nos dá algum ensinamento sobre o que vai acontecendo no dia a dia das nossas vidas.
No almoço convívio, (de muitos ex-combatentes que se reúnem num blogue, Luís Graça & Camaradas da Guiné ), estavam por isso mesmo, muitos camaradas de armas, (como nos costumamos chamar), de diversas idades, proveniências e unidades militares, dos quais muitos não se conheciam ainda pessoalmente.
No entanto, o sentir, a identificação de algo comum, a unidade de uma experiência colectiva, a comunhão de todos estes sentimentos e vivências, fazia com que nos sentíssemos todos iguais, todos irmanados, todos acolhedores, todos no fundo como um só, embora tão diferentes nas nossas vidas, desde a idade, à politica e com certeza à religião.
Na Eucaristia da Ordenação do Marco e do Marcelo, estávamos também pessoas de diversas idades, diversas experiências de vida, locais diferentes, diferentes “sentires”, diferentes modos de viver a Fé, mas no entanto, todos unidos, acolhedores, sorrindo uns para os outros, querendo dar as mãos, e na diversidade, comungando a e na unidade com o Senhor Nosso Deus.
E então o que é que em eventos tão diferentes, se pode encontrar como ensinamento para a vida?
E a resposta é a própria vida, a vida que se dá, que se entrega, a vida que se recebe, a vida que se predispõe para os outros e dos outros para nós.
Com efeito, na guerra, colocamos a nossa vida nas mãos dos outros, dos que estão ao nosso lado, que nos acompanham e que às vezes apenas conhecemos ali, enquanto os outros nos entregam as suas vidas, confiando em que as vamos proteger com as nossas próprias vidas.
Só com essa entrega mútua de confiança, é possível sobreviver na guerra.
Essa vivência faz-nos identificar com todos os que estiveram na guerra, no nosso tempo, no nosso sitio, ou tempos e sítios totalmente diferentes.
Quando nos encontramos, conhecendo-nos ou não, apesar de todas as diferenças que possam existir entre cada um, abraçamo-nos, acolhemo-nos e comungamos de um mesmo sentimento: a vida que continuamos a ter.
Na vivência da Fé, na e em Igreja, a vida só tem sentido se for uma oferta permanente a Deus, e por Deus aos outros.
Só posso viver e crescer em comunhão com os outros e para os outros, senão arrisco-me a perecer na primeira dificuldade, a cair na primeira tentação.
A minha salvação só tem sentido na salvação dos outros e os outros contam com a minha entrega em oração por eles, como eu conto com a sua entrega em oração por mim.
Pode mesmo chegar-se um dia ao extremo de termos, por amor, de dar a vida pelos outros, entregando-nos confiantemente nas mãos do Criador, como ainda hoje tantos fazem, em nome de Deus, pelos seus irmãos.
E não interessa onde estamos, onde nos encontramos, no nosso país ou outro qualquer, porque nos identificamos e reconhecemos nessa entrega de amor a Deus e aos outros.
Na guerra os outros confiam que eu os protegerei e contam com as minhas capacidades, como eu conto com as deles, para chegarmos sãos e vivos ao nosso ponto de partida.
Na Igreja, os outros contam com as minhas orações, com o meu testemunho de vida, como eu conto com o deles, para crescermos juntos na Fé e alcançarmos a Salvação, que nos foi dada por Jesus Cristo Nosso Senhor.
A entrega da nossa vida, pelos outros e dos outros por nós, leva-nos a este encontro de comunhão de sermos um só com o mesmo objectivo.
A diferença está em que, na guerra a finalidade é preservarmos a nossa vida, muitas vezes aniquilando a vida do outro.
Na vivência da Fé, em Igreja, a finalidade é a salvação do outro com a entrega da nossa vida, alcançando também a nossa salvação.
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Aviso: O blogue a que faço referência é constituido pelas memórias daqueles que combateram numa guerra e com vivências de vidas muito diferentes entre si, pelo que pode ter alguns textos "chocantes" para quem não viveu estas experiências, por vezes muito traumatizantes.
Eu próprio vivia nesse tempo totalmente afastado de Deus, sem qualquer vivência da Fé que hoje anima a minha vida.

