segunda-feira, 29 de maio de 2023

MARIA, MÃE DA IGREJA

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Mãe!

Não é um grito,
um chamamento,
uma súplica
ou um lamento.

Mãe!

Não é um tempo
ou uma ausência,
é um momento
em permanência.

Mãe!

Não é um ai
vindo da dor.
É uma beleza
uma certeza,
toda feita de amor.

Mãe!

É toda coração
é o amor que se deseja
que faz de cada um irmão
dos todos que somos Igreja!




Marinha Grande, 29 de Maio de 2023
Joaquim Mexia Alves

sexta-feira, 26 de maio de 2023

PREPARAÇÃO PARA O PENTECOSTES II

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 PREPARAÇÃO PARA O PENTECOSTES (3)

«Sabemos que o fruto desta purificação é a remissão dos pecados. Por conseguinte, quem rejeita o Espírito e o Sangue permanece nas «obras mortas», no pecado. E a «blasfémia contra o Espírito Santo» consiste exactamente na recusa radical de aceitar esta remissão, de que Ele é o dispensador íntimo e que pressupõe a conversão verdadeira, por Ele operada na consciência. Se Jesus diz que o pecado contra o Espírito Santo não pode ser perdoado nem nesta vida nem na futura, é porque esta «não-remissão» está ligada, como à sua causa, à «não-penitência», isto é, à recusa radical a converter-se. Isto equivale a uma recusa radical de ir até às fontes da Redenção; estas, porém, permanecem «sempre» abertas na economia da salvação, na qual se realiza a missão do Espírito Santo. Este tem o poder infinito de haurir destas fontes: «receberá do que é meu», disse Jesus. Deste modo, Ele completa nas almas humanas a obra da Redenção, operada por Cristo, distribuindo os seus frutos. Ora a blasfémia contra o Espírito Santo é o pecado cometido pelo homem, que reivindica o seu pretenso «direito» de perseverar no mal — em qualquer pecado — e recusa por isso mesmo a Redenção. O homem fica fechado no pecado, tornando impossível da sua parte a própria conversão e também, consequentemente, a remissão dos pecados, que considera não essencial ou não importante para a sua vida. É uma situação de ruína espiritual, porque a blasfémia contra o Espírito Santo não permite ao homem sair da prisão em que ele próprio se fechou e abrir-se às fontes divinas da purificação das consciências e da remissão dos pecados.»

Encíclica DOMINUM ET VIVIFICANTEM do Papa João Paulo II sobre o Espírito Santo (46)


Lemos nos Evangelhos como Jesus Cristo nos fala sobre o pecado contra o Espírito Santo e como esse pecado não tem perdão nem agora, nem sempre.

São João Paulo II explica-nos que pecado é esse nesta passagem da sua Encíclica Dominum et Vivicantem.

É o Espírito Santo que nos dá a consciência do pecado, o reconhecermos o pecado em nós, seja ele qual for do mais “pequeno” ao “maior”.

Mas também nos dá a consciência, mais do que a consciência a certeza na fé, de que o amor de Deus é sempre maior do que o nosso pecado, seja ele qual for, que o Seu perdão é constante perante o nosso arrependimento e propósito de emenda, confessando o nosso pecado.

Mas se recusamos esse amor, se recusamos esse perdão, como pode Deus actuar em nós, Ele que nos criou em inteira liberdade?

Deus nada faz contra a nossa vontade e se a nossa vontade é recusar o Espírito Santo, porque nos dá a consciência do nosso pecado, então fechamos a porta a Deus e Ele nada pode fazer, porque nunca viola a liberdade que nos deu.

A fé, que o Espírito Santo nos dá e faz crescer em nós, depende da nossa vontade de querer acreditar, mais do que querer, a vontade de nos abrirmos inteiramente a Deus para que o Espírito Santo faça a Sua obra em nós.

Se recusamos o Espírito Santo, recusamos também o Pai e o Filho, porque se rejeitamos Um rejeitamos a unidade perfeita que é Deus.

E se rejeitamos o Espírito Santo não temos a consciência do pecado e não tendo a consciência do pecado somos tomados pelo pecado e fechamo-nos nele até à nossa total perdição.

Por isso, agora e sempre, abramo-nos ao Espírito Santo derramado nos nossos corações, para que, guiados por Ele, reconhecendo-nos pecadores, acreditemos sempre que o amor de Deus e o Seu perdão, estão sempre ao nosso alcance, porque «Ele permanece fiel» (2 Tm 2, 13), mesmo na nossa infidelidade.

