sábado, 27 de setembro de 2025

“PASSARITO DE BICO ABERTO”

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Por estes dias um comentador de jornais que se diz cristão católico, decidiu escrever um texto em que pretende ensinar, (diria ridicularizar), alguns católicos na sua forma de comungar o Corpo e o Sangue de Cristo na Eucaristia.

Escreve ele o seguinte entre outras coisas: “Vejo demasiados jovens a comungar de joelhos, de mãos atrás das costas e de boca virada para cima como se fossem passaritos de bico aberto à procura da comida regurgitada pela mamã. Lamento, mas a hóstia não é papa”.

Pois eu, referindo-me à Eucaristia, até gosto de ser um “passarito de bico aberto à espera de papa”!

Aliás ser um simples “passarito sempre de bico aberto” à espera de comida é uma imagem que, como católico, não me incomoda.

Foi o próprio Jesus Cristo que disse «a minha carne é uma verdadeira comida e o meu sangue, uma verdadeira bebida» (Jo 6,55), pelo que, comparar-me com um simples “passarito de bico aberto” perfeitamente dependente dessa Comida Divina que lhe é dada, é uma comparação que aceito de coração aberto

Se o faço ajoelhado ou de pé isso interessa pouco, (desde que o faça no modo como a Igreja ensina), porque o que verdadeiramente interessa é ser totalmente dependente da Comida que Jesus me dá, afirmando Ele próprio que «quem realmente come a minha carne e bebe o meu sangue fica a morar em mim e Eu nele», (Jo 6,56), e é isso que todo o católico deve desejar no mais profundo do seu ser.

Pena é, (e Deus me perdoe o julgamento), que haja alguém que, arrogantemente, atire a outros católicos “imagens” que pretendem ridicularizar o modo como recebem o Sacramento da Eucaristia, tratando-os quase como “indigentes espirituais”.

Eu, por mim, não me importo de ser sempre um “passarito de bico aberto” à espera do Alimento Divino, (não me incomoda a imagem da papa que é afinal um alimento sobretudo das crianças, que são puras), e espero bem que, tendo as “asas no chão ou as asas levantadas”, esteja sempre pronto para fazer o caminho que, no amor do Pai, Jesus Cristo me dá, guiado pelo Espírito Santo, em Igreja.







Marinha Grande, 27 de Setembro de 2025
Joaquim Mexia Alves

sexta-feira, 26 de setembro de 2025

TOMA A MINHA VIDA

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Na Tua presença peço-Te que tomes a minha vida, Senhor, toma nas Tuas mãos pois eu Te a quero entregar.

Aliás, esta vida que chamo minha, foste Tu, Senhor, que ma deste, porque a tinhas e tens, (como tinhas e tens a vida de todos), no Teu coração.

O meu maior bem, a vida, foste Tu que ma deste e, tantas vezes, Senhor, faço mau uso dela, tantas vezes me deixo levar pelas minhas fraquezas, e não me sirvo da vida que Tu me deste para fazer o bem, para fazer o que sempre me pedes: Amar-Te acima de todas as coisas e, no Teu amor, amar os outros como a mim mesmo.

Tudo me deste, Senhor, quando me deste a vida, porque por mim e por todos quiseste entregar a Tua vida, aquela vida que quiseste viver igual à minha, igual à de todos, exceto no pecado.

Por isso, Senhor, a minha vida só é completa em Ti e Contigo e, se me afasto de Ti, então afasto-me da vida, da vida verdadeira que és Tu, Senhor.

Para que me serve a vida senão a viver no amor e para o amor, sabendo que Tu és amor, Senhor, e que o amor só é verdadeiro quando é enformado no e pelo Teu amor.

Que interessa a minha vida se a fechar mim e a viver apenas para mim?
É essa a verdadeira vida?
Claro que não, porque a vida sem Ti, não se completa verdadeiramente.

Ao olhar-Te e a meditar na Tua vida entre nós, que foi e é toda amor e toda entrega, só posso perceber que a minha vida também tem que ser doação, pois ela só se completa em Ti, e Tu, Senhor, estás nos outros e és vida nos outros.

Toma a minha vida, Senhor, a vida que me deste, e faz nela a Tua vontade ou, Senhor, permite que Te peça que me ensines e ajudes a vivê-la como Tu queres, para Ti, por Ti, e em Ti, para os outros.

