Neste Advento, mais uma vez a imagem do deserto me entrou pelo coração adentro.
João Baptista retirou-se para o deserto, e era no deserto que pregava, que ia exortando os outros ao arrependimento e ele próprio procurava o seu caminho para Deus.
Mas porquê o deserto, para além das razões que todos conhecemos, como o isolamento que leva à entrada em nós próprios, à meditação das nossas vidas, a reflectirmos no que há a mudar, o que devemos melhorar.
Fiz também um pouco de deserto em mim, para que me fosse dado descobrir algo mais que o deserto me trouxesse.
E então pensei no deserto, extensão de areia imensa, silenciosa, ali entregue a si própria.
E então vi a mudança permanente que acontece no deserto!
A areia move-se permanentemente ao sabor do vento, ora construindo dunas mais altas, ora retirando-lhes areia fazendo-as assim mais baixas.
E nada pára, tudo se move!
As dunas avançam e recuam, num movimento constante!
E depois percebi: Também são assim as nossas vidas!
Estão em constante movimento, em constante mudança!
E vi mais, vi aquelas areias que estão ao sabor do vento e por ele se deixam movimentar, conduzir, transformar, sem nunca deixarem de ser areias.
E então reparei que devem ser assim as nossas vidas, ao sabor do vento do Espírito Santo!
Devemos deixar-nos conduzir por Ele, pois Ele nunca mudará a nossa essência de homens, mas guiar-nos-á na construção das nossas vidas.
Não nos deixa estarmos parados, pois nos quer em permanente movimento para Deus.
Vai-nos conduzindo cada vez mais para cima, para o Alto em direcção a Deus, mas quando por vezes as alturas nos embriagam e julgamos já sermos alguém, já sermos porventura merecedores, Ele se encarrega de nos mover, retirando-nos altura e fazendo-nos mais baixos, para que outra vez junto ao chão onde nascemos, recomeçar a construir-nos para o Alto.
E nós somos assim como aqueles grãos de areia, só juntos, unidos em comunhão perfeita, dando-nos as mãos, poderemos elevar-nos aos Céus e sermos dunas que se elevam para o alto.
Solitários, como um só grão de areia, nada construímos, nada conseguimos fazer, a não ser ficar pelo chão ao sabor de quem passa e nos leva colados às solas dos seus sapatos muitas vezes para onde não há mais grãos de areia e então acabamos por desaparecermos sem nada termos construído, sem nenhuma finalidade, numa vida sem sentido.
Há contudo uma diferença entre nós e os grãos de areia: Eles são levados pelo vento, sem vontade própria.
De nós o Vento do Espírito Santo, espera a entrega, a disponibilidade, espera que demos o nosso contributo à construção do caminho, à construção das dunas.
Ah, entendo agora melhor o deserto!
Afinal o deserto é vida, é construção, é mudança constante, é comunhão de e onde os grãos de areia juntos constróem caminhos para o alto, levados pelo vento que os transporta, que os conduz.
Ah, então eu quero ser deserto, eu quero ser grão de areia no deserto, quero deixar-me levar pelo vento do Espírito Santo, para que Ele me conduza, me guie, para que Ele faça da minha vida uma construção útil para os outros, para mim, quero que Ele me conduza aos outros, e juntos, unidos, em comunhão, Ele se sirva de nós para construir alturas a caminho de Deus, e nos traga para baixo quando acharmos que de tão altos, já não precisamos de Deus.
Ah sim, é então no deserto que eu quero viver, neste deserto sempre em movimento, neste deserto de comunhão com os outros, neste deserto em que só juntos podemos caminhar para o Alto, neste deserto que se faz Igreja de todos, a caminho do Deus de todos.
Seria isto que o Papa Bento XVI, por outras palavras, nos queria dizer, quando falou aos nossos Bispos em Roma?
João Baptista retirou-se para o deserto, e era no deserto que pregava, que ia exortando os outros ao arrependimento e ele próprio procurava o seu caminho para Deus.
Mas porquê o deserto, para além das razões que todos conhecemos, como o isolamento que leva à entrada em nós próprios, à meditação das nossas vidas, a reflectirmos no que há a mudar, o que devemos melhorar.
Fiz também um pouco de deserto em mim, para que me fosse dado descobrir algo mais que o deserto me trouxesse.
E então pensei no deserto, extensão de areia imensa, silenciosa, ali entregue a si própria.
E então vi a mudança permanente que acontece no deserto!
A areia move-se permanentemente ao sabor do vento, ora construindo dunas mais altas, ora retirando-lhes areia fazendo-as assim mais baixas.
E nada pára, tudo se move!
As dunas avançam e recuam, num movimento constante!
E depois percebi: Também são assim as nossas vidas!
Estão em constante movimento, em constante mudança!
E vi mais, vi aquelas areias que estão ao sabor do vento e por ele se deixam movimentar, conduzir, transformar, sem nunca deixarem de ser areias.
E então reparei que devem ser assim as nossas vidas, ao sabor do vento do Espírito Santo!
Devemos deixar-nos conduzir por Ele, pois Ele nunca mudará a nossa essência de homens, mas guiar-nos-á na construção das nossas vidas.
Não nos deixa estarmos parados, pois nos quer em permanente movimento para Deus.
Vai-nos conduzindo cada vez mais para cima, para o Alto em direcção a Deus, mas quando por vezes as alturas nos embriagam e julgamos já sermos alguém, já sermos porventura merecedores, Ele se encarrega de nos mover, retirando-nos altura e fazendo-nos mais baixos, para que outra vez junto ao chão onde nascemos, recomeçar a construir-nos para o Alto.
