sábado, 23 de dezembro de 2006

NATAL ONTEM, HOJE E SEMPRE

TODOS SOMOS PASTORES
Mais uma noite no campo, pensou ele, em que tudo permanece igual.
As ovelhas dormem, os grilos cantam, as estrelas brilham no firmamento e ele ali estava, de sentinela, olhos abertos de guarda ao rebanho e pensando: «Nada acontece, tudo é igual, a minha vida é sempre a mesma, não durmo numa casa, mas tenho o céu como tecto e a natureza como companhia».
Qualquer coisa, no entanto, o fazia estar acordado, uma espécie de excitação calma que não o deixava adormecer. Reparou que a noite estava muito mais tranquila do que era habitual. Parecia que os elementos da natureza se uniam, para naquela noite se respirar paz e tranquilidade.
Ao olhar para o céu, reparou que uma das estrelas, (parecia-lhe), se tornava maior e avançava para ele e para os seus companheiros que dormitavam ao seu lado.
Tanto se aproximou que as trevas da noite foram rompidas e uma grande luz tomou conta de tudo envolvendo-o.
Uma criatura, a mais bela que até então tinha visto, olhou-o nos olhos e com muita ternura disse-lhe:
«Não temais, pois anuncio-vos uma grande alegria, que o será para todo o povo: hoje na cidade de David, nasceu-vos um Salvador, que é o Messias Senhor. Isto vos servirá de sinal: encontrareis um menino envolto em panos e deitado numa manjedoura». Lc 2,10-12
Quando acabou de dizer isto juntou-se-lhe uma multidão de criaturas celestes que cantavam alegremente: «Glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens do Seu agrado». Lc 2,14
Quedou-se mudo de espanto.
O que era isto, quem era Este que tinha nascido e cujo anúncio do nascimento era celebrado com tanta alegria no Céu.
“Mais um rei” pensou, “mais um rei a quem teremos de pagar tributo, a quem teremos de obedecer, a quem não conheceremos a não ser de longe, a quem não poderemos dirigir palavra”.
“Mais um rei” pensou, “para apoiar ainda mais os ricos e poderosos”.
No entanto, ao recordar as palavras do Anjo: «Encontrareis um menino envolto em panos e deitado numa manjedoura», alguma coisa disse ao seu coração, que tudo era diferente daquilo que ele imaginava, que alguma coisa muito importante iria mudar na sua vida, no seu mundo e em toda a terra.
Aliás, o facto do Anjo se dirigir a ele e aos seus companheiros, pobres pastores proscritos numa sociedade de leis sem amor, alertava os seus sentidos para que algo de diferente se passava.
Foi a pensar assim que levantando-se, disse aos seus companheiros: «Vamos a Belém ver o que aconteceu e o que o Senhor nos deu a conhecer». Lc 2,15
Meteu pés ao caminho com os seus companheiros e de repente reparou que em vez de andar daquela maneira calma, típica dos pastores, corria numa ânsia que não conseguia entender, mas que lhe dava alegria, ânimo e forças para chegar mais rapidamente ao conhecimento do que o Anjo lhe anunciara.
Ao chegar deparou com uma cena, que não sabendo porquê, lhe enterneceu o coração.
Numa manjedoura estava deitado o menino mais lindo que alguma vez tinha visto e a Seu lado, Sua mãe e Seu pai sorriam embevecidos, perante aquele pequenino ser, que irradiava amor, ternura, carinho, paz e tranquilidade.
Não era possível contemplar aquela cena sem as lágrimas virem aos seus olhos. Mas eram lágrimas de calma, de júbilo, de alegria. Só lhe apetecia cantar e dançar.
Parou então um pouco para pensar, para meditar em tudo o que sentia, via e ouvia e a luz do entendimento abriu-se no seu coração: Este era o Rei por quem ele tanto ansiava, por quem tanto ansiavam os pobres e oprimidos. Este era o Rei de quem as Escrituras falavam.
Com efeito, só um Rei dedicado aos mais pobres e desprotegidos, àqueles que não têm “voz activa”, àqueles cuja esperança reside no Céu e não na terra, poderia nascer em semelhantes circunstâncias: Pobremente, na humildade duma manjedoura, Filho de uma mulher e um homem do povo, iguais a todos os outros e festejado no Céu e na terra pelos anjos de Deus.
E nascia no campo, sem paredes, nem estruturas a constrangi-Lo, nascia em liberdade, para reclamar a liberdade de viver segundo a vontade de Deus, para Si e para todos os Seus.
Percebeu então, que ele, tendo Aquele Menino como Rei, mesmo nada sendo aos olhos do mundo, era grande e importante aos olhos do seu Rei, porque pelo infinito amor de Deus, Aquele Menino de condição humilde, porque nascido humildemente, a todos olhava e acolhia com a simplicidade e a igualdade de quem não quer ser mais nem menos que os outros, mas sim igual e servidor.
Percebeu então, que a libertação que então se dava em si, era a do seu coração, da sua alma e que vivesse o que quer que vivesse neste mundo, nesta terra, nada disso teria importância, se seguisse para sempre Este Rei de amor.
Percebeu então, que a sua riqueza, o seu tesouro, estava em abraçar e seguir Este Rei, que tendo nascido pobre e humilde para todos, lhe pedia que também ele fosse irmão de todos os que cruzassem o caminho da sua vida, para que assim dando-lhes a conhecer as maravilhas deste Nascimento, deste novo Rei, todos pudessem ser livres, vivendo o amor de Deus para a eternidade.
Podiam prender o seu corpo, podiam cortar a sua língua para não poder falar, mas nunca mais poderiam calar o seu testemunho de vida, nem poderiam afastar do seu coração o amor que sentia por Aquele Menino e sobretudo, o amor que Aquele Menino lhe dava e fazia sentir.
A verdade surgiu como uma explosão de luz: NAquele Menino estava a Salvação!!!
Olhando para os seus companheiros, disse-lhes em tom de júbilo e decidido:
«Que esperamos para dar Glória e Louvor a Deus, que nos quis dar Este Menino! Que esperamos para dizer a toda a gente da terra, que hoje nasceu Jesus Cristo, o Messias Senhor, que é o nosso Salvador».
__________
Com este conto, quero desejar a todos quantos me visitam um Santo Natal.
Que o Menino Jesus derrame as Suas bençãos sobre as nossas vidas de sacerdócio, de religiosas/os consagradas/os, de pais, de filhos, de avós, de todas as condições de vida a que por Ele fomos chamados.
Que o Menino Jesus faça de nós pastores, para sempre O louvarmos e anunciarmos a Boa Nova a toda a gente da terra.

