terça-feira, 27 de agosto de 2013

A PORTA ESTREITA

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Senhor,
preciso fazer “dieta”!

Falas-nos da porta estreita e eu reparo que não consigo passar por ela.

 
De frente impede-me o tamanho dos meus ombros, largos de tanto querer “dar nas vistas”, dando muito mais a conhecer aos outros o meu eu, do que a Tua presença em mim.
 
De lado também não consigo, “gordo” que estou de orgulho, de me julgar mais do que os outros, ou até se calhar, pobre de mim, de me julgar mais abençoado por Ti do que aqueles que me rodeiam.

De joelhos também não, porque tenho a cabeça levantada de um autoconvencimento de que estou mais perto de Ti, do que os outros que estão à minha volta.

 
Percebo então que a minha “dieta” terá de ser o alimento divino, que não “engorda” o meu eu, mas aumenta a Tua presença em mim.

E, Senhor, se fores mais presença em mim, então dar-me-ás o “tamanho” certo para eu passar a porta estreita.

Por isso, Senhor, a minha “dieta” és Tu, só Tu e apenas Tu!

 

 
Meditando no Evangelho de Domingo passado - Lc 13,22-30

 
Monte Real, 27 de Agosto de 2013
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segunda-feira, 19 de agosto de 2013

ORAÇÃO DA “DÚVIDA”

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Quantas dúvidas, quantas incertezas, Senhor!
Não duvido de Ti, Senhor, como é também uma certeza inabalável no meu coração a Tua presença em mim, nos outros e no meio de nós!
 
As minhas dúvidas e as minhas incertezas, residem na minha relação conTigo.
 
É que sabes, Senhor, gostava de viver por Ti um amor puro, isento de qualquer interesse, um amor adoração, porque a Ti, Senhor, posso adorar.
 
Gostava de rezar, mas sem o sentimento de que o faço para Te agradar.
Gostava de rezar, mas sem Te pedir nada, por acreditar que sabes o que preciso.
Gostava de Te seguir, “apenas” porque és Tu a vida, e não esperar outra recompensa que não seja a minha constante gratidão por me deixares seguir-Te, Senhor.
Gostava que cada passo que dou, fosses Tu a dá-lo em mim, de modo a que o caminho que percorro, seja o caminho que me dás para caminhar.
Gostava de Te ver em todos os que comigo se cruzam, de modo a que amasse cada um sem passado, (bom ou mau tanto me faz), mas apenas com o amor com que Tu nos amas, sempre.
Gostava de olhar para Ti e ver-Te como Tomé, num grito que saia dentro de mim exclamando em alta voz: meu Senhor e meu Deus!
Gostava de Te comungar e deixar que tomasses conta de mim, do meu todo, de cada nervo, de cada órgão, de cada gesto, de cada sentimento, que não fosse apenas um momento, mas uma continuidade, que tornasse bem real a frase de Paulo na vida que Tu me dás: «Já não sou eu que vivo, mas é Cristo que vive em mim.»*
 
E tão longe estou, Senhor, tão longe!
 
Quanto mais me aproximo de Ti, mais parece que me afasto.
Quanto mais falo contigo, mais surdo pareces à minha voz.
Quanto mais luto contra o pecado, mais pecador eu me sinto.
Quanto mais subo a escada para o Céu, mas degraus nela colocas.
Quanto mais me ajoelho e humilho, mais orgulhoso e soberbo me pareço.
Quanto mais sinto que Te amo, mais fraco e volúvel me parece o meu amor.
 
Pois, não é pelos meus méritos, pois não, Senhor?
Mas apenas e só por Tua graça!
 
Então, Senhor, continua a provar-me, coloca pedras no meu caminho, mais uns degraus na escada, dá-me mais esta sensação de que estou longe, para que eu não adormeça, e não me julgue aquilo que eu não sou.
 
E se num momento qualquer, eu me começar a afundar no mar da vida, estende-me a mão, Senhor, e diz-me olhos nos olhos: «Homem de pouca fé, porque duvidaste?»**
 
 
 
*Gal 2, 20
**Mt 15,31
 
 
Monte Real, 19 de Agosto de 2013
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segunda-feira, 12 de agosto de 2013

JESUS CRISTO ROMPEU O TEMPO MORTAL

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«Cristo, por ter ressuscitado, abriu uma brecha no muro do tempo mortal», frase do livro "A fonte da Liturgia» de Jean Corbon.
 
 
Desde que li esta frase, o meu entendimento sobre a presença real de Jesus Cristo na Eucaristia, bem como a sua frase, «E sabei que Eu estarei sempre convosco até ao fim dos tempos.» Mt 28, 20, passou a ser bem mais perceptível, não só pela fé, mas também pelo entendimento.
 
