terça-feira, 31 de outubro de 2006

HISTÓRIA INSPIRADA NO REFERENDO

Ela estava ali sentada, quase no chão, sobre uma pedra do jardim, a cabeça entre as mãos, e as costas estremeciam, como se estivesse a chorar.
Aproximei-me e perguntei-lhe, quase num sussurro, como para não incomodar:
- Sente-se bem? Precisa de alguma coisa? Posso ajudar?
Levantou a cabeça e olhou-me nos olhos, como à procura de uma critica, ou de ajuda, sei lá.
Fizeram-me impressão aqueles olhos, vazios, olhando sem olhar, esperando sem esperar, receosos, mas suplicantes.
- Posso-me sentar ao seu lado?
Perguntei eu, o mais docemente que me era possível.
Agora já não olhou para mim, mas ouvi a sua voz sumida, sofrida:
- Eu não tenho culpa. Disseram que não tinha mal. Que a lei até me protegia.
Com a maior ternura que me era possível, disse-lhe:
- Quer-me contar o que se passou. Não a conheço, mas gostava de a ajudar no seu sofrimento.
Olhou novamente para mim, como se eu fosse uma bóia de salvação, atirada a quem se perdia no alto mar.
- Sabe, eu não queria, mas ele insistiu, ralhou comigo e disse-me que se o não fizesse não queria saber mais de mim. Disse-me também que aquilo não tinha importância nenhuma, que a lei até dizia que se podia fazer e que para além do mais, aquilo não era vida nenhuma, porque se fosse a lei nem poderia existir.
Levou-me depois a uma dessas associações, que me explicaram tudo muito bem, que o corpo era meu, que aquilo que lá estava dentro não era nada, que mais valia agora do que sofrer depois, que a lei me protegia, que até era o estado que pagava por isso não podia ser mal nenhum.
Endireitou as costas e continuou:
- Sabe, eu sou muita nova, não sei nada destas coisas, da vida e por isso achei que eles tinham razão e se ainda por cima o estado tinha uma lei que aprovava aquilo que propunham, então era porque tudo estava certo. Disseram-me muitas vezes, pense bem, mas diziam-me sempre que se calhar aquela solução era a melhor.
Fez um pausa e continuou:
- Fiz aquilo que me disseram e foi tudo muito rápido, pois pelos vistos eu tinha prioridade sobre os outros doentes.
Os seus olhos abriram-se e as lágrimas começaram a cair.
- Mas agora eu sei que fiz mal. Tenho um vazio dentro de mim e não o consigo preencher. Agora eu sei, tenho a certeza que tinha uma vida dentro de mim, que era minha e que eu a queria.
Agarrou-me nas mãos e perguntou-me:
- E agora, já não há nada a fazer, pois não?
Os olhos suplicantes exigiam uma resposta e eu não sabia o que dizer.
Fiz uma oração interior e comecei:
- Realmente em relação ao que fizeste, já não podes fazer nada, excepto perceberes o que te aconteceu e tirar lições para a vida. Podes ajudar outras raparigas como tu, explicando-lhes a realidade daquilo porque passaste.
Sou Cristão e a minha Fé veio ao de cima:
- Sabes, neste momento sentes-te mal, arrependida, sofrida, como sem amor. Mas nunca te esqueças que Deus é muito maior que as nossas faltas, os nossos erros e que neste momento te olha com uma bondade infinita, te coloca no Seu coração, te perdoa e enche de amor. Só Ele pode colocar agora a paz no teu coração e dar-te forças para continuares e te perdoares a ti própria.
Deixei que as palavras saíssem da minha boca, não me importando com aquilo que dizia.
Deus teria de colocar em mim as palavras certas para a Sua filha em sofrimento.
Disse-lhe então para rever a sua vida, a sua relação com aquele homem que não quis assumir a sua responsabilidade. Disse-lhe que ainda tinha muita vida pela frente e que ainda daria muito amor, pelo amor que agora sentia e não podia dar.
Falámos não sei quanto tempo, abrimo-nos um ao outro, ela com as suas mágoas, eu com as minhas experiências de vida.
Dei-lhe indicações a quem procurar, disponibilizei-me para quando ela precisasse de mim e rezámos juntos uma Avé Maria, pedindo à Mãe do Céu a Sua protecção e consolo.
O seu olhar estava mais calmo quando nos despedimos, mas no meu intimo eu sabia bem que aquela dor iria levar muito tempo a passar e só com uma criança nos seus braços o seu coração se acalmaria por fim.



Esta é uma história inventada.
Muitos dirão que não tem sentido, que ninguém é assim tão ingénuo.
Muitos dirão que é demagógico e outras coisas.
Muitos dirão ainda que são devaneios dum Cristão.
Eu pergunto: É impossível acontecer?

O REFERENDO

"Concorda com a despenalização da interrupção voluntária da gravidez, se realizada, por opção da mulher, nas dez primeiras semanas, em estabelecimento de saúde legalmente autorizado"

Leio e releio e volto a ler a pergunta do referendo.
Tento descortinar as razões da dita despenalização tão apregoadas, para as mulheres com problemas graves e tão diversos que vão sendo enunciados.
Apenas vejo a liberalização total do aborto, seja porque razão for, desde que seja "opção da mulher".
A "opção da mulher", do homem, nunca pode ser contra vida.
Porque se afadigam tanto em tentar demonstrar que aquela vida, não é vida.
Para tranquilizar as consciências.
Somos aquilo que somos porque uma mulher e um homem um dia nos geraram e disseram sim à vida, a mesma vida que agora não queremos reconhecer.