quinta-feira, 26 de abril de 2007

PRO-VOCAÇÃO

Como podes tu pensar que és capaz sozinho?
Desde que nasceste, que te ensinam a andar, a falar, a comer, a utilizares a tua vida num mundo que tantas vezes te é hostil.
Ensinam-te as letras, as histórias, as ciências, e tudo o que vais precisando para poderes fazer uso da inteligência, dos dons e talentos que estão na tua vida.
Ensinam-te aquilo que querem que faças no trabalho que hás-de ter, para fazeres render a tua vida.
Dão-te conselhos sobre como hás-de ser mãe, pai, filho ou mesmo solteiro na tua vida.
E quando fores mais velho, vais precisar que tomem conta de ti, que te façam companhia, que te ajudem naquilo que já não consegues fazer.
E afinal na tua vida espiritual, aquela que dá sentido a toda a tua vida, que esperas tu, para ouvires o teu Deus, para pedires o Seu conselho, para fazeres a Sua vontade?

terça-feira, 24 de abril de 2007

DE PESCA "SABEMOS NÓS" ??

Simão respondeu: «Mestre, trabalhámos durante toda a noite e nada apanhámos; mas, porque Tu o dizes, lançarei as redes.» Lc 5, 5

Disse-lhes Simão Pedro: «Vou pescar.» Eles responderam-lhe: «Nós também vamos contigo.» Saíram e subiram para o barco, mas naquela noite não apanharam nada. Ao romper do dia, Jesus apresentou-se na margem, mas os discípulos não sabiam que era Ele. Jesus disse-lhes, então: «Rapazes, tendes alguma coisa para comer?» Eles responderam-lhe: «Não.» Disse-lhes Ele: «Lançai a rede para o lado direito do barco e haveis de encontrar.»
Lançaram-na e, devido à grande quantidade de peixes, já não tinham forças para a arrastar. Então, o discípulo que Jesus amava disse a Pedro: «É o Senhor!» Simão Pedro, ao ouvir que era o Senhor, apertou a capa, porque estava sem mais roupa, e lançou-se à água. Jo 21, 3-7



Aqui reside a diferença: A confiança na entrega à vontade de Deus por parte dos Apóstolos, em comparação com a entrega das nossas vidas no dia a dia.
Quantas vezes no dia a dia, fazemos e repetimos as coisas que julgamos certas, correctas, e não obtemos resultados, não obtemos o que nos convém.
E teimosamente, continuamos a fazer exactamente como nós pensamos que é melhor, porque de “pesca percebemos nós”.
Não cuidamos de ouvir e seguir o que o Senhor nos diz para fazermos, porque espartilhamos as nossas vidas em duas vivências: O que é de Deus e o que não é de Deus, segundo o nosso pensamento.
E assim não deixamos que Ele nos conduza na vida em família, no trabalho, nas nossas relações pessoais, em tudo afinal, mas apenas no que diz respeito àquilo que consideramos a nossa vida “religiosa”.
Não colocamos, ou melhor não permitimos, a presença de Deus no nosso trabalho, na nossa vida diária.
O Senhor vem romper com os hábitos instalados e por isso nos diz: «Volta à pesca, mas agora faz como te digo, lança a rede para o outro lado.»
Quando então confiamos e nos entregamos à Sua vontade, a “pesca” acontece, o fruto é abundante e a vida permanece, porque servindo-se do nosso trabalho, da nossa vida entregue a Ele, o Senhor tudo pode e tudo faz, para que «tenhamos vida e vida em abundância», e essa mesma vida seja transmitida aos outros, pelo nosso testemunho.

