segunda-feira, 17 de abril de 2006

DOMINGO DE PÁSCOA

O dia nascera calmo e sereno. Sentia-se no ar uma brisa leve e suave que ao passar de mansinho colocava tudo em movimento, as folhas, as flores, o pó das estradas, a erva, os cabelos das pessoas que passeavam, podia afirmar-se até que era uma brisa semelhante a um sopro de vida, que em tudo o que tocava, fazia viver.
Parecia que da terra ou do céu, um odor penetrante, mas macio, inundava a atmosfera e perfumava tudo o que existia.
Os animais, as plantas, as águas, as montanhas, as nuvens, toda a natureza e os seres humanos, pareciam sorrisos abertos, fontes de vida inesgotáveis, oásis de esperança, mares de tranquilidade.
Pairava no ar realmente, uma atmosfera de coisa nova, de alegria, de paz, de espectativa, de existência de vida.
De repente e enchendo todo o universo, todas as partes sem excepção, toda a existência, chegou com um fragor imenso, mas calmo e sereno, o Anúncio, como um grito de paz e verdade:
Ressuscitou o Senhor, Ressuscitou!!!
Quedou-se muda de espanto a criação, para logo em seguida, baixando a cabeça e abrindo o sorriso, gritar também dentro de si mesma e para fora:
Ressuscitou o Senhor, Ressuscitou!!!
Ah, que verdade imensa, que mistério de vida, o proscrito, o condenado, o humilhado, o desprezado, o derrotado, o já esquecido, ressuscitara, vencera a morte, vivia novamente para sempre na glória que tudo vencia.
Ah, que derrota profunda, para aquele que convencido que vencera, de cabeça baixa, percebia agora que a sua luta apenas se podia dedicar à criação.
Ah, que ódio amargo vivia naquele que agora sabia, que o Ressuscitado estava com aqueles que criara, para sempre.
A Carne eo Sangue unidos na vida e oferecidos para sempre, gritavam glória ao Senhor que vencera a morte, ao Senhor do Céu e da terra, ao que veio para salvar, entregando-Se em obediência.
Tudo era novo, nada era como dantes:
Os que tinham esperado, subiam agora à visão eterna, os que esperavam, vestiam-se de esperança, os que haviam de esperar, iam nascendo na certeza da Promessa.
Como era bom e grande o mundo, abençoado pela vida de Quem derrotara a morte.
A Palavra permanecia, era proclamada todos os dias, guardada nos corações, era a esperança da vida, depois da vida acabada.
Que certeza tão profunda habitava em todos nós:
Que todos os dias Ele se entregava, que todos os dias Ele morria, que todos os dias Ele ressuscitava, que todos os dias Ele nos salvava.
Oh, que profundo e infinito amor, do Deus que tudo criou, por nós Se entregou e para nós ressuscitava.
Oh, que infinita misericórdia, do Deus tão ofendido, que com um sorriso nos abençoava.
Oh, que infinita bondade, do Deus tão abandonado, que até uma Mãe nos dava.
Oh, que infinita fidelidade, do Deus todos os dias traído, que nunca nos abandonava.
Oh, que infinita esperança, de Deus dono do tempo, que em todo o tempo para sempre, dia a dia nos acompanhava.
Oh, que alegria suprema, que gozo eterno e constante, que fogo sempre a arder, na certeza de saber, que tendo ressuscitado, subido aos Céus e vencido, Jesus Cristo é para sempre, ontem, hoje e amanhã, com o Pai e o Espírito Santo, o nosso Deus Vivo e Verdadeiro.

sábado, 15 de abril de 2006

EM ADORAÇÃO

Obrigado Senhor pelo Teu amor, a Tua bondade infinita, a Tua presença viva no meio de nós.

Olhas para nós Senhor com os Teus olhos ternos, abres os Teus braços infinitos e a todos acolhes no mesmo eterno amor, sem diferenças, nem preferências.

Porque és um Deus assim, que todos criaste iguais no Teu amor e por isso a todos amas de igual modo.

Para Ti não há diferenças entre nós, isso são coisas do mundo.

Não ligas à cultura, ou à falta de conhecimentos, não te interessa a forma de vestir, ou o modo de falar, não olhas àquilo que cada um dá, conforme as suas posses, olhas apenas ao ser individual que criaste, que conheces e amas desde sempre e para sempre, porque em Ti, no Teu coração ele sempre existiu e sempre foi amado, mesmo antes de existir o mundo.