segunda-feira, 30 de outubro de 2006

ORAÇÃO EM LÍNGUAS 11

"Não é provável que esta oração no futuro próximo tenha entrada nas grandes assembleias litúrgicas. No final do Evangelho de São Marcos que apareceu somente em meados do séc. II, diz-se: “E acontecerão estes sinais aos que acreditarem: … falarão em outras línguas” (Mc 16,17). Por isso cem anos após a morte de Jesus ainda era geralmente conhecido o sentido da oração em línguas e o texto dá a perceber a opinião de que este “sinal” da presença do Espírito Santo não só foi dado à primeira geração cristã, mas também é um fenómeno normal da missão cristã. Hoje estamos de novo perante uma nova época da história da fé, e ainda não encontramos a linguagem para descrever esta novidade do Deus sempre novo. O Senhor da história quer purificar a nossa linguagem, irromper a partir do interior, dar-nos palavras novas: Quando devolvermos as profundidades da nossa faculdade linguística ao Seu Mistério, então anunciaremos “com coragem o mistério do Evangelho” (Ef 6,19) de forma nova no nossa inteligível língua mãe.Concluindo, importa salientar: O Carisma da oração em línguas tem – como qualquer outro Carisma – como pressuposto uma capacidade natural, a saber, a capacidade humana de falar. A oração em línguas deve por isso, como qualquer Dom do Espírito Santo, ser examinada sobre a sua autenticidade. A pronúncia da série ininteligível de vogais e consoantes é um fenómeno que é plenamente conhecido dos médicos em determinadas doenças ou também aparece em estados de embriaguês. Não é portanto carismática, mas tem origem puramente psicológica. "

(as palavras a negrito são do autor)


"Experiência Fundamental do Cristianismo" - Heribert Mülhen

(A identificação do autor está em "Oração em Línguas 7" )

Aqui termina esta série de textos sobre a Oração em Línguas.
Não que se tenha esgotado o tema, mas porque foi lançada a interpelação e agora é tempo de "experimentar", de viver esta oração.
Estou, naturalmente ao dispôr, para responder ao que me for perguntado, dentro dos conhecimentos que o Senhor me vai dando conhecer.

Tudo para Sua Glória.

sábado, 21 de outubro de 2006

ESTALACTITE E ESTALAGMITE

Há dois dias quando acordei e ainda estava no estado de sonolência, comecei a louvar a Deus, como habitualmente faço, agradecendo por mais um dia na vida que Ele me deu.

No meu coração despontaram então duas palavras, estalactite e estalagmite, que eu não alcancei no momento o que me queriam dizer e não entendi o significado para aquele momento.

Ao longo do dia e durante os períodos de oração que fui tendo, fui reflectindo sobre aquelas palavras e pedindo ao Espírito Santo o discernimento sobre o facto do aparecimento daquelas palavras significarem algo para a minha vida espiritual ou apenas serem um acontecimento fortuito.

Aos poucos foi aparecendo uma “explicação”, que quero partilhar com quem aqui me visita.

Não existe estalagmite, (simplesmente falando), sem que primeiro haja uma estalactite, que vá gotejando a necessária água para a formação da mesma.

Primeiro discernimento: Sem a existência da estalactite, não há estalagmite. Assim se nós somos estalagmites, não poderemos existir sem a estalactite que vem primeiro e já existia (Deus).

A estalagmite está bem fixa no chão da gruta e vai “crescendo” em direcção ao tecto, conforme a estalactite vai pingando água sobre ela.

Segundo discernimento: Sendo nós as estalagmites, temos de ter os pés bem assentes na terra, mas crescendo sempre para o Alto, com o “alimento” que nos vem do Céu.

O processo de crescimento da estalagmite é demorado, contínuo, embora por vezes possa ser interrompido, porque alguma coisa interrompeu a queda das gotas de água na estalagmite. No entanto, passado esse momento as gotas de água voltam a cair e a estalagmite volta a crescer.

Terceiro discernimento: Na “nossa vida de estalagmites” em crescimento para o Alto, deixamos algumas vezes que outras estalagmites, ou outros acontecimentos, nos impeçam de nos “alimentarmos” do Alto e assim, interrompam o nosso crescimento na Fé. No entanto, passado esse momento, e perante o nosso arrependimento voltamos a aceitar o “alimento” divino e continuamos o crescimento para e com Deus.

Às vezes, embora apreciando a beleza das estalagmites, alguns homens por razões muitas vezes inexplicáveis, (porque os “irrita” a beleza, por uma razão apenas de destruição, etc), destroem as estalagmites. No entanto depois da destruição, recomeça o processo de crescimento entre a estalactite e a estalagmite.

Quarto discernimento: Muitas vezes por razões de respeitos humanos, de vergonhas, de criticas às nossas vidas, de tantas coisas que todos nós sabemos, cortamos a nossa relação com Deus. Quando nos arrependemos, Ele que está sempre presente, recomeça connosco e em nós o caminho para o Céu.

A estalagmite só cresce se receber as gotas de água da estalactite, não há outra forma de crescer. Se as não receber não passará do tamanho que tem e com o tempo e a erosão irá ficando cada vez mais pequena até desaparecer.

Quinto discernimento: Não podemos crescer na Fé apenas por nós próprios. Se não recebermos do Alto o alimento, não cresceremos para e com Deus, e até o “pouco que tivermos, acabará por desaparecer”(conf. Lc 19,26).

A estalactite “desce” ao encontro da estalagmite que vai crescendo para a união com a estalagmite.

Sexto discernimento: Deus vem ao nosso encontro. Se nos deixarmos “alimentar” por Ele, cresceremos na e até à Comunhão com Ele.

Quando a estalactite toca a estalagmite e se “fundem”, considera-se a união perfeita, que se passa a chamar coluna.

Sétimo discernimento: Se, apesar dos obstáculos do caminho, sempre caminharmos para Deus, em Comunhão com Ele, um dia, por Sua graça seremos Um com Ele (conf. Jo 17, 20-21), no louvor perfeito, no gozo eterno. Então seremos também uma união perfeita do Céu com a terra, na Comunhão dos Santos.

Se os homens já apreciam a beleza da estalactite e da estalagmite que se forma a partir da estalactite, ficam ainda mais extasiados perante a perfeição da coluna e do tempo que a mesma demorou a formar-se.

Oitavo discernimento: Com um testemunho verdadeiro e coerente de vida na Fé, muitos outros ficarão admirados e ansiosos por “experimentarem” as maravilhas de Deus.