Vem Espírito Santo, leva-nos à consciência do sermos pecadores e enche-nos do teu amor, para que saibamos sempre reconhecer o nosso pecado, dele nos arrependermos, confessando-o, abrindo-nos ao perdão e à misericórdia de Deus.



Marinha Grande, 25 de Maio de 2023
Joaquim Mexia Alves


PREPARAÇÃO PARA O PENTECOSTES (4)

Baixamos a cabeça, fechamos os olhos, abrimos os braços, levantamos as mãos para o céu e dentro de nós em surdina vamos repetindo:
Vem Espírito Santo! Vem Espírito Santo! Vem Espírito Santo!

Não sabemos como pedir, como rezar, mas o nosso desejo de receber o Espírito Santo é imenso e Deus lê os nossos corações e sabe das nossas intenções.

Há uma melodia, um qualquer som que não entendemos, mas sai de nós, da nossa boca, quase inaudível, mas repousante, terno, amoroso, que se vai repetindo quase sem darmos conta.

Parece que os limites do local em que estamos se abrem de tal modo que já não são limites, mas apenas um estar, um ser, um pertencer, um receber para dar.

Chega-nos um cântico ao coração e, interiormente, apenas com a voz do amor, vamos cantando:

Vem agora Santo Espírito
vem e habita em todo o meu ser
leva-me ao silêncio
ensina-me a rezar
mostra-me a glória de Deus.*

Lentamente o peso do “nós” em nós vai desaparecendo, e no seu lugar um vazio doce preenchido de amor, vai tomando conta de nós.

Uma leve brisa na face, um calor puro no coração, um frémito que nos percorre, e vamos tomando consciência de que o Espírito Santo nos preenche.

Há uma alegria tranquila que não sabemos explicar, umas lágrimas de amor que rolam nas nossas faces, um sentir tão profundo e intenso de amor, que nos deixamos levar, e assim repousamos no Espírito Santo que se faz vida em nós.

Nem sequer conseguimos pedir nada, mas apenas louvar, dar glória, cantar as maravilhas de Deus, deixando-se encantar.

Queremos ficar naquele momento e não mais o deixar, mas o Espírito Santo sussurra-nos ao coração:

Agora abre os olhos, levanta a cabeça e vai!
Vai levar o amor que te dei aos outros!
Vai testemunhar o amor do Pai, do Filho, do Espírito Santo até onde Eu te levar!



*Cântico do Renovamento Carismático Católico


Marinha Grande, 26 de Maio de 2023
Joaquim Mexia Alves

 

quarta-feira, 24 de maio de 2023

PREPARAÇÃO PARA O PENTECOSTES I

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PREPARAÇÃO PARA O PENTECOSTES (1)

Tomar a consciência da presença do Espírito Santo em nós, é abrirmo-nos a Ele e deixar que Ele faça a Sua obra em nós.

Se assim fizermos as orações deixam de ser nossas para passarem a ser dEle, que ora em nós.

Mesmo quando não soubermos o que rezar ou como rezar, quando nos abrimos ao Espírito Santo, Ele reza em nós «como deve ser», por vezes com «gemidos inefáveis». (Rm 8, 26)

Só guiados pelo Espírito Santo o nosso testemunho é verdadeiro e, assim sendo, toca os outros que o vêem e sentem.

Só entregues ao Espírito Santo as nossas palavras são verdadeiras e testemunham Cristo em nós, porque o Espírito Santo «falará em nós». (Mt 10, 20)

Por isso devemos todos os dias rezar com o coração, com a boca, com todo o nosso ser:
Vem Espírito Santo, e faz a Tua obra em mim e em todos nós.



