«Deus disse: “Façamos o homem à nossa imagem, à nossa semelhança”. Deus criou o homem à sua imagem, criou-o à imagem de Deus; Ele os criou homem e mulher» (Gn 1, 26-27).
Fomos
criados à imagem e semelhança de Deus, mas, (correndo o risco de cometer alguma
heresia), reflicto que esta não é uma verdade “final”, ou seja, que o homem
para ser à imagem e semelhança de Deus tem de continuar um caminho que cada vez
mais o aproxime dessa imagem e dessa semelhança.
Quando
nascemos somos, mais ou menos, parecidos com o pai ou com a mãe, mas isso não
significa que iremos ser suas imagens ou suas semelhanças, não só fisicamente,
como, sobretudo, em feitio, em modo de vida, em valores, etc.
Sim
somos dotados da inteligência e liberdade que definem “grosso modo” essa nossa
imagem e semelhança com Deus, mas essa imagem e semelhança seriam incompletas
se não quiséssemos imitar, ou melhor, perseguir a “perfeição” de Deus ao longo
das nossas vidas, para assim sermos verdadeiramente Sua imagem e semelhança.
«Portanto, sede perfeitos como é perfeito o
vosso Pai celeste.» Mt 5, 48
Nós não podemos “melhorar” a imagem e semelhança
de Deus, mas podemos melhorar-nos para sermos cada vez mais essa imagem e essa
semelhança de Deus e com Deus.
De que me serve ser criado à imagem e semelhança
de Deus, se não transmito aos outros, se não dou testemunho aos outros dessa
imagem e semelhança?
Como posso ser livre, se não considerar a
liberdade dos outros, por exemplo?
Como posso amar, se não considerar primeiro o
amor de Deus em mim?
Como posso ser semelhante a Deus, se não servir,
como Cristo serviu totalmente?
Ser criado à imagem e semelhança de Deus é uma
verdade absoluta, mas só se completa. (quanto a mim, claro), quando eu tento ao
longo da minha vida ser essa imagem e essa semelhança, ou seja, fazer a vontade
de Deus, como Cristo fez a vontade do Pai.
Com todo este “arrazoado” de palavras reflectidas
e escritas, quero no fundo dizer, (sobretudo para mim próprio), que eu não sou
criado à imagem e semelhança de Deus, que eu não sou cristão católico, e
“prontos”, está resolvido!
Quero dizer que sim, que fui criado à imagem e
semelhança de Deus, mas que essa imagem e essa semelhança têm que ser vividas
todos os dias, nas minhas palavras, nas minhas atitudes, no meu testemunho, em
tudo e com todos na minha vida todos os dias.
Só assim poderei dizer verdadeiramente que fui
criado à imagem e semelhança de Deus.
Glória a Ti, meu Deus e Senhor!
Marinha Grande, 2 de Agosto de 2020
Joaquim Mexia Alves
2 comentários:
O "problema"... melhor... o mistério é que mesmo como somos e podemos ser uns trastes, uns réprobos, uns facínoras e, mesmo assim, a Imagem de Deus está impressa em nós porque imprime carácter indelével!Então... será que Deus não é perfeito?Não tem que ver uma coisa com a outra: Nós somos criaturas, isto é, (ipsis verbo) seres criados e, Deus, é Absoluto, Incriado, Não Gerado (Símbolo Atanasiano).Ao imaginar este mistério - um mistério, por definição só pode ser imaginado e não compreendido) - mais se adensa esta Verdade: O Infinito Amor de Deus pelas Suas criaturas.
Desculpa-me... não queria leccio mas, se me permites, completar o teu raciocínio.
Um abraço
Obrigado António e eu percebo isso perfeitamente.
Quis no fundo numa pequena reflexão avisar-me e aos outros que a nossa relação com Deus evolui e não é uma coisa determinada e finita.
E obviamente que assim é por isso mesmo Deus está connosco até ao momento mais ínfimo em que nos podemos arrepender, mesmo que a nossa vida não tenha transmitido essa imagem e semelhança.
Abraço
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