“Senhor, faz-me ser uma “estalagmite”, alimentada por Ti, crescendo para Ti e em Ti, até à união perfeita conTigo, por Tua graça”.

ORAÇÃO EM LÍNGUAS 10

"Espera Deus de ti que também peças este Dom? Paulo diz aos Coríntios: “Eu desejo que todos faleis em línguas” (1 Cor 14,5) e agradece especialmente a Deus por ele mesmo falar em línguas (v. 18). Por isso ele exorta a que não se impeça o Dom de línguas (v. 39), mas acentua também que este Dom “dado” por Deus não é concedido a todos (1 Cor 12, 28.30). Ele é dado à maioria das pessoas, quando elas estão dispostas a entregar também a Deus a sua própria língua.
Na nossa cultura moderna e racionalista há contudo que ultrapassar determinadas barreiras de medo, quando alguém pede o Dom de línguas: Nós fomos educados a observar-nos constantemente a nós mesmos, a apresentar obras intelectuais, a não nos abandonarmos precipitadamente e sem critica a algo que não conhecemos. Mas, na oração em línguas, devemos primeiramente sair do barco ao qual estamos habituados e que nos dá protecção. Devemos procurar o impossível e caminhar sobre a água, apesar de considerarmos incrível que ela nos suporte. Neste caso, vale também para nós a exclamação de Jesus “Tende confiança; sou Eu, não tenhais medo!” (Mt 14,27).
Pode ser que à primeira vez te excites muito, pois deves realmente atravessar um umbral, deves soltar-te totalmente a ti mesmo, apenas rezar, sem prestar atenção aos sons que produzes. Muitos têm medo, e por isso é uma ajuda quando aqueles que já receberam este Dom rezam em línguas juntamente contigo a primeira vez. A muitos esta oração é dada sem nenhuma emoção interior, quando muito filial e “ingenuamente” se abandonam a Deus. Esta oração de per si não tem nada que ver com extâse e arrebatamento emocional".

(as palavras a negrito são do autor)


"Experiência Fundamental do Cristianismo" - Heribert Mühlen


(A identificação do autor está em "Oração em Línguas" 7)

(continua)

sexta-feira, 20 de outubro de 2006

O REFERENDO

Li agora no Diário de Noticias que um grupo de 60 médicos e outros profissionais de saúde, se uniram para fazer campanha pelo sim no Referendo do aborto, (chamemos as coisas pelos nomes e não "interrupção voluntária da gravidez").

Aqueles que juraram defender a vida, votam agora na morte!

A notícia é que estes 60 decidiram votar sim, não é que a grande maioria dos médicos e profissionais de saúde decidiram dizer não.

"Critérios jornalisticos".

quinta-feira, 19 de outubro de 2006

PENSAMENTOS INSPIRADOS NA PROCURA DE DEUS 23

O Céu e a Terra juntaram-se num parto de amor eterno, (Virgem Maria). Graças ao Espírito Santo.

ORAÇÃO EM LÍNGUAS 9

"Se chamamos a Deus o Mistério Inefável, queremos dizer com isso que nenhum conteúdo da nossa inteligência pode abarcá-Lo e expressá-Lo. Isto vale também para as palavras “Deus”, “Pai”, “Santo”, etc. A elas associamos determinadas ideias e conteúdos que foram tomados da nossa experiência humana. Mas se o próprio Deus, o “Pai”, é inexperimentável, como diz a Bíblia desde o primeiro ao último livro, então o Seu Mistério só pode expressar-se em palavras que não foram tiradas da nossa experiência humana. Além disso, podemos proteger-nos muito bem contra Deus e falar sobre Ele na nossa língua-mãe e com muitas noções estudadas da nossa inteligência. Pelo contrário, na oração em línguas falamos a Deus (1 Cor 14,2) Por isso nela também não comunicamos alguma coisa aos outros homens, mas edificamo-nos a nós mesmos, apresentando-nos a nós mesmos diante de Deus (1 Cor 14,4).
Por esta razão, Paulo adverte que a oração em línguas passe para segundo plano na assembleia litúrgica. Quando ninguém a pode “interpretar”, também ninguém deve falar assim perante a comunidade. Deve “fazê-la para si mesmo e perante Deus” (1 Cor 14,28). Por isso esta forma de oração permanece privada na medida em que é, em primeiro lugar, um enriquecimento da oração “privada”. Mas o próprio fenómeno em si é uma profunda “desprivatização” perante Deus, pois nele eu não rezo “separado” de Deus a um “Ser Superior” anterior e por cima da criação, mas Deus, o Espírito Santo reza em mim através de Cristo a Deus, o Pai incompreensível e inexperimentável. Outra coisa é, sem dúvida, o “canto no Espírito Santo” (Ef 5,19 seg.; Cl 3,16 seg.) em comum: Alguém entoa uma melodia, todos se reúnem à sua volta, cantam-na em várias vozes, “como o Espírito Santo os inspira”, e então rezam em línguas. Quando este Dom não é concedido, pode então juntar-se a estas melodias orações na língua materna (Aleluia, Jesus é o Senhor, etc). Este “canto no Espírito Santo” na reunião de oração dá muitas vezes uma profundidade incalculável à adoração. Não é por acaso que isso se desenvolve frequentemente na celebração da Eucaristia, após a narração da Instituição, a seguir a exclamação: “Mistério de Fé”.
A interpretação de uma oração em línguas numa assembleia é, segundo S. Paulo, um Dom especial do Espírito Santo (1 Cor 12,10). Quem interpreta uma oração em línguas procura acompanhá-la e, através de uma intuição espiritual, dar-lhe um conteúdo. É evidente que aqui não se pode tratar de uma “tradução”, pois o que ora não associa à sua linguagem conteúdo nenhum. O Dom da interpretação e da exegese é sobretudo dado para que também os outros tenham um proveito da oração em línguas (1 Cor 14,17), permaneça a dimensão social da presença de Deus e também a inteligência não fique sem lucro (1 Cor 14,14). A interpretação é por isso mais um complemento que uma tradução!


