segunda-feira, 31 de dezembro de 2018

««Estava no mundo e o mundo, que foi feito por Ele, não O conheceu.» Jo 1, 10

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Neste final de ano e começo de um novo ano recordo uma das muitas coisas que o meu pai nos ensinou, em família, dizendo que a gratidão era a “coisa” mais importante, pois tudo envolvia: a humildade, a entrega, o amor.

Ao ler o versículo, em título, do Evangelho de hoje, reconheço, sem dúvida, como nós homens somos ingratos.

Deus fez o mundo e entregou-o nas nossas mãos, para que o “enchêssemos e dominássemos” (Gen 1, 28), não como ditadores, como déspotas, mas como o próprio Deus se nos revela, em amor e por amor.

Nós, homens, no entanto, não só vamos destruindo o mundo com toda a nossa ganância e egoísmo, como, (certamente porque não suportamos a culpa disso mesmo), vamos querendo afastar Deus da sua obra, não só do mundo, mas, sobretudo, da sua obra mais perfeita, (porque feita à sua imagem e semelhança), do Homem.

E isto porque não somos gratos, e não somos gratos, porque não somos humildes, porque não sabemos receber e não sabemos dar, enfim porque não amamos como Ele nos ensinou a amar.

Por isso o meu desejo mais profundo, o meu voto mais sentido, o meu pedido ao Senhor de todas as coisas neste novo ano que vai começar, é que, mais uma vez e sempre tenha compaixão de nós e nos ajude e leve a perceber que Ele está no mundo, que Ele fez o mundo, e que só conhecendo-O poderemos verdadeiramente alcançar a felicidade que todos desejamos nesta quadra uns aos outros, a maior parte das vezes apenas por palavras de circunstância e sem o amor verdadeiro, ou seja, o amor que Ele nos dá primeiro, para nós recebermos e darmos uns aos outros, em humildade, entrega e gratidão.


Marinha Grande 31 de Dezembro de 2018
Joaquim Mexia Alves 
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domingo, 16 de dezembro de 2018

CONTO DE NATAL 2018


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Sentado sozinho na sua sala, ao fim da tarde, pensava na sua família, pais, irmãos, sobrinhos, que na casa de um deles estavam reunidos para passar a noite de Natal.
Ele tinha-lhes dito com firme convicção que não celebrava coisas em que não acreditava, tais como o Natal, pois sempre tinha conduzido a sua vida pela ciência, pela lógica, e, obviamente, um filho nascer de uma mãe virgem por “obra e graça do Espírito Santo”, (esta frase fazia-o sempre rir com desdém), era coisa absolutamente impossível. 

Reconhecia que se sentia triste, só, quase como abandonado, mas em nome da sua coerência radical tinha que ser assim, para que eles percebessem o erro em que viviam.
Festa da família, sim senhor, mas não com aquela coisa do presépio e aquela crença absurda!

À medida que o dia se aproximava do fim, ele ia sentindo o barulho da rua aquietar-se, percebendo que a maioria das pessoas estava em suas casas, reunidas para os seus jantares de Natal e quase podia ouvir os risos e a excitação dos mais pequenos nas casas ao lado da sua.

Por um breve momento no seu coração desejou acreditar em toda aquela história do Natal, mas abanou a cabeça firmemente num não convicto vindo dos seus pensamentos mais racionais.

Recostou-se no sofá e lentamente adormeceu.

De repente viu-se numa espécie de deserto e ao longe, junto a umas rochas, uma gruta de onde saía uma luz estranhamente bela e suave.
Sentia-se um espectador de um filme real, pois por si iam passando pastores e rebanhos, várias pessoas, nitidamente trabalhadores humildes, (ia jurar até que tinha visto três sujeitos vestidos ricamente montados em camelos), e todos se dirigiam para aquela gruta, cantando uma melodia suave e alegre, com um sorriso nos lábios.
Aproximou-se então da gruta, para ver o que por lá se passava e viu uma cena de incrível beleza!
Numa manjedoura estava um bebé, (talvez o mais belo que já tinha visto), a seu lado uma mulher de olhar enternecido para o seu filho e a seu lado um homem imponente, mas que no entanto parecia de uma humildade que nunca tinha visto em ninguém.
E toda aquela gente se dirigia para ali e ficava a olhar para a criança dizendo coisas que ele não entendia muito bem, mas que no fundo reconheciam aquela criança como alguém muito especial.
Parecia-lhe até que uma espécie de anjos, andavam por ali, entoando cânticos muito belos.
Mesmo a dormir, percebeu que tudo aquilo era um sonho, por isso ficou muito admirado quando viu passar pela entrada da gruta os seus pais, os seus irmãos, os seus sobrinhos e toda a sua família.
Desejou então imenso estar com eles nesse momento!

