sexta-feira, 8 de março de 2013

DIÁLOGOS COM O DIABO (4)

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Diz ele: Vês, esforças-te tanto, fartas-te de rezar, de pedir e vê lá se Ele te concede o que pedes?
 
Digo eu: Sabes bem melhor do que eu que o tempo de Deus não é igual ao meu tempo.
 
Diz ele: Isso é conversa! A verdade, repito-te, é que te fartas de rezar, de pedir e não recebes o que pedes!
 
Digo eu: Olha, eu confio que Ele sabe o que é melhor para mim, não só em relação ao tempo em que me quiser dar o que peço, mas sobretudo em me dar o que Lhe peço.
 
Diz ele: Estou farto de ouvir essa conversa, mas verdade é que vocês pedem, pedem e Ele não vos concede o que o pedem. Se me pedissem a mim, eu satisfazia logo os vossos desejos!
 
Digo eu: Podes então conceder-me o desejo de ser sempre e cada vez mais de acordo com a vontade de Deus?
 
Diz ele: Mas isso é uma tolice, pedires-me a mim para seres mais parecido com Ele! Eu abomino isso! Mas pede-me dinheiro, poder e fama e vais ver se não to concedo!
 
Digo eu: E para que quero eu dinheiro, poder e fama se isso me afastar d’Ele? Sabes bem que já experimentei isso tudo e no que a minha vida se transformou!
 
Diz ele: E não vivias feliz e despreocupado?
 
Digo eu: Sabes lá tu o que é a felicidade? Vives atormentado pelo ódio!
 
Diz ele: Pois sim! Mas nessa altura não andavas sempre preocupado a tentar fazer tudo bem e nem sequer te preocupavas com os outros! A vida corria-te bem e não tinhas preocupações.
Começaste a olhar para Ele e vê lá se não começaram os problemas na tua vida?
 
Digo eu: Estás enganado e queres enganar-me! Problemas sempre os tive e sempre os terei. Só que agora, com Ele, os problemas são caminho de construção, mas quando vivia afastado d’Ele eram caminho de destruição!
 
Diz ele: Pois, mas reconhece que dantes tinhas prazer, vivias bem, e não andavas preocupado com isso a que chamas pecado.
 
Digo eu: Claro que só te lembras desse prazer mundano sem moral, sem regras, pois nessas alturas estavas ao meu lado. Mas onde estavas tu quando a desilusão, a frustração, a falta de sentido de vida, o desânimo, o quase desespero tomavam conta de mim? Onde estavas tu quando a minha vida espiritual, mental e física se ia degradando? “Preocupas-te” tanto com a minha vida, quando afinal só queres a minha morte!
 
Diz ele: Tu é que sabes! Mas comigo a vida é muito melhor e tem muito mais prazer!
 
Digo eu: Vai-te, que já te experimentei e sei bem que contigo a vida só leva à morte, e à morte para sempre. Deus dar-me-á o que preciso, e não mais do que isso, porque Ele nunca falta com nada do que aqueles que n’Ele crêem e confiam verdadeiramente precisam.
 
 
Marinha Grande, 8 de Março de 2013
Joaquim Mexia Alves
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segunda-feira, 4 de março de 2013

"ENCARREGADO DA VINHA"

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Disse-lhes, também, a seguinte parábola: «Um homem tinha uma figueira plantada na sua vinha e foi lá procurar frutos, mas não os encontrou. Disse ao encarregado da vinha: 'Há três anos que venho procurar fruto nesta figueira e não o encontro. Corta-a; para que está ela a ocupar a terra?' Mas ele respondeu: 'Senhor, deixa-a mais este ano, para que eu possa escavar a terra em volta e deitar-lhe estrume. Se der frutos na próxima estação, ficará; senão, poderás cortá-la.'» Lc 13, 6-9
 
 
Ao ouvir esta passagem do Evangelho deste Domingo, dei comigo a pensar na figura do “encarregado da vinha” que pede ao dono da vinha para poupar a figueira.
E lembrei-me do tempo em que também eu era aquela figueira, (não três, mas mais de vinte anos), ocupando a terra, sem outro préstimo que não fosse viver sem sentido e sem dar fruto.
 