sábado, 21 de abril de 2007

THINKING BLOGGER AWARD


Foi-me concedido este “prémio”, ou melhor, foi-nos concedido este “prémio”, (neste “foi-nos concedido”, envolvo todas/os os que aqui vêm, comentando ou não, pois são também construtores deste blogue), que nos foi dado pela bondade e amizade da Malu, d’ A Capela.
Tudo o que aqui escrevo, não é meu, mas de Alguém infinitamente maior do que eu que me inspira, e eu apenas sou pobre, muito pobre, pois não consigo transmitir tudo o que Ele faz na minha vida e diz ao meu coração.
Só tem sentido se serve aos outros, se é testemunho de Vida Nova, porque para encher o meu ego, infelizmente já tenho orgulho e vaidade que cheguem em mim.
E agora, como distinguir como me pede a Malu, 5 companheiras/os de caminho?
Fugindo, reconheço, ao que me é pedido e porque são tantos aqueles que percorro no dia a dia e me fazem pensar, meditar e até mudar, alguns muito próximos, outros mais longe, alguns muito de acordo com o que penso e vivo, outros nem tanto, mas porque todos, todos sem excepção me ajudam a construir a minha vivência diária da Fé no Pai, no Filho e no Espírito Santo, e a comungar em Igreja, com todos os que estão na Igreja ou fora dela, decidi nomear apenas um, que no fundo representa para mim todos os outros.
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E representa todos os outros, porque ali se encontra a exortação constante à imitação de Cristo, porque acolhe os pecadores, e não o pecado, acolhe os que estão “fora”, une os que estão “dentro”, exerce-se a liberdade de pensamento, mas vivesse a liberdade da obediência no amor, une-se no amor, comunga-se em Igreja.
Por isso mesmo digo que representa todos os outros, pois ali encontro um pouco de cada um. Tem sido uma fonte de meditação, de “incómodo”, de procura, de revisão de vida, de chamamento a um maior aprofundamento da Fé, da Doutrina, da vivência diária no mundo, testemunhando a Vida Nova em Cristo Ressuscitado.
Encontro o que penso, e o que me faz pensar, encontro o que vivo, e o que devia viver, encontro o que conheço, e o que preciso conhecer melhor.
O Thiago, seu autor, exerce a liberdade de pensamento, de vivência da Fé de uma maneira que me tem tocado, pois não deixando de apresentar aquilo que pensa e em que muitas vezes é critico da vivência da Fé “acomodada “, não deixa de afirmar o seu amor, a sua entrega à Fé, à Doutrina, à Igreja.
Nos seus escritos é revelada uma grande vontade de união, enquanto comunhão, mas sempre tendo em vista Aquele que nos criou e primeiro amou, e a Igreja que fundou entre nós e para nós.
A sua linguagem é acessível e não uma demonstração estéril de conhecimentos, de “palavras difíceis”, que por vezes apenas reflectem uma vontade de mostrar aos outros uma intelectualidade, que não toca, nem provoca vida.
Concordo sempre com ele? Não, nem sempre, mas mesmo naquilo em que não concordo, encontro sempre uma provocação à minha vida, à minha vivência, para saber mais, sobretudo para viver mais e melhor, o que quer dizer viver mais para os outros e com os outros, em Jesus Cristo.
Há muito que queria escrever sobre o Aliquando e foi-me dada agora essa oportunidade, que agradeço à Malu, flor de Pai, como lhe chamou o Andarilho no seu comentário.
Não sei se o Thiago, que não conheço pessoalmente vai ficar zangado comigo, mas o meu pai, (que se fosse vivo teria 108 anos), ensinou-me sempre que, para ele, uma das maiores virtudes, ou atitudes, era a gratidão, e eu estou grato ao Thiago por tudo o que me tem feito pensar e viver.
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Este “prémio” foi concedido A Capela, pelo Vou Ali e Já Venho, (já vinha de outros), e trazia com ele o pedido de indicação por cada contemplado, de outros 5 nomeados.
Peço desculpa mais uma vez, porque não o fiz, e deixo essa incumbência ao Aliquando, bem como a de colocar a imagem do "prémio" no seu blogue, se ele assim quiser aceitar.

