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Durante o fim de semana reflectimos e falámos, em Igreja, sobre o perdão e o perdoar a quem nos ofende.
Fiquei a pensar nisso mesmo e
percebi que falamos muito sobre perdoar quem nos ofende, (e ainda bem, graças a
Deus), mas pouco falamos de pedir perdão a quem nós ofendemos, excepto quando
nos referimos ao sacramento da Reconciliação e, claro, nesse caso é para pedir
perdão a Deus pelas nossas ofensas.
Perguntei-me o que seria mais difícil:
Perdoar ou pedir perdão?
Assim de repente, para o meu
orgulho, pareceu-me que será bem mais difícil pedir perdão do que perdoar.
É que no fundo, e com toda a
simplicidade, pedir perdão é reconhecer que errei, que ofendi o outro, enquanto
perdoar é, digamos assim, reconhecer, sentir a falta do outro e perdoá-la.
Ora reconhecer os nossos
erros, parece-me bem mais difícil do que reconhecer os erros dos outros, por
isso também nesta semana ouvimos que «temos de tirar primeiro a trave dos
nossos olhos antes de querermos tirar o argueiro dos olhos dos outros».
E isso é tão verdade,
simplesmente falando, que nós tentamos sempre arranjar desculpas para as nossas
faltas, as nossas ofensas, mas raramente procuramos desculpas para as faltas
dos outros em relação a nós.
E curiosamente, essas
desculpas que tentamos arranjar para as nossas faltas, acabam por implicar
sempre o outro, ou seja, o querer transformar o outro no “culpado” da nossa ofensa:
Se ele não tivesse feito assim, eu não tinha feito aquilo!!!
Faz lembrar a história do
sacerdote que dizia a alguém que se confessava a ele: Bem, agora que já me
contou os pecados dos outros, reconheça lá os seus!!!
Pedir perdão é um “baixar a
cabeça”, não como humilhação, mas como acto de humildade, como um acto de
reconhecimento que fomos fracos e ofendemos, (ofender alguém é sempre, para mim,
um acto de fraqueza da nossa parte), sem tentar arranjar desculpas para a nossa
falta.
Mas, curiosamente, perdoar é
também um “baixar a cabeça”, um acto de humildade, pois colocamo-nos ao “nível”
de quem nos ofendeu, deixando o nosso orgulho de lado.
E perdoar é sempre um acto de fortaleza,
sobretudo nos dias de hoje em que se confunde perdoar com fraqueza perante os
outros que nos ofenderam.
Talvez seja confuso o que
escrevo, (até porque não consigo exprimir escrevendo o que sinto), mas isso não
me/nos deve impedir de reflectir que muitas vezes não reconhecemos as nossas
faltas, desvalorizamo-las e por isso mesmo não pedimos perdão por elas,
sobretudo aquelas que nos parecem mais pequenas, “sem importância”.
Ora, penso eu, há-de ser muito
difícil perdoar verdadeiramente se não somos capazes de pedir perdão, porque ao
longo das nossas vidas somos muitas vezes ofendidos, mas também ofendemos
muitas vezes.
É preciso, sobretudo, passar das
palavras aos actos, ou seja, procurar no nosso íntimo a quem devemos perdoar e
procurar quem ofendemos para pedir perdão pelas nossas ofensas.
Só assim, arrisco a escrever,
o perdão será completo.
E depois pedir perdão a Deus e
confiar que Ele nos dará sempre forças, (se quisermos ser sinceros no coração),
para perdoar e pedir perdão.
Festa da Exaltação da Santa Cruz
Marinha Grande, 14 de Setembro de 2020
Joaquim Mexia Alves
1 comentário:
Posso perdoar a quem me ofende mas não sei se me esqueço. E não esquecendo, não sei avaliar até que ponto perdoo.
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Abraço poético
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