A primeira questão que me ocorreu, foi tentar perceber quem foram os “encarregados da vinha” que pediram por mim, que acreditaram que eu ainda podia dar fruto, para que o “Dono da vinha” não desistisse de mim, (embora Ele nunca desista de ninguém), para que eu próprio não desistisse de mim.
 
E, claro, a primeira figura que veio ao meu pensamento, ou melhor, ao meu coração, foi a Mãe do Céu, que como Mãe, é a mais perfeita “encarregada da vinha” não querendo perder nenhum dos seus filhos, intercedendo junto do Seu Filho, para que Ele interceda junto do “Dono da vinha”.
Depois surgiram os meus pais, que “encarregados desta porção de vinha” que o Senhor lhes dera, não podiam deixar de interceder por tudo o que o “Dono da vinha” lhes tinha colocado em suas mãos. Com eles vieram também ao meu coração as minhas irmãs e irmãos que com certeza pediram por esta figueira que não dava fruto.
Com um sorriso de gratidão despontaram também no meu coração as minhas Irmãs Clarissas de Monte Real que, com certeza, a pedido de meus pais, não deixaram de pedir para que esta figueira não fosse cortada, mas que crescesse forte e com fruto.
Delas, destas minhas Irmãs Clarissas, me parece que são aquelas “encarregadas da vinha” a quem compete regar toda a vinha com as suas orações, que são o adubo perfeito para que as plantas e árvores dêem fruto e fruto em abundância*.
Vieram a seguir os inúmeros “encarregados” e inúmeras “encarregadas da vinha”, que por esse mundo fora vão rezando, pedindo, por todas as figueiras que não dão fruto, nas quais eu estava incluído.
 
E tanto todos pediram, tanto todos rezaram, que o Senhor fez a poda de tudo o que era supérfluo e estéril em mim, e por Sua graça me foi permitindo dar algum fruto, o fruto que Ele mesmo me dá.
 
Tudo isto me leva a pensar se eu sou um bom “encarregado da vinha” também?  
Se eu também peço insistentemente por todas as figueiras que não dão fruto, sobretudo aquelas que me estão mais próximas?
Se será que eu “escavo a terra à volta delas” e as “adubo” com a minha oração, a minha entrega, o meu testemunho coerente de vida?
Porque é preciso sempre que intercedamos junto do “Dono da vinha”, para que as “figueiras estéreis” não sejam cortadas e passem a dar fruto «a trinta, a sessenta e a cem por um»**.
 
Senhor,
que colocas em cada um a missão de interceder pelas “figueiras estéreis”, leva-nos a insistentemente pedir por aqueles que não Te conhecem, não Te amam e não Te seguem, para que, “regados” pela oração e “podados” pela conversão, possam dar fruto e fruto que permaneça***.
Amen.
 
 
*Jo 15, 1-2
 
**Mc 4, 8
 
***Jo 15, 16
 
 
Monte Real, 4 de Março de 2013
Joaquim Mexia Alves
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sexta-feira, 1 de março de 2013

EM ORAÇÃO COM BENTO XVI

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Acordei hoje de manhã com o Papa Bento XVI no meu pensamento.
 
Naqueles momentos iniciais do dia ia pensando nos caminhos de Deus, como Ele nos surpreende em tantas coisas que damos como adquiridas.
 
E pensava no que teria levado Bento XVI a tomar a decisão que tomou, certamente, (não tenho dúvidas), iluminada por Deus que sempre foi o Caminho, a Verdade e a Vida da sua vida.
 
Surgiu então no meu pensamento esta passagem do Evangelho de São Mateus.
«Depois, Jesus obrigou os discípulos a embarcar e a ir adiante para a outra margem, enquanto Ele despedia as multidões. Logo que as despediu, subiu a um monte para orar na solidão. E, chegada a noite, estava ali só.» Mt 14, 22-23
 
E fui-a “rezando” ao sabor da decisão do nosso Papa.
 
“Depois Bento XVI “obrigou” a Igreja a “embarcar” numa nova procura, e enquanto se despedia do povo de Deus, partiu para outra margem. Assim que disse adeus ao povo que com ele tinha estado, retirou-se para orar na solidão. E ao chegar o anoitecer da sua vida, ele ali estava, em oração por esse povo, só, mas sabendo-se acompanhado pelas orações da multidão dos filhos de Deus.”
 