Marinha Grande, 23 de Maio de 2023
Joaquim Mexia Alves


PREPARAÇÃO PARA O PENTECOSTES (2)

«Ninguém pode dizer "Jesus é o Senhor" a não ser pela acção do Espírito Santo» (1Cor 12, 3). «Deus enviou aos nossos corações o Espírito do seu Filho, que clama: "Abbá! Pai!'» (Gl 4, 6).
«Este conhecimento da fé só é possível no Espírito Santo. Para estar em contacto com Cristo, é preciso primeiro ter sido tocado pelo Espírito Santo. É Ele que nos precede e suscita em nós a fé. Em virtude do nosso Baptismo, primeiro sacramento da fé, a Vida, que tem a sua fonte no Pai e nos é oferecida no Filho, é-nos comunicada, íntima e pessoalmente, pelo Espírito Santo na Igreja.» 
Catecismo da Igreja Católica


É afinal tão claro o Catecismo sobre o Espírito Santo, que nos devemos perguntar porque existe ainda um tão grande desconhecimento, ou melhor, uma tão pequena consciência do Espírito Santo em nós, cristãos católicos?

Nesta preparação para o Pentecostes será muito mais importante tomarmos essa consciência do Espírito Santo em nós, do que as causas para que essa consciência não seja uma realidade diária em nós.
Percebermos que sem o Espírito Santo a fé não passa de uma “crendice”, porque é algo que sai apenas de nós e não de Deus.

Só Deus se pode revelar a Si próprio àqueles que O quiserem conhecer.

É o Pai que nos ama com amor eterno que nos dá o Filho, Jesus Cristo.
É Jesus Cristo, o Filho de Deus Vivo, que nos dá a plenitude da revelação de Deus e a Vida.
É o Espírito Santo que inspira as Sagradas Escrituras que nos levam à revelação de Deus, e é Ele mesmo que desperta em nós a fé que nos leva a acreditar e sobretudo a viver.

E, se o Espírito Santo desperta em nós a fé, então é o Espírito Santo que nos leva ao encontro pessoal com Jesus Cristo, a vivermos o amor do Pai e do Filho, a termos Vida em nós e Vida que permanece para sempre.

E essa Vida que nos é dada, tem de ser “alimentada” e, por isso mesmo, é o Espírito Santo em nós que nos leva a ser Igreja, que nos dá Cristo nos sacramentos, que nos leva à oração, que nos leva à missão.

E não há “separação”, porque onde está o Pai, está o Filho e o Espírito Santo, na unidade perfeita, a qual somos chamados a acreditar e a viver.

Sem a consciência do Espírito Santo em nós, poderemos afirmar que a nossa fé é morta, exactamente porque será “nossa” fé, e não o dom da Fé que Deus suscita em nós, pelo Espírito Santo.

Por tudo isso devemos pedir constantemente, todas as manhãs, durante o dia, ao adormecer, o Espírito Santo, para que, iluminados e conduzidos por Ele sejamos habitação permanente do Pai, do Filho e do Espírito Santo.

Vem Espírito Santo, enche os nossos corações, as nossas mentes, as nossas vidas, faz de nós habitação permanente do Pai, do Filho e do Espírito Santo.


Marinha Grande, 24 de Maio de 2023
Joaquim Mexia Alves

sexta-feira, 19 de maio de 2023

SÍMBOLOS DAS JORNADAS MUNDIAIS DA JUVENTUDE

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Passaram e estiveram ontem na nossa querida paróquia da Marinha Grande os símbolos das Jornadas Mundiais da Juventude.
Foi um dia muito preenchido e vivido em que houve muita “pressa e alegria no ar”!

Não seriamos uma multidão, mas aqueles muitos que ali estavam, ali participaram, ali celebraram, “compensaram” em entusiasmo e alegria a falta dos que não puderam vir.

Senti a certa altura uma certa inveja de já não ser jovem, para poder entusiasmar-me com tudo o que ali se passava, prenunciando o que há-de vir em Agosto, mas logo senti no meu coração aquela “voz” que me perguntava se não estava eu verdadeiramente entusiasmado com tudo o que se passava e ainda há-de passar?

E, claro, que apenas podia responder a mim próprio que sim, que estava entusiasmado, que me sentia jovem na fé, (porque a fé é sempre “jovem”), e que aos olhos de Deus, eu e todos seremos sempre jovens que Ele toma ao colo para nos encher de amor.

Nunca pensei que a presença daqueles símbolos fosse tão «presença»!

Olhei para eles durante muito tempo e senti-me “transportado” em Igreja para o caminho de vida que Deus a todos propõe desde sempre e para sempre.

Tocou-me particularmente aquela grande cruz, “despida” de adornos, (não me refiro à presença da figura de Jesus Cristo que estava ali bem presente), que se “impunha” no centro da nossa igreja.