De súbito acordou, pois tinham-lhe tocado no ombro e viu-se rodeado de toda a sua família que tinha entrado pela sua casa adentro.
Então o seu pai abraçou-o e disse-lhe: Mesmo que não acredites, Feliz Natal de todos nós, que com certeza não te íamos deixar sozinho neste dia.

Sentiu dentro de si um calor inexplicável, um sorriso aflorou aos seus lábios porque no seu coração ouviu uma voz muito suave que lhe dizia:
Há pouco, por um breve momento, desejaste acreditar. Esse desejo foi ouvido e por isso aqui estou, na tua família, para te dizer que a ciência e a lógica não explicam tudo, embora ajudem muito. Hoje o teu coração e o teu pensamento ficam mais ricos porque percebes agora que Eu sou Aquele que sou, inexplicável à ciência e à lógica, mas real na tua vida se tu quiseres.

Abraçou mais fortemente o seu pai e disse-lhe baixinho ao ouvido: Feliz Natal!



Marinha Grande, 26 de Novembro de 2018
Joaquim Mexia Alves
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Com este Conto de Natal quero desejar a todas as amigas e amigos que visitam este espaço um Santo Natal na alegria do Deus que se faz Homem para nós.
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sexta-feira, 30 de novembro de 2018

UM TESTEMUNHO DO “LADO DE CÁ” DO ALPHA

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Confesso que nunca fiz o Alpha como convidado, embora já tenha feito 12 Percursos Alpha completos na Marinha Grande e colaborado em outros tantos, em diversas paróquias pelo país fora.
O que me foi dado aprender e aprendi, foi um manancial de coisas importantes, não só de Doutrina da Igreja, mas também e sobretudo da maneira de a viver no amor a Deus e aos outros.
Claro que já tinha um passado em Igreja, sobretudo ligado ao Renovamento Carismático Católico, que me facilitou enormemente a minha adesão e empenhamento ao e no Alpha.
Mas faltava-me muito, (e muito me faltará ainda), para ser um verdadeiro cristão católico, colocando os poucos ou muitos talentos que Deus me deu ao Seu serviço, servindo os outros.
Os temas do Alpha foram para mim uma descoberta de uma nova forma de evangelizar, de fazer chegar a outros a verdade de Deus, o anúncio do Evangelho.
Tornaram-me mais simples nas palavras a dizer, nos pensamentos a organizar, na forma de testemunhar.
Pode saber-se muito ou pouco, mas talvez o que interesse mais é a forma como transmitimos esse saber, como testemunhamos a nossa vivência desse saber da fé, para em vez de confundir, esclarecer e ajudar a perceber.
Deus é simples, (embora sendo um Mistério), porque é amor, e o que se sente mais, talvez, no Alpha, é o amor derramado por Deus que transforma as pessoas, estabelecendo amizades, fraternidades que se tornam cada vez mais fortalecidas.
Sempre gostei de rezar de forma espontânea, porque sempre me espantei e deixei surpreender pelo Espírito Santo, mas o Alpha deu-me uma abertura e mais uma razão para me abrir definitivamente à oração de louvor, à oração de cura, à oração de libertação e cada vez mais me sinto tocado para o fazer, embora cada vez mais, “duvide de mim”, isto é, me sinta mais “um nada” do que alguém que sabe muito ou pouco, e isso é também muito bom, (orgulhoso como sou), para me dar a necessária dimensão de perceber que é Deus quem tudo faz quando a Ele nos entregamos.
O Alpha mudou a minha vida em Igreja, pois deu-me uma dimensão dos outros que eu ainda não tinha verdadeiramente, e ao dar-me essa dimensão, deu-me também a alegria de ver com  a minha vida a obra surpreendente que Deus faz na vida dos outros, na vida daqueles que frequentam os Percursos Alpha.
Esta dimensão da amizade fraterna, muito próxima, provocada por Deus ao longo das semanas em que decorre o Alpha, é algo que me enche o coração e me faz feliz, muito mais feliz.
Para quem como eu era tão céptico em relação ao Alpha no início, Deus deu-me a possibilidade de ver com os meus olhos e sentir com o meu coração, como o Espírito Santo guia a Igreja e Lhe dá sempre novas “ferramentas” para anunciar e levar a todo o lado, desde “a Judeia e Samaria e até aos confins do mundo”, a sua Palavra, o seu amor, a sua misericórdia, a sua salvação, para que todos encontrem e vivam a vida eterna que Jesus Cristo nos prometeu.
O Alpha é, sem dúvida, uma dessas “ferramentas”, graças a Deus!