Posso tentar encontrar todas as razões que eu quiser para justificar a decisão do Papa.
Posso ler as opiniões de todos, umas mais justas e equilibradas, outras apenas com o fim de atacar a Igreja e a figura do Papa, que tão atacado foi.
 
No fundo, a conclusão a que chego é sempre a mesma:
Bento XVI, iluminado pelo Espírito Santo, percebeu que a vontade de Deus era a sua oração, retirado, pelo Povo de Deus, pela Igreja que ele tão bem tinha servido, (sem se servir), passando para a “outra margem”.
 
 
Marinha Grande, 1 de Março de 2013
Joaquim Mexia Alves

terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

QUARESMA - UM CAMINHO AO ENCONTRO DO AMOR!

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A Quaresma é um caminho ao encontro do Amor!
 
Quando amamos, desejamos sempre agradar ao amado, pretendemos sempre conhecer o que o amado deseja que façamos, ansiamos sempre por fazer a vontade do amado.
Ora não há amor maior que o amor de Deus, e por isso, não há melhor Amante e Amado que o próprio Deus!
Porque Ele nos ama com amor total, de tal modo que se entregou inteiramente por nós, dando a Sua própria Vida!
E o Seu amor é de tal forma perfeito, que podendo tudo, não nos concede tudo o que desejamos, porque sabe que nem tudo o que desejamos é bom para nós, protegendo-nos assim da nossa, por vezes, errada vontade.
 
E a Quaresma é um caminho ao encontro desse Amor de Deus!
 
Porque é um caminho ao encontro da vontade de Deus, que vai muito para além do reconhecimento do nosso pecado e do nosso arrependimento, porque nos chama à conversão, e a conversão é um “transformar-se” em Cristo, é um “moldar-se” em Cristo, deixando-nos por Ele ser moldados, para procurarmos ser a Sua imitação no bem e no amor.
 
A conversão deve levar-nos não só a sermos de Cristo, mas a sermos também o próprio Cristo, (sobretudo para os outros), no sentido em que Ele está em nós, quando nos deixamos transformar pelo Espírito Santo, querendo tornar verdadeira em nós a frase de São Paulo: «Já não sou eu que vivo, mas é Cristo que vive em mim.» Gl 2, 20
 
Seremos então amor, porque nos deixámos moldar pelo Amor!
 
E o amor não é triste, nem é uma gargalhada espalhafatosa, mas é uma paz e uma alegria serena, confiante e esperançosa.
Por isso se compreende ainda melhor a Palavra de Jesus Cristo:
«E, quando jejuardes, não mostreis um ar sombrio, como os hipócritas, que desfiguram o rosto para que os outros vejam que eles jejuam…
Tu, porém, quando jejuares, perfuma a cabeça e lava o rosto, para que o teu jejum não seja conhecido dos homens, mas apenas do teu Pai que está presente no oculto; e o teu Pai, que vê no oculto, há-de recompensar-te.» Mt 6, 5-6
 
Com efeito, se amamos a Deus e por Ele nos sabemos amados, se confiamos que o Seu amor é sempre maior do que o nosso pecado e que o Seu perdão é constante perante o nosso arrependimento, porquê apresentarmos faces tristes, como se o pecado nos pesasse mesmo depois de o reconhecermos perante Deus?
Seria quase duvidar do amor, do perdão de Deus, da Sua infinita misericórdia!
 
Então, que nesta Quaresma procurando fazer a vontade de Deus, entregando-nos à verdadeira conversão, apresentemos um rosto de paz, de alegria serena e intima, o rosto que só podem apresentar aqueles que acreditam na Fé, que o amor de Deus por nós é desde sempre e para sempre.
 
Então a Quaresma será verdadeiramente um caminho ao encontro do Amor!
 
