sexta-feira, 23 de maio de 2025

O MENINO, MARIA E JOSÉ

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Ali estava o Menino deitado, sorrindo docemente.

Maria olhava para Ele, voltava o olhar para José e regressava sempre àquele doce sorriso, sem conseguir perceber bem tudo o que sentia.

Era o seu Menino, sim era seu, mas também sentia que pertencia para além de si, pois não lhe tinha dito o Anjo que Ele era o Filho de Deus a quem colocaria o nome de Jesus?

Queria perceber no seu coração tudo que iria ser aquele Menino e, se por um lado sentia o coração transbordar de amor, por outro lado sentia um aperto dentro de si, que quase doía.

Ela ainda não sabia de nada, mas o seu coração de Mãe sentia para além daqueles momentos.

Como poderia ela saber que aquele Menino se “perderia” no templo ensinando, haveria de andar pelo deserto sendo tentado, haveria de percorrer caminhos por todo o lado, haveria de chamar homens para O seguirem, e haveria de dar aos homens aquilo que eles nunca sonharam: o amor, a liberdade, a salvação.

Levantou os olhos ao céu e exclamou interiormente: Bendita sou eu, porque pobre como sou, o Senhor me fez rica no Seu amor.

Olhou para José e admirou-se por perceber que aquele homem, forte e protector, quase desaparecia da vista, mergulhado numa humildade total.

O Menino sorria e ela não podia deixar de sorrir também.

No sorriso do seu Menino parecia-lhe ver paralíticos a andar, cegos a ver, homens a perdoar, mortos a ressuscitar.

Parecia-lhe ver uma multidão que O seguia, mais cheios de fome de amor, do que de fome de comer quando Ele os saciava.

Uma névoa percorreu o seu olhar quando percebeu quanto o Menino teria que sofrer, quanto tinha que dar de Si, até morrer, por aqueles que acreditavam e pelos que não queriam crer.

Mas logo o se alegrou o seu olhar, quando soube dentro de si, que aquele Menino iria ressuscitar.

Fechou os olhos, abriu o coração, segurou a mão de José e juntos, em silêncio, cantaram uma canção que apenas dizia: Santo, Santo, Santo!





Monte Real, 23 de Maio de 2025
Joaquim Mexia Alves

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