E, naquela grande cruz, para além de Jesus Cristo Nosso Senhor, com a Mãe a Seus pés, vi retratados os três Papas das Jornadas Mundiais da Juventude, com tudo aquilo que as suas vidas podem e devem ser para nós exemplo de vida.

Muito particularmente veio ao meu coração de cada um desses Papas um exemplo, uma lição, uma missão, para os jovens e para todos nós.

São João Paulo II mostra-nos a entrega total perante a adversidade, seja ela qual for, e nele muito especialmente a saúde.
Aceita a terrível doença e vive-a numa entrega total a Cristo pela Igreja, (que somos todos nós), em Igreja e com a Igreja, mostrando-nos que só, unindo-nos a Ele, somos vida e testemunho para os outros.

Bento XVI ensina-nos a humildade, reconhecendo a sua fragilidade e pela Igreja, em Igreja e com a Igreja retira-se, para também nos mostrar que em momento algum nos devemos agarrar a cargos ou posições “importantes”, mas que apenas e só devemos estar disponíveis para servir conforme a vontade Deus.

Francisco leva-nos a querer viver pela Igreja, em Igreja e com a Igreja, a procura permanente dos outros, o sermos realmente os próximos do outro, sobretudo daquele que mais necessita espiritualmente ou materialmente.

À noite, com o nosso Bispo D. José, celebrámos a Fé em Igreja e não nos despedimos dos símbolos, mas guardamo-los no coração, para que nos levem sempre a essa consciência de que só somos verdadeiramente discípulos de Cristo em Igreja, pela Igreja e com a Igreja.

Sempre para a maior glória de Deus!




Marinha Grande, 19 de Maio de 2023
Joaquim Mexia Alves

terça-feira, 16 de maio de 2023

ESPÍRITO SANTO

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«As técnicas da evangelização são boas, obviamente; mas, ainda as mais aperfeiçoadas não poderiam substituir a ação discreta do Espírito Santo. A preparação mais apurada do evangelizador nada faz sem ele. De igual modo, a dialética mais convincente, sem ele, permanece impotente em relação ao espírito dos homens. E, ainda, os mais bem elaborados esquemas com base sociológica e psicológica, sem ele, em breve se demonstram desprovidos de valor.» Evangelii Nuntiandi §75

São Paulo VI na Exortação Apostólica Evangelii Nuntiandi sobre a Evangelização, exorta-nos a percebermos a imprescindibilidade do Espírito Santo nessa mesma Evangelização.

Aproximamo-nos da Solenidade de Pentecostes e se é sempre tempo para falar ou perceber a acção do Espírito Santo, é, com certeza, este um tempo favorável para dEle tomarmos verdadeira consciência.

E a primeira constatação que faço, (e obviamente posso estar completamente enganado), é que nós cristãos católicos, na generalidade, temos um enorme desconhecimento de Quem é o Espírito Santo, da Sua Obra, da Sua acção na Igreja e em cada um dos fiéis baptizados.

Sim, com certeza, todos sabemos que é a Terceira Pessoa da Santíssima Trindade, que nos benzemos em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo e, infelizmente, muitas vezes, pouco mais vamos além disso, passe o exagero.

Até mesmo a Igreja, embora, obviamente, reze e fale do Espírito Santo, é muito “tímida” ao falar dEle e a insistir com os fiéis a necessidade imperiosa de pedirem continuamente o Espírito Santo e a Ele se abrirem e entregarem, porque só com Ele podem chegar ao encontro pessoal com Cristo, que transforma vidas, e podem perceber e sentir o amor do Pai que corre para nós abrindo os braços.

Tome-se, por exemplo, a Profissão de Fé feita no Baptismo e repare-se que na “fórmula” utilizada, embora o Pai e o Filho tenham perguntas especificas, o Espírito Santo é referido, digamos assim, na pergunta que envolve a Igreja e outras verdades da Fé.
Com certeza que há uma explicação teológica/litúrgica para tal, (que na minha ignorância não conheço), mas a verdade é que a Terceira Pessoa da Santíssima Trindade não tem uma “pergunta” especifica, para uma resposta especifica.

Vejam-se também, por exemplo, os documentos papais ou do Magistério sobre o Espírito Santo e ficaremos admirados por encontrar tão pouco que a Ele se refira especificamente.
Correndo o risco de estar enganado diria que os únicos documentos papais existentes, especificamente sobre o Espírito Santo são, a Carta Encíclica Divinum Illud Munus, de Leão XIII, e a Carta Encíclica Dominum et Vivificantem, de João Paulo II.