Obrigado, Senhor.






Garcia, 22 de Maio de 2025
Joaquim Mexia Alves
(escritos em adoração)

terça-feira, 16 de setembro de 2025

UM VERDADEIRO GENOCÍDIO

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Em África morre-se todos os dias, como aliás no mundo inteiro.

Mas as mortes a que me refiro em África são as de cristãos chacinados, decapitados, queimados vivos nas igrejas em que celebram a fé que os anima.

Muito poucos órgãos de comunicação social reportam este verdadeiro genocídio e, quando o fazem, logo deixam cair a notícia, para que rapidamente entre no esquecimento.

Não é só na Nigéria, Moçambique ou Sudão, mas em muito mais países de África que tal acontece, de tal modo que, as mortes, desde há anos para cá, são quase já incontáveis.

Mesmo a nossa Igreja Católica é, (perdoem-me se estou enganado), muito tímida na condenação desta verdadeira barbárie destes nossos tempos.

Ouvem-se as vozes de alguns Bispos africanos, (que infelizmente parecem pregar para o deserto tal é a indiferença com que a opinião geral os ouve), e a ACN – Ajuda à Igreja que Sofre, que não se cansa de noticiar estes horrores, mas quase sempre sem que isso mova a opinião pública em geral.

Mas a verdade é que as guerras que acontecem na Ucrânia e em Gaza, (para citar apenas estas duas), são constantemente reportadas, e é muito nítida a indignação geral por todos as mortes provocadas por esses confrontos.

Condenam-se abertamente nas primeiras páginas dos jornais e televisões aqueles que perpetram essas mortes, mas essa condenação tão veemente, não acontece em relação à morte dos inúmeros cristãos em África, e não só, e que constitui, é bom que se repita até à exaustão, um verdadeiro e real genocídio.

Será que os cristãos não são gente também?
Será que por serem de Cristo não merecem a mesma dignidade de todos os outros?
Será que estes verdadeiros crimes sobre gente cristã indefesa não têm o mesmo “valor” dos outros praticados sobre outras gentes?

Esta é uma realidade muito crua e verdadeira que os “fazedores de opinião”, os ditos jornalistas, os políticos e governantes, não querem ver, mas não deixa de ser um terrível crime envolto numa hipocrisia humana sem limites.

Infelizmente este pobre texto suscitará, talvez, algumas reacções, mas também muito rapidamente será esquecido e colocado no caixote do lixo da hipocrisia que parece governar este mundo de agora.

Que a Igreja Católica denuncie permanentemente este genocídio, e escolha um dia ou até uma semana, para que, todos unidos em oração, peçamos por estes irmãos e irmãs que sofrem todos os dias nas suas vidas a ousadia de quererem ser cristãos.

Estes são os mártires dos nossos tempos.

Que eles intercedam no Céu por este humanidade que se afasta de Deus.






Marinha Grande, 16 de Setembro de 2025
Joaquim Mexia Alves

quarta-feira, 10 de setembro de 2025

ADORAÇÃO

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Ó Senhor Jesus, aqui realmente presente na Eucaristia, nós nem sequer nos apercebemos da graça imensa que é poder estar Contigo nestes momentos de adoração.

Por vezes até podemos pensar que Te vimos fazer companhia, quando afinal és Tu que nos acompanhas em cada dia e, também, nestes momentos de adoração na Tua presença real na Eucaristia.

Somos infelizmente poucos, Jesus, os que aqui vimos nestes momentos, mas Tu não Te importas, porque nos recebes, recebendo todos aqueles que trazemos nos nossos corações, nas nossas intenções.

E aqui ficamos por esta hora em silêncio, contemplando-Te, adorando-Te, e deixando que apenas os nossos corações falem o que nos vai na alma.

Muitos poderão perguntar-se sobre o que fazemos nós aqui em silêncio, contemplando e amando.

Mas Tu não precisas das nossas palavras, (embora com certeza gostes de as ouvir), mas apenas que os nossos corações estão abertos para Ti.

Ao princípio, Jesus, foi e é ainda um pouco difícil, mas vamo-nos habituando, ou melhor, o Espírito Santo vai nos conduzindo neste silêncio espiritual, que afinal diz bem mais do que quaisquer palavras.