E nós somos assim como aqueles grãos de areia, só juntos, unidos em comunhão perfeita, dando-nos as mãos, poderemos elevar-nos aos Céus e sermos dunas que se elevam para o alto.
Solitários, como um só grão de areia, nada construímos, nada conseguimos fazer, a não ser ficar pelo chão ao sabor de quem passa e nos leva colados às solas dos seus sapatos muitas vezes para onde não há mais grãos de areia e então acabamos por desaparecermos sem nada termos construído, sem nenhuma finalidade, numa vida sem sentido.
Há contudo uma diferença entre nós e os grãos de areia: Eles são levados pelo vento, sem vontade própria.
De nós o Vento do Espírito Santo, espera a entrega, a disponibilidade, espera que demos o nosso contributo à construção do caminho, à construção das dunas.
Ah, entendo agora melhor o deserto!
Afinal o deserto é vida, é construção, é mudança constante, é comunhão de e onde os grãos de areia juntos constróem caminhos para o alto, levados pelo vento que os transporta, que os conduz.
Ah, então eu quero ser deserto, eu quero ser grão de areia no deserto, quero deixar-me levar pelo vento do Espírito Santo, para que Ele me conduza, me guie, para que Ele faça da minha vida uma construção útil para os outros, para mim, quero que Ele me conduza aos outros, e juntos, unidos, em comunhão, Ele se sirva de nós para construir alturas a caminho de Deus, e nos traga para baixo quando acharmos que de tão altos, já não precisamos de Deus.
Ah sim, é então no deserto que eu quero viver, neste deserto sempre em movimento, neste deserto de comunhão com os outros, neste deserto em que só juntos podemos caminhar para o Alto, neste deserto que se faz Igreja de todos, a caminho do Deus de todos.
Seria isto que o Papa Bento XVI, por outras palavras, nos queria dizer, quando falou aos nossos Bispos em Roma?
12 comentários:
Joaquim,
Dou com a tua caixa de comentários deserta e deserta fiquei eu para ta encher de aplausos pelo texto. Releio e já não o olho mais como um bloco, mas como um amontoado de grãos de areia (palavras) colorido(as) e cheio(as) de vida, numa construção que merece considerar-se um monumento á Esperança e Vida.
Também quero ser areia no deserto ao sabor desse Vento. E agora vou por aí aos outros grãos que há tempos que não os leio e dar-lhes as mãos ;)
Abreijos.
Joaquim
Obrigada por me teres visitado no sarrabiscos e por teres deixado palavras de ânimo. Hoje, na missa, o padre disse que o Advento é um tempo de esperança. É essa esperança que eu tenho que manter viva.
Fez-me bem ler este teu deserto. Vou continuar a pensar nele. Sinto as areias muito no ar e preciso de um tempo para arrumar as ideias.
Um beijo amigo
Olá Malu
Vai, vai visitar todos os grãos de areia e juntos demos as mãos para levantarmos a duna para o Alto, sob a acção do Vento que sopra nos corações.
Abraço amigo em Cristo
Olá Graça
Já hoje lá fui e já soube então que o Lourenço já está a ganhar peso!
"Grão a grão enche a galinha o papo" ou melhor dizendo, "dia a dia o Lourenço vai crescendo"!
Faz um pouco de deserto em ti, mas um deserto em movimento, para arrumares então sa ideias e alcançares a paz no teu coração.
Abraço amigo em Cristo
O deserto é duro, mas foi nele que encontrei Cristo. Eu e tantas pessoas. Por mais duro que possa ser, precisamos do deserto. Cristo também precisou dele.
beijos em Cristo
Olá, Joaquim,
linda a tua reflexão, como sempre, aliás!
Hoje falas do deserto, que terá muito que se lhe diga...
No deserto podemos encontrar uma imensidão de nada... e podemos encontrar um oásis - Deus - onde nos podemos refugiar. É por isso preciso, às vezes, fazer um tempo de deserto para descobrirmos para que lado sopra o vento das nossas vidas...
Acerca do seu comentário, está bem visto, Joaquim... não me tinha lembrado disso... o Tempo é invenção do Homem...Quanto a este seu texto... maravilhoso... bem que me apetecia fazer também um bocadinho de deserto... parar para melhor pensar... mas a voragem da vida...
Desprendimento de nós mesmos para ajudar quem está carente de bens do mundo ou de amor e de Deus, é um deserto querido pelo Senhor.
Aproveito desejar-te boas Festas de Natal, assim como a toda a tua família
Olá Maria João
Concordo contigo: o deserto é preciso!
Aquilo que me levou a escrever o que escrevi foi ver o deserto de uma maneira diferente, ou seja, não é só um afastamento para podermos entrar em nós próprios, é também um caminho vivo de mudança e de vida.
Abraço muito amigo em Cristo
Olá Fa
Obrigado pelas tuas palavras que caem sempre fundo no meu coração.
O deserto é bem preciso, como dizes, porque nos leva à mudança.
Abraço muito amigo em Cristo
Caro Cabral-Mendes
Pois é, estou a aprender um pouco sobre o tempo numas aulas de Escatologia.
A voragem da vida às vezes leva-nos a inponderáveis que nos obrigam a parar e então aí percebemos que temos tempo para o deserto que nos leva de novo à vida.
Abraço forte em Cristo
Caro padre amigo
Obrigado por nos lembrares o desprendimento.
Para ti e a tua comunidade um Santo Natal com um abraço forte e amigo em Cristo
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