quarta-feira, 11 de abril de 2007

CARTA ABERTA AO SENHOR PRESIDENTE DA REPÚBLICA

Exmo. Senhor Presidente da República

Li atentamente a mensagem que V. Exa. entendeu enviar à Assembleia da República, acompanhando a promulgação da chamada Lei do Aborto.
De tudo o que na mensagem se lê, é manifesto que V. Exa. entende que a Lei não serve os Portugueses, pois não acautela os direitos e deveres dos cidadãos Portugueses, não só os concebidos em gestação, mas também os seus progenitores, mulheres e homens.
E no entanto, V. Exa., promulga a lei baseado no facto de que a mesma foi aprovada na Assembleia da República por uma “ampla maioria”, pois se não li mal, é apenas essa a razão para V. Exa. a promulgar.
Mas V. Exa. não foi eleito para agradar a uma “ampla maioria”, mas para defender e salvaguardar em consciência os direitos e deveres dos Portugueses, de todos os Portugueses, e como muito bem sabemos, por tantas experiências já passadas, de que V. Exa. com certeza muito bem lembrará, nem sempre as “amplas maiorias” têm razão, e por isso mesmo o cargo do Presidente da República implica isso mesmo, o discernimento do que é bom para os Portugueses e não o que uma “ampla maioria” pensa e impõe.
Ora toda a argumentação utilizada por V. Exa. indica tudo aquilo que o comum cidadão sente e percebe:
Esta Lei não acautela os direitos dos que são concebidos em gestação, (e que por isso mesmo não se podem defender), não acautela os direitos e deveres das progenitoras, não acautela os direitos e deveres dos progenitores.
E no entanto V. Exa. promulga a Lei, indo contra os seus princípios, que estão bem expressos na sua mensagem, indo contra os princípios que sempre nortearam o povo Português.
Mas mandou V. Exa. uma mensagem!
Desculpe-me Senhor Presidente da República, com todo o respeito pelo alto cargo que V. Exa. desempenha e pela sua pessoa, mas apenas me faz lembrar o episódio que ainda agora nos foi recordado na Semana Santa:
Também Pilatos, embora convencido da inocência dO que queriam condenar, apenas se limitou a afirmar que O considerava inocente e depois lavou as mãos.
Sabe V. Exa., tão bem ou melhor do que eu, que tal mensagem não surtirá qualquer efeito junto daqueles que se encarniçam em levar avante a sua luta, muito mais politica, do que humanitária, se é que se pode apelidar de humanitária uma causa que defende o aborto.
Ao que sei, (não sou jurista), V. Exa. tinha o poder de veto nas suas mãos, devolvendo a Lei à Assembleia da República, com a referida mensagem, “exigindo” que fossem introduzidas as alterações necessárias e suficientes para preservar a vida de todos os envolvidos, os concebidos em gestação e os seus progenitores.
Se a tal “ampla maioria” quisesse manter assim a Lei, teria de a fazer votar por dois terços dos deputados da Assembleia da República e aí sim, V. Exa., teria desempenhado as suas funções até ao limite e não lhe restava então outra alternativa que não a promulgação da Lei, a não ser que quisesse proceder de acordo com a Fé, com a Doutrina, que se afirma professar.
Creia Senhor Presidente, que ao ter de ceder a essa maioria, tal não seria visto como uma “fraqueza”, mas receberia dos Portugueses compreensão por alguém que tinha lutado pelas suas convicções, convicções que reflectiam o pensar, sem margem para dúvidas da maioria dos Portugueses, muitos deles que votaram sim no referendo na convicção de que, o que V. Exa. advoga na sua mensagem, seria considerado na Lei.
Tal, como afirmo adiante, não tornava a Lei legitima, mas esgotava do ponto de vista do cargo que V. Exa. exerce, todas as possibilidades de fazer valer alguma consideração pelos valores humanitários que devem estar sempre presentes na governação de uma Nação.
Mas para além destas razões, V. Exa., (no meu entender), feriu gravemente a Fé, a Doutrina, que diz professar.
Com efeito, ao dar o seu aval, (é disto que se trata), a uma Lei que vai contra a Palavra de Deus, que vai contra a Doutrina da Igreja Católica, V. Exa., com toda a consideração e respeito que me merece, não deu verdadeiro testemunho da Fé que pretende viver e colocou-se em desacordo com a Igreja Católica em que diz comungar.
É que, Senhor Presidente, o seu compromisso como Cristão e Católico é primeiramente com Deus e por Este com os homens, e não o contrário.
Para um Cristão Católico, não é admissível nenhum compromisso que viole a Palavra de Deus.
Por Ela muitos morreram no passado e ainda morrem hoje. Por Ela muitos são perseguidos ainda nos nossos dias. Por Ela muitos abdicam de uma vida cheia de mundo, para viverem uma vida cheia de Deus.
E todos eles são recordados para sempre, como V. Exa. também seria, se tivesse procedido de acordo com o imperativo da Fé, da Doutrina.
Pessoalmente, sinto-me profundamente desiludido com e por alguém que tinha aprendido a respeitar pela força das suas convicções e também por isso mesmo e por “arrasto” com a governação deste País, cada vez mais afastada dos valores da humanidade, cada vez mais afastada das pessoas, cada vez mais afastada do sentir dos Portugueses.
Perdoe-me Senhor Presidente se em algum ponto desta carta sou injusto ou ofensivo, pois não era e não é essa a minha intenção.
Com os meus respeitosos cumprimentos
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domingo, 8 de abril de 2007