Marinha Grande, 27 de Novembro de 2018
Joaquim Mexia Alves

Copiar o link para ler o texto no site do Alpha Portugal

http://portugal.alpha.org/blog/2018/11/29/deus-simples-porque-amor?fbclid=IwAR399JNyHOAnvChf3yBTzWPdmqP-kuMTzRbigDr9FE5YhB3kdACiym2NAXI#.XAEitktTso8.facebook
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segunda-feira, 12 de novembro de 2018

RECORDANDO HÁ 21 ANOS A ASSEMBLEIA DA COMUNIDADE PNEUMAVITA

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Este fim de semana decorreu em Fátima a 44ª Assembleia da Comunidade Pneumavita a que infelizmente, por força de estar ocupado e empenhado no fim de semana do 12º Percurso Alpha da Marinha Grande, não pude assistir, aliás, mais do assistir, participar em comunhão de fé.
E custa-me sempre muito não estar presente com as minhas irmãs e irmãos da Pneumavita, grandes “culpados” da vida que hoje em dia, graças a Deus, vivo em Deus, por Deus e com Deus em comunhão de Igreja.

Claro que o “maior culpado” foi sem dúvida o meu querido e saudoso amigo Padre José da Lapa, a quem Deus Nosso Senhor já recompensou certamente no Céu, por ter sido seu servo na mudança de vida deste seu filho empedernidamente afastado de Deus e da Igreja.
Foi há 21 anos que pela primeira vez estive numa Assembleia da Pneumavita, do Renovamento Carismático Católico, e desse fim de semana guardo no coração e em todo o meu ser o milagre que Deus fez em mim.
Costumo dizer por graça que dar vista aos cegos, fazer andar os paralíticos, etc., é fácil!
Verdadeiramente difícil e milagroso é mudar um coração de pedra como o meu era, cheio de vícios e carregado de futilidades!

Relembro aqui o que escrevi como testemunho do meu regresso a Deus e à Igreja, há 21 anos atrás.