(As palavras a negrito são do autor)



“Experiência Fundamental do Cristianismo” – Heribert Mühlen

(A identificação do autor está em "Oração em Línguas 7)


(continua)

quarta-feira, 18 de outubro de 2006

ORAÇÃO EM LÍNGUAS 8

"Na nossa oração tradicional conhecemos graus que antecedem isso: No coral gregoriano há séries de tons longos, nos quais é cantada só a vogal “a” (como no final do Aleluia). A vogal “a” não tem “sentido” em si mesma, não contém uma comunicação, uma informação. Ela é um tal “cantar-se a si” diante de Deus, simplesmente a ponte linguística para Deus, e provém das camadas profundas da minha pessoa que não se entende pela pura razão. Um fenômeno semelhante é sobretudo na Igreja Oriental a oração de Jesus. Na repetição muitas vezes de horas seguidas o orante diz a jaculatória: “Senhor Jesus Cristo, tem piedade de mim”. Quando alguma vez se ouviu esta frase, conhece-se o conteúdo, mas nesta forma de oração não se trata em primeiro lugar do conteúdo, mas do processo de eu falar com Jesus e com Deus e assim experimentar em mim a Sua presença. Uma tal repetição constante é “sem sentido” para a “inteligência”. O mesmo acontece na oração do Rosário. Durante a oração não se acompanha com o entendimento o conteúdo de cada palavra ou das frases pronunciadas. Não tem “sentido” pronunciar a mesma oração 50 vezes. Na oração em línguas acrescenta-se a isso só uma coisa. As vogais e consoantes pronunciadas pertencem a uma língua que não conheço, que deste modo ainda ninguém pronunciou. Nela eu expresso-me diante de Deus, entrego-me a mim mesmo, também a minha língua, totalmente a Ele.

A doação de si mesmo a deus na oração em línguas pode expressar agradecimento (1Cor 14,16 seg.), intercessão (Rm 8,27; Ef 6,18), proclamação das maravilhas de Deus (Act 2,11; 10, 46). Atinge a sua dimensão mais profunda na adoração de Deus por Ele mesmo. Quando louvamos e glorificamos a Deus por causa da Sua Criação, podemos enumerar as muitas criaturas que Ele criou. Mas se O louvamos e O glorificamos porque Ele é o Mistério imenso, incompreensível, inefável Cf 14,2), faltam-nos as palavras. Nós só podemos exclamar “Nós Te louvamos, te bendizemos, Te adoramos” e então devíamos repetir continuamente estas jaculatórias ou começar a cantar as “propriedades” de Deus (Só Tu és Santo, só Tu o Senhor, só Tu o Altíssimo, etc). Quando se trata de Deus, porque Ele é Deus, não sabemos realmente o que e como rezar. Então só podemos abandonar-nos à presença de Deus em nós: Ele mesmo vem em nossa ajuda “com gemidos inenarráveis” (Rm 8,26). A palavra grega que neste lugar é traduzida por “gemido”, no contexto do Novo Tetstamento é um termo técnico para uma oração que não procede da inteligência mas do Espírito Santo. Esta palavra encontra-se também em Mc 7,34 e 8,12. Por isso Marcos era provavelmente da opinião de que Jesus também tinha rezado desta forma."


(as palavras a negrito são do autor).



“Experiência Fundamental do Cristianismo” – Heribert Mühlen

(A identificação do autor está em "Oração em Línguas 7").


(continua)

terça-feira, 17 de outubro de 2006

JOÃO PAULO II

Passam hoje 28 anos que foi eleito João Paulo II.
Agradecendo a Deus por este Homem que quis dar à Igreja e à humanidade, deixo aqui a oração que escrevi quando foi para junto do Pai.

Obrigado Senhor,
por este homem santo
que quiseste dar à humanidade.
Obrigado Senhor,
por este Teu servo
que colocaste no mundo para Te servir,
servindo os irmãos.
Obrigado Senhor,
por este testemunho
que quiseste dar aos Teus filhos,
de firmeza, de coerência,
de entrega a Ti,
de defesa da paz,
de vivência do amor,
sem fronteiras.
Obrigado Senhor,
por este chamamento
à santidade,
que quiseste colocar,
tão claro,
neste Teu servo.
Obrigado Senhor,
pela morte do Teu servo,
mostrando-nos a dignidade da vida,
e a esperança
da felicidade eterna,
na Tua presença.
Obrigado Senhor,
pela graça que dás à humanidade,
de termos um novo intercessor
junto de Vós.
Obrigado Senhor,
pela Igreja que nos conduz,
nos guia,
e nos convida à alegria
por um irmão mais velho,
que volta à Tua casa,
Ó PAI.


2 de Abril de 2005

ORAÇÃO EM LÍNGUAS 7

O Dom de Línguas é para muitos o primeiro passo para uma desprivatização perante Deus: “Quem reza em línguas, não fala aos homens mas a Deus; ninguém o entende: No Espírito Santo ele diz coisas misteriosas” (1Cor 14,2). Deus é não só incompreensível, mas também inefável. Isto é expressamente doutrina e dogma da Igreja. Não podemos abarcar e expressar os mistérios de Deus coma nossa linguagem humana comum. A oração em línguas é porém um expressar daquilo que permanece inefável por toda a eternidade! Devemos por isso permitir a Deus que penetre na nossa mais profunda capacidade de falar, que expresse em nós o Seu Mistério. Na oração em línguas abandonamo-nos a Deus até ao mais profundo do nosso ser humano. A faculdade de falar é na verdade a sua expressão mais profunda (um animal jamais aprenderá uma língua humana). Na palavra “eu” estou eu mesmo totalmente presente, com corpo e alma, inteligência, vontade e sentimento. Ninguém pode dizer “eu” em meu lugar, ninguém pode dizer “tu” em meu lugar. A oração em línguas neste sentido é um dizer “Tu” a Deus, proveniente das profundidades da pessoa, sem que o que reza entenda o “sentido” (cf. 1 Cor 14,11).
Porque este expressar do inefável se tornou quase desconhecido, não se pode à distância fazer uma idéia dele, quando a gente ainda não o ouviu ou experimentou em si. Esta oração está por isso exposta a muitos mal-entendidos. Ela não é – como dão a entender as traduções bíblicas – um falar “arrebatado” ou “extático”, mas um falar muito normal, num tom normal. Paulo supõe que quem reza assim pode começar e terminar quando ele quer (1 Cor 14,27 “um depois do outro”). Geralmente a oração em línguas ouve-se como uma emissão de noticias na rádio numa língua totalmente desconhecida para o ouvinte. Trata-se de uma série de vogais e consoantes com uma melodia e ritmo linguístico determinado, com a única diferença de que esta linguagem é “sem sentido” para a inteligência e além disso, muito pessoal, dado que procede duma profunda atitude de adoração.