8 comentários:

Ver para crer disse...

Feliz Natal

J disse...

Joaquim,

É impressionante como me consegue supreender, o seu conto fez-me pensar com alegria na Vinda D´Ele. Obrigado por me recordar a importância do Nascimento no Nosso Salvador.

Desejo-lhe um Santo Natal e que Ele nasça no seu coração e o ilumine como tem feito de paz, amor , felicidade, ternura e Fé.

Um grande beijinho em Cristo

Sandra Dantas disse...

Querido amigo,
só passei para lhe deixar um abraço de Feliz Natal!!!

joaquim disse...

Caro "Ver para Crer"
Obrigado.
Um Santo Natal para ti.
Abraço em Cristo

joaquim disse...

Cara Joana
Mais uma vez obrigado pelas tuas palavras.
Que o Menino Jesus te abençoe, te conduza na tua vida e te ilumine para continuares a dar-nos as lindas histórias que nos fazem reflectir.
Abraço em Cristo

joaquim disse...

Carissima Sandra Dantas
Obrigado.
Um Santo Natal para ti e todos os que te rodeiam.
Abraço em Cristo

pensador da vida disse...

Santo Natal.... que é com quem diz, um Natal cheio de Jesus e Alegria!!!!

joaquim disse...

Carissimo Padre Ângelo
Obrigado e um Santo Natal para ti e todos os que te rodeiam.
Que o Menino Jesus derrame as Suas graças no teu sacerdócio.
Abraço em Cristo