E essa Senhor é a verdade que nos revelas, que amas a cada um individualmente com o mesmo amor, que conheces a cada um tão perfeitamente, (como nós não nos conhecemos), que todos somos diferentes, embora iguais para Ti, que no Teu coração o nosso verdadeiro nome, o nome que Tu nos deste, está inscrito desde sempre e para sempre, e que Te entregaste e morreste por cada um, individualmente também.

Porque é verdade Senhor, que muitas vezes pensamos apenas que amas a humanidade, colectivamente, que Te entregaste e morreste pelos homens no seu conjunto, porque assim Senhor, parece que se dilui a nossa responsabilidade no Teu Sacrifício, parece que diminui a nossa obrigação de Te seguir e viver a Tua vontade, parece que é mais pequeno o nosso pecado, não parece tão necessária a nossa oração, parece que já há tantos na missão a que nos chamaste, que nós já não somos precisos.

Mas Senhor, são desculpas, são pretextos, são formas encapotadas de tentar esconder a verdade.

Verdadeiramente entregaste-Te e morreste por cada um de nós individualmente, e ao fazê-lo, entregaste-Te e morreste por todos.

Mas cada um de nós, individualmente, é responsável pela Tua entrega e pela Tua morte, cada um de nós tem a obrigação individual de Te seguir e viver a Tua vontade para si próprio, cada um de nós tem de carregar o peso do seu pecado, que só a ele diz respeito, cada um de nós tem necessidade da sua oração individual, por ele e pelos outros, cada um de nós tem a missão que Tu lhe deste, expressamente para a sua vida, conforme o estado de vida a que Tu o chamaste.

Senhor como é bom saber que estás aqui, presente para mim, mas como é terrível saber que olhas para mim e que sabes tudo o que eu faço e penso, que me amas com esse amor imenso e que no Teu Coração a chaga se abre cada vez que não correspondo ao que queres de mim, cada vez que olho para o lado e me afasto de Ti, cada vez que tento fazer da minha vontade a Tua vontade.

Quisera Senhor às vezes, esconder-me envergonhado, mas de nada serve, porque Tu estás em todo o lado, tudo vês, e mais difícil ainda, em vez de ralhares e Te zangares comigo por me querer esconder de Ti, escondendo o meu pecado, em vez de assim procederes, Tu Senhor, abres os braços para mim, e num sorriso me dizes e a cada um de nós:

“Procuro-te Meu filho, não para te castigar, mas para te amar mais, para te perdoar e guiar”.

Obrigado Senhor porque não sendo eu nada, não sendo eu ninguém neste mundo, no Teu coração sou o mais importante de todos os meus irmãos, porque todos os meus irmãos são o mais importante para Ti.

Ajuda-me Senhor, a viver em amor com todos os meus irmãos, mas a nunca tentar diluir a minha responsabilidade, a minha missão, desculpando-me com aquilo que os outros fazem, pelo contrário, ajuda-me Senhor a cumprir o que queres para mim, a viver a Tua vontade em mim e a colectivamente dar testemunho do Teu amor por mim, igual ao Teu amor por cada um de nós.

Obrigado Senhor pelas graças deste dia, desta noite, de toda a minha vida, das vidas de todos nós.

Obrigado Senhor pelos que curaste no seu interior e no seu físico e obrigado Senhor por todos aqueles a quem retiveste a doença.

Só Tu sabes Senhor o que é importante e bom para a vida de cada um, porque só Tu conheces o caminho que cada um terá de seguir, para por Tua graça, alcançar a Salvação.
Glória a Ti, Senhor, para sempre pelos séculos sem fim.

segunda-feira, 10 de abril de 2006

E às três da tarde, Jesus exclamou em alta voz: «Eloí, Eloí, lemá sabachtáni, que quer dizer: Meu Deus, meu Deus, porque me abandonaste? Mc 15, 34

Este não é um grito de desespero, de angústia ou de revolta, é sim um grito de esperança, de confiança, na vontade do Pai.
Jesus reza o Salmo 22, que é um Salmo de súplica, mas também de confiança no nosso Deus e Senhor.
Jesus sabe que com a Sua entrega, uma nova vida vai acontecer, uma vida que não tem fim.
Uma vida liberta do pecado e da morte, consequência do pecado.
O Salmo, por isso mesmo termina assim:
«Uma nova geração o servirá e narrará aos vindouros as maravilhas do Senhor; ao povo que vai nascer dará a conhecer a sua justiça, contará o que Ele fez.»
«Levaram o jumentinho a Jesus, lançaram-lhe em cima as capas e Jesus montou nele». Mc 11, 7