(as palavras a negrito são do autor).

“Experiência Fundamental do Cristianismo” – Heribert Mühlen

WIKIPÉDIA
Heribert Mühlen
Heribert Mühlen (April 27 1927- May 25 2006) was a German Roman-Catholic theologian.
He was born in Mönchengladbach, studied in Bonn, Freiburg, Rome, Innsbruck, Münster und Munich, and was priest since 1955. Since 1962 Mühlen taught at the Divinity Faculty of the University Paderborn, where he later (1964-1997) worked as Ordinarius für Dogmatik und Dogmengeschichte (Professor of Dogmatics and Dogmatical History).
During the Second Vatican Council, Pope Paul VI appointed Mühlen as one of the theological experts (1964).
His theological work is concentrated mostly on pneumatology, ecclesiology and pastoral theology. Mühlen also helped to introduce protestant charismatic ideas into the Roman-Catholic church.

(continua)

segunda-feira, 16 de outubro de 2006

A RIQUEZA POBRE E A POBREZA RICA

Ontem, Domingo, na homilia, o nosso Pároco contou uma história para ilustrar a pobreza daqueles que vivem para os seus bens.

Uma criança olhava através da vidraça da janela para fora e a mãe perguntou-lhe:
- O que vês?
Ela respondeu:
- Veja o mundo, a natureza, as pessoas, as cores, tudo enfim.
A mãe foi buscar um espelho e colocou-o no sitio da vidraça e perguntou:
- E agora o que vês?
A criança respondeu:
- Agora só me vejo a mim!!!
Disse, então a mãe:
- É que colocaram «prata» no vidro e essa «prata» apenas deixa que te vejas a ti!!!

domingo, 15 de outubro de 2006

ORAÇÃO EM LÍNGUAS 6

Hoje é Domingo, dia do Senhor.
Glória ao Senhor.



"Portanto, não há por que assombrar-se ao ver como uma prática que de nenhum modo é devida a outra tradição distinta da nossa, é revivida. Uma vez adquirida tal liberdade de expressão dos sentimentos religiosos em si mesmos, pode-se e deve-se sentir verdadeira necessidade de compartilhá-los com outros homens; e achar-se-á normal e benfazejo que já se possa louvar, adorar, glorificar e amar a Deus segundo todos os modos de expressão dos quais dispomos – segundo todas as cordas da harpa - , expressão na qual o ‘falar em línguas’ entra como parte integrante para quem entendeu seu sentido.
Falar em línguas, concebido dessa forma, parece-me um enriquecimento espiritual; por isso, não duvidei em considera-lo como um dos frutos da graça.»

"Um Novo Pentecostes" - Cardeal Leo J. Suenens

(continua)

sexta-feira, 13 de outubro de 2006

ORAÇÃO EM LÍNGUAS 5

"Reconheçamos que nos encontramos, em geral, tremendamente embaraçados quando se trata de exteriorizar os nossos sentimentos religiosos profundos, tanto a Deus como aos homens.
Inclusive os próprios sacerdotes e religiosos sabem muito bem quanto lhes custa “entregar-se” em profundidade espiritual a seus irmãos com quem vivem lado a lado, mas superficialmente. Estamos petrificados por formalismos e ritualismos; adquirimos pouco a pouco uma expressão comunitária litúrgica, depois de muitos séculos de passividade. Ainda não encontramos o calor conveniente para uma festa, para uma celebração fraternal; o degelo é conseguido pouco a pouco. Ainda em nossos dias, o Papa tem de nos pôr em guarda diante da rotina da oração e diante do abuso de fórmulas feitas. Descobrem-se neste momento alguns novos métodos em matéria de expressão corporal e de intercomunicação (...) Os jovens marcham com toda a naturalidade nessa direcção. O dom de ‘falar em línguas’, longe de ser considerado algo arcaico, poderia converter-se em elemento de renovação."


"Um Novo Pentecostes" - Cardeal Leo J. Suenens

(continua)

COMO ENRIQUECER DEPRESSA

Hoje apetece-me uma "pequena provocação".
__________
Aí está mais um!!!
Desta vez conta-se, (não li, nem vou ler), a "verdade, verdadinha" sobre o "assassinato" do Papa João Paulo I.
Já deve estar, com certeza, na lista dos livros mais vendidos.

Então a receita é assim:
Toma-se uma história que envolva a Religião Católica, ou a Biblia, ou a Igreja Católica, ou os Anjos, ou as vidas dos Santos, ou tudo junto, e à volta disso inventa-se uma história tipo romance, que deve conter os seguintes ingredientes, para além de outros, obviamente:
Algumas citações biblicas, interpretadas a gosto, dois ou três comentários de teólogos, (dos que não acreditam em Deus), que sirvam os propósitos, partes de documentos da Igreja, retirados de contexto, algumas citações de gente conhecida no mundo das ciências, para dar credibilidade "cientifica", algumas citações de documentos de bibliotecas, etc, para "provar" que se fez um "estudo aprofundado", duas ou três figuras femininas, para que possam haver algumas cenas de sexo erótico, (não explicito, para não ferir a "credibilidade"), de preferência com Ministros da Igreja, não esquecer também os bens materiais que tenham sido "desviados" e, muito importante, nunca esquecer que em tudo isto tem de estar por detrás um segredo importante, uma conspiração de silêncio.