E o tempo, afinal, passa depressa, porque quando se está na presença do Amor e se quer viver do amor e para o amor, o tempo não tem tempo, faz-se eternidade na Tua eternidade.

Ó Jesus, dá-nos sempre este tempo de eternidade que Tu és e faz-nos ousados, até podermos um dia estender estes pequenos momentos de adoração, em adoração perpétua.

Porque não és Tu, Jesus, que dela precisa, mas sim todos nós que aqui estamos, aqueles que aqui não estão, e até mesmo aqueles que aqui não querem estar.

Obrigado, Jesus, recebe nas Tuas mãos a nossa pobre adoração.






Garcia, 14 de Julho de 2025
Joaquim Mexia Alves
(escritos em adoração)


Nota: Fotografia tirada na Capela da Garcia, Marinha Grande, onde duas vezes por semana acontece a Adoração ao Santíssimo Sacramento.

sábado, 6 de setembro de 2025

REFLEXÃO SOBRE A MINHA CRUZ

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Senhor

olhas-me com esse Teu olhar doce e terno e dizes-me com um sorriso: «Quem não toma a sua cruz para Me seguir, não pode ser meu discípulo.»

Eu percebo o Teu olhar, mas não consigo alcançar a razão do Teu sorriso.

Deixo-me tocar pelo Teu amor e ouço-Te dizer me: Sorrio, porque a cruz nos teus ombros, é exactamente a cruz que tu podes carregar.

Ó Senhor, mas às vezes sinto- a tão pesada!

Preferes a minha, meu filho? Olha que é um pouco mais pesada do que a tua, e ainda por cima o peso dela é o peso da tua, mais o peso da de todos os outros, sejam eles quais forem.

Baixo a cabeça, levanto os ombros para pegar na minha cruz, regresso ao caminho, e percebo que ela já não me pesa tanto como antes pesava.

Sou Eu que te ajudo transportá-la, dizes-me Tu, quando a Mim te entregas.

Agora sou eu que sorrio e Te digo cheio do meu possível amor: Obrigado Senhor, pela minha cruz. Peço-Te que me dês força para a transportar e, já agora, mais um pouco de força ainda, para ajudar a transportar as cruzes de outros que colocas no meu caminho.

Abre-se a Tua face, ris alegremente, e dizes-me que cada cruz transportada em amor é sempre unida à Tua Cruz que nos dá a vida e a salvação.




Marinha Grande, 6 de Setembro de 2025
Joaquim Mexia Alves

quarta-feira, 3 de setembro de 2025

INVOCAÇÃO

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Aqui na Tua presença, Senhor, invoco o Teu Nome, levanto as minhas mãos para Ti e entrego-me inteiramente ao Teu amor.

O Teu Nome é Santo, o Teu Nome é doce, o Teu Nome faz mover as montanhas que possam ser obstáculos ao Teu amor.

Quando invocamos o Teu Nome em espírito e verdade, Senhor, acredito firmemente que Tu derramas graças em alguém, em alguma situação que for do Teu agrado, seja aonde for.

Assim, Senhor, talvez eu não precise de pedir sempre por tudo o que trago no coração, mas abrindo-me a Ti, dizer-Te que faças com a minha oração e entrega aquilo que melhor Te agradar.

Talvez seja um modo de “lavar os pés” aos meus irmãos, entregar nas Tuas mãos a minha oração anónima, sem outra intenção que não seja a de que a Tua vontade seja feita em tudo o que Te aprouver.

Invocar o Teu Nome, Senhor, é reconhecer que és Deus e Senhor, e que tudo podes, apesar das fraquezas e pecados daquele que Te invoca.

Como é bom, Senhor, poder dizer, mais do que dizer, sentir, que não sou digno que me ouças, mas que, apesar de mim e da minha indignidade, faças segundo a Tua vontade o bem que Te peço.

Assim, Senhor, acredito que serei sempre atendido, visto que não peço o que julgo importante, mas me entrego ao que é do Teu agrado.

Invoco o Teu Nome, Senhor, baixo a cabeça, abandono-me a Ti e dou-te graças, pelas graças que derramas em quem eu não sei quem é e onde eu não chego, nem posso chegar.

Obrigado, Senhor!






Garcia, 5 de Maio de 2025
Joaquim Mexia Alves
(escritos em adoração)