 
Marinha Grande, 14 de Fevereiro de 2013
Joaquim Mexia Alves
 
 
 
Nota:
Texto publicado no último número do "Grãos de Areia", Boletim Mensal da Paróquia da Marinha Grande.
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sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

LIVRAI-ME SENHOR DOS MEUS “AMIGOS”…

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Creio no mais profundo do meu ser, na Igreja una, santa, católica e apostólica.
Creio no mais profundo do meu ser, que a Igreja é conduzida pelo Espírito Santo, servindo-se dos homens pecadores.
Creio no mais profundo do meu ser, «que as portas do Abismo nada poderão contra Ela.» Mt 16, 19
 
Entristecem-me profundamente as notícias que envolvem um Bispo da Igreja de Portugal.
 
Não julgo, (não quero julgar), porque quero acreditar que a inocência existe até prova em contrário.
Peço, com toda a fé que Deus me deu, que a Verdade, a Vontade e a Justiça de Deus aconteçam neste e em todos os casos similares.
 
Entristecem-me muito mais, profundamente mais, as declarações de outros membros da Igreja, que lançam a suspeita sobre um homem, porque ouviram dizer, porque alguém lhes disse, porque “tanto quanto sei”…
 
Para certas perguntas de jornalistas há sempre uma resposta muito simples, que é o silêncio do “não comento”.
Mas há outra ainda, que é falar desejando que a busca da verdade se faça, não julgando e dando a conhecer o que apenas se conhece de ouvir dizer.
 
Tais atitudes fazem lembrar um velho dito popular: «Livrai-me, Senhor, dos meus amigos, porque com os meus inimigos posso eu bem!»
 
 
Monte Real, 22 de Fevereiro de 2013
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terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

CRER NÃO É QUERER!

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“Enternece-me” a solicitude com que tanta gente que vive fora da Igreja, bem como de alguns ditos católicos progressistas, e outros ditos não praticantes, (o que eu não faço e mínima ideia o que são uns e outros), se preocupam com a eleição do novo Papa e se aprestam a dar conselhos aos Cardeais que o hão-de eleger.
 
Ouvi até uma dita jornalista perguntar se para a sobrevivência, (isso mesmo, sobrevivência), da Igreja Católica, não seria imprescindível que o novo Papa viesse alterar a moral sexual, a ordenação das mulheres e o celibato dos padres.
 
Parece que estes são no fundo os assuntos mais importantes para seguir a Cristo, para viver o «arrependei-vos e acreditai no Evangelho.»
 
Não percebem estas pessoas que a Igreja não voga ao sabor dos homens, nem é o vento do mundo que impele as suas velas, (embora por vezes sopre com demasiada força, calando vozes que deviam falar), mas sim que a Igreja é Corpo Místico de Cristo e como tal é o Espírito Santo que A conduz.
 
E depois afirmam que a Igreja está em crise!
Ora isto não tem razão de ser, porque ou a Igreja sempre esteve em crise, (e sempre foi vencendo as crises), ou a crise da Igreja é sempre devida a ser a voz incómoda no mundo e como tal não pactuar com a violação da moral e dos valores cristãos, porque essa violação leva à destruição do homem verdadeiramente livre.
 
Não percebem ainda que a Doutrina, a Palavra de Deus, não é coisa dos homens e como tal não pode ser modificada pelos homens a seu belo prazer, mas sim, que sendo de Deus, foi entregue à Igreja para Ela ser garante contínuo da sua pureza e da sua observância pelos seus fiéis.
 
A Igreja passou tempos em que os homens tomaram conta dela, pela vontade dos homens, mas o Espírito Santo sempre A fez regressar à Sua Missão, apesar dos homens, mas com os homens.
 
Confesso que não consigo entender a necessidade que estas pessoas têm de querer modificar a Igreja, a Doutrina ao sabor dos seus “prazeres”, e só me ocorre o ridículo de poderem pensar que, se por uma aberração humana alguém com voz na Igreja viesse acolher como boa Doutrina a moral sexual em voga, (e tudo o resto), então as suas consciências descansariam, porque não havia pecado!
Tal como acima se escreve, sempre que tal aconteceu, ou seja, sempre que a vontade dos homens da Igreja se quis sobrepor à vontade de Deus, o Espírito Santo em devido tempo se encarregou de repor a Verdade, porque a Verdade é só Uma, porque a Verdade é o próprio Deus.
 