E, no entanto, a Igreja nasceu pela acção do Espírito Santo no seguimento dos Apóstolos terem recebido o Espírito Santo no dia de Pentecostes.
Onde foi Pedro buscar as palavras que dirigiu à multidão que o ouviu?
Onde foram todos os Apóstolos com Paulo e todos os outros buscar a coragem e a sabedoria para proclamarem o Evangelho?

Ao lermos os Actos dos Apóstolos, não podemos deixar de perceber a presença constante e imprescindível do Espírito Santo.

«O Espírito Santo e nós próprios resolvemos…» Act 15, 28
Poderemos, verdadeiramente, hoje em Igreja afirmar isto mesmo?
Com certeza que acredito que a Igreja continua a ser conduzida pelo Espírito Santo, e que o Papa Francisco e o Magistério da Igreja têm disso consciência.

Mas têm os cristãos católicos essa consciência?
Têm os cristãos católicos a consciência de que só podem dizer «Jesus é o Senhor pela acção do Espírito Santo» 1 Cor 12, 3?
Têm os cristãos católicos a noção de que sem o Espírito Santo tudo se resume a preceito, obrigação e rotina?
Têm os cristãos católicos a noção de que só com o Espírito Santo podemos celebrar, participar verdadeiramente na Eucaristia, porque só Ele nos pode “fazer ver” Jesus Cristo nas duas espécies eucarísticas?

Percebemos nos Actos dos Apóstolos que aquelas primeiras comunidades invocavam constantemente o Espírito Santo e que rezavam uns pelos outros pedindo o Espírito Santo.
Porque não o fazemos nós hoje em dia, continuamente, nas nossas comunidades em Igreja?

Porque não é a Solenidade de Pentecostes uma Solenidade mais vivida, mais celebrada, mais falada, mais “importante” na Igreja?
Pobre de mim que nada sou, mas porque não pelo menos uma semana, incluindo o domingo anterior ao Pentecostes, de preparação “intensa” para o Domingo de Pentecostes?

Remeto-me à minha insignificância, ao meu pouco ou nenhum saber, mas não posso deixar de testemunhar e afirmar que, se não fosse o Espírito Santo levar-me ao encontro pessoal com Jesus Cristo no amor do Pai, eu me tinha irremediavelmente perdido no mundo, perdido de Deus, perdido da Igreja.

Por isso todos os dias de manhã a minha oração é a Sequência da Missa de Pentecostes, pedindo-Lhe que apesar do meu ser pobre e fraco, Ele faça a Sua obra em mim, para que dê sempre testemunho aos outros do que Ele faz em mim, apesar de mim.

Vem Espírito Santo!




Marinha Grande, 16 de Maio de 2023
Joaquim Mexia Alves

sexta-feira, 12 de maio de 2023

UM VENTO IMPETUOSO

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Ontem de manhã, quando saí de casa, o vento forte incomodou-me, despenteou-me, (não que isso seja importante), irritou-me e quase me fez praguejar.
E foi assim ao longo do dia, sempre que tive de andar na rua.

À tarde tinha Missa e Adoração ao Santíssimo na capela da Garcia e assim que lá cheguei, ao sair do carro, novamente o vento forte me incomodou.

Durante a Missa e a Adoração ao Santíssimo, ouvia-se o vento por entre as janelas e portas, soprando com força, sem parar.

Fiquei a pensar neste vento impetuoso e naquilo que poderia retirar como ensinamento, ou melhor, naquilo que eu poderia sentir que Deus me dizia com aquele vento tão forte e audível.

Veio ao meu pensamento a imagem do vento que arranca as folhas mortas das árvores, que arrasta e leva para longe as folhas pelo chão, o vento que sopra em todo o lado sem o podermos controlar na natureza.

E logo percebi que eu precisava de ser “despenteado” de todas as certezas vindas de mim próprio, precisava que fosse arrancado de mim tudo o que está “morto” e não me dá vida e não dá vida aos outros, que precisava que fossem afastadas do meu caminho todas as “folhas mortas” que sujam esse caminho.