Feito isto, é necessário deixar escapar, nos sitios certos e com as pessoas certas, a "inconfidência" do "grande escândalo" sobre a Igreja que está para "rebentar".

Deixa-se a "cozinhar em lume brando" e no momento certo, escolhido pela editora, faz-se aparecer a "obra".

Sucesso garantido!!!

Compram os que são contra a Religião, contra a Igreja, para depois terem mais argumentos e poderem dizer: "eu não dizia, que estes gajos da religião andavam a enganar a gente"!!!

Compram os que não querem saber de nada, mas têm de ter em casa, porque toda a gente tem.

E depois..., depois compram os cristãos, que podem não ler a Biblia, os Documentos da Igreja, as vidas dos Santos, os livros que ajudam a crescer na Fé, mas estes livros compram, leêm sofregamente e depois dizem que ficaram com dúvidas na "sua fé".

Dúvidas não, porque se livros deste tipo levam a duvidar da Fé em que acreditamos, da Igreja em que vivemos, então é porque a Fé ainda não existia.

«Perdoai-nos Senhor, porque não sabemos o que fazemos, o que escrevemos, o que lemos.»

ORAÇÃO EM LÍNGUAS 4

“Karl Barth descreveu a glossolalia, (dom de falar em línguas), como um esforço para expressar o inexprimível. São Paulo dirá por sua vez que o próprio Espírito Santo intercede por nós com gemidos inefáveis (Rm 8,26); e Ele se une a tal oração misteriosa, não articulada, deixando ao próprio Deus o cuidado de glorifica-lo e lhe dar graças por um amor que ultrapassa todo o conhecimento (Ef 3,19). Em linguagem psicológica dir-se-ia: eis aqui a voz do subconsciente que se eleva para Deus. Uma expressão, pois, do subconsciente, como também o são os sonhos. Tudo isso tem lugar nas profundezas do nosso ser: de onde procede um efeito de profunda cura reconhecido de vez em quando, cura de traumatismos o cultos que impedem o desenvolvimento da vida interior."

"Um Novo Pentecostes" - Cardeal Leo J. Suenens

(continua)

quinta-feira, 12 de outubro de 2006

CONVERSÃO

Leia a noticia sobre a conversão de Flavio Briatore, conhecido "play-boy", manager da equipa Renault da fórmula 1.

http://www.periodismocatolico.com/index.php?option=com_content&task=view&id=127&Itemid=38

O Senhor serve-se muitas vezes do sofrimento para podermos alcançar um bem muito maior.

Glória ao Senhor.

ORAÇÃO EM LÍNGUAS 3

“Se São Paulo o denomina e julga o menor dos dons – ainda que ele mesmo o exercitasse – não é, sem dúvida, porque venha a ser como um caminho de acesso para outros dons, como uma porta que se pode ultrapassar curvando-se um pouco. O carisma de falar em línguas é, pois, um acto de humildade e de espírito infantil que desemboca no Reino de Deus. «Se vos tornardes como crianças…» . Esta palavra de Jesus de significado bastante profundo é bem conhecida. Esse dom tão pouco cerebral abre uma brecha no nosso sistema de reserva e de defesa, e ajuda a franquear uma espécie de espaço entendido como libertação e abandono de si ao Senhor; esse ceder entrega o corpo e a alma à obra do Espírito, quando nos prestamos a isso.
Por não ser mais que uma espécie de pontapé inicial, não deixa de ser menos precioso porque traduz, a seu modo, a liberdade interior dos filhos de Deus.”

"Um Novo Pentecostes" - Cardeal Leo Joseph Suenens

(continua)

quarta-feira, 11 de outubro de 2006

O ABORTO

Do volume II do Diário de Miguel Torga

Coimbra, 28 de Abril de 1942

O tecto do velho casarão hospitalar só não caiu porque isto da matéria às vezes resiste muito.
Era na hora da aceitação. a ficha pedia respostas curtas e concretas.
- Profissão?
- Meretriz.
- Filhos?
- Oito.
- Quantos?
- Oito.
- E todos desde que ...
- Todos.
Serena, como se tivesse dito uma coisa sem qualquer importância, continuou de pé, encostada à parede.
- Sente-se.
- Com licença.
Amparou a barriga desmedida, acomodou-se no banco, e continuou a responder.
- Abortos?
- Nenhum.
- Nenhum?!!
Não, senhor.
- Então, mas na sua vida?!...
- Nenhum. Nunca quis.
- E os filhos? Vivos ou mortos?
- Vivos.
- Criados lá?!
- Lá.
Até as paredes pareciam tremer de comoção. Segura, só ela, desgraçada, mas com a sua folha de mãe corrida e plena.
- Muito bem. Suba.
O nono filho nasceu como o de qualquer mulher honrada, e ela teve alta esta manhã.
- Vou mandar-lhe umas coisas - não se conteve o coração comovido de um colega - Quero auxiliá-la. Isto é tudo uma miséria, mas, é preciso que ao menos a gente só assine vencido.
- Não - respondi-lhe eu, a olhá-lo bem - Se quer de facto ajudá-la, não faça isso. siga-lhe o exemplo, e nem mesmo vencido assine.

terça-feira, 10 de outubro de 2006

ANIMA CHRISTI

ANIMA CHRISTI, SANTIFICA ME
CORPUS CHRISTI, SALVA ME.
SANGUIS CHRISTI, INEBRIA ME
AQUA LATERIS CHRISTI, LAVA ME.

segunda-feira, 9 de outubro de 2006

O MAPA

Um homem de negócios regressou a casa, pegou no jornal e começou a ler.
O seu filho de cinco anos não parava de incomodá-lo.
Para o manter ocupado, pegou num Mapa-Mundi, cortou-o em pedaços e disse à criança:
- Senta-te e junta as peças deste mapa. Se o conseguires dou-te um prémio.
O pai estava convencido que o seu filho já tinha ocupação para o resto do dia.
Mas, em questão de minutos, o menino regressou trazendo-lhe o puzzle reconstruido.
- Como é que conseguiste fazer tão depressa?
Ele respondeu:
- Pai, por detrás do mapa havia a imagem de um homem. Eu consertei o homem e o mundo ficou perfeito.

Retirado da revista "Juvenil" das Edições Salesianas.

PENSAMENTOS INSPIRADOS NA PROCURA DE DEUS 22

A cruz que nós queremos, nunca é a nossa.

domingo, 8 de outubro de 2006

quinta-feira, 5 de outubro de 2006

ORAÇÃO

Oração que fez o meu Pedro, (12 anos), em Maio, (só agora me mostrou), sobre os temas de reflexão no seu colégio.

«Meu Deus de bondade infinita, quando tenho os meus óculos escuros, eu não Te vejo, não Te louvo, mas depois apercebo-me que os tenho de tirar para Te louvar, ó meu Deus de bondade infinita.
Ensina-me a caminhar e ser digno de poder seguir 3 grandes temas: o Bem, a Verdade e o Belo.
E Tu, junto da Virgem Maria e de todos os Santos, ajuda-me, meu Deus de bondade infinita, a rezar, louvar-Te e glorificar-te cada vez melhor.
Amen.»

DEUS NAS FÉRIAS




Vou fazer umas mini, mini-férias neste fim de semana e decidi "descarregar" a máquina para poder fazer mais fotos.

No meio de tantas surgiram-me estas tiradas em São Pedro de Moel praia das férias da familia enquanto eu vou trabalhando e tirando uns dias.

Estas fotografias trouxeram ao meu coração uma mensagem de Deus, que Ele me deve ter dado naquele dia, mas que eu estava demasiado no mundo para ouvir:

«Boa noite, meus filhos não me esqueçam durante as férias, porque eu vos amo e continuo a criar o belo para vós.»

E eu tão longe tantas vezes!!!

"Obrigado Senhor por me chamares a atenção.

Que neste fim de semana o meu pensamento, livre do trabalho, Te pertença ainda mais, e eu Te encontre em todos os momentos da minha vida.

Obrigado Senhor, por tudo o que me vais dar neste tempo de descanso."

quarta-feira, 4 de outubro de 2006

ORAÇÃO EM LÍNGUAS 2

Do livro de Jean Lafrance - «Quando orardes dizei: "Pai".»



"É quando já não tens palavras para rezar que é bom deixar rezar o Espírito no teu coração, com gemidos inefáveis. Tais gemidos são profundos demais, para se exprimirem em palavras. no mais intimo do teu coração existe uma melodia secreta, um canto misterioso que quer libertar-se e que não pode, porque geme em dores de parto. Quando o ouvires, fiacarás estupefacto coma sua beleza.
Eis porque, na oração, deves ser levado pelo desejo de cantar o que quer que seja. Se cantas alguma coisa boa, isso será ainda da tua própria lavra. Ao passo que se puderes deixares-te levar - é isto o espírito de infância - deixarás que se expanda o que de mais profundo há em ti e que desconheces. Deus colocou em ti o murmúrio do Seu Espírito, mas tu abáfa-lo com as tuas ideias, os teus cálculos e os teus programas.
Deus pede-te que não controles a tua oração, mas que deixes brotar do teu coração esse canto novo do qual ninguém conhece a partitura, a não ser aquele que a recebe e no momento que a canta. Descobrirás assim o esplendor que sai de ti mesmo, porque foi o próprio Deus que o depôs lá. Não abafes a espontaneidade do Espírito que dorme em ti. No Céu, isto será perfeito, pois descobrirás na luz de Deus como és um servo inútil. E ao mesmo tempo, descobrirás a tua verdadeira importância que é seres um adorador em espírito e em verdade, tal como o Pai os procura (Jo 4,23).»

ORAÇÃO EM LÍNGUAS

Porque "A Capela" se mostrou interessada nesta oração.

"... falarão novas línguas" (Mc 16,17).
"... o Espírito Santo que ensina a Igreja e lhe recorda tudo o que Jesus disse, também a educa para a vida de oração, suscitando expressões que se renovam no âmbito de formas permanentes, benção, petição, intercessão, acção de graças e louvor" (do Catecismo da Igreja Católica).
Sendo o dom das línguas o mais comum de todos os carismas, não deixa talvez de ser também o mais estranho. A primeira manifestação do dom das línguas coincidiu com o aparecimento da Igreja, diante do Cenáculo de Jerusalém "... e começaram a falar em outras línguas ..." (Act 2,4 ).
O dom das línguas ou glossologia é, antes do mais, uma oração que se faz a Deus. Trata-se de uma oração feita em língua desconhecida, nunca estudada e nunca ouvida. Quem a profere, empregando sons dos quais não compreende o sentido, sente-se envolvido por um misterioso sentimento de alegria e paz.
A oração em línguas integra sempre a oração comunitária, onde brota com naturalidade e se traduz numa força poderosa. Faz também parte da oração pessoal, quando as palavras nos faltam, a fraqueza nos invade e se apodera de nós uma sensação de desânimo, impedindo a nossa concentração. Rezar em línguas abre o caminho para uma oração mais profunda, para um contacto mais imediato com Deus. Jean Lafrance diz que a oração brota do mais profundo do nosso ser como um "grito", e diz também que "Jesus revela-nos o verdadeiro objectivo da nossa oração, que é a efusão do Espírito Santo no coração de cada um". Como diz S. Paulo na 1ª Carta aos Coríntios 14,2 "aquele que fala em línguas, não fala aos homens mas a Deus: ninguém de facto entende pois no Espírito diz coisas misteriosas", e acrescenta em 14,4 "quem fala em línguas edifica-se a si mesmo".
O Cardeal Suenens dá testemunho da dimensão espiritual da oração em línguas, quando afirma: "este modo de rezar é uma forma de desprendimento de si, de desbloqueio e de libertação interior diante de Deus e dos outros. Se no ponto de partida da experiência se aceita este acto de humildade, (...) experimenta-se a alegria de descobrir um modo de rezar para além das palavras e para além de todo o cerebralismo. Este modo de rezar é criador de paz e expansão".
Na 1ª Carta aos Coríntios 14,15 S. Paulo diz: "Rezarei com o Espírito, mas rezarei também com a inteligência, cantarei com o Espírito, mas cantarei também com a inteligência". Santo Agostinho chama ao cântico em línguas o cântico no júbilo e explica que o júbilo é uma alegria que não pode expressar por palavras o que se canta com o coração. A voz humana expressa o que é concebido interiormente e não pode ser explicado por palavras. "A voz da alma extravasa felicidade expressando o que sente sem reflectir em nenhuma significação especial. Para manifestar esta alegria o homem não usa palavras que podem ser pronunciadas ou entendidas, mas simplesmente deixa que a sua alegria irrompa sem palavras".
A oração em línguas é apropriada em qualquer circunstância, porque sabemos que é o Espírito que inspira as intenções e as palavras. Como oração de louvor é o meio mais fácil para glorificar a Jesus e ao Pai. Como oração de súplica e intercessão e combate às tentações, é forte e poderosa porque as palavras chegam a Deus mediante o poder do Espírito.
Quem não se sentiu tocado quando num grupo de oração carismático, espontânea e imperceptivelmente se começa a rezar em línguas, sem que alguém tenha transmitido qualquer ordem ou sinal nesse sentido? Do mesmo modo, quando ao terminar se seguem alguns instantes de silêncio, quem não sentiu ali a presença de Deus, viva e real que nos une amorosamente?


Lurdes Azinheiro; Isabel Soares de Almeida - Grupo Pneumavita, Lisboa

Retirado do site da Pneuma

PENSAMENTOS INSPIRADOS NA PROCURA DE DEUS 20

O pecado repetido, torna-nos "impermeáveis" ao amor de Deus.

terça-feira, 3 de outubro de 2006

DAS VÉSPERAS DE HOJE

Como Te encontraremos,
Ao declinar do dia,
Se o Teu caminho não cruzar
O nosso caminho?
Fica connosco,
Dá-nos a Tua luz:
E a alegria vencerá
A escuridão da noite.

ORAÇÃO PARA HOJE

Hoje Senhor, quero passar o dia sem nada Te pedir.
Quero apenas louvar-Te por tudo quanto me deres a ver, a conhecer, a viver, a testemunhar.
Quero encontrar-Te nas irmãs e irmãos que por mim passarem, conhecidos ou desconhecidos, e ouvir nas suas palavras tudo o que por eles me quiseres dizer.
Quero reconhecer-Te em todos os bons momentos deste dia, em todas as alegrias, em todas as consolações, em tudo aquilo que correr bem.
Quero amar-Te em todas as contrariedades deste dia, em todas as tristezas que vierem à minha vida, em todos os desertos que acontecerem no meu coração, em tudo aquilo que não correr como eu desejo.
Quero sentir-Te no calor do Sol, na frescura da chuva, na impetuosidade do vento que sopra, na calma das árvores quietas.
Quero viver-Te no riso das crianças quando for buscar os meus filhos à escola, no abraço que não espero, de alguém que vais colocar no meu dia, no amor da familia quando regressar a casa.
Quero alimentar-me de Ti, Senhor, na Eucaristia, que por Tua graça, quero participar ao fim deste Teu dia que Tu me deste.
Por isso, Senhor, apenas um pedido:
Que o Teu Espírito Santo me conduza e ilumine para que eu possa fazer tudo o que a nesta oração me comprometo.
Amen.

segunda-feira, 2 de outubro de 2006

«CHECK-UP» DIVINO

Fui ao hospital fazer um check-up, como quem diz, uns exames de rotina.
Verifiquei que estava doente:
Quando Jesus me mediu a tensão arterial, verificou que estava baixa de ternura.
Ao ver a temperatura, o termómetro registou 40º de egoísmo.
Fiz um electrocardiograma, e diagnosticou necessidade de uma ponte de amor, pois a minha veia estava bloqueada e não estava a abastecer o meu coração vazio.
Passei pela ortopedia, pois estava com dificuldade de andar lado a lado com o meu irmão e não conseguia abraçá-lo por ter fracturado o braço ao tropeçar na minha vaidade.
Verificou-se que eu sofria de miopia pois não sou capaz de ver para além das aparências.
Queixei-me de que não conseguia ouvi-Lo, e diagnosticaram-me um bloqueio resultante das palavras vazias do meu dia-a-dia.
Obrigado, Senhor, porque, pela Vossa grande misericórdia, não me fizeste pagar a consulta.
Prometo que, ao sair daqui, usarei apenas os remédios naturais, que Vós me indicastes e que estão na receita do Vosso Evangelho.
Tomarei diariamente, ao levantar, chá de agradecimento; ao chegar ao trabalho, uma colher de sopa de bom dia, e, de hora a hora, um comprimido de paciência, com um copo de humildade.
Ao chegar a casa, Senhor, tomarei diariamente uma injecção de amor, e, ao deitar, duas cápsulas de consciência traquila.
Agindo assim, tenho a certeza de que não voltarei a ficar doente, e todos os dias serão de confraternização e de solidariedade.
Prometo prolongar este tratamento preventivo por toda a minha vida, para que, quando me chamardes, seja de morte natural.
Obrigado, Senhor, e perdoai-me ter-Vos roubado tanto tempo.

Autor desconhecido.

Retirado do jornal "A Voz do Domingo" - Diocese de Leiria-Fátima

domingo, 1 de outubro de 2006

PENSAMENTOS INSPIRADOS NA PROCURA DE DEUS 19

Senhor que alimento de amor Tu és!

Sou insaciável de Ti!

PENSAMENTOS INSPIRADOS NA PROCURA DE DEUS 18

Hoje é Domingo.

Glória a Ti, meu Senhor e meu Deus que nos prometes a vida eterna.


Àqueles que vivem no mundo, do mundo e para o mundo, é insuportável a Ressurreição de Jesus Cristo.