Com efeito, tendo Jesus Cristo morrido e ressuscitado, quebrou a cadeia do tempo mortal, do tempo do mundo, e, pela sua ressurreição, vencendo a morte, tornou-se presente para sempre.
 
Percebo então melhor a frase dos anjos para as mulheres na manhã do Domingo da Ressurreição, «Porque buscais o Vivente entre os mortos?» Lc 24, 5
 
Deus é dono do tempo e por isso mesmo só Ele pode romper o tempo e tornar eterno o que se tornou finito.
O homem criado «à imagem e semelhança de Deus», foi criado para não conhecer a morte, mas pelo pecado ficou sujeito à lei da morte, por isso o homem passou a “conhecer” o nascer, o viver e o morrer. Morrer que seria para sempre.
 
Mas o Pai, que ama o homem que criou com todo o seu infinito amor, quis libertá-lo do pecado, e, portanto, da morte.
Poderia tê-lo feito como muito bem Lhe aprouvesse, mas quis tornar-se sinal visível aos olhos e coração do homem, e por isso, enviou o seu Filho Jesus Cristo, para encarnar numa mulher e em tudo se tornar igual ao homem, excepto no pecado.
 
E quis ainda “ir mais longe”, permitindo a morte do seu Filho, para depois O ressuscitar, para que aqueles que acreditam percebam que a morte foi vencida, e que o homem não morre mais, mas passa da morte à vida, para a salvação ou condenação eternas.
 
 
 
Marinha Grande, 12 de Agosto de 2013
Joaquim Mexia Alves
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segunda-feira, 5 de agosto de 2013

CARTA ABERTA A JESUS

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Senhor Jesus Cristo,
Tu conheces-nos melhor do que nós nos conhecemos, por isso gostava de Te perguntar, ou melhor, ir falando contigo ao sabor da escrita, acerca de algumas coisas que vou pensando e me incomodam.
 
Sabemos, (pelo menos aqueles que Te seguem), que vieste até nós para nos libertar da lei do pecado e da morte, ensinando-nos um caminho todo ele de amor, e sendo de amor, um caminho de comunhão, pois só na comunhão aqui na terra poderemos, por Tua graça, chegar à comunhão com Deus, Pai, Filho e Espírito Santo.
Aliás, sabemos bem, (aqueles que acreditam), que o próprio Deus é a comunhão perfeita, sendo um só Deus em Três Pessoas.
Todos nós afinal, (assim acreditamos), fomos feitos à Tua imagem e semelhança, e assim sendo, fomos feitos em comunhão no amor e para a comunhão no amor.
Ensinaste-nos, Senhor, que devemos amar a Deus acima de todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos, o que só pode e deve levar à comunhão contigo e com os outros, em Ti, por Ti e para Ti.
 
E depois deste-nos a Igreja, assembleia convocada por Ti, para que aqueles que em Ti são baptizados, façam caminho de comunhão contigo, para em Ti alcançarem a salvação.
A Igreja é assim também “lugar” de comunhão, como não podia deixar de ser, pois Tu és sempre comunhão e a Igreja sai de Ti.
É assim, por isso, tão bela a imagem de Paulo de que a Igreja é o Corpo Místico de Cristo, do qual Tu és a cabeça.
E o corpo é sempre também comunhão, pois o corpo não se divide a si próprio, não causa mal a si próprio, pois se assim proceder sofre dor e rejeição.
 
Ao pensar em tudo isto, ao pensar nesta comunhão que nos dás e queres de nós, só me ocorre perguntar-Te:
 
Como podemos nós homens dividir-nos “por causa” de Deus, que é amor e comunhão?
Como podemos nós homens dividir-nos “por causa” de Ti, Senhor, que és amor e comunhão?
Como podemos nós homens dividir-nos “por causa” da Igreja, que nos deste em amor e comunhão?
Como podemos nós homens dividir-nos “por causa” de um Papa, (seja ele qual for, fruto da Igreja), que é amor e comunhão?
Como podemos nós homens dividir-nos “por causa” da nossa humanidade, que criastes em amor e comunhão?
 
É que não entendo, Senhor, (não me entendo), quando servindo-nos do Teu Nome, servindo-nos do Nome de Deus, servindo-nos da Igreja, servindo-nos da Tua Doutrina, servindo-nos do Papa que escolheste, (este ou qualquer outro), acabamos por nos dividir, “criando” lados e facções, até por vezes ficarmos de costas voltadas, sem nos falarmos, sem nos sorrirmos, sem nos ajudarmos, sem sermos afinal “os” próximos uns dos outros.
 
Como é possível, Senhor, servirmo-nos do amor e da comunhão, para nos desamarmos e nos dividirmos?
 
Fracos que somos, Senhor, perdoa-nos e não desistas de nós, mas leva-nos ao amor e à comunhão, que será plenitude em Deus, por Tua vontade.
 
 
Monte Real, 5 de Agosto de 2013
Joaquim Mexia Alves
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