E depois, estando numa capela e ouvindo o vento nas portas, tentando abri-las, também veio ao meu coração como tantas vezes nós homens, fechamos as “portas” da Igreja à novidade, ou melhor, ao Espírito Santo que em Jesus «faz novas todas as coisas». (cf Ap 21, 5)

E essa novidade que o Espírito Santo sempre traz à Igreja, não tem a ver com a Tradição que deve ser mantida, com a Verdade revelada e concluída em Jesus Cristo, com a sã Doutrina da Igreja, mas sim com aquilo que nós homens tantas vezes colocamos sobre os nossos ombros e sobre os ombros dos outros, entrando numa rotina de preceito pelo preceito, esquecendo-nos do amor de Deus, do amor a Deus e do amor aos outros.

E isso lembrou-me de imediato São João Paulo II com a sua proclamação em Cristo:
“Não tenhais medo! Abri, ou melhor, escancarai as portas a Cristo!”

Apeteceu-me vir para a rua, expor-me ao vento, abrir os braços e dizer:
Aqui estou, Senhor! Faz de mim o que quiseres! Vem Espírito Santo!




Marinha Grande, 12 de Maio de 2023
Joaquim Mexia Alves

quarta-feira, 10 de maio de 2023

«NÃO ESTÁ AQUI: RESSUSCITOU!»

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Senhor, sinto hoje um vazio dentro de mim.
Parece que Te afastaste de mim e eu não sinto a Tua presença.

Eu sei, Senhor, que talvez procure mais consolações para mim do que caminho árduo e difícil, do caminho que és Tu e não eu.

E, no entanto, avisaste-nos de que o caminho não era fácil, tinha tribulações, tinha dificuldades, tinha curvas e contracurvas, incompreensões, que a “porta é estreita”, que é como passar pelo “buraco da agulha”, mas que, e isso é o mais importante, Tu estás sempre connosco e é contigo que devemos fazer o caminho, porque o Caminho és Tu.

Acredito, Senhor, que estás aqui a meu lado enquanto escrevo estas palavras, estas linhas de pensamento, e me dizes ao mesmo tempo que, se não estivesses aqui, como poderia eu sequer falar contigo, escrevendo?

Ah, Senhor, e eu posso ter essa certeza que estás comigo, porque creio em Ti, e creio que tudo o que dizes é verdade e por isso nunca nos abandonas.

Já Tu, Senhor, naquela noite percebeste e sentiste que todos se afastavam de Ti e Te deixavam entregue à Tua “sorte”.
Mas sabias também que não estavas sozinho, porque o Pai velava por Ti e o Espírito Santo te envolvia e fazia sentir o Teu próprio amor.

Caminhas sobre as águas da minha escuridão momentânea, tomas-me pela mão, e dizes-me cheio de amor: «Sou Eu, não tenhas medo!» (Jo 6, 20)

E o caminho alarga-se, enche-se de luz, tiro a capa que me isola e parece que salto (Mc 11, 50) para Te encontrar, porque Tu me chamas para Ti e juntos partimos estrada fora, enquanto me vais explicando a Palavra que Tu és, para depois me deixares ver-Te com o coração e me alimentares no Teu amor. (cf Lc 24, 25-32)

E eu, feliz por Te teres feito presente em mim, (afinal era eu que estava longe de Ti), também sorrio e digo a quem quiser ouvir: «Porque buscais o Vivente entre os mortos? Não está aqui: ressuscitou!» Lc 24, 5-6)





Marinha Grande, 10 de Maio de 2023
Joaquim Mexia Alves

domingo, 7 de maio de 2023

A MÃE...NO DIA DA MÃE

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Seguia cabisbaixo para casa.
As coisas não estavam a correr lá muito bem neste início de semana!
Tinha na mochila um teste com uma negativa muito “feia” e já receava pelas consequências desse facto.

Nos últimos tempos o seu comportamento na escola e as suas notas deixavam muito a desejar, e o seu pai já cansado de tanto o avisar tinha-lhe dito da última vez que tinha trazido para casa uma nota baixa:
«Aparece-me em casa com outra negativa e nem sabes o que te faço!»

E ele não era para brincadeiras!
Era justo nos castigos que dava, mas tinha a mão pesada.
Não que lhe batesse, mas os castigos que dava eram sempre muito penosos de cumprir.

Ainda para mais, no fim de semana depois da Catequese, tinha tido aquela discussão estúpida com eles!
É pá, ele não compreendia aquela história da Virgem Maria, da Mãe do Céu, como Lhe chamavam!
Se havia Deus, o Pai, o Filho e o Espírito Santo, e já eram orações que chegassem, para quê agora também Maria, a Mãe de Jesus!
E tinha sido malcriado a ponto do pai se irritar e o mandar calar!