RESSUSCITOU !

O dia nascera calmo e sereno.
Sentia-se no ar uma brisa leve e suave que ao passar de mansinho colocava tudo em movimento, as folhas, as flores, o pó das estradas, a erva, os cabelos das pessoas que passeavam, podia afirmar-se até que era uma brisa semelhante a um sopro de vida, que tudo o que tocava, fazia viver.
Parecia que da terra ou do céu, um odor penetrante, mas macio, inundava a atmosfera e perfumava tudo o que existia.
Os animais, as plantas, as águas, as montanhas, as nuvens, toda a natureza e os seres humanos, pareciam sorrisos abertos, fontes de vida inesgotáveis, oásis de esperança, mares de tranquilidade.
Pairava no ar realmente, uma atmosfera de coisa nova, de alegria, de paz, de espectativa, de existência de vida.
De repente e enchendo todo o universo, todas as partes sem excepção, toda a existência, chegou com um fragor imenso, mas calmo e sereno, o Anúncio, como um grito de paz e verdade:
Ressuscitou o Senhor, Ressuscitou!!!
Quedou-se muda de espanto a criação, para logo em seguida, baixando a cabeça e abrindo o sorriso, gritar também dentro de si mesma e para fora:
Ressuscitou o Senhor, Ressuscitou!!!
Ah, que verdade imensa, que mistério de vida, o proscrito, o condenado, o humilhado, o desprezado, o derrotado, o já esquecido, ressuscitara, vencera a morte, vivia novamente para sempre na glória que tudo vencia.
Ah, que derrota profunda, para aquele que convencido que vencera, de cabeça baixa, percebia agora que a sua luta apenas se podia dedicar à criação.
Ah, que ódio amargo vivia naquele que só queria destruir, mas agora sabia que o Ressuscitado, estava com aqueles que criara, para sempre.
A Carne e o Sangue unidos na vida e oferecidos para sempre, gritavam glória ao Senhor que vencera a morte, ao Senhor do Céu e da terra, ao que veio para salvar, entregando-Se em obediência.
Tudo era novo, nada era como dantes:
Os que tinham esperado, subiam agora à visão eterna, os que esperavam, vestiam-se de esperança, os que haviam de esperar, iam nascendo na certeza da Promessa.
Como era bom e grande o mundo, abençoado pela vida de Quem derrotara a morte.
A Palavra permanecia, era proclamada todos os dias, guardada nos corações, era a esperança da vida, depois da vida acabada.
Que certeza tão profunda habitava em todos nós:
Que todos os dias Ele se entregava, que todos os dias Ele morria, que todos os dias Ele ressuscitava, que todos os dias Ele para sempre nos salvava.
Oh, que profundo e infinito amor, do Deus que tudo criou, por nós Se entregou e para nós ressuscitava.
Oh, que infinita misericórdia, do Deus tão ofendido, que com um sorriso nos abençoava.
Oh, que infinita bondade, do Deus tão abandonado, que até uma Mãe nos dava.
Oh, que infinita fidelidade, do Deus todos os dias traído, que nunca nos abandonava.
Oh, que infinita esperança, em Deus dono do tempo, que em todo o tempo para sempre, dia a dia nos acompanhava.
Oh, que alegria suprema, que gozo eterno e constante, que fogo sempre a arder, na certeza de saber, que tendo ressuscitado, subido aos Céus e vencido, Jesus Cristo é para sempre, ontem, hoje e amanhã, com o Pai e o Espírito Santo, o nosso Deus Vivo e Verdadeiro.