Realmente Jesus revelava uma "grande falta de conhecimentos de marketing".
Escolher um jumento para transporte, não é propriamente uma "boa escolha em termos de imagem", nos tempos que correm.
Se ainda fosse um cavalo de raça, de bom porte, que desse a entender que Ele era realmente o rei dos judeus, tudo bem, mas um jumento?
Pois é, mas Jesus não precisa de "exterioridades", para Ser Aquilo que É.
O jumento escolhido é um jumentinho, ou seja, um animal novo cheio de vida e pujança para trabalhar, visto que o jumento é sempre um animal de trabalho.
É um animal simples, humilde, não muito bonito e muitas vezes humilhado pela sua aparência.
É um animal novo, que obedece ao que se lhe manda, não um burro velho e teimoso que só quer fazer aquilo que lhe apetece.
E é curioso que aqueles que dão Hossanas a Jesus, acabam também com certeza por reparar no animal que O transporta.
Jesus quer servir-Se de nós, não como jumentinhos no sentido que pode ser pejorativo, mas no sentido de sermos simples, humildes, cheios de vida nova, prontos a trabalhar para "carregar" a Boa Nova aos outros e para A testemunharmos em nós, na nossa vida.
Eu quero ser um jumentinho de Jesus, e tu?

quinta-feira, 6 de abril de 2006

SALMO DE LOUVOR AO MEU SENHOR

O meu presente para todos no dia do meu aniversário.



Senhor, Tu és tudo,
E eu nada sou.
Tudo vem de Ti, Senhor,
E é tudo bom.
Louvado sejas, Senhor,
Pela alegria e pela tristeza.
Louvado sejas, Senhor,
Pelos amigos e pelos inimigos.
Louvado sejas, Senhor,
Pelas facilidades e pelas dificuldades.
Louvado sejas, Senhor,
Pela saúde e pela doença.
Louvado sejas, Senhor,
Pelo bem estar e pela dor.
Louvado sejas, Senhor,
Pela riqueza e pela pobreza.
Louvado sejas, Senhor,
Pela abundância e pela míngua.
Louvado sejas, Senhor,
Pelo bonito e pelo feio.
Louvado sejas, Senhor,
Pela bravura e pela mansidão.
Louvado sejas, Senhor,
Pela força e pela fraqueza.
Louvado sejas, Senhor,
Pelo temor e pelo destemor.
Louvado sejas, Senhor,
Pela certeza e pela dúvida.
Louvado sejas, Senhor,
Pela pergunta e pela resposta.
Louvado sejas, Senhor,
Pelo conhecimento e pela ignorância.
Louvado sejas, Senhor,
Pela presença e pela ausência.
Louvado sejas, Senhor,
Pelo sim e pelo não.
Louvado sejas, Senhor,
Pela exaltação e pela humilhação.
Louvado sejas, Senhor,
Pela autoridade e pela obediência.
Louvado sejas, Senhor,
Pelo trabalho e pelo descanso.
Louvado sejas, Senhor,
Pelo justo e pelo pecador.
Louvado sejas, Senhor,
Pelos que Te conhecem e pelos que não Te conhecem.
Louvado sejas, Senhor,
Pelos que acreditam e pelos que não acreditam.
Louvado sejas, Senhor,
Pelos que Te seguem e pelos que não Te seguem.
Louvado sejas, Senhor,
Pelos que Te amam e pelos que não Te amam.
Louvado sejas, Senhor,
Pelos que Te adoram e pelos que não Te adoram.
Louvado sejas, Senhor,
Por tudo o que lembrei e por tudo o que esqueci.
Louvado sejas, Senhor,
Porque és o Senhor de tudo.
Passou recentemente um ano sobre o falecimento de João Paulo II.
Lembrei-me de algo que escrevi um dia sobre este Santo Papa que Deus nos quis dar.
Continua actual, por isso aqui fica.

“Por isso, não desfalecemos, e mesmo se, em nós, o homem exterior vai caminhando para a ruína, o homem interior renova-se, dia após dia. Com efeito, a nossa momentânea e leve tribulação proporciona-nos um peso eterno de glória, além de toda e qualquer medida. Não olhamos para as coisas visíveis, mas para as invisíveis, porque as visíveis são passageiras, ao passo que as invisíveis são eternas”.
2 Cor 4, 16-18

Ao ouvir esta passagem da Bíblia no Grupo de Oração, esta semana, senti no meu coração que esta Palavra podia definir inteiramente uma pessoa que nos últimos tempos, graças a Deus, nos tem entrado em casa, nas nossas vidas, todos os dias: o Papa João Paulo II.