Chegou à porta de casa e entrou em silêncio, dizendo apenas um, “boa tarde mãe”, e escapuliu-se para o quarto.
Tinha de pensar numa maneira de resolver as coisas com um mínimo de problemas.

A mãe entrou no quarto e perguntou-lhe o que se passava, pois não tinha ido dar-lhe um beijo, como fazia sempre que chegava a casa.
Disse-lhe que não, que estava tudo bem, mas ela sentou-se a seu lado e disse-lhe:
«Eu conheço-te. A mim não podes mentir. Passa-se alguma coisa contigo.»

Ele pensou rapidamente e chegou à conclusão que se havia alguém que acalmasse o pai quando lhe desse a noticia da negativa, era, com certeza, a mãe.
Cabeça baixa, disse quase em surdina:
«Ó mãe, tive outra negativa.»

Ela pegou-lhe na cara e fê-lo olhá-la nos seus olhos.
Os olhos dela estavam tristes, mas cheios de uma ternura imensa, de tal modo que não resistiu e umas lágrimas correram-lhe pela cara.

Antes que ela dissesse alguma coisa, ele começou a falar com a voz embargada:
«Ó mãe, eu não sei o que se passa comigo! Quero portar-me bem, quero estudar, quero agradar-vos e só faço asneiras! Ajuda-me mãe!»

Ela olhou-o mais uma vez e disse com voz terna:
«Meu filho eu amo-te muito e estou aqui para te ajudar. Conta-me tudo e vamos arranjar uma maneira de encontrares um caminho diferente daquele que estás a seguir».

Abriu o coração à sua mãe e disse tudo o que lhe veio à cabeça, das suas dificuldades, das amizades não muito boas, do despertar da adolescência, de todas as coisas que parecia o impeliam a não ser aquilo que ele até gostaria de ser.
Ela ouvia-o cheia de atenção, enquanto ternamente lhe passava as mãos pelo cabelo.
«Eu compreendo-te meu filho e se confiares em mim, se me fores contando o que se vai passando na tua vida, eu ir-te-ei ajudando a corrigires comportamentos, a descobrires caminho.»

Agradecido pela sua mãe tão compreensiva, não esqueceu, no entanto, que ainda tinha de “enfrentar” o pai e disse pegando-lhe nas mãos:
«E o pai, mãe? E o pai?»

Ela fazendo-lhe uma festa, respondeu:
«Não te preocupes, eu falo com ele. Claro vais ter um castigo, mas eu vou dizer-lhe que já falaste comigo, que estás arrependido, que prometeste portar-te bem e que eu confio em ti. Vais ver que te vai ralhar certamente, mas como ele sabe que eu tomo conta de ti e confia em mim, vai dar-te um castigo, com certeza, mas vai ficar à espera da tua mudança de vida».

Olhou-a profundamente nos olhos, agarrou-se a ela cheio de ternura agradecida e disse-lhe ao ouvido:
«Ó mãe, obrigado. O que é que eu faria sem ti, sem o teu amor, sem os teus conselhos, sem a tua ajuda junto do pai?»

Ela levantou-se e saiu do quarto com um sorriso.
Aquele sorriso que as mães têm quando sentem os filhos perto delas.

O resto foi mais fácil.

O pai chegou, a mãe falou com ele e depois foi chamá-lo ao quarto para falar com o pai.
O pai olho-o, com um amor firme e profundo, e disse-lhe:
«A tua mãe já falou comigo. Estou triste, meu filho, pelo modo como te comportaste, mas ao mesmo tempo contente pela conversa que tiveste com a tua mãe e as promessas que lhe fizeste, que nos fizeste. Vais ficar de castigo, mas eu confio que de agora em diante tudo vai melhorar. Agora dá-me um beijo e podes ir.»

Tranquilo deu um beijo ao pai, e quando ia a sair da sala ele chamou-o novamente dizendo-lhe:
«Percebes agora como nos faz falta a Virgem Maria, a Mãe de Jesus, a Mãe do Céu?»



Marinha Grande, 7 de Maio de 2023
Joaquim Mexia Alves

Nota: Neste Dia da Mãe revi este texto escrito há alguns anos atrás.