Alguém um dia se insurgia junto a mim, pelo facto de a Igreja não permitir o uso geral do preservativo.
Perguntei-lhe se era pessoa de Igreja, se frequentava os Sacramentos, se era pessoa de oração, ao que me respondeu que não, que não tinha nada a ver com isso!
Claro que lhe perguntei então qual era a sua preocupação pelo facto de a Igreja proibir tal prática.
Não me respondeu, mas pelo seu olhar percebi isso mesmo que acima escrevo, ou seja, que serviria para aliviar a sua consciência!!!
 
Com toda a serenidade, com toda a paz, (a paz de Deus), com toda a alegria de nos sabermos filhos de Deus em Cristo, com toda a consciência de sermos Igreja de Cristo, como cristãos católicos, rezamos por Bento XVI, rezamos pelos Cardeais que hão-de eleger o novo Papa, confiando na esperança, que mais uma vez o Espírito Santo nos dará o Sucessor de Pedro que a Igreja precisa neste tempo, ao qual amaremos como amámos e amamos os seus antecessores.
 
E rezamos também por aqueles que não entendem esta forma de viver a Fé, expressa no Credo, que proclamamos com toda a convicção:
Creio em Deus Pai, Filho e Espírito Santo e na Igreja Una, Santa, Católica e Apostólica.
 
 
 
Marinha Grande, 19 de Fevereiro de 2013
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quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

QUARTA FEIRA DE CINZAS

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O tempo da Quaresma é para mim um tempo de profunda tranquilidade, um tempo de procura de um encontro sempre mais intimo com Deus, um tempo de uma serena alegria, um tempo de regressar, (não ao ventre materno como pergunta Nicodemos a Jesus Jo 3, 4), mas ao nascer do Alto, ao nascer do e no Espírito Santo, que nos conduz no caminho da conversão, no caminho da santidade.
 
No tempo da Quaresma os cânticos, os Salmos, “enchem-se” de palavras e de músicas que convidam à interioridade, repassadas por vezes de dor, mas sempre com uma serena alegria por detrás, a alegria da confiança, da esperança que nos leva a acreditar, a viver a Verdade, de que a seguir à Paixão e Morte do Senhor, vem inexorável a Sua Ressurreição.
 
«Chegaram os dias de penitência:
 expiemos nossos pecados e salvaremos nossas almas.»
 
Assim cantamos, e neste cântico vêm-me as lágrimas aos olhos, não tanto porque sou pecador, mas mais porque pela graça de Deus me sei pecador.
Mas essas lágrimas, não são lágrimas de tristeza, mas de uma imensa serenidade, quase diria de um intimo consolo, por saber, por acreditar, que o Seu amor por nós, por mim, é sempre muito maior, infinitamente maior, do que as nossas fraquezas, do que o meu pecado.
 
Quando as cinzas caírem na minha cabeça, neste dia de Quarta feira de Cinzas, peço a Deus que elas caiam directas no meu coração, que o meu pecado, desde o mais leve ao mais pesado, seja transformado nessas cinzas, e assim purificado pelo Seu amor, que do meu coração se eleve um cântico, um salmo de louvor ao meu Deus e meu Senhor, e que nos meus lábios desponte o sorriso sereno daqueles que nada temem porque vivem a verdade da Sua constante presença no meio de nós e em nós.
 
«Chegaram os dias de penitência:
 expiemos nossos pecados e salvaremos nossas almas.»
 
 
 
 
Quarta feira de Cinzas
Monte Real, 13 de Fevereiro de 2013
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terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

VIDA EM CRISTO

 
 


As mãos postas,
em oração,
recolhido,
prostrado em humildade,
espero que Ele venha orar em mim.
 
Abro-Lhe o coração,
abro-Lhe todo inteiro o meu ser,
para que venha o Espírito Santo,
e faça do sussurro das palavras
a oração do meu viver.
 
«Já não sou eu que oro,
é o Espírito que ora em mim!”
 
É esse o meu desejo,
o meu mais profundo anseio,
que «já não seja eu que viva,
mas Cristo que viva em mim.»*
 
 
 
Monte Real, 29 de Janeiro de 2013
*Cf. Gl 2, 20
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