Com efeito, tudo ali está “retratado”: a “ruína” exterior e o renovamento interior diário, a aceitação da tribulação, da dor e do sofrimento que levam à glória eterna para além de toda e qualquer medida, a procura das “coisas do alto”, invisíveis aos nossos olhos, em detrimento das visíveis, que pertencem a este mundo, como por exemplo a resignação tantas vezes falada, como se o descanso pudesse servir a vida de missão deste Homem, totalmente entregue ao serviço de Deus, servindo os outros homens.

Realmente se uma Palavra da Bíblia pode representar e mais do que representar ser modelo de vida de um cristão, então esta Palavra cabe inteiramente como definição e regra de vida de João Paulo II.

No dia seguinte, à noite, na televisão, passava um documentário sobre o pontificado de João Paulo II e mais uma vez, o testemunho deste Homem impressionante, me tocou profundamente.

Numa das imagens, o Papa em oração, mostrava uma cara de sofrimento profundo, embora tranquilo, e percebi então algo que ainda mais me tocou e aproximou deste Homem, a quem tive, no momento, um intenso desejo de fazer uma festa, um carinho: O Papa não sofria pela sua doença, pelas suas dores, o Papa sofria por mim, por todos nós.

Era como se João Paulo II me dissesse a mim, a todos nós: «Eu falo, eu entrego-me, eu desisto de mim, mas mesmo assim o mundo não me ouve, não me quer entender, não quer conhecer e viver o Senhor da vida que eu lhe aponto».

Fora daquela oração, afadigavam-se os homens em discutir a vida daquele Homem: Se devia resignar, se devia fazer assim ou de outra maneira, tentando interpretar, uns a vontade de Deus à sua conveniência, outros a vontade do mundo, incomodado com aquele testemunho.

E ele só na sua oração ia pedindo por todos nós, por esta humanidade, por este mundo, esquecendo-se totalmente de si próprio.

No seu olhar, no seu discernimento vivo, animado pelo Espírito Santo, brilhava com certeza este pensamento intimo: A vontade de Deus para mim, é enquanto Ele quiser.

Monte Real, 16 de Outubro de 2003

terça-feira, 4 de abril de 2006

O PERDÃO

Vês Senhor, dizia o homem para Jesus, como queres que nós não sintamos desejo de fazer justiça sumária a estes homens, (serão homens?), que mataram aquele bébé de 18 meses, segundo parece sem nenhuma razão, (e que razão poderia haver para se matar um bébé), apenas segundo um deles, porque fazia muito barulho?

Como queres Tu, Senhor, que nós perdoemos a esta gente? Não será legitima a nossa indignação? Será que estes homens devem viver entre nós?

Jesus, com muita calma, escrevendo no chão mais uma vez, levantou a cabeça e olhando-o com os Seus olhos cheios de lágrimas, disse-lhe:

Meu filho, não sabes como Eu sofro pelo que aconteceu. O Meu coração está trespassado de dor por aquela criança que desde sempre amei com o Meu amor eterno. Não te desesperes, porque ela está junto de Mim, no gozo eterno que só no Céu se vive para sempre.

Mas não te espantes com o que te vou dizer, nem faças juízos precipitados, guarda apenas no teu coração e medita nisto que te digo:
Eu amo tanto aqueles homens, como amo aquela criança ou como te amo a ti.

Se Eu pudesse medir o Meu amor, e lembra-te que não há medida para ele, Eu diria até, correndo o risco de te revoltar, que amo mais aqueles homens, que aquela criança ou a ti.

Sabes porquê? Porque precisam mais de Mim, porque estão tão afastados da Verdade e da Misericórdia, que precisam mais de sentir que Eu os amo e os perdôo, o que não significa que não tenham de cumprir a pena devida pelos seus actos.

Meu filho, perdoar as coisas simples é fácil. Perdoar aquilo que nos dói mais profundamente no nosso coração é que é difícil, é que revela a tua Fé na Misericórdia divina.

Digo-te um segredo:
Não procures em ti forças para lhes perdoar, procura antes perdoar com o amor que Eu te tenho, procura antes perdoar com o perdão que todos os dias derramo em ti, quando me ofendes com tantas coisas na tua vida.

Lembra-te de Mim, quando crucificado levantei os olhos ao Céu e disse:
Pai perdoa-lhes que não sabem o que fazem.

Não vivas no rancor, nem no desejo de fazer mal àqueles que fazem o mal.

O rancor e o desejo de vingança, como se fosse uma justiça, apenas envenenam a tua vida.

Deixa que a justiça humana instituída faça o que tem de ser feito, sem colocar em causa a vida destes homens, (que como sabes me pertence), e tu reza por eles, para que o seu coração se abra ao meu amor, para que então sim, eles entendam perfeitamente no seu coração o acto que praticaram e chorem amargamente o seu arrependimento.

