quinta-feira, 30 de junho de 2011

A EFEMERIDADE DA VIDA TERRENA

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É sempre trágico, triste, difícil, ver morrer alguém, e ainda mais, se esse alguém é ainda jovem, no começo de uma vida adulta que ainda tem muito para dar e viver.

Mas estas situações, como a que infelizmente aconteceu na vida deste “jovem adulto”, Angélico, leva-nos, ou deve levar-nos a reflectir na efemeridade da vida terrena.

Quando somos jovens, a vida parece-nos uma longa estrada, da qual não se descortina o fim, parecendo-nos tão longe, tão longe a sua meta, que é algo que não entra nos nossos pensamentos, nas nossas preocupações, nos nossos planos.

Parece-nos que o tempo é infinito, e que nunca vai acabar!

Às vezes até quase pensamos, que durante a nossa vida, o nosso tempo, algo se vai alterar e as pessoas vão deixar de morrer, e, oh sonho humano, até deixar de envelhecer!

A verdade é que, quer queiramos quer não, todos os dias somos confrontados com realidades como a que dá origem a este texto, embora na nossa juventude logo nos convençamos que isso a nós nunca pode acontecer.

Não interessam para esta reflexão as razões porque tal aconteceu, mas apenas a realidade dura do facto em si: quando a vida era uma estrada aberta que parecia não ter fim, foi brutal e inesperadamente interrompida.

Foi um acidente, poderia ter sido uma doença súbita, ou qualquer outro motivo que num instante sem contarmos, interrompe definitivamente “aquilo” que tínhamos por seguro: a vida!

Jesus Cristo diz-nos muito claramente:

«Vigiai, pois, porque não sabeis o dia nem a hora.» Mt 25, 13
«Vigiai, pois, porque não sabeis quando virá o dono da casa: se à tarde, se à meia-noite, se ao cantar o galo, se de manhãzinha; não seja que, vindo inesperadamente, vos encontre a dormir. O que vos digo a vós, digo a todos: vigiai!» Mc 13, 35-37
«Estai preparados, vós também, porque o Filho do Homem chegará na hora em que menos pensais.» Lc 12, 40

Mas não nos diz estas palavras para nos “meter medo”, ou para que obcecadamente vivamos no receio de perecermos de repente.

Não, Ele diz-nos estas palavras para que, exactamente ao contrário, estejamos confiantes, vivamos em esperança, ao sabermo-nos preparados para um qualquer instante, que de surpresa, pode mudar a nossa vida.

E este estar preparado, vigilante, não é de modo nenhum viver de “mãos postas”, em orações repetitivas, resultado mais de medo e superstição do que vontade do coração, ou viver obcecado com a nossa condição de pecadores.

Ele conhece-nos, e sabe-nos fracos perante o pecado.
O estar vigilante, é o levantarmo-nos em cada queda, e com a graça de Deus, irmos despertando todo o nosso ser para recusar aquilo em que mais facilmente caímos.

O estar preparados, é estar com o nome de Jesus no coração, com uma vontade inequívoca de fazer a Sua vontade.

O estar preparados, é pôr em prática diariamente e em cada momento, o que diz Santo Agostinho:
«Ama e faz o que quiseres. Se calares, calarás com amor; se gritares, gritarás com amor; se corrigires, corrigirás com amor; se perdoares, perdoarás com amor. Se tiveres o amor enraizado em ti, nenhuma coisa senão o amor serão os teus frutos.»

Se assim vivermos, se assim tentarmos viver, podemos estar em paz, vivendo a alegria da vida que o Senhor nos dá, a «vida em abundância» Jo10,10, e serenamente aceitar tudo aquilo que Deus permitir na nossa vida, na certeza de que, na Sua graça, com Ele viveremos para sempre.

E aqueles que vivem ao nosso lado, testemunhas do nosso testemunho de vida, perceberão, para além da tristeza e da saudade que deixa a partida, que afinal não foi uma vida que se perdeu, mas uma vida que se ganhou, pela graça de Deus.
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6 comentários:

Paulo disse...

Sabes Joaquim, o artigo leva-nos a pensar naquilo, que na sociedade onde vivemos, é tido como tabu, quando, sem entrar em pormenores, é a única certeza que temos nesta vida. Temos que saber abraçar essa esperança, de uma vida eterna ao pé do Pai.

Anónimo disse...

Amigo Joaquim;

as prioridades da humanidade estão baralhadas, desprovidas de sentido moral e atrevo-me a dizer, lógico.

Qualquer cidadão comum, que decida vender a sua imagem num reality show qualquer, basta-lhe apenas fazer umas chalaças, umas quantas grosserias e estará certamente no estrelato... isto dá que pensar...

O que queremos nós para a nossa sociedade, para nós mesmos, para a nossa familia... em quem colocamos a nossa esperança?

O resultado está á vista, esta grande crise mundial...

Pensar na juventude, como garantia para o muito que quremos fazer , assim lá para a frente...é um erro, é um erro deixar a conversão para mais tarde, pois esta faz-se diáriamente... é um caminhar continuo... um aprendizado diário.

Abraço em Cristo

joaquim disse...

Exactamente Paulo.

A morte, leva-nos á Vida!

Um abraço amigo em Cristo

joaquim disse...

Claro, minha amiga!

Infelizmente é muito humanamente jovem, julgarmos que temos todo o tempo do mundo!

Um abraço amigo em Cristo

Ailime disse...

Amigo Joaquim,
Este tipo de acidentes ocorrem quando menos se espera e é verdade que quando somos jovens parece que o mundo nunca vai acabar e é "tudo nosso".
Muitos casos semelhantes têm ocorrido, mas como se tratou de figura pública e sobre o qual todos tomámos conhecimento deveríamos parar para reflectir.
Grata pela sua sempre oportuna opinião e pela forma sempre construtiva como a elabora.
Abraço fraterno.
Ailime

joaquim disse...

Obrigado Ailime.

Todoas as oportunidades da vida devem ser motivo de reflexão, sobretudo aquelas que nos confrontam com as nossas "certezas".

Um abraço amigo em Cristo