«Era tudo muito “exterior”, nada ainda me “aquecia” o interior.
Num dos livros que então li, “Jesus está vivo”, falava de um Padre Lapa, que eu tinha conhecido em tempos, e que era o homem, (informava lá), que tinha trazido o Renovamento Carismático Católico para Portugal.
Num impulso decidi escrever-lhe e perguntar-lhe o que era aquilo do Renovamento e como poderia fazer essa “experiência”.
Estávamos em Junho de 1997.
Na sua resposta, longe de me dar conselhos ou qualquer outra coisa, dizia-me apenas, para além dos cumprimentos habituais, que iria haver uma Assembleia do Renovamento Carismático em Fátima, organizada pela Comunidade Pneumavita, por ele fundada, e convidava-me a estar presente.
Um pouco temeroso e desconfiado lá fui em Novembro a Fátima, com o sentimento de: “se não gostar daquilo, venho-me logo embora”!
O anfiteatro do Centro Paulo VI estava cheio, o que me atemorizou um pouco, mas “saltou-me” à vista uma certa união de sentimentos em todo aquele povo e sobretudo uma alegria, uma esperança latente naqueles rostos, apesar de perceber sofrimentos ali bem expressos.
Na Sexta feira ao fim do dia nada me levava a continuar ali, mas levado pela curiosidade, e também por um sentimento de “já que aqui estou”, voltei no Sábado de manhã.
A oração da manhã foi algo que nunca tinha visto, ou seja, a participação de todos, a alegria imprimida na oração, os cânticos, enfim todo um ambiente, (que apesar de não estarmos num templo propriamente dito), respirava espiritualidade.
O pregador, Pe. Alirio Pedrini, falava-nos da Palavra, da Bíblia de um modo como eu nunca tinha ouvido, (no meu tempo a Bíblia era “livro de decoração” na casa de cada um), tornava-A presente e actual e levava-nos a viver a presença de Cristo vivo no meio de nós.
A presença do Arcebispo de Évora, D. Maurilio Gouveia, com palavras que também nunca tinha ouvido no meu tempo à hierarquia da Igreja, confirmavam a comunhão com a Igreja Católica e descansavam as minhas interrogações.
Mas o grande facto deu-se, quando após uma oração de invocação do Espírito Santo, comecei a ouvir a maior parte daquela gente a cantar algo que eu não conseguia entender e me parecia coisa de “doidos”.
Aquela melodia estranha, mas harmoniosa, acompanhada dos braços levantados para o Céu, ao mesmo tempo que me despertava sentimentos do tipo, “que gente é esta, ou, onde é que eu estou metido”, tocava o meu intimo e colocava um sentimento inexplicável de paz no meu coração.
Deixei-me ficar, deixei-me envolver, num sentimento de entrega como se dissesse: “Não sei o que estou aqui a fazer, mas Tu deves saber”…
À noite houve Adoração ao Santíssimo Sacramento, uma adoração como nunca tinha vivido, participada, em diálogo com Jesus Cristo, (que eu começava a sentir verdadeiramente no meio de nós), mas sem nunca se afastar da dignidade da celebração.
Foi então que algo no meu coração se abriu e disse, sem palavras: “Olha, estou aqui, faz de mim o que quiseres.”
Um sentimento de paz, de amor, envolveu-me e comecei a chorar. Um choro silencioso, muito calmo, cheio de paz e de uma estranha, mas muito boa alegria.
No momento não entendi, mas também não me interessava entender, apenas queria viver.
Deve ter sido como Pedro, (passe a imodéstia), na Transfiguração. O que eu não queria era sair dali!
Nessa noite dormi descansado, o que já não acontecia há muito tempo, mas ansioso por voltar àquele lugar.
No Domingo de manhã dei comigo, sem me aperceber, de braços no ar e cantando com os outros e desejando que o fim de semana continuasse indefinidamente!
Havia em mim um fortíssimo sentimento de gratidão a Deus por tudo o que me estava a fazer sentir, a mim, que me achava totalmente indigno de sequer um Seu olhar!
Dirão que houve muita emoção à mistura.
Com certeza que houve emoção, ou será que nós não somos um todo feito de variados sentimentos?
O importante é que a emoção não passe por cima do amor, da entrega, da reflexão.
O importante é que a emoção não abafe a graça que o Senhor derrama nos corações.
O importante é que a emoção não seja superior à Fé firme e constante na presença de Deus em nós.
E comigo foi isso que aconteceu!
Naqueles dias desci da árvore como Zaqueu!»

Graças a Deus continuo como Zaqueu naquele dia a abrir, todos os dias, a porta da minha “casa” a Jesus Cristo, umas vezes escancarada, outras vezes por força das minhas fraquezas, apenas entreaberta, mas sempre de modo a que Ele possa entrar e fazer morada em mim.


Marinha Grande, 12 de Novembro de 2018
Joaquim Mexia Alves
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sexta-feira, 9 de novembro de 2018

OBRIGADO, SENHOR!

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Há momentos na vida em que parece que Te afastas de mim, que não me ouves, que não me ajudas, que não reforças a minha confiança e esperança em Ti, Senhor.

Eu sei, Senhor, eu acredito que estás sempre comigo, mas por vezes parece que as coisas se encarniçam contra mim, não me dando descanso, não me dando uma boa notícia, por muito pequena e ínfima que seja.

Quisera ser como Job, mas não sou, Senhor!

Sou ingrato, não mereço o Teu amor!
Felizmente, por Tua graça, o Teu amor é constante por mim, mereça-o eu ou não!

Sim, Senhor, eu sei que é um período em que talvez esteja mais frágil, mais desanimado, talvez mais cansado.

Deixa-me repousar a minha cabeça no teu peito e abraça-me, Senhor, com toda a força do Teu amor.

Abre-se o caminho, a luz brilha mais forte, o sorriso vence-me a cara triste, a confiança e a esperança renascem fortes e eu levanto-me e digo-Te em alegria:
Obrigado, Senhor!


Monte Real, 9 de Novembro de 2018
Joaquim Mexia Alves
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quinta-feira, 11 de outubro de 2018

A PARÓQUIA

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Nesta terça feira, durante a noite de louvor e em Adoração ao Santíssimo Sacramento na capela do Pilado, o Padre Patrício conduziu-nos numa oração/reflexão sobre a comunidade paroquial, exortando-nos a termos confiança em Deus para podermos sair da nossa “zona de conforto” e partirmos a ser verdadeiros missionários, discípulos de Cristo.

Veio então ao meu coração, ao meu pensamento, a imagem da nossa paróquia como estando toda dentro de um grande barco, parado nas águas do mar, tudo muito quieto e silencioso.

Cada vez que alguém se levantava para fazer algo de novo, outros mandavam-no sentar, dizendo que estava a desequilibrar o barco e que assim todos podiam cair na água.

Mas, perto do barco e sobre as águas, estava Jesus que nos convidava, incentivava mesmo, a pormo-nos de pé, a sair do barco, a caminhar sobre as águas ao encontro dEle, como fez com Pedro naquele dia em que o chamou para caminhar sobre as águas, para ir ao Seu encontro.

O Espírito Santo queria que saíssemos do barco, daquela estabilidade morna que nada fazia, e colocava em nós a certeza de que, se nos começássemos a afundar como Pedro, bastava estender a mão e pedir ajuda, que logo Jesus nos salvaria e nos conduziria a porto seguro.

Mais ainda, o Espírito Santo exortava-nos a abrir as velas do barco, a deixá-lo navegar nas águas do mar, dando-nos a certeza de que, se todos vivessemos em comunhão de fé e amor, seria o sopro do Espírito Santo a impelir o barco/paróquia segundo a vontade de Deus.

Afinal, devemos pensar, a renovação, o abrir-se à renovação, («Eu renovo todas as coisas» Ap 21, 5), parte de nós, de querermos levantar-nos, de querermos agitar o barco, de sairmos para as águas fora do nosso conforto estável que nada muda.

A renovação parte sobretudo de nós querermos abrir-nos decididamente ao Espírito Santo para que Ele nos conduza, individualmente e em comunidade paroquial, até onde Ele nos quiser levar!


Marinha Grande, 11 de Outubro de 2018
Joaquim Mexia Alves
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quarta-feira, 3 de outubro de 2018

ENTREGA

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Entrego-me a Ti como,
Senhor?

Que deixo eu de fora?

O que sou,
ou julgo ser?

A minha cultura,
ou o meu pretenso saber?

O meu amor,
vindo do Teu amor?

O que Te entrego eu,
Senhor?

A minha oração,
envolvida em perdão?

Ou o meu coração,
afastado do perdoar?

Como posso eu saber,
Senhor,
 o que Te devo entregar?

Nada me entregues,
dizes Tu,
Jesus,
que não seja o teu querer,
viver o meu amor,
pegando na tua cruz,
seguindo-me no caminho,
que ofereço ao teu viver.



Cantanhede, 30 de Setembro de 2018
Joaquim Mexia Alves

Nota:

Escrito no terceiro tempo de meditação do Retiro que orientei com a Equipa Alpha de Cantanhede
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terça-feira, 2 de outubro de 2018

OBEDIÊNCIA

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Obedecer em Cristo,
é viver no amor.

Viver no amor,
é ser livre.

Ser livre,
é obedecer no amor,
em Cristo.


Cantanhede, 30 de Setembro de 2018
Joaquim Mexia Alves

Nota:

Escrito no segundo tempo de meditação do Retiro que orientei com a Equipa Alpha de Cantanhede
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segunda-feira, 1 de outubro de 2018

HUMILDADE

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Vê,
Senhor,
quanto orgulho,
quanta vaidade,
habita o meu coração.

Vê,
Senhor,
como me falta o amor,
que enforma a humildade,
que dá razão à razão.

Vê,
Senhor,
como sou pobre,
sem saber,
sem talento,
uma cana fendida
ao sabor do vento.

Vê,
Senhor,
como nada sou,
nada consigo,
se não estiveres comigo.

Vê,
Senhor,
como preciso de Ti,
em cada momento,
em cada dia,
para viver o amor,
mergulhado na Tua alegria.



Cantanhede, 30 de Setembro de 2018
Joaquim Mexia Alves

Nota:

Escrito no primeiro tempo de meditação do Retiro que orientei com a Equipa Alpha de Cantanhede
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terça-feira, 18 de setembro de 2018

«JOVEM, EU TE ORDENO: LEVANTA-TE»

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«Jovem, Eu te ordeno: levanta-te».

Olho-Te nos olhos e digo quase envergonhado:
Senhor, eu já não sou jovem!

Estendes-me a Tua mão e com voz de imperativo amor, repetes:
«Jovem, Eu te ordeno: levanta-te».

Perpassa nos meus olhos uma leve tristeza, pensando que Tu, Senhor, não me ouviste, ou que não estás a falar comigo.

Mas Tu percebes.
Aliás, Tu percebes tudo o que me vai no intimo, no meu coração, na minha vida e dizes-me novamente cheio de amor:
«Jovem, Eu te ordeno: levanta-te».

Olho para todos os lados, não vejo ninguém, percebo então que é para mim e começo a levantar-me.

Falham-me as pernas, (ou falha-me a vontade), e fico a meio caminho, olhando-Te ansioso.

É então que me agarras a mão, me puxas para Ti, me encostas ao Teu coração e me repetes ao ouvido:
«Jovem, Eu te ordeno: levanta-te».

Sinto-me novo, sinto-me jovem, sinto-me envolvido em amor e digo-Te olhos nos olhos:
É realmente verdade, Senhor: Tu renovas todas as coisas!


Monte Real, 18 de Setembro de 2018
Joaquim Mexia Alves
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quarta-feira, 5 de setembro de 2018

CANÇÃO NOVA

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Ontem ao fim da tarde fui gravar na TV Canção Nova, um programa sobre os 20 anos desta Comunidade em Portugal.

Com muitos outros fomos um dos casais que ajudámos à instalação e integração da Canção Nova em Portugal, primeiro na nossa Diocese de Leiria-Fátima, depois na Diocese de Portalegre e finalmente um pouco por todo o país.

Neste programa acompanhei o Senhor D. Augusto César, Bispo Emérito de Portalegre, que é sempre uma alegria rever e sobretudo conversar, pela sua simpatia, simplicidade e acolhimento franco e amigo.

Lá disse o que tinha a dizer, ou melhor, respondi ao que perguntaram, mas ficou-me sobretudo esta alegre saudade de ao fim de muitos anos estar novamente com a Canção Nova e de com eles rezar em comunidade.

São tantos aqueles a quem devo gratidão pelo caminho que me apontaram e ajudaram a seguir, na fé em Igreja, a começar pelo meu querido e saudoso amigo Pe José da Lapa e a Pneumavita, que não chegaria uma resma de papel para os nomear.

E a Canção Nova sem dúvida está em lugar de destaque entre todos estes que muito me ajudaram.
Ali, naquela Comunidade cresci na fé e comecei a libertar-me de uma timidez que não me deixava falar em público, ou seja, que não me deixava anunciar e testemunhar o Deus que me preenche e é a minha vida.
Se calhar, hoje em dia, por vezes até falo demais!!!

Foi muito bom ver o crescimento da Canção Nova e ver todos os meios de que agora dispõe, para anunciar a Portugal e ao mundo, o Deus de amor que nos redime e salva.

A Igreja Católica é mais rica na sua diversidade, quando conta com a Comunidade Canção Nova e com tantas outras Comunidades, Obras e Movimentos, saídos do Concílio Vaticano II, uma graça imensa de Deus à Igreja, à humanidade.

Obrigado Canção Nova!

Obrigado Pai que do teu amor fizeste nascer a Canção Nova, para nos anunciar o teu Filho Jesus Cristo, no Espírito Santo.


Monte Real, 5 de Setembro de 2018
Joaquim Mexia Alves
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terça-feira, 28 de agosto de 2018

DIÁLOGOS COM O DIABO (13)

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Diz ele: Já fizeste as tuas orações? Já rezaste o teu rosário?

Digo eu: Estás muito preocupado com as minhas orações!

Diz ele: É só para tu veres como essas obrigações são aborrecidas, e ver se percebes que não precisas delas assim todos os dias.

Digo eu: Dou-te razão pelo menos em parte, ou seja, as obrigações são aborrecidas.

Diz ele: Vês, eu não te dizia?

Digo eu: O problema é que estás enganado. É que as orações, o rosário, não são obrigações, não são imposições, são amor em diálogo com Deus.

Diz ele: Sê verdadeiro e não me digas que rezas sempre cheio de amor e que algumas vezes não tens que te obrigar a rezar?

Digo eu: Um mentiroso a dizer a outrem para ser verdadeiro, tem graça. Mas sim, é verdade que algumas vezes tenho que me obrigar a rezar. Mas faço-o com alegria porque a oração é sempre alimento divino e sem ele não posso viver.

Diz ele: Olha que Ele, se calhar, não gosta dessas orações “obrigadas”!

Digo eu: Aí é que te enganas! Dá-lhes o valor imenso de quem não se deixou levar por ti e não desistiu da oração.

Diz ele: És um chato! Não se pode falar contigo que interpretas tudo à tua maneira.

Digo eu: E querias que interpretasse como? À tua maneira? Em tudo tento interpretar não à minha maneira mas sim à maneira d’Ele e é isso que te incomoda.

Diz ele: A mim não me incomoda nada! Tu é que tens sempre essas obrigações, porque eu não tenho nenhuma.

Digo eu: Já te disse e repito que não são obrigações. E já agora só para te incomodar, (não és só tu que incomodas), agradeço-te estas conversas porque me fazem estar mais atento à vontade d’Ele.

Diz ele: Chega! Vou-me embora!

Digo eu: Vai, mas infelizmente sei que hás-de voltar! Mas as minhas orações vão-me preparando para não te dar ouvidos e viver apenas para Ele.


Monte Real, 28 de Agosto de 2018
Joaquim Mexia Alves
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quinta-feira, 16 de agosto de 2018

PERDÃO!

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Para perdoar
preciso despir-me de mim,
enfrentar-me,
olhos nos olhos,
e verificar,
que também eu,
ofendo os outros,
enfim.

Para perdoar,
preciso sair,
do meu orgulho,
da minha vaidade,
do meu eu,
para me abrir,
por completo,
à graça do meu Senhor,
à graça da sua bondade.

Para perdoar,
preciso da minha vontade,
moldada,
por um constante orar,
expulsar de mim a discórdia,
deixando-me tomar por inteiro,
por Ti,
Senhor,
pela tua misericórdia.

Para perdoar,
preciso pedir perdão,
para poder perceber,
o que sente quem ofendi,
e mitigando a sua dor,
ter a certeza em mim,
que preciso perdoar,
a todo o meu ofensor.

Para perdoar,
preciso abraçar a Cruz,
e deixar que meu perdão,
seja o perdão de Jesus.


Monte Real, 16 de Agosto de 2018
Joaquim Mexia Alves
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terça-feira, 7 de agosto de 2018

CAMINHAR SOBRE AS ÁGUAS


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Chamas-me para ir ter contigo,
e eu vou!
Salto para a água,
e consigo caminhar,
sobre ela.

Sinto-me exultante,
vejo-me forte,
capaz de tudo.
Um orgulho gritante,
toma conta de mim,
e já não me vejo caminho,
vejo-me mais …
como um fim.

Parece que já não preciso de Ti,
para caminhar sobre as águas,
porque sou capaz,
porque o consigo fazer,
apenas e só por mim.

E de repente!

De repente,
começo a afundar,
não tenho pé,
não consigo nadar,
percebo o meu orgulho,
no fundo das águas,
sempre a puxar,
sempre a puxar.

Olho-Te nos olhos,
imploro-Te,
de mão estendida:
Perdoa-me,
Senhor,
salva-me,
com o teu amor!

Seguras-me a mão,
retiras-me da água,
levantas-me do chão,
e dizes-me com ternura:
«Homem de pouca fé,
porque duvidaste?»

E eu respondo-Te,
envergonhado:
Porque sou fraco,
Senhor,
e ainda não entendi,
que a minha vida,
é o teu amor,
que da tua entrega total,
por tua graça,
a todos e a mim foi dado!



Marinha Grande, 7 de Agosto de 2018
Joaquim Mexia Alves
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