Digo-te que a sua dor será maior do que tu podes algum dia imaginar e que só será mitigada pela minha Misericórdia.

Jesus baixou a cabeça e voltou a escrever no chão.

O homem de cabeça baixa disse: Obrigado Senhor pela Tua lição. O meu coração ainda está revoltado e o desejo de fazer a “minha” justiça ainda não desapareceu, mas com aTua ajuda, aberto à Tua Misericórdia e ao Teu Perdão, também serei capaz de perdoar.

segunda-feira, 3 de abril de 2006

SALMO DA TRANQUILIDADE

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Senhor, eu chamei por Ti
e Tu ouviste.

A Tua voz ecoou pelos céus sem fim
e entrou em mim
como um raio de luz
que me iluminou.

Senhor, eu confiei-Te
a minha preocupação
e Tu estendeste a mão,
abris-te o sorriso
e tocaste o meu coração.

Senhor, eu dei-Te
a minha intranquilidade
e Tu, Senhor,
olhaste para mim
e nesse olhar veio todo o Teu amor,
que me cobriu de paz e felicidade.

Senhor, eu contei-Te
o meu problema
e Tu sussurraste ao meu ouvido,
cheio de ternura:
«Não temas,
Eu estou aqui».


Monte Real, 14 de Outubro de 1999
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Às vezes quedo-me espantado, (ou talvez não), que num país onde se diz que a população é 90% ou mais, cristã e católica, se dê tão pouco pela sua presença nos diversos sectores de actividade da sociedade.

Se não vejamos:

Onde estão os políticos que se dizem ou afirmam católicos quando são votadas leis, ou tomadas medidas que vão contra a sua fé, que vão contra a doutrina revelada por Jesus Cristo e seguida pela Igreja, que somos todos nós que acreditamos.

Será que são apenas cristãos quando vão à Missa, quando rezam e que no resto da sua vida, entendem que Deus não tem de estar presente, porque são “actividades do mundo”.

Que é feito de testemunhos como o do Rei Balduino que abdicou do trono para não assinar a Lei do aborto no seu país, em coerência com a sua fé?

E os empresários que se afirmam cristãos e católicos, dão verdadeiro testemunho da Fé que professam, pagando ordenados justos, fazendo cumprir horários de trabalho dignos, (que deixem tempo aos que trabalham para estarem em família), ou colocam aqueles que consigo colaboram no dilema de que, “ou fazes estas horas e recebes o que te pago, ou arranjo outro que o queira fazer”.

E são verdadeiros em tudo o que fazem, nos seus negócios, ou as suas consciências são “elásticas”, a ponto de fazerem algo que não está certo, “mas é para bem da economia”, sobretudo da deles?

E aquilo que têm, consideram-no seu e por si sós conseguido, ou consideram-no como “um empréstimo de Deus”, e portanto para servir também os outros, ajudando os que mais precisam?

E os empresários e directores da comunicação social sobretudo da televisão, que se afirmam cristãos e católicos, acham que os programas que dão ao público devem ter um conteúdo que não ofenda a Fé que professam, ou isso é só no “silêncio do seus quarto”, porque mais importantes são as audiências?

E os professores e professoras que vivem a Fé cristã e católica, passam esse testemunho no que ensinam aos seus alunos, ou em nome de uma “qualquer liberdade”, ensinam tudo, não explicando depois o contexto das coisas?

E os sacerdotes e leigos empenhados na Igreja, dão testemunho da Fé que pretendem viver, ou são “causa de escândalo”, seja ela qual for, são causa e promovem a desobediência à hierarquia da Igreja, (obediência no sentido de comunhão de amor), são reflexo vivo da palavra e da Vontade de Deus?

E os pais e mães cristãos e católicos, dão testemunho aos seus filhos da Fé que vivem, ou com facilidade, por exemplo, faltam à Missa Dominical, à sua oração diária e em família, levando assim os filhos a pensar que a “religião é muito boa mas é apenas uma questão de titulo”.

E eu que escrevo isto, que me afirmo cristão e católico, dou testemunho verdadeiro daquilo que aqui escrevo ou também muitas vezes deixo passar, por comodismo, por vergonha humana, ou porque “já que os outros não fazem, eu também não faço”?

E se Cristo também se cansasse e deixasse de pedir ao Pai por nós?

E se o Espírito Santo decidisse que só algumas partes das nossas vidas e da vida da Igreja é que eram importantes e tudo o resto deixasse a nosso cargo sem nos assitir?
Se todos fôssemos aquilo que afirmamos este